Saúde

Nova terapia para câncer de próstata reduz em cerca de 40% chance de morte de pacientes com metástase, aponta estudo

Foto: Divulgação

A descoberta de uma nova terapia experimental reduziu em quase 40% as mortes de homens com câncer de próstata agressivo, em comparação a pacientes semelhantes que receberam apenas o tratamento padrão. O estudo, publicado no The New England Journal of Medicine, dá esperança aos pacientes com doença avançada, e abre portas para uma forma promissora de combate ao câncer.

A pesquisa foi pensada para retardar os impactos da doença para pessoas com câncer de próstata metastático, que ainda não possui cura definitiva, e acompanhou 831 pacientes em 10 países por um período médio de 20 meses. O resultado do estudo mostrou que os que receberam o tratamento experimental sobreviveram por uma média de 15,3 meses, em comparação com 11,3 meses para aqueles que tiveram apenas o tratamento padrão, o que representa uma redução de 38%. Além disso, seus tumores eram mais propensos a encolher, seus níveis de antígeno específico da próstata eram mais propensos a cair e o risco de progressão do câncer foi reduzido em 60%.

No Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), estimam-se 65.840 novos casos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022. Isso significa dizer que, a cada 100 mil homens, cerca de 62,95 terão o risco de desenvolver a patologia. Atualmente, esse tipo de tumor é a segunda principal causa de morte entre pessoas do sexo masculino no país, atrás apenas do câncer de pulmão, e acomete principalmente homens com 65 anos ou mais.

A maioria dos tratamentos que prolongam a vida depende da supressão ou do bloqueio dos andrógenos, os hormônios masculinos que alimentam o câncer de próstata. A descoberta, porém, depende de uma molécula radioativa para atingir uma proteína encontrada na superfície das células do câncer de próstata, que retarda a chance de óbito.

“Isso é algo novo, pois você está direcionando a radiação diretamente para o câncer”, disse Karen Knudsen, presidente e executiva-chefe da American Cancer Society. “Você não está apenas destruindo as células cancerosas, você está bombardeando de forma inteligente o lugar que o tumor encontrou para viver”, complementa.

Como funciona o tratamento

O tratamento experimental, denominado lutécio-177-PSMA-617, combina um composto que tem como alvo uma proteína na superfície das células cancerosas da próstata, chamada antígeno de membrana específico da próstata, ou PSMA, com uma partícula radioativa que ataca as células.

A proteína PSMA, que pode ser detectada por exames de imagem, está quase exclusivamente nas células do câncer de próstata e, portanto, o tratamento causa menos danos ao tecido circundante, segundo o Dr. Oliver Sartor, co-investigador principal do estudo e diretor médico do Tulane Cancer Center em Nova Orleans, nos Estados Unidos.

Embora a proteína não seja onipresente nos tumores de próstata, ela é encontrada em mais de 80% dos casos. Entre os pacientes selecionados para o estudo, 87% eram PSMA-positivos. Apenas os homens positivos para o marcador foram incluídos no estudo. Além disso, o estudo envolveu homens com uma forma de câncer de próstata metastático chamado câncer de próstata resistente à castração. Todos os pacientes tinham doença que progrediu apesar dos tratamentos com quimioterapia e terapia hormonal para suprimir e bloquear os andrógenos.

“Esses pacientes receberam basicamente todas as terapias disponíveis”, disse ele. “Este é o primeiro medicamento direcionado ao tumor que realmente resulta em um benefício de sobrevida geral entre pacientes pré-tratados de forma incrivelmente intensa”, conclui Dr. Oliver Sartor.

No entanto, o estudo teve algumas limitações. Devido às dificuldades de conduzir um estudo duplo-cego com um tratamento radioativo, o teste foi aberto: tanto os pacientes quanto os médicos sabiam se estavam ou não recebendo o tratamento. Isso causou alguns problemas no início, pois os pacientes que ficaram desapontados com sua designação se retiraram do estudo.

O Globo

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Saúde

Técnica menos invasiva para tratar aumento de próstata é aprovada pelo Conselho Federal de Medicina

Um parecer aprovado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) abre caminho para a utilização no Brasil de uma técnica menos invasiva para tratar o aumento benigno da próstata (hiperplasia), problema que atinge cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos.

Trata-se da embolização das artérias da próstata, que pode servir como alternativa a medicamentos e a outros procedimentos cirúrgicos.

A técnica foi desenvolvida por médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde vem sendo usada na forma de pesquisa, e já está sob avaliação do governo americano.

Consiste no uso de um pequeno tubo, que entra pela virilha e, guiado por um aparelho que emite raio X, percorre vasos sanguíneos até a próstata. Lá, uma substância é liberada a fim de obstruir parte do fluxo sanguíneo que alimenta a próstata, favorecendo a redução de seu tamanho e, assim, reduzindo a pressão do órgão sobre a uretra, diz Francisco Carnevale, chefe do serviço de radiologia intervencionista do HC.

Nela é usada anestesia local, e o paciente pode deixar o hospital no mesmo dia.
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Cacilda Pedrosa, relatora do parecer do CFM, diz que ainda será preciso que o conselho aprove uma resolução sobre o tema para que o procedimento seja liberado em definitivo, o que deve ocorrer entre janeiro e fevereiro, diz.

Segundo Carnevale, o procedimento da embolização já é usado no país, mas para outras finalidades. Por exemplo, para atacar miomas uterinos e tumores no fígado.

Alberto Azoubel Antunes, urologista que chefia o serviço de próstata do Hospital das Clínicas, explica que a nova técnica beneficia sobretudo pacientes com obstrução leve –a maior parte dos casos–, aliviando sintomas como ardor e urgência para urinar e jato fraco de urina.

Miguel Srougi, professor titular de urologia da USP, diz que o procedimento foi utilizado em cerca de 60 pacientes nessa fase de pesquisa. Mais de 50 deles voltaram a urinar normalmente, sendo que não houve complicações em nenhum dos casos.

Segundo Srougi, a técnica é segura e apresentou resultados sólidos, embora haja algumas críticas no meio médico sobre o procedimento. “Se [a técnica] pegar, a cirurgia mais realizada em próstata vai deixar de ser feita num grupo grande de pacientes”, afirma o médico.

PARECER

Após cerca de quatro anos utilizando a técnica no Brasil dentro de protocolos de pesquisa, o grupo solicitou ao CFM o reconhecimento da nova técnica. Em parecer aprovado no fim de 2013, o conselho reconheceu os benefícios da embolização, chancelando seu uso desde que cumpridos alguns requisitos.
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Por exemplo, a consulta a um urologista e a realização da técnica por médico formado em radiologia intervencionista credenciado e capacitado para o procedimento. O parecer também vincula a liberação da técnica ao acompanhamento dos resultados, pelo CFM, por até cinco anos.

Carnevale explica que a proposta é criar centros de capacitação de profissionais para a utilização da técnica em outros hospitais do país, em conjunto com sociedades da área.

Folha

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Saúde

Quase metade dos homens brasileiros não faz exame de próstata

200378156-001Um estudo da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) afirma que 44% dos homens na faixa etária dos 40 anos jamais foram ao urologista e não se submeteram ao exame de toque.Em 2012, mais de 60 mil novos casos de câncer de próstata foram diagnosticados segundo o Instituto Nacional do Câncer.

A próstata, glândula que faz parte do aparelho reprodutor masculino, é responsável pela produção do líquido seminal. Para prevenir o desenvolvimento de doenças, é necessário que o homem tenha cuidados frequentes com essa glândula.

De acordo com o urologista Daher Chade, do Instituto do Câncer de São Paulo, as visitas frequentes ao médico são determinantes para o diagnóstico precoce do câncer na próstata.

—  A partir dos 40 anos, o homem deve se submeter ao exame para prevenção de qualquer tipo de doença na próstata. Muitos homens temem o resultado dos exames, mas se diagnosticado precocemente, o câncer de próstata tem tratamento e cura em muitos casos.

A pesquisa apontou que, de modo geral, os homens acabam não indo ao médico por não serem instruídos a cuidar da saúde e também por não terem acesso ao serviço. Além disso, embora exista conscientização da importância das consultas, ainda há preconceito com o toque retal, completa Daher Chade.

— Infelizmente não é da cultura do homem brasileiro cuidar da saúde e isso não acontece apenas no campo da urologia. O problema é mais abrangente.

A pesquisa foi realizada com quase cinco mil homens em seis capitais brasileiras — Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Brasília.

R7

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