Educação

Alfabetização no Brasil retrocedeu 15 anos durante a pandemia, diz FGV

Foto: Reprodução / Prefeitura de Jundiaí

Durante a pandemia da Covid-19, o país retrocedeu 15 anos na alfabetização de crianças em um cenário que já não era considerado ideal pelos especialistas. O levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que, em 2019, a taxa de crianças fora das escolas era de 1,39%. Em 2020, esse número saltou para 5,5%.

Os motivos que agravaram a situação foram a evasão escolar e pouco tempo em sala de aula, por conta das restrições impostas pelo coronavírus. Além disso, os investimentos considerados essenciais para a recuperação do patamar educacional antes da pandemia foram reduzidos em 93,5% dos municípios brasileiros, de janeiro a agosto de 2021, de acordo com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP).

Segundo o economista e pesquisador da FGV, Marcelo Neri, há um atraso educacional muito relevante. A grande piora foi observada nos alunos dos cinco aos nove anos de idade, grupo em que os indicadores educacionais estavam em maior melhora nos últimos 40 anos.

“O fato é que essa é uma idade (dos cinco aos nove anos) decisiva em termos de educação, e a gente andou 15 anos para trás. Sem falar no tempo de escola. Essa deterioração foi maior nos segmentos mais pobres. Na região Norte do país, a queda foi muito maior do que no Sul e Sudeste”, compara.

Neri ainda pondera que essas pioras nos índices podem deixar sequelas futuras a longo prazo. “Ele pode até melhorar, mas os investimentos na menor idade são os mais transformadores”, explica.

De acordo com dados divulgados na segunda-feira (18) pela FNP, de janeiro a agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020, os gastos considerados essenciais para a recuperação do patamar educacional, sofreram impacto em quase todas as cidades do Brasil. Segundo a entidade, 2.370 dos 2.912 municípios registrados no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope) ainda não aplicaram a obrigação constitucional de destinar 25% da receita em impostos para a área educacional.

A instituição prevê que mais de 800 prefeituras devem finalizar o ano de 2021 sem cumprir a exigência, prevista na Constituição Federal. Caso a determinação não seja cumprida, os prefeitos dessas cidades podem ficar inelegíveis. Além disso, os próprios municípios também devem ser penalizados. Em 2020, cerca de 300 cidades não aplicaram esse mínimo constitucional.

A Frente avalia que o cenário é dramático, em especial por conta do ensino a distância adotado pela maior parte das escolas como medida de segurança para conter a propagação do coronavírus. Em Salvador, na Bahia, por exemplo, apenas 32% dos alunos voltaram às salas de aula durante o retorno presencial. Já a Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio de Janeiro calcula que ao menos 25 mil estudantes da rede abandonaram as atividades escolares no último bimestre.

Em nota técnica, a FNP diz ser favorável ao texto da PEC 13/2021, aprovado pelo Senado em setembro. O Projeto de Emenda Constitucional isenta os gestores que não cumprirem os gastos mínimos com a educação. A organização alega que, dessa forma, será possível evitar custos “apressados, temerários e de baixa qualidade.”

“Com o prazo estendido para aplicação dos 25% das receitas vinculadas até o final de 2023, municípios poderão planejar mais adequadamente esses investimentos, beneficiando o ensino público”, declara.

CNN Brasil

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Educação

Com orçamento de R$ 220 milhões, MEC lança programa para aprimorar alfabetização

Foto: © Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O Ministério da Educação (MEC) lançou nessa terça-feira (18) o programa Tempo de Aprender, voltado para o aperfeiçoamento, o apoio e a valorização a professores e gestores escolares do último ano da pré-escola e do 1º e 2º ano do ensino fundamental. O programa tem um orçamento de mais de R$ 220 milhões e foi construído com base em um diagnóstico realizado pelo MEC no qual foram detectadas as áreas da alfabetização que necessitam de mais investimentos.

Segundo esse diagnóstico, as áreas que estão mais carentes, e consequentemente, receberão mais investimento do Tempo de Aprender são a formação pedagógica e gerencial de docentes e gestores; materiais e recursos para alunos e professores; e acompanhamento da evolução dos alunos.

O programa será implementado por meio da adesão de estados, municípios e do Distrito Federal, que podem manifestar interesse pelo site alfabetizacao.mec.gov.br.

