Saúde

GRAVE: Chefe da OMS critica falta de acesso a dados da China sobre origem da Covid-19 e não descarta nenhuma hipótese

Foto: Christopher Black/WHO / via REUTERS

Mais de um ano depois do início da pandemia do coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou oficialmente nesta terça-feira o tão esperado relatório da equipe de especialistas que investiga a origem da Covid-19. Os pesquisadores que estiveram na visita de campo a Wuhan, na China, entre o final de janeiro e o início de fevereiro, ainda não descartaram, porém, nenhuma hipótese, e o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu mais estudos, criticando a falta de acesso a dados brutos do governo chinês sobre os primeiros casos da Covid-19 registrados na cidade, no final de 2019.

De acordo com a missão de especialistas, que passou 27 dias em Wuhan, a hipótese mais provável é que a de que o vírus tenha sido transmitido de morcegos para um animal intermediário e deste para o homem. A hipótese de que o patógeno teria escapado do Instituto de Virologia de Wuhan, um laboratório de segurança máxima, foi considerada “extremamente improvável”, mas ainda assim Tedros pediu uma nova investigação sobre ela. A suposição foi promovida sem embasamento concreto pelo então presidente americano Donald Trump.

— No que diz respeito à OMS, todas as hipóteses permanecem em jogo. Este relatório é um começo muito importante, mas não é o fim. Ainda não encontramos a fonte do vírus e devemos continuar seguindo a ciência e não deixar pedra sobre pedra — disse Tedros, lembrando que encontrar a origem de um vírus leva tempo. — Devemos isso ao mundo para que possamos tomar medidas coletivas para reduzir o risco de que aconteça novamente. Espero que novos estudos colaborativos estejam baseados em compartilhar os dados de uma forma mais ampla e rápida.

O diretor-geral da OMS disse estar disposto a implementar novas missões de especialistas. O relatório da equipe internacional — que conta com cientistas de Austrália, China, Dinamarca, Alemanha, Japão, Quênia, Holanda, Qatar, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e Vietnã — foi publicado quando a pandemia já matou quase 2,8 milhões de pessoas e infectou mais de 127 milhões em todo o mundo.

— Em minhas conversas com a equipe, eles expressaram as dificuldades que encontraram para acessar dados brutos — disse Tedros.

Em fevereiro, um dos integrantes da equipe da OMS, o australiano Dominic Dwyer, disse que foram solicitados os dados brutos dos 174 casos da doença que a China havia identificado na fase inicial do surto em Wuhan, mas lhes foi fornecido um relatório já com a análise feita por cientistas chineses.

Esses dados brutos são conhecidos como “listagens de linha”, disse ele na época, e normalmente seriam anônimos, mas contêm detalhes como as perguntas feitas a pacientes individuais, suas respostas e como suas respostas foram analisadas.

O relatório da OMS sugere que a transmissão possivelmente começou antes de dezembro de 2019. O primeiro caso detectado teve início dos sintomas em 8 de dezembro. Mas, para entender os primeiros casos, os cientistas tiveram acesso a dados de pacientes com sintomas afins, incluindo amostras biológicas, a partir de setembro.

Segundo o relatório, não está claro se o mercado de frutos do mar de Huanan, em Wuhan, foi o marco zero do vírus ou apenas o lugar onde ele começou a circular em maior escala. O local, que vários vários pacientes frequentavam ou onde trabalhavam, vendia carnes exóticas e animais vivos. A equipe também citou a possibilidade de o vírus ter sido introduzido em humanos por meio da cadeia alimentar de alimentos frios.

UE e EUA pedem novos estudos

A equipe da OMS visitou vários laboratórios em Wuhan e considerou a possibilidade de o vírus entrar na população humana como resultado de um incidente de laboratório. Embora os especialistas tenham concluído que um vazamento de laboratório é a hipótese menos provável, Tedros disse que ela também requer uma investigação mais aprofundada.

— Não acredito que esta avaliação tenha sido extensa o suficiente. Mais dados e estudos serão necessários para chegar a conclusões mais robustas — afirmou o chefe da OMS.

No ano passado, o governo Trump acusou a OMS de ser demasiadamente complacente com a China e este foi seu principal argumento para cortar sua contribuição ao orçamento da entidade. Trump também chegou a dar entrada no processo para sair da OMS, algo revertido pelo presidente Joe Biden já no dia da sua posse.

A missão da OMS a Wuhan foi aprovada na assembleia geral da OMS no ano passado e negociada durante meses com os chineses. Após a divulgação do relatório, União Europeia (UE), Estados Unidos e 13 aliados, como Reino Unido, Canadá, Austrália, Japão e Coreia do Sul, expressaram preocupação com a falta de acesso aos dados. Em um comunicado conjunto, EUA e os aliados instaram a China a dar “acesso completo” aos especialistas.

A UE, por sua vez, considerou o estudo um “primeiro passo importante”, mas insistiu nas críticas de que a investigação começou tarde demais. Além disso, lembrou que os especialistas estiveram fora da China por muito tempo e de que o acesso aos dados e às primeiras amostras foram insuficientes. Em um comunicado, Walter Stevens, embaixador da UE nas Nações Unidas em Genebra, pediu mais estudos com “acesso oportuno aos locais relevantes e a todos os dados humanos, animais e ambientais disponíveis”.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Qual a novidade OMS? Achar que a China vai deixar sair algum dado real, é acreditar em coelho da páscoa…inocente.

  2. Essa OMS realmente e mentirosa, eles saíram da china falando que não encontraram nada de grave na china e agora vem com outra conversa.

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Tecnologia

WhatsApp testa função que esconde ‘amigos chatos’

WhatsApp Beta para Android agora permite ocultar completamente os Status de pessoas indesejadas — Foto: João Gabriel Balbi/TechTudo

O WhatsApp está testando, em sua versão Beta para celulares Android, um recurso que esconde por completo os Status de contatos indesejados que foram silenciados. Até então, por mais que fosse possível silenciar as atualizações de determinada pessoa, o material continuava sendo exibido, mas com a cor esmaecida. Agora, com a função “Silenciar”, é possível ocultar de vez as publicações de pessoas inconvenientes. A novidade foi anunciada pelo portal especializado WABetaInfo nessa quarta-feira (18).

Para acessar a função, é necessário ter a versão de testes do WhatsApp instalada. Usuários do WhatsApp Beta podem acessar as novidades do app em primeira mão, antes do lançamento para todos. Segundo o WABetaInfo, embora a versão Beta 2.19.261 corresponda ao último update, o correto é baixar a de número 2.19.260. A edição mais recente está causando problemas com a exibição dos Status.

Como usar o recurso

A ativação do recurso requer, primeiramente, que algum contato seja silenciado. Para isso, basta ir até o Status da pessoa indesejada, clicar nos três botões verticais no canto superior direito da tela e escolher a opção “Silenciar”.

Status de contatos silenciados ficam escondidos em seção específica — Foto: Reprodução/Android Police

Após o procedimento, o conteúdo ficará incluso em uma seção específica, que agora pode ser escondida por completo. Anteriormente, as atualizações eram exibidas integralmente, com a cor esmaecida, sem a possibilidade de ocultá-las. Caso queira expandir a seção e conferir os Status dos contatos silenciados, basta clicar na seta ao lado da faixa.

Globo, via Techtudo, WABetaInfo e Android Police

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Acidente

SE LIGUE: Os perigos que um mergulho no rio escondem

CsfP2-jXgAAK4MqMuitas vezes, à primeira vista, pode parecer que tudo está calmo. Mas banhar-se nas águas de um rio, em algumas circunstâncias torna-se um prazer mais traiçoeiro que do que se poderia imaginar. Após um mergulho, pedras no fundo podem deixar uma pessoa paraplégica. Correntezas fortes não perceptíveis são capazes de causar afogamento, como no caso do ator Domingos Montagner, morto no Rio São Francisco, na região de Canindé do São Francisco, em Sergipe, na tarde de quinta-feira. Veja quais são os principais perigos de se banhar no rio e os cuidados que se deve tomar. CONFIRA AQUI

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Nunca se aventurar em um lugar, sem saber nada sobre ele. Para isso existem guias turísticos, não custa nada pagar. Uma vida é uma vida, não banalizar pode fazer a diferença de muitos passeios, eventos e trilhas inesquecíveis. A natureza é grande, bela e muitas vezes desconhecida. Excelente final de semana. ?

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