Diversos

(SOFISTICAÇÃO E EXCITAÇÃO) – Prazer high-tech: as mudanças nas sex shops para atrair mais mulheres

Com produtos tecnológicos e endereços instalados em bairros residenciais, as novas lojas têm agora uma clientela majoritariamente feminina. Foto: Ilustrativa

Outro dia mesmo, há pouco mais de cinquenta anos, a sexualidade feminina estava para ser descoberta. O ano é 1968 — os Beatles lançavam o Álbum Branco. Os estudantes saíam às ruas em todo o mundo, nas ditaduras e nas democracias. Martin Luther King e Bob­by Kennedy foram assassinados. No Brasil, Caetano, Gil e cia. inauguravam o tropicalismo embebido da antropofagia dos modernos de 1922. E um ensaio, um singelo ensaio, caía como uma bomba americana de napalm a sobrevoar o Vietnã no colo do machismo: O Mito do Orgasmo Vaginal, de Anne Koedt, dinamarquesa radicada nos Estados Unidos, anunciava, sem meias palavras, a existência do clitóris e decretava a possibilidade de chegar ao clímax com um vibrador. Um grosseirão empedernido, o escritor Norman Mailer, encurralado no canto do ringue, esperneou em O Prisioneiro do Sexo, de 1971, surpreso com a “abundância de orgasmos da mulher por toda parte, com aquele dildo de laboratório”. Nada como meio século de permanente revolução, e chegamos ao ponto de hoje: as sex shops vendem brinquedos eróticos sem censura, inclusive no Brasil, e as mulheres as frequentam com mais desenvoltura que os homens.

Hoje, sete em cada dez pessoas que procuram os estabelecimentos de produtos para esquentar o sexo são mulheres da classe A entre 30 e 40 anos. Elas foram atraídas pela transformação das novas lojas. De fachada escura, escondidas, passaram a ter ambientes iluminados e ocupar espaço em bairros residenciais, ao lado do comércio convencional, como padarias, lavanderias e restaurantes. Mas o principal chamariz são as novíssimas traquitanas, de forte apelo tecnológico, com design arrojado e elegante, que nada lembram os manequins esquisitões e feiosos das antigas vitrines. “As lojas não vivem mais apenas em função do prazer masculino”, resume Susi Guedes, organizadora da Íntimi Expo, em São Paulo, uma das maiores feiras de negócios da América Latina voltada para o segmento. No evento, vale dizer, são vetadas exposições explícitas e imagens de pessoas sem roupa. Sexo é coisa séria.

A sofisticação em nome da excitação — muitas vezes apenas individual, solitária, como sugerem os atuais humores comportamentais, de respeito à vontade feminina — é impressionante. Há consolos que se conectam a distância por aplicativos. Há apetrechos que oferecem aulas guiadas de pompoarismo — como é chamada a prática de estimular o assoalho pélvico por meio de contrações. Há géis que vêm com propriedades regeneradoras da pele.

Um movimento paralelo foi o da formação de vendedores. “As clientes, sobretudo elas, querem detalhes dos produtos e não gostam de ouvir termos chulos”, diz Camila Gentile, sócia da marca Exclusiva Sexshop, que oferece mais de 17 000 tipos de artigos destinados às práticas sexuais. Fez sucesso uma maquininha de apenas 100 gramas criada para estimular partes da anatomia feminina por meio de sucção. O dispositivo (com sistema de carregamento magnético) ganhou fama depois de aparecer no Instagram da cantora Anitta, que agradeceu ao item por “salvá-­la”. Peças lançadas inicialmente no mercado americano não demoram a desembarcar pelas bandas de cá. O destaque é uma prótese masculina indicada a uma premiação na mais recente Consumer Electronic Show, em Las Vegas, a maior feira de tecnologia do mundo. A mercadoria tem sensores inteligentes que monitoram o prazer da usuária. Depois do apogeu, podem-se acompanhar na tela do smartphone gráficos que indicam os pontos de maior sensibilidade, para ensinar o caminho das pedras.