Ações

Entre as ações previstas pelo projeto Tempo de Aprender estão um curso, com versões on-line e presencial, para proporcionar aos docentes a aquisição de conhecimentos, habilidades e estratégias que os auxiliem a lidar com os desafios postos pelo ciclo de alfabetização feito em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e um curso para auxiliar gestores educacionais, como diretores e coordenadores pedagógicos, também com previsão presencial e on-line, oferecida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap).

Também está prevista o lançamento do Sistema On-line de Recursos para Alfabetização (Sora) para dar suporte a professores da rede pública em todo o país. A ferramento foi desenvolvida pelo Laboratório de Tecnologia da Informação e Mídias Educacionais (Labtime), da UFG, e permitirá o acesso a recursos pedagógicos, como estratégias de ensino, atividades e avaliações formativas, com respaldo em práticas exitosas de alfabetização.

Outra ação do eixo é o fornecimento de apoio financeiro para despesas de custeio de escolas para atuação de assistentes de alfabetização, profissionais que auxiliam os professores no manejo da sala. O MEC vai destinar R$ 183 milhões para a iniciativa. Os repasses ocorrerão de acordo com o calendário oficial e deverão atender prioritariamente escolas em situação de vulnerabilidade.

O programa prevê também a reformulação do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) para a educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental.

Também será implementado o Estudo Nacional de Fluência, que irá fornecer às redes de ensino uma ferramenta de diagnóstico de fluência em leitura oral para alunos do 2º ano do ensino fundamental. O estudo será aplicado no fim de 2020 para todas as redes que aderirem ao programa Tempo de Aprender.

O MEC também ainda, por meio do novo programa, realizar a reformulação das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) voltadas à alfabetização. O intuito é adequar as avaliações do Saeb aos componentes essenciais para a alfabetização e avaliar adequadamente o desempenho dos alunos em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O ministério ainda pretende valorizar os professores que conquistarem bons resultados, premiando o desempenho de professores, diretores e coordenadores pedagógicos do 1º e 2º ano do ensino fundamental com boas práticas e atividades na área. A medida será realizada, de forma experimental, em 2020, e será expandida em 2021.

Agência Brasil

 

Opinião dos leitores

  1. Gostaria de saber o que o MEC tem ou se ainda terá alguma proposta ou programa de valorização para os alunos e tbm professores que atuam na EJA (Ensino Fundamental ou Medio), por que até agora não vi nada nesse sentido.

    1. Vai ter que trabalhar, sua boquinha acabou.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Educação

Avaliação da alfabetização será feita por amostragem , diz ministro da Educação

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) deste ano terá novidades. Os testes de ciências da natureza e ciências humanas para estudantes do 9º ano e a avaliação da alfabetização do 2º ano do ensino fundamental serão feitos por amostragem.

É a primeira vez que os testes de ciências são aplicados para estudantes do 9° ano. Já a avaliação da alfabetização era aplicada de forma censitária até 2016, ou seja, para todos estudantes do 3° ano, no período de dois em dois anos, nos anos pares.

Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2017, e a previsão de que os estudantes devem ser alfabetizados até o 2° ano, o governo decidiu unificar essa avaliação com as demais, aplicadas nos anos ímpares. Para tanto, optou por cancelar a avaliação prevista para 2018, e implementá-la em 2019 para estudantes do 2º ano.

No entanto, em vez de aplicar para todos estudantes, como era feito até então, o Ministério da Educação optou por realizar testes por amostragem.

As novidades foram apresentadas nesta quinta-feira (2) pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, e as diretrizes foram publicadas no Diário Oficial da União.

“O que queremos [por meio do Saeb] é saber se as crianças estão aprendendo no ritmo [adequado]. Por isso faremos uma avaliação da alfabetização do 2° ano do ensino fundamental”, disse o ministro, em entrevista coletiva..

“Temos que pegar [recuperar] a criança que está ficando para trás e medir o que está acontecendo de certo e de errado”, acrescentou.

Segundo Weintraub, o ideal seria fazer a avaliação com todos os estudantes. “Se eu tivesse plenos poderes, faria universal todos os anos”, disse, ao justificar a pesquisa pela necessidade de o governo cortar gastos.

Saeb

O Saeb é formado por um conjunto de avaliações relativas à qualidade da educação do país, que permitem ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) fazer diagnósticos sobre educação básica do país.

A partir das análises, busca-se identificar fatores que possam interferir no desempenho do estudante, de modo a subsidiar políticas públicas para o setor. É por meio das médias de desempenho do Saeb e de dados sobre aprovação obtidos no Censo Escolar que se compõe o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

O orçamento previsto para avaliar 7 milhões de crianças é de R$ 500 milhões. De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Elmer Coelho Vicenzi, “a melhoria da educação básica “provoca melhoria imediata na saúde e na educação do país”.

As avaliações serão aplicadas entre 21 de outubro e 1° de novembro em todas as unidades da federação, por meio de questionários que serão enviados a secretarias estaduais e municipais; diretores, professores e alunos das escolas; profissionais que acompanham estudantes da educação especial.

Os resultados estarão disponíveis até dezembro de 2020.

Agência Brasil

 

Opinião dos leitores

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Educação

Alfabetização no Brasil ainda é desafio, diz educadora

Qual a proposta do seu candidato para a educação? No Dia Internacional da Alfabetização seja um bom momento para se pensar nisso.

Apesar da redução no número de analfabetos, o Brasil ainda não tem muito que comemorar neste 8 de setembro, data que marca o Dia Internacional da Alfabetização. O Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, divulgado em julho, mostra que, apesar da escolaridade média do brasileiro ter melhorado nos últimos anos, a inclusão no sistema de ensino não representou aumento significativo nos níveis gerais de alfabetização da população. “Tivemos políticas importantes para a inclusão das crianças na escola, mas a alfabetização no Brasil é um desafio desde muito tempo”, corrobora Maria Luiza Moreira, professora do curso de pedagogia da Uniritter.

O Inaf, produzido pelo Instituto Paulo Montenegro e a organização não governamental Ação Educativa, mostrou, ainda, que apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas e 38% dos brasileiros com formação superior têm nível insuficiente em leitura e escrita. “A nossa sociedade não é leitora. A leitura está mudando de lugar e forma e, às vezes, as dificuldades que as pessoas têm são principalmente pela falta de interação com um determinado tipo de texto”, explica Maria Luiza. Segundo ela, as escolas ainda não conseguiram se adaptar ao novo tipo de aluno, que ingressou com a universalização do ensino.

Demonstrando que o Brasil não é um país de leitores, a pesquisa Retratos da Leitura, divulgada em março deste ano, apontou que 75% dos brasileiros nunca frequentaram uma biblioteca. Além disso, a 33% da população disse que não tem nada que o motive a frequentar o espaço de estudo. Para apenas 20% dos entrevistados, a existência de livros novos é considerada um atrativo, 17% declararam que frequentariam mais as bibliotecas se elas ficassem perto de onde moram e 13% se elas tivessem livros mais interessantes.

O desafio

Maria Luiza aponta que é necessária a criação de iniciativas em sala de aula para manter os alunos interessados. “Muitas vezes, os alunos vão embora sem deixar a sala”, diz, se referindo à desatenção ao conteúdo trabalhado. Para ela, é necessário que se reúnam as melhores estratégias de cada método de alfabetização – deve-se trabalhar a relação letra e som e contextualizar o aprendizado. “É importante que se faça isso na escola, pois o aluno, muitas vezes, não tem esse tipo de experiência em casa”, aponta.
Para a pedagoga, a alfabetização já esteve em maior evidência nas discussões sobre educação. Ela acredita que a preocupação se tornou mais genérica, focada em resultados como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que mostrou, neste ano, avanço nos anos iniciais e finais do ensino fundamental.

A Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) do IBGE – análise baseada principalmente em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2010 – indica que, em 2009, 9,7% dos brasileiros com 15 anos ou mais eram analfabetos, o equivalente a 14,1 milhões de pessoas. A Pnad mostra, ainda, que um em cada cinco brasileiros de 15 anos ou mais (20,3% do total) são analfabetos funcionais.

Mas o desafio não é apenas do Brasil. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Centro Nacional para Estatísticas da Educação divulgada em 2009 mostrou que aproximadamente um a cada sete americanos – 14% – têm baixa alfabetização e seriam incapazes de compreender textos complexos.

Década para a Alfabetização

O ano de 2012 encerra a Década das Nações Unidas para a Alfabetização, lançada em 2003 e coordenada pela Unesco, que criou o slogan “Alfabetização como Liberdade”. Em 2005, o órgão lançou a Iniciativa de Alfabetização para o Empoderamento. O objetivo da Educação para Todos – parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio lançado pela ONU em 2000 -, de aumentar para 50% os níveis de alfabetismo até 2015, é o objetivo geral para Década da Alfabetização.

Fonte: Terra

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *