Jornalismo

‘Papel da imprensa não é de investigar e sim de divulgar informações’, diz Dilma sobre escândalos

2014091963088Foto: Givaldo Barbosa / O Globo

A presidente Dilma Rousseff disse que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso ao depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa dentro do processo em que ele é beneficiado pela delação premiada. Enfática, Dilma disse que “não é possível” a imprensa ter informações e que, como presidente da República, não pode tomar providências com base no “disse me disse”. A petista disse que vai fazer o pedido ao ministro Teori Zavascki, que é o relator do caso no STF. Para a candidata, o papel da imprensa “não é de investigar e sim de divulgar informações”.

A reação de Dilma ocorreu porque o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, negou acesso ao depoimento de Paulo Roberto Costa. Ela disse que não faz prejulgamentos e que, sem as informações oficiais, não pode “tomar providências”. Para Dilma, a impunidade é o maior mal do país atualmente.

— Pedirei ao ministro Teori a mesma coisa: quero ser informada se no governo tem alguém envolvido. Não tenho porque dizer que tem alguém envolvido, porque não reconheço na revista Veja e nem em nenhum órgão de imprensa o status que tem a PF, o MP e o Supremo. Não é função da imprensa fazer investigação e sim divulgar informações. Agora, ninguém diz que a informação é correta. Não prejulgo, mas também não faço outra coisa: não comprometo prova. Porque o câncer que tem nos processos de corrupção é que a gente investiga, investiga, investiga e ainda continua impune — disse Dilma, acrescentando:

— Não é possível que a revista Veja saiba de uma coisa e o governo não saiba quem é que está envolvido. Pedi primeiro para a PF, que me disse: não posso entregar, a investigação está em curso e peça ao MP. E o MP me disse a mesma coisa: se ele me disser, ele contamina a prova. Se ele me disser, ele contamina a prova.

E reitero, irritada:

— Quando sai uma denúncia na Veja ou em qualquer outro jornal, eu não tomo medida, porque sou presidente da República, baseada no disse me disse. Tomo medida baseada inclusive naquilo que sou a favor, que é da investigação absoluta. Vamos deixar uma coisa clara aqui: Quem é que descobre as práticas de corrupção no Brasil? A PF. Porque a PF tem hoje uma autonomia integral para investigar quem quer que seja. No Sempre que vazam informações que estão em investigação, sabe o que acontece? Compromete-se a prova. O MP denuncia e não pode ser condenado, porque a prova foi comprometida. Não é possível que alguém queira que a fonte de investigação no Brasil não sejam os órgãos oficiais. E são PF, MP e Judiciário.

Para Dilma, os crimes ficam impunes no Brasil por causa do vazamento de informações.

— O que queria saber? Queria saber sim, para eu tomar providências. O que eles me dizem? Se entregar a prova para você, estarei comprometendo a investigação. Acho que nessa investigação, ela está sendo diferente. A própria revista Veja diz que o inquérito, os depoimentos, a delação estão criptografado e guardados num cofre. Isso significa que nenhuma das falas é garantida. Ninguém sabe o que é — disse a presidente, afirmando que tem um “imenso compromisso contra a impunidade”:

— O pai no sentido de protetor, o compadre do crime de corrupção, do crime de lavagem de dinheiro, do crime financeiro é um só: a impunidade. Pode saber que criar condições para (combater ) impunidade, é uma coisa que o país tem de avançar. Antes, tinha o engavetador- geral da república. Hoje, tem um procurador-geral da República que investiga e tem autonomia.

A presidente se irritou ao ser perguntada sobre a declaração de Paulo Roberto de que teria recebido R$ 1,5 milhão de propina no processo de compra da refinaria Pasadena. Ela já tinha encerrado a entrevista e voltou para falar sobre o assunto.

— Se você me disser para quem ele disse, quem disse e como é que disse, eu respondo. Recebo informações de juiz, de procurador e de delegado da PF. Sou a favor de investigar, nada colocar para debaixo do tapete. Acho que o maior mal atual é a impunidade. Se investiga, descobre o mal feito e não condena, cria a sensação de que não teve pena nenhuma. Sabe por que protege com a impunidade? Porque você não prende, não pune e só tem um jeito: tem que punir. Por isso é que se diz: tolerância zero — disse ela, irritada e falando enquanto caminhava na rampa interna do Palácio da Alvorada.

Dilma ainda criticou a especulação na Bolsa de Valores e no mercado financeiro com base no resultado de pesquisas eleitorais.

— Acho ótima a reação da Bolsa. Quando a Bolsa cai, eu falo: será que eu subi? Tá ficando ridículo isso. Especulação tem limite! E acho que tem gente ganhando com isso. Eu não sