Saúde

Por que estudos defendem que algumas pessoas que já tiveram Covid-19 podem tomar apenas uma dose da vacina

Foto: CHRISTOF STACHE / AFP

A bióloga molecular Shannon Romano teve Covid-19 no final de março passado, cerca de uma semana depois que ela e seus colegas fecharam o laboratório no Hospital Mount Sinai, em Nova York. Uma dor de cabeça debilitante veio primeiro, seguida de uma febre que não parava de subir e, na sequência, dores excruciantes no corpo. “Não conseguia dormir. Não conseguia me mover ”, disse. “Cada uma das minhas juntas doía por dentro.”

Não era uma experiência que ela quisesse repetir — nunca mais.

Quando ela se tornou elegível para ser vacinada, no início deste mês, ela tomou sua dose. Dois dias após a injeção, desenvolveu sintomas que eram muito familiares. “A maneira como minha cabeça e meu corpo doíam era a mesma de quando tive Covid-19”, disse. Ela se recuperou rapidamente, mas a resposta intensa de seu corpo a pegou de surpresa.

Um novo estudo pode explicar por que Romano e muitos outros que tiveram Covid relataram essas reações inesperadamente intensas à primeira dose da vacina.

Em um artigo publicado online nesta segunda-feira, pesquisadores descobriram que pessoas que já haviam sido infectadas com o vírus relataram fadiga, dor de cabeça, calafrios, febre e dores musculares e articulares após a primeira injeção com mais frequência do que aquelas que nunca foram infectadas. Os sobreviventes da Covid também apresentaram níveis muito mais altos de anticorpos após a primeira e a segunda doses da vacina.

Com base nesses resultados, dizem os pesquisadores, as pessoas que tiveram Covid-19 podem precisar de apenas uma dose.

“Acho que uma dose da vacina deve ser suficiente”, disse Florian Krammer, virologista da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai e autor do estudo. “Isso pouparia os indivíduos de dores desnecessárias ao receber a segunda dose, assim como liberaria doses adicionais de vacina.”

As descobertas de Krammer e seus colegas ainda não foram publicadas em uma revista científica.

Um outro estudo divulgado na segunda-feira reforça a ideia. A pesquisa incluiu 59 profissionais de saúde, 42 dos quais já tinham tido Covid (com ou sem sintomas). Os pesquisadores não avaliaram os efeitos colaterais, mas descobriram que aqueles que haviam sido infectados anteriormente responderam à primeira dose gerando altos níveis de anticorpos, maiores se comparados às quantidades observadas após a segunda dose em pessoas que nunca haviam sido infectadas. E, em experimentos de laboratório, esses anticorpos se ligaram ao vírus e o impediram de entrar nas células.

Para aumentar o fornecimento da vacina, os autores concluem e sugerem que aqueles que já tiveram Covid devem ser movidos para baixo na lista de prioridades e receber apenas uma dose da vacina enquanto os suprimentos de vacinas são limitados.

Precedente complicado

Enquanto alguns cientistas concordam com essa lógica, outros são mais cautelosos. Alterar o número de doses pode criar “um precedente realmente complicado”, disse E. John Wherry, diretor do Instituto de Imunologia da Universidade da Pensilvânia. “Não aceitamos a aprovação do FDA (agência reguladora semelhante à Anvisa) para um medicamento quimioterápico e depois simplesmente descartamos o esquema de dosagem”, disse.

Wherry também apontou que as pessoas que tiveram casos leves de Covid parecem ter níveis mais baixos de anticorpos e podem não ter proteção contra variantes mais contagiosas do vírus. Também pode ser difícil identificar quais pessoas foram infectadas anteriormente. “Documentar isso se torna um problema de saúde pública potencialmente confuso”, afirmou.

Efeitos colaterais são esperados

Os efeitos colaterais após a vacinação são totalmente esperados. Eles mostram que o sistema imunológico está montando uma resposta e estará mais bem preparado para combater uma infecção se o corpo entrar em contato com o vírus. As vacinas da Pfizer e da Moderna são particularmente boas em evocar uma resposta forte. A maioria dos participantes nos ensaios das empresas relatou dor no local da injeção, e mais da metade relatou fadiga e dores de cabeças.

Dúvidas sobre reações mais graves à vacina em pessoas que já tiveram Covid surgiram em uma reunião de 27 de janeiro de um comitê de especialistas que assessora os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Pablo J. Sánchez, membro do comitê do Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil Nationwide em Columbus, Ohio, observou que ouviu de pessoas que tiveram uma resposta à vacina pior do que sua experiência anterior com Covid-19. Ele sugeriu que uma pergunta sobre infecção anterior fosse adicionada às informações feitas pelo CDC. “Isso não é perguntado”, disse Sánchez. “E acho que isso é muito importante.”

O Globo

 

Opinião dos leitores

  1. Agora que os testes das vacinas estão iniciando, fizeram pesquisa com pessoas jovens e saudáveis os resultados foram ótimos, agora é que veremos a realidade das vacinas em pessoas idosas ,as que foram infectadas e aquelas com comorbidades .