Existem, ainda, naturalmente, algum constrangimento e vergonha, e por isso crescem também as vendas on-line. Entre 2018 e 2019, o número de compras via e-commerce do setor aumentou 62%, de acordo com monitoramento da consultoria Compre& Confie feito a pedido de VEJA. O valor médio das aquisições: 219 reais. Presencialmente ou a distância, o prazer feminino é definitivamente delas, e ponto-final.

Veja

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Diversos

Governo traça plano para atrair fábrica da montadora norte-americana de veículos elétricos Tesla para o Brasil

Foto: Tyrone Siu/Reuters

O governo tentará atrair para o Brasil a instalação de uma fábrica da montadora norte-americana de veículos elétricos Tesla, afirmou o deputado federal Eduardo Bolsonaro no Twitter na quinta-feira (20).

O deputado, que já foi cotado pelo governo de seu pai, Jair Bolsonaro, para ser embaixador do Brasil em Washington, disse na rede social que participou de uma videoconferência com o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e o ministro-conselheiro da embaixada dos EUA no Brasil, William Popp, para discutir a atração do investimento da Tesla.

“O Ministro Marcos Pontes….estava em videoconferência conosco e Sr. Popp da Embaixada dos EUA no Ministério de Ciência e Tecnologia tratando de atrair para o Brasil fábrica da americana Tesla, empresa de tecnologia renovável que produz baterias e carros elétricos”, escreveu o deputado no Twitter.

Procurado, representantes do Ministério de Ciência e Tecnologia e da Tesla não se manifestaram sobre o assunto.

Na semana passada, Pontes, o deputado federal Daniel Freitas (PSL-SC) e o diretor de Desenvolvimento Econômico de Criciúma (SC), Claiton Pacheco Galdino, já haviam se reunido para traçar um planejamento para contatar representantes da Tesla. O compromisso estava na agenda oficial do ministro.

A reunião foi o primeiro movimento de um plano para trazer a montadora ao país, segundo Galdino. “A gente quer muito que venha, mas é só um primeiro passo de uma maratona.”

Segundo comunicado divulgado anteriormente por Freitas, o governo planeja uma visita de uma comitiva brasileira, contando com o presidente Jair Bolsonaro, à sede da Tesla nos Estados Unidos para apresentar o projeto para a vinda da montadora ao Brasil.

Santa Catarina abriga uma fábrica de motores da General Motors e uma fábrica de veículos da BMW.

As vendas de veículos elétricos no Brasil têm crescido e incentivado alguns lançamentos que incluem um modelo híbrido da Toyota que funciona com motor a etanol. A GM lançou no país o modelo Bolt, importado dos EUA, no ano passado, e a Renault já vende os modelos Zoe e Leaf no Brasil.

Em 2019, as vendas de veículos híbridos e elétricos no Brasil somaram 11.844 unidades, após 3.965 em 2018, segundo dados da associação de montadoras, Anfavea.

Reuters

 

Opinião dos leitores

  1. A Tesla não escolheria abrir uma fábrica em um país com carga tributária, insegurança jurídica e política tão grandes. É só um factoide do deputado.

  2. Certamente será um sucesso de vendas, especialmente para classe média para baixo, pense num Deputado sabido, um carro que custa R$ 745 mil, não vai dar pra quem quer!

    1. Deve ser igual a proposta de trazer tecnologia israelense para o sertão nordestino.

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Educação

Nova Zelândia quer atrair mais alunos brasileiros para suas universidades

O cientista brasileiro Matheus Vargas no laboratório da University of Auckland ao lado de sua supervisora, a professora titular Cather Simpson, diretora do laboratório Photon Factory. Foto: Divulgação/ University of Auckland

Do outro lado do globo e com 4, 9 milhões de habitantes, a Nova Zelândia é um país insular que, por movimentos migratórios históricos e de incentivo do governo, tem a diversidade cultural em seu DNA. A característica é vista nas ruas e nas salas de aula. Manter isso, atraindo alunos de todo o mundo, especialmente para a pesquisa, é uma estratégia econômica e educacional do governo que dá certo: quase metade dos alunos de PhD do país é composta por estrangeiros. Em 2017, foram 125 mil estudantes de fora; 4.807 de PhD.

