Diversos

Jornal satírico francês Charlie Hebdo republica caricaturas polêmicas que motivaram atentados de 2015

Nova capa do Charlie Hebdo com os antigos desenhos chega às bancas nesta quarta. Foto: Charlie Hebdo – 01.set.2020 / Twitter

O jornal satírico francês Charlie Hebdo, que ficou conhecido internacionalmente após os atentados de 2015 em Paris, decidiu republicar as charges sobre religião muçulmana que geraram polêmica e desencadearam os ataques terroristas.

A nova capa com os antigos desenhos foi divulgada nessa terça-feira (1º) e chega às bancas nesta quarta (2), mesmo dia do julgamento de 14 pessoas suspeitas de envolvimento nos atentados.

“Tudo isso por isso”, menciona o jornal em letras garrafais, em uma edição especial em memória às 17 vítimas dos ataques cometidos em janeiro de 2015 na França. Além da sede do Charlie Hebdo, os agressores também atacaram um mercado judaico.

A edição traz um compilado do que aconteceu no dia do atentado, quando os irmãos Chérif e Saïd Kouachi invadiram a redação do Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas, além de entrevistas com familiares e uma pesquisa sobre liberdade de expressão.

Julgamento dos suspeitos

A Justiça francesa inicia hoje o julgamento de 14 acusados de financiar, participar e fornecer armas a grupos terroristas. Na época, a Al-Qaeda e o Estado Islâmico reivindicaram a autoria dos atentados.

Dentre os indiciados, três serão julgados in absentia (em ausência) e podem já ter sido mortos. As autoridades acreditam que Hayat Boumedienne e os irmãos Mohamed e Mehdi Belhoucine viajaram à Síria sob o domínio do Estado Islâmico pouco antes dos ataques. Os outros 11 podem ser sentenciados à prisão perpétua.

Nessa segunda (31), em entrevista a uma emissora de TV francesa, o ex-procurador da República François Molins, um dos primeiros a chegar à cena do crime, lembrou o momento. “Era um ambiente surreal. Havia um silêncio muito forte, um cheiro de sangue e pólvora em todo o prédio”.

Molins, que participou de toda a investigação, também falou sobre o cenário. “Na redação, era uma carnificina. Aquilo não era mais uma cena de crime, era uma zona de guerra, com corpos amontoados. Foi aterrorizante”, completou.

Polêmicas

A nova edição relembra a capa do número 1177 do jornal, publicado no dia do atentado, trazia uma caricatura do caricaturista e editor-chefe Stéphane “Charb” Charbonnier, satirizando o livro Submissão, que retratava uma “França muçulmana”.

A charge, considerada “islamofóbica”, recebeu o título de “Ainda sem atentados na França”, mostrando um terrorista supostamente islâmico armado e com os dizeres: “Esperem! Ainda temos até o fim de janeiro para realizar seus desejos”.

O Charlie Hebdo possui histórico de publicações polêmicas. Em uma edição de 2011, um muçulmano foi retratado na primeira página beijando um cartunista da revista. Já em julho de 2013, a capa estampava a frase “O Corão é uma m****, ele não para as balas”, pouco após um ataque no Egito contra muçulmanos que deixou mais de 50 mortos.

Ataques terroristas de 2015

Imagens feitas por cinegrafistas amadores na época rodaram o mundo. Em uma delas, um dos irmãos agressores grita que vingou o profeta Maomé, após deixar o prédio.

A situação reacendeu o debate sobre liberdade de expressão e de imprensa, além da relação entre sátiras e religião. No editorial desta quarta, o Charlie Hebdo afirma que “nunca irá descansar e nem desistir”, mencionando a morte dos jornalistas como uma tentativa de destruir suas “convicções, culturas e talento”.

No dia seguinte ao ataque à redação do jornal, no centro de Paris, Amedy Coulibaly, um terrorista próximo dos irmãos Kouachi, matou uma policial na cidade de Montrouge, região metropolitana da capital.

Na mesma semana, ele invadiu um mercado judeu e fez 20 reféns. A ação, que durou quatro horas, culminou na morte de cinco pessoas, dentre elas o terrorista. Outras nove ficaram feridas, sendo três policiais.

Após o atentado, Chérif e Saïd Kouachi se esconderam em uma gráfica na cidade de Dammartin-en-Goële, a 30 km da sede da revista, de onde tentariam partir para Bruxelas, na Bélgica.

A identidade dos autores do crime foi descoberta após uma perícia no carro em que eles usaram durante a fuga, quando Saïd perdeu seu documento de identidade. Os dois foram mortos enquanto tentavam escapar do cerco realizado pela polícia à gráfica.

