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MPF recorre ao STJ e ao STF para assegurar demarcação de terra indígena no RN nos municípios de Canguaretama e de Goianinha

No Rio Grande do Norte, nos municípios de Canguaretama e de Goianinha, em uma área situada às margens do rio Catu, vive a comunidade indígena Eleotérios do Catu, de etnia Potiguara, que aguarda há anos a identificação e a delimitação de sua terra. Para assegurar esse direito, garantido pela Constituição Federal de 1988, o Ministério Público Federal na 5ª Região recorreu nesta terça-feira, 6 de julho, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Em 2017, o MPF no Rio Grande do Norte propôs uma ação civil pública contra a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai), buscando a regularização fundiária da terra dos Eleotérios do Catu, ocupada, na época, por 364 índios. Na ocasião, o MPF ressaltou que a Funai tinha conhecimento da reivindicação fundiária do grupo há mais de sete anos – segundo cadastro no Sistema de Terras Indígenas da fundação –, mas sequer havia iniciado o processo demarcatório, limitando-se a dizer que não havia prazo para isso.

O processo foi julgado pela 1ª Vara da Justiça Federal no Rio Grande do Norte, que determinou o início dos procedimentos de identificação e de delimitação da terra reivindicada pela comunidade indígena, estabelecendo um prazo de 24 meses para a finalização dos trabalhos, após a criação do Grupo Técnico para conduzi-los. A União e a Funai recorreram ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), alegando que o Poder Judiciário não poderia interferir nos atos discricionários da Administração Pública e que deveria ser respeitada a programação feita para a gestão de centenas de processos de demarcação. Disseram ainda não dispor de servidores suficientes para elaborar os estudos técnicos necessários à identificação das terras indígenas.

Em setembro de 2020, a Primeira Turma do TRF5 julgou procedente o recurso, por entender que o Poder Judiciário não poderia impor à Funai ou à União a obrigação de atender à demanda do MPF em prazo específico e ainda em desrespeito à ordem e aos critérios estabelecidos pela Fundação para a demarcação da terra indígena. Entretanto, para o MPF, o Tribunal deixou de levar em conta o que a Constituição Federal de 1988 estabelece em seu artigo 67: “A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição”. Mesmo quando questionado pelo MPF – por meio de embargos de declaração –, a respeito da omissão sobre esse ponto, o TRF5 manteve integralmente sua decisão.

O Ministério Público Federal recorre agora aos Tribunais Superiores para assegurar o andamento célere dos procedimentos necessários à demarcação da terra da comunidade indígena Eleotérios do Catu. Nos recursos, o MPF aponta que a decisão do TRF5 deve ser reformada, inclusive por divergir da jurisprudência do STF e do STJ, que, em casos semelhantes, reconheceram ser possível a intervenção judicial em casos de demora excessiva na conclusão de procedimento demarcatório de terras indígenas.

“O Judiciário não pode desprezar o mandamento constitucional que conferiu aos índios o direito originário sobre as terras que tradicionalmente ocupam, bem como o prazo constitucional estabelecido para a conclusão de sua demarcação, que, embora seja programático (o que torna flexível o período estipulado de cinco anos), não justifica a demora excessiva do Poder Público em iniciar e concluir o procedimento demarcatório”, declara o procurador regional da República Francisco Machado, autor dos recursos.

O MPF destaca a importância da demarcação da Terra Indígena Potiguara dos Eleotérios do Catu, uma vez que muitos direitos básicos assegurados aos índios, como, por exemplo, educação e saúde, vêm sendo alvos de obstáculos impostos pelas entidades responsáveis, sob a alegação de que a área não está oficialmente reconhecida.

N.º do processo: 0803824-79.2017.4.05.8400

 

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Diversos

Prefeito de São Gonçalo incentiva colegas a apoiar o Proedi para assegurar indústrias no RN

O prefeito de São Gonçalo do Amarante/RN, Paulo Emídio, o Paulinho, declarou apoio ao Proedi – Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do RN lançado pelo Governo do Estado. Esse posicionamento contraria o movimento encabeçado pelos prefeitos de Natal e Mossoró. A declaração ocorreu em São Paulo, na Confederação Nacional da Indústria, durante o Investe RN, evento promovido pela governadora Fátima Bezerra para apresentar as potencialidades econômicas e a melhoria do ambiente de negócios no Estado.

O prefeito também defendeu a aceitação, por parte dos municípios, do acordo discutido entre governo e prefeituras, o qual o Estado garante compensar eventuais perdas momentâneas das prefeituras. Paulinho enfatizou que municípios terão aumento de receitas a longo prazo. “Por tudo o que vimos aqui, não resta dúvida. O Proedi é uma medida necessária para conter a desindustrialização do nosso estado e, principiante, para atrair novas empresas, gerar mais empregos e melhorar as receitas do estado e dos municípios”, declarou Paulinho.

O gestor são-Gonçalense ainda disse que compreendia a posição contrária dos colegas prefeitos ao programa, mas os convidou para refazerem juntos as contas de perdas e ganhos do Proedi, levando em consideração o que cada prefeitura tem perdido nos últimos tempos com a saída de empresas do Rio Grande do Norte para o Ceará, Paraíba e para outros estados.

“Veja quanto temos perdido com a diminuição da receita de ICMS do setor industrial. Em São Gonçalo, perdemos a AMBEV e isso nos afetou muito. O RN está se transformando num cemitério de indústrias, na terra do ‘já foi’ e do ‘já teve’ enquanto os vizinhos Paraíba e Ceará se beneficiam. Por que? Porque os incentivos de lá eram maiores do que os nossos. Alguma coisa precisava ser feita e essa medida veio para igualar os benefícios do RN com o dos outros estados, com quem competimos. Agora não há mais motivo para que empresas deixem o RN e optem por outros lugares”, pontuou Paulinho.

PROSIGA

O prefeito de São Gonçalo, que é do PL, ressaltou ainda que o PROEDI aponta para ganhos no futuro e que o seu município está lançando seu próprio programa de incentivos denominado PROSIGA – Programa Sãogonçalense de Incentivo ao Investimento e à Geração de Atividade Econômica. “Eu tenho dialogado com empresas do sul do país e com grupos internacionais. E já estamos conseguindo trazer algumas grandes plantas para se instalarem em nosso território já como efeito benéfico do PROEDI e do nosso PROSIGA. Acho que os colegas prefeitos devem fazer o mesmo. Adotar sua própria estratégia de atração de investimento para gerar empregos. Colocar incentivos condicionados, diminuir a burocracia, oferecer infraestrutura, qualificar pessoas, e dar segurança jurídica. Como disse o secretário Jaime, cada prefeito deveria pegar o PROEDI e ir buscar empresas para trazer para seu município. Não adianta ficar brigando por perdas virtuais, perdas daquilo que você não teria porque se você não dá incentivo, a empresa não vem. E não vindo você não terá aquilo pelo que brigar. Eu sou sempre a favor da lógica de trocar imposto por emprego”, finalizou o prefeito Paulinho.

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