O cientista carioca Matheus Vargas, 34 anos, é um exemplo disso. Ele se mudou há cinco para a Nova Zelândia, onde terminou, na Univerdiade de Auckland, a graduação e acaba de concluir o doutorado. Com apoio da universidade e da iniciativa privada, criou uma ferramenta de diagnóstico que identifica, a partir de uma gota de leite, quais as propriedades dele e se a vaca está em seu período fértil — uma alternativa aos métodos tradicionais. O “milk on a disk” (leite em um disco) está sendo finalizado para ser comercializado a menos de US$ 500.

— Meu projeto automatizou o processo e diminuiu o custo — diz ele, que atua ainda em um projeto de bitcoin e um app de traduções.

Até o ano passado, 102 brasileiros buscaram a Nova Zelândia para o doutorado em uma das oito universidades no país, todas entre as melhores do mundo. No país, 48% dos pesquisadores de doutorado são estrangeiros, o terceiro maior índice entre as nações da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O percentual tem uma explicação. Em 2005, o governo adotou uma política que permite aos doutorandos internacionais pagar os mesmos valores que os neozelandeses: uma média de 7 mil dólares neozelandeses por ano (cerca de R$ 17.800). O visto permite que o doutorando trabalhe em tempo integral, assim como seu cônjuge. E os filhos têm direito a escola pública. Ao fim, ele pode ficar mais três anos no país, trabalhando legalmente, podendo entrar com pedido de residência permanente.

Procura por diversidade de países

Com as medidas, o número de doutorandos foi de 700 em 2005 para 4.500 em 2017. Agora, o governo busca atrair alunos de outros países, como o Brasil. Hoje, 50% dos estudantes internacionais são da Índia e da China.

— É importante não sermos dependentes desses dois mercados. Então, o Brasil nos dá diversidade — diz Lisa Futschek, diretora-geral da Education New Zealand, do Ministério da Educação. —Além disso, é uma enorme contribuição para nossa comunidade, ensino e também para a economia.
A aproximação com o Brasil vem se dando de diversas formas, como parcerias com universidades como FGV, USP e UNICAMP para, por exemplo, facilitar a adesão ao Programa Institucional de Internacionalização da Capes.

A “educação internacional” é a quarta maior indústria de exportação e o segundo maior setor de exportação de serviços – o primeiro é o turismo. Além da economia, os programas de educação internacional tem o foco no “futuro”.

— Hoje os empregadores procuram pessoas que consigam trabalhar com outras de diferentes culturas, e é o que os pesquisadores e alunos estão conseguindo aqui. O cidadão do século XXI está confortável consigo mesmo e com esse tipo de ambiente, multicultural e diverso — diz Caroline Daley, pró-reitora de pós-graduação da University of Auckland.

Reforma visa construção do aprendizado

A Nova Zelândia passa por uma reforma educacional que também valoriza a diversidade. Em fevereiro de 2018, o governo anunciou a mudança, com um calendário para três anos, priorizando o desenvolvimento de habilidades para o futuro, como resiliência e trabalho em equipe, e não apenas no ensino dividido em disciplinas tradicionais.

O ministro da Educação, Chris Hipkins, quer eliminar as avaliações no ensino primário, por achar que as crianças são muito novas para passar por provas. E toda a Base Nacional Curricular Comum do país será revista. “Um enfoque na padronização e na avaliação nos últimos anos tem agido contra a capacidade de uma educação à prova de futuro”, acredita Hipkins.

Na escola pública Primária Amsburry, em Wellington, a capital, é possível ver os efeitos da reforma. As salas de aula não têm carteiras, tablados ou provas. As crianças recebem, no início da semana, a agenda de seus professores e marcam com eles suas atividades. Se não conseguirem realizá-las, aprendem também.

— Mesmo que eles pareçam livres, têm um cronograma a seguir — diz Ursula Cunningham, vice-diretora da escola. — O desenvolvimento dos alunos é acompanhado pelos tablets em que fazem as tarefas.