CNN Brasil, com Reuters

Opinião dos leitores

  1. Um é pouco, acho que estão querendo outro. Segura os couros, dessa vez os caras vão detonar geral.

  2. Essa é uma maneira de dar fama a notícia, o pior é que dá certo!
    Mas as consequências foram, e ou serão trágicas.

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Saúde

Procuradores da República dizem que não tem respaldo para fechamento dos leitos para Covid em Natal

O Grupo de Trabalho estadual de acompanhamento das medidas governamentais e privadas relacionadas ao novo coronavírus (GT Covid-19), formado por procuradores do Ministério Público Federal no RN, alerta que não há respaldo científico para fechamento de leitos de tratamento da covid-19 na capital potiguar, nesse momento.

De acordo com a plataforma Regula-RN – desenvolvida pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN) –, o Hospital de Campanha e o Hospital Municipal de Natal, referências no combate à pandemia, estão com 100% dos leitos de UTI e semi-intensivos (chamados de leitos críticos) ocupados. Dados gerais do estado indicam uma ocupação média de 85,7% desses leitos. Na Região Metropolitana de Natal, a taxa chega a 88,1%.

Nesta terça-feira (14), relatório do LAIS/UFRN apontou que de 18 pacientes aguardando vagas de UTI ou semi-intensivas no estado, oito eram da capital. Também foram identificados oito leitos críticos bloqueados nos hospitais de Natal, por falta de equipamentos (ventilador pulmonar, monitor multiparâmetro) ou de pessoal. A equipe técnica reitera que “a situação epidemiológica é de extremo cuidado e todas as iniciativas devem se manter, sejam as de prevenção concernentes ao isolamento social possível na retomada econômica gradual e progressiva, como a continuidade da ampliação de leitos.”

Além disso, o fechamento de leitos voltados à pandemia pela prefeitura do Natal descumpre a portaria no 1949, de 14 de julho, da Secretaria Estadual de Saúde Pública do RN (Sesap), que determina a necessidade de comunicação prévia e autorização para desativação de leitos covid-19.

O GT Covid-19 lembra, ainda, que com a reabertura das atividades econômicas não essenciais, existe a possibilidade de volta do crescimento da doença. Natal recebeu mais de R$ 41 milhões do Fundo Nacional de Saúde especificamente para o combate ao novo coronavírus.

Ação – No dia 9 de julho, o MPF ajuizou ação perante a JF/RN buscando a apresentação, pelo Município de Natal, dos dados técnicos que embasaram a decisão de retomada das atividades econômicas. Até o momento, o pedido liminar não foi apreciado.

GT Covid-19 | MPF/RN

Caroline Maciel
Cibele Benevides
Fernando Rocha
Márcio Albuquerque
Maria Clara Lucena
Rodrigo Telles de Souza
Victor Mariz

Opinião dos leitores

  1. ESSES CARAS ESTÃO CEGOS? POR QUE NÃO BUSCAM SABER O MOTIVO DE TANTAS MORTES? TODOS SABEM, MAS ELES NÃO. O GOVERNO DO ESTADO NÃO USOU NENHUM PROTOCOLO PARA EVITAR E PARAR A PANDEMIA, PREVIU QUE DEZ MIL MORRESSEM PARA ANGARIAR FUNDOS PARA O ESTADO ATRAVÉS DAS VERBAS FEDERAIS. SÓ FEZ DECRETOS! CADÊ VCS MP? A POPULAÇÃO QUER RESPOSTAS!!!! IMAGINEM SE FOSSE O PRESIDENTE QUE SIMLESMENTE NÃO TIVESSE FEITO NADA????? AALGUEM É CULPADO PELO CAAOS QUE SE INSTALOU POR AQUI. A DESGOVERNADORA NÃO FALA NADA, NÃO FEZ NADA E DEPOIS FICA DANDO DE SALVADORA DA PATRIA. PACTO PELA VIDA UMA OVA!!!! MAIS UMA MENTIRA DESSES PETISTAS MENTIROSOS.

    1. Apoderando-se da frase do Gado Bolsonarísta: "Acostuma que dói menos" !! Fátima de novo em 2022 " !! Governadora do Pacto pela vida dos mais carentes do Rio Grande do Norte !!

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Política

Henrique Alves assume a Presidência da República mais uma vez

Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, assumiu a Presidência da República na manhã desta segunda-feira (11) em decorrência das ausências de Dilma Rousseff, que se encontra no Peru, e do Vice-Presidente, Michel Temer, em missão oficial nos Emirados Árabes Unidos até esta terça-feira (12).

É a segunda vez que o deputado Henrique assume a presidência do país de forma interina. Ele seguirá despachando até a volta da presidente Dilma, na noite desta segunda-feira(11).

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