Saúde

Ventiladores não são mais a primeira opção no tratamento de casos graves de coronavírus, diz pesquisa

Foto: Edilson Dantas

Para reduzir a mortalidade pela Covid-19, uma estratégia tem feito a diferença em UTIs. A velha e boa prática médica de qualidade, com recursos conhecidos, tem feito a diferença, afirmou ontem o pneumologista Carlos Alberto Barros Franco, um dos primeiros médicos do país a tratar a Covid-19.

— Dos primeiros casos no Brasil para cá, as coisas mudaram no que diz respeito ao procedimento com os pacientes graves. O tratamento mudou radicalmente e a sobrevivência aumentou. Ventiladores não são mais a primeira opção — disse Barros Franco, um dos pneumologistas mais respeitados do país, durante o simpósio “Covid-19 — Que doença é essa?”, organizado pela Academia Nacional de Medicina (ANM).

O evento, transmitido por plataformas digitais, reuniu alguns dos maiores especialistas do Brasil para avaliar o que se aprendeu e os desafios no combate à pandemia de coronavírus no país. O coordenador do simpósio, o hematologista e oncologista Daniel Tabak, destacou que a queda da mortalidade nas UTIs está relacionada ao melhor cuidado. Antes, os respiradores eram necessários, hoje pacientes recebem pronação (uma manobra para estimular a respiração) e fisioterapia e se recuperam melhor.

— O melhor tratamento não é um remédio. É a boa prática médica. Ventilação em prona, autoprona, oxigênio a baixo fluxo, fisioterapia, tudo isso tem sido usado. Hoje, a ventilação mecânica invasiva é o último recurso para tratar um paciente de Covid-19. Isso é uma mudança radical — observou Barros Franco.

Os respiradores, vistos como essenciais no início da pandemia, perderam o protagonismo à medida que os médicos aprendem mais sobre a doença. Ventilação precoce não é mais uma indicação médica na maioria dos casos, de acordo com o pneumologista, que destaca que ainda há muito o que descobrir para melhorar o tratamento.

Mais de 29 mil estudos foram publicados, mas o coronavírus e a doença que ele causa continuam um desafio e um mistério. Um desses mistérios é a possibilidade da existência da chamada persistência. Isto é, se o coronavírus consegue permanecer no organismo de uma pessoa mesmo após o desaparecimento dos sintomas da Covid-19.

Também discutida no evento da ANM, a persistência lança dúvidas desconcertantes. Ela gera incerteza sobre se uma pessoa recuperada, sem sintomas, mas ainda positiva, poderia continuar a transmitir o vírus ou corre o risco de adoecer de novo.

O professor titular de virologia da USP de Ribeirão Preto Eurico Arruda, considerado um dos maiores especialistas do país em vírus respiratórios e um dos poucos que já estudava os coronavírus antes da pandemia, está convencido de que a persistência existe. Mas sua dimensão precisa ser conhecida.

— Acho que existem pessoas com persistência viral. Pessoas que estão PCR positivas há um mês, 40 dias. E não têm mais doença. Vimos isso num estudo pequeno. Precisamos aprender mais — disse Arruda.

Para ele, o critério de alta de pacientes que tiveram um quadro grave de Covid-19 e já se recuperaram da doença deveria ser ter dois resultados negativos consecutivos de exames de PCR.

O professor titular de virologia da UFRJ Amílcar Tanuri, cujo grupo fez um dos maiores estudos de sorologia de Sars-CoV-2 do país, tem opinião semelhante.

— Nosso grupo investiga a possibilidade de uma “cronicidade” do vírus. É raro, mas acontece. É impressionante. Mas é esse o dado — frisou Tanuri, que observou que essas pesquisas estão no início.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. — O melhor tratamento não é um remédio. É a boa prática médica. Ventilação em prona, autoprona, oxigênio a baixo fluxo, fisioterapia, tudo isso tem sido usado. Hoje.
    Esse texto acima foi o que o médico relatou. Ele diz que o remédio não é o melhor tratamento, esse cidadão nunca teve covid se pegar eu dúvido que não tome nenhum medicamento e que fique somente na ventilação em prona.
    Não precisa nem ser médico para dizer que irá morrer se seguir este tratamento.

  2. Rapaz e os milhões gastos com respiradores? E os 5 milhões que o Desgoverno do Estado enviou para o consórcio Nordeste comprar os ventiladores, vai ficar por isso mesmo?

  3. SE tivessem adotado o uso da hidroxicloroquina e os demais remédios do kit, logo nos primeiros sintomas dos pacientes, não seria necessário despesas com hospitais de campanha, roubalheira na compra de respiradores a preços superfaturados, pois mais de 90% das pessoas que se trataram logo no início se curaram em casa, sem a necessidade de se internar em hospitais. Mas claro que os governadores e prefeitos não queriam isso, pois como eles iriam receber os bilhões do governo federal?

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