O ensino é flexível para garantir que o aprendizado seja “personalizado” e “empoderador”, defende a escola. E a família brasileira de Marina, 9, e Melina, 6, que estudam ali há sete meses, reconhece esse olhar. No início a mais velha teve dificuldades para se adaptar, tendo a língua como um dos desafio. Como estratégia, a escola estimulou seu lado criativo.

— A escola percebeu a dificuldade e o que ela gostava, como o desenho, e passou a trabalhar o aprendizado geral e do inglês — lembra a mãe, Maria Thereza Veludo. – Eles percebem as aptidões da criança e a direcionam.

Por outro lado, os pais temem alguns aspectos deste modelo, como a ausência de provas. Mas percebem como as crianças se desenvolveram rápido com essa metodologia.

— Estamos acostumados com aquele padrão de caderno e avaliações… Então, às vezes, dá a impressão de que não tem conteúdo. Mas é um aprendizado para os pais também — diz o pai, Mauro Veludo.

A repórter viajou a convite da Education New Zealand

O Globo

 

Opinião dos leitores

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Tecnologia

Com modelos sugeridos por R$ 280, celular ‘tijolão’ é aposta para atrair quem não se adaptou ao smartphone

Aparelho foi apresentado por Marvin Chow, vice-presidente de Marketing do Google, em evento no Brasil Foto: SAMUEL K. / Google

Um novo telefone que está chegando ao Brasil pretende atacar duas barreiras ao acesso à internet : o preço e a dificuldade no uso. Batizado como “smart featurephone”, o P70S, da Positivo , permite que os usuários acessem as principais funções do aparelho por comando de voz , num hardware de baixo custo. O produto chega ao mercado com preço sugerido de R$ 279.

Além da Positivo, Multilaser e DL disputam o mercado brasileiros dos chamados feature phones , aparelhos simples voltados para a população de baixa renda e para quem não conseguiu se adaptar aos smartphones. O smart featurephone se apresenta como uma opção intermediária, com sistema operacional KaiOS e aplicativos.

— A missão é democratizar a tecnologia. Ainda existe uma quantidade enorme de pessoas que não têm acesso à internet, que estão fora do mundo digital — afirma Jorge Bosch, responsável pelo Marketing de Produto da Positivo Tecnologia.

Com o assistente de voz, o usuário pode acender a lanterna, aumentar o volume, abrir o navegador, mandar uma mensagem, fazer uma ligação, abrir um vídeo no YouTube, ver a rota para um local no mapa. Tudo sem tocar no teclado.

Mais parecido com os antigos “tijolões”, o P70S foca no público de baixa renda e nas pessoas mais velhas, que não se adaptaram à tela sensível ao toque dos smartphones. É um produto de nicho, mas que ainda encontra mercado.

O último relatório da consultoria IDC, referente ao primeiro trimestre do ano, mostra que no período foram comercializados 701 mil aparelhos desse tipo, com tíquete médio de R$ 109, movimentando R$ 76 milhões.

Renato Meireles, analista de mercado em Mobile Phones & Devices da IDCBrasil, explica que os chamados feature phones representam 5% do mercado total de smartphones, com queda nas vendas nos últimos dois anos, mas previsão de um pequeno crescimento para 2019.

A expectativa é que o ano termine com 2,595 milhões de unidades comercializadas, contra 2,585 milhões em 2018 e 3,084 milhões em 2017.

Para fabricantes menores faz sentido explorar esse nicho, dada a concentração do mercado brasileiro de celulares. Das oito fabricantes que atuam no segmento, cinco abocanham fatia de 91% das vendas. As outras três — Positivo incluída — disputam na parte baixa do mercado, com smartphones de baixo custo e feature phones .

— Nas camadas de renda mais baixa, R$ 100 fazem muita diferença — afirma Meireles. — O smart featurephone é uma sacada interessante para um nicho, mas não acredito que essa nova tecnologia vá abocanhar uma parcela do mercado de smartphones.

O Globo

 

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