Geral

Não há possibilidade de racionamento em 2021, diz Operador Nacional do Sistema Elétrico(ONS)

Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Luiz Carlos Ciocchi, afirmou nesta quinta-feira (23) que o sistema elétrico terá condições de atender a demanda até o fim do ano sem a necessidade de racionamento compulsório de energia.

“Não há a possiblidade de racionamento em 2021”, disse, em evento virtual promovido pelos jornais “O Globo” e “Valor Econômico”. Ele não descartou, porém, a possibilidade de problemas de atendimento aos horários de pico, quando o consumo é maior.

“Esse período de outubro a novembro é mais crítico, a carga aumenta, o calor aumenta, o uso de ar condicionado aumenta, mas temos as termelétricas e acreditamos que teremos condição de enfrentar o atendimento com segurança.”

Também presente no evento, o secretário de Energia Elétrica do MME (Ministério de Minas e Energia), Christiano Vieira reforçou a avaliação do ONS, dizendo que as medidas já anunciadas pelo governo vão garantir o abastecimento de energia este ano.

“Esse conjunto de medidas é suficiente hoje para atender os requisitos de energia e de potência de 2021 e 2022”, afirmou. A expectativa é que a geração térmica continue em alta durante todo o ano que vem, para garantir a passagem pelo próximo período seco.

Em outubro, o governo deve realizar leilão emergencial para a contratação por cinco anos de térmicas que hoje estão sem contrato, mas vêm gerando energia a preços elevados para ajudar a enfrentar a crise.

O leilão tem o objetivo de ajudar a encher novamente os reservatórios, que estão em níveis historicamente baixos. Com contratos mais longos, o governo espera reduzir o custo dessa energia emergencial.

O secretário do MME reconheceu que a estratégia terá custo para o consumidor, mas disse que com a chegada das chuvas, o sistema terá que gerar energia hidrelétrica do Norte no início do ano e, assim, as térmicas mais caras devem ser desligadas.

“Vamos usar mais térmicas do que o normal, mas menos do que hoje” disse. “E o que fica de fora? As mais caras, menos eficientes.” A térmica mais cara do Brasil hoje, William Arjona, no Mato Grosso do Sul, opera hoje por R$ 2.443 por MWh (megawatt-hora).

Para a economista-chefe do Credit Suisse Brasil, Solange Srour, as incertezas em relação ao abastecimento de energia têm impactado na decisão de investimentos no país. Além do risco de racionamento, diz, há grande preocupação com a pressão inflacionária gerada pela alta da conta de luz.

“O setor empresarial não está tomando decisão nenhuma”, afirma. “Porque entramos num ano em que teremos eleição muito polarizada e ao mesmo tempo podemos ter que reduzir compulsoriamente o consumo de energia, o que afeta muito não só a indústria, mas também o setor de serviços, que é o principal do PIB.”

Nesta quinta, o ONS anunciou que o programa de redução voluntária da demanda de energia por grandes clientes teve mais 205 MW (megawatts) em projetos aprovados. Assim, a economia prevista para setembro chega a 442 MW.

Segundo Vieira, esses programas de redução da demanda não constam das projeções do governo para o abastecimento até o fim do ano, que considera apenas as medidas de aumento da oferta e de melhor uso do sistema de transmissão de energia.

Folha de São Paulo

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Cidades

Risco de racionamento de energia diminui

RIO – O nível dos principais reservartórios do país teve a primeira alta do ano. As represas das regiões Sudeste e Centro-Oeste ficaram em 28,67% nesta quinta-feira, contra 28,43% do dia anterior. Apesar da melhora, as hidrelétricas ainda estão bem perto do limite de risco, de 28%.

Entre os reservatórios do Sul, o nível subiu de 45,33% para 46,89% entre quarta-feira e quinta-feira. Na região, a margem de segurança é 22%. No Norte do país, as represas atingiram 40,39%, maior em relação aos 39,99% do dia anterior. Na região não há margem de segurança, pois o Norte não está no sistema interligado.

A única região a apresentar queda é o Nordeste. Ontem, o nível ficou em 29,61% nesta quinta-feira, menor que os 29,91% do dia anterior. Com isso, as represas da região estão cada vez mais distantes da margem de segurança, de 34%.

 

Fonte: Globo

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Economia

Risco de racionamento de energia faz Dilma convocar setor elétrico

ELIANE CANTANHÊDE

COLUNISTA DA FOLHA

Dez dias depois de dizer que é “ridículo” falar em racionamento de energia, a presidente Dilma Rousseff convocou reunião de emergência sobre os baixos níveis dos reservatórios, para depois de amanhã, em Brasília.

A reunião foi acertada entre Dilma, durante suas férias no Nordeste, e o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, que a presidirá. Balanço e propostas serão levadas diretamente à presidente.

Dirigentes de órgãos do setor tiveram de cancelar compromissos para comparecer.

Na avaliação do governo, os níveis dos reservatórios estão até 62% abaixo dos registrados no ano passado e a situação tem piorado por causa do intenso calor, sobretudo no Sudeste.

Edson Silva/Folhapress
Panorâmica do reservatório de Marimbondo, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, com nível abaixo do normal
Panorâmica do reservatório de Marimbondo

Com temperaturas que chegam a 40 graus em cidades como o Rio de Janeiro, o consumo de energia com ar condicionado, ventilador e refrigerador tem disparado.

Técnicos do setor acusam Dilma de estar centralizando as decisões e dizem que, se o racionamento não é uma certeza, também não pode ser simplesmente descartado. Um deles diz que o risco “está acima do prudencial”.

Mesmo antes da reunião, já vinham sendo tomadas medidas extras para garantir a produção de energia, como a reativação da usina de Uruguaiana, parada desde 2009, e o acionamento a plena capacidade das usinas térmicas, muito mais caras do que as hidrelétricas.

Há duas ironias, conforme análise dos órgãos do setor.

Uma é que a situação só não fugiu ao controle porque o crescimento econômico de 2012 foi pífio, na ordem de 1%. Se tivesse sido de 4,5%, como previra o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o consumo da indústria estaria bem maior e haveria risco imediato de faltar energia.

A segunda ironia é que a reunião governamental e o sinal amarelo pela falta de chuvas ocorrem justamente quando enchentes assolam o Rio de Janeiro, deixando milhares de desabrigados.

Além da preocupação pontual, com o momento presente, o governo teme que a situação se mantenha ao longo deste ano, pressionando todo o setor no último trimestre e no início de 2014.

Quanto à Copa, há certa tranquilidade, porque os estádios, preventivamente, estão sendo equipados com modernos e potentes geradores.

Oficialmente, estarão presentes ao encontro de quarta-feira os integrantes do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), que é presidido pelo ministro das Minas e Energia e é convocado, por exemplo, quando há apagões de grandes proporções, como ocorreu mais de uma vez em 2012.

Participarão a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a ANP (agência de petróleo), a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).

O CMSE se reporta ao CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), órgão de assessoria direta da Presidência da República. É possível que também o conselho venha a ser convocado proximamente por Dilma para debater a questão.

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