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Saúde

Espanha anuncia registro para pessoas que se recusarem a se vacinar contra a Covid-19; dados serão compartilhados com governos de países da União Europeia

Foto: JOSE MARIA CUADRADO JIMENEZ / AFP

A Espanha anunciou que fará um cadastro de pessoas que se recusam a ser vacinadas contra a Covid-19 e o compartilhará com outros países da União Europeia. A informação foi dada nesta sgeunda-feira pelo o ministro da Saúde, Salvador Illa. Os dados desses cidadãos ficarão sob sigilo.

Em entrevista ao canal de TV espanhol “La Sexta”, Salvador Illa reiterou que os espanhóis não serão obrigados a se vacinarem contra a Covid-19. No entanto, para os que optarem por não receber a vacina, “o que se vai fazer é um registo que, além disso, vai ser partilhado com outros parceiros europeus (…), com aquelas pessoas a quem (a vacina) foi oferecida e simplesmente rejeitada”, explicou.

— O documento não será tornado público e tudo será feito com o maior respeito pela proteção de dados — disse ainda.

De acordo com pesquisa recente do governo espanhol, 28% dos habitantes do país são contrários à vacinação imediata, ao passo que 40,5% se dispõem a fazê-lo agora e 16,2% pretendem se vacinar se o imunizante “oferecer garantias” e for “confiável”.

Esses percentuais de aceitação aumentaram significativamente em relação ao resultado da pesquisa realizada em novembro, quando 47% dos entrevistados disseram não querer se vacinar.

— Parece-me que, neste ponto, todos nós vemos que a maneira de derrotar o vírus é vacinar todos nós, ou quanto mais, melhor — disse Illa.

A vacina fabricada pelos laboratórios Pfizer e BioNTech começou a ser ministrada neste domingo em diversos países europeus.

A Espanha, que contabiliza oficialmente cerca de 50 mil mortes e mais de 1,8 milhão de infectados desde o início da pandemia, também começou no domingo a imunizar sua população, dando prioridade aos moradores e trabalhadores de asilos.

O governo espera vacinar entre 15 e 20 milhões de pessoas, de uma população de 47 milhões, durante o primeiro semestre de 2021, incluindo 2,5 milhões antes do final de fevereiro.

Especialistas ressaltam que a vacinação é uma medida crucial para o enfrentamento da pandemia — um aspecto no qual o Brasil está atrasado em relação a outras grandes economias mundiais. Segundo a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, o país só atingirá a chamada “imunidade de rebanho”, na qual o vírus encontra pela frente mais pessoas protegidas do que suscetíveis, depois que mais de 60% da população já tiverem recebido a vacina. Até agora, nenhum fabricante de vacina para a Covid-19 solicitou o uso emergencial do imunizante à Anvisa.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Excelente = deve ser feito aqui no Brasil também, quem não quer se vacinar, deve pagar pelo próprio tratamento, caso seja acometido e internado pela COVID-19 [mundiça deve arcar os custos de sua própria ignorância]

    1. Por Bozo não foi por idiotas como vc que espalham terror e ignorantes acreditam, como os que têm a fé cega e acreditam em toda asneira falada.

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Saúde

Senador propõe prisão de até oito anos para quem não tomar vacina em casos de emergência pública, como covid

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O senador Ângelo Coronel (PSD-BA) apresentou um projeto de lei que prevê prisão de até oito anos para quem não tomar vacinas em casos de emergência de saúde pública, como a pandemia de covid-19. O texto prevê ainda a punição para pais que não vacinarem seus filhos e também para quem divulgar notícias falsas sobre as vacinas do programa nacional de imunização.

Pelo PL, a punição acontecerá apenas quando não houver justa causa para a não-vacinação.

“É urgente que se tome medidas para contenção desse mal que pode prejudicar a vacinação e atrasar ainda mais a saída do país da crise sanitária provocada pela pandemia”, diz a justificativa do texto.

“O PL aqui apresentado vem no contexto da pandemia da Covid19, mas também é uma resposta necessária à sequência de quedas nas taxas de imunização das campanhas do Ministério da Saúde”, diz.

Veja a íntegra do projeto AQUI em post na íntegra.

Congresso em Foco – UOL

Opinião dos leitores

  1. E 16 anos de prisao para o senador, caso a pessoa venha a falecer depois que tomar a vacina contra a vontade.

  2. Ótima idéia !!! Soltem os ladrões, assassinos e estupradores para dar vaga a quem não acredita na vacina chinesa.

  3. Que vacina que o povo tem que tomar, isto não é vacina é um experimento, seremos todos cobaias, vacina é quando se tem a imunização de 100 % , o resto é pimenta no ….. dos outros, quando muits gente começar a morrer de outras doenças provocadas por causa por esta porcaria que quetem nos impor de goela à baixo, já será tarde demais, só um senador bandido deste pode propor uma lei ditatorial desta.

  4. Mas um politico que vive em outro planeta!!!
    No brasil não se cumpri pena nem por homicídio, vai existir por não se vacinar??

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