Diversos

Cantor Ubirany do grupo Fundo de Quintal morre de Covid-19 no Rio

Foto: Marcelo Lacerda/PCR

O cantor Ubirany Félix Do Nascimento do grupo Fundo de Quintal, morreu de Covid-19 nesta sexta-feira no Rio (11) em um hospital do Rio de Janeiro. Ele tinha 80 anos.

Ubirany foi o responsável por introduzir o repique de mão no mundo do samba, instrumento que deu identificação ao Fundo de Quintal, conjunto que ajudou a fundar na década de 1970.

O grupo divulgou uma nota lamentando o falecimento do integrante. (Confira a íntegra ao fim da reportagem)

Em abril, o cantor Sereno, também integrante do grupo, foi diagnosticado com coronavírus. Segundo comunicado divulgado na página oficial do Fundo de Quintal, ele não chegou a ser hospitalizado.

Grupo ‘nasceu em quintal’

O grupo Fundo de Quintal nasceu na casa da cantora Elza Soares, em Jacarepaguá. O quintal da Elza deu nome ao grupo, que é um dos mais importante da história do samba.

A nova geração toda de sambistas e pagodeiros tem influência do Fundo de Quintal e tudo começou no Cacique de Ramos. Beth Carvalho conheceu o pessoal em 1977, ainda amadores, e deu aquele empurrão na carreira do grupo.

Em 2018, o grupo lançou um DVD para comemorar a longa carreira.

Nota do grupo Fundo de Quintal:

“É com grande lamento que o grupo Fundo de Quintal, por meio de sua assessoria de imprensa, vem a público informar o falecimento, na manhã desta sexta-feira (11), de Ubirany Félix do Nascimento, o ‘nosso querido’ Ubirany, aos 80 anos de idade.

O sambista estava internado no hospital por complicações decorrentes de sua contaminação por Covid-19.

A assessoria informará, posteriormente, questões sobre velório e sepultamento do sambista. Pedimos respeito ao luto de amigos e familiares, que se manifestarão em momento oportuno e espontâneo”

G1

 

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Polícia

REPORTAGEM DE LEITURA OBRIGATÓRIA: Drogas de fundo de quintal se espalham e geram roleta russa para usuários

Imagem: Estevan Silveira/UOL

TopCat, N-Bomb, Smile, K2 e Quad. Ecstasy e ácido genérico, maconha sintética, heroína artificial e mais uma miríade de estimulantes e alucinógenos que a maioria das pessoas nunca ouviu falar. Nos últimos anos, a vida do usuário de drogas sintéticas no Brasil (e no mundo) virou uma roleta-russa mais perigosa que a habitual.

Com a proliferação de laboratórios de fundo de quintal pelo país afora e a descoberta de substâncias psicotrópicas em uma velocidade maior do que a capacidade das autoridades de identifica-las e proibi-las, hoje é difícil saber o que vai na droga contida naquela pílula colorida de formato engraçado. Dia sim, outro também, aparece uma novidade nesse mercado.

De 2014 até o final de 2018, Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Militar identificaram e apreenderam 209 novas drogas psicoativas em tentativas de traficantes de as trazerem ao Brasil ou já circulando nas ruas das principais cidades.

De acordo com o Relatório de Atividades 2017/2018 do Grupo de Trabalho para Classificação de Substâncias Controladas, concluído pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no início deste ano, a lista inclui também alguns medicamentos prescritos ou que entraram para a lista de substâncias controladas.

São consideradas novas drogas psicoativas as substâncias e compostos químicos que nunca antes tinham sido identificados e apreendidos sendo usados como drogas recreativas.

Também entram nessa lista substâncias que eram conhecidas anteriormente — como remédios de prescrição ou moléculas obscuras sintetizadas pela primeira vez nos anos 1950, 1960 e 1970 e nunca antes produzidas em larga escala, por exemplo –, mas que antes não eram usadas para “ficar doidão”.

Trata-se tanto de substitutos genéricos ou sintéticos para drogas conhecidas, como compostos que imitam os efeitos do ecstasy, da metanfetamina, da maconha e do LSD, por exemplo, até novas drogas de fato, vendidas nas ruas com nomes complicados como 25E-NBOH ou nomes comerciais como Spice, Smiles, N-Bomb e outros.

“São drogas que podem ser produzidas com estruturas simples, em praticamente um laboratório de fundo de quintal, um quartinho com poucos equipamentos e por pessoas com conhecimento técnico rudimentar”, afirma o delegado Rogério Henrique Rezende, chefe da Cord (Coordenação de Repressão às Drogas) da Polícia Civil do Distrito Federal.

“A maior parte destas novas drogas que temos visto e apreendido são substâncias caseiras, produzidas nestes moldes e de qualidade baixíssima. É uma verdadeira roleta-russa para os usuários”. Rogério Henrique Rezende, delegado da Polícia Civil do DF.

De acordo com o delegado, com um investimento baixo, algo entre R$ 30 mil e R$ 100 mil, é possível montar um laboratório caseiro de drogas. “Outra vantagem da produção de sintéticas para os criminosos é que a estrutura é fácil de montar e desmontar. Eles trocam de local constantemente e dificultam o trabalho da polícia.”

Ele usa de exemplo um caso em andamento na Cord, no qual um traficante preso pela polícia estava conseguindo sintetizar uma droga com efeitos parecidos com os do MDMA [principal composto do ecstasy tradicional] a partir de um dos ingredientes presente em qualquer xampu a venda nos mercados. “É uma situação muito difícil, neste caso estamos só encerrando o inquérito e já vamos notificar a Anvisa para incluir este componente na lista de substâncias controladas. Hoje é vendida pela indústria química sem restrições.”

Neste ano, a Cord já apreendeu o dobro de drogas sintéticas do que no mesmo período do ano passado. Até julho, foram seis laboratórios de fundo de quintal fechados só no DF.

Mais baratas, difíceis de rastrear e imprevisíveis

No caso das drogas “genéricas”, o objetivo de vendê-las no tráfico nacional e internacional geralmente atende a dois propósitos: possuem ingredientes mais baratos de produzir e obter do que seus similares tradicionais ou são novidades no mundo da química e não integram nenhuma lista de substâncias visadas ao redor do mundo.

“Ecstasy, por exemplo, é mais uma categoria de drogas sintéticas estimulantes e alucinógenas do que um composto específico”, afirma um traficante que concordou em conversar com a reportagem sem ser identificado. “Existem vários tipos de ecstasy hoje em dia, até com nomes e efeitos diferentes”, explica.

“A quantidade de substâncias diferentes tem crescido ano a ano, conforme as drogas sintéticas têm sido cada vez mais produzidas no Brasil. Até uns cinco ou dez anos atrás, todas as drogas sintéticas que rolavam no país eram importadas. Hoje, a maioria é nacional, feita em laboratórios caseiros sem controle de qualidade”, alerta o traficante.

“A droga nacional é horrorosa no geral e tem efeitos colaterais bizarros e imprevisíveis. Eu sempre aviso meus clientes e procuro ter droga importada, que custa mais que o dobro do preço. Ácido de verdade, por exemplo, é difícil de achar. Só rola os N-Bombs, que são parecidos mas não são iguais”. Traficante que pediu para não ser identificado.

Dados do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, por exemplo, constataram que, de 2009 a 2012, 100% das apreensões de LSD [ácido lisérgico, uma droga alucinógena] eram, de fato, LSD mesmo. Depois do primeiro semestre de 2013, o número caiu para 50%. A outra metade das apreensões foi de genéricos, outras substâncias vendidas pelos traficantes ao usuário como se fosse LSD, mas não era.

Por exemplo o 25E-NBOH, que possui efeitos alucinógenos no organismo do usuário similares aos do “ácido” tradicional. A droga tem ganhado personalidade própria entre os usuários, é tanto vendida como se fosse LSD como com seu nome real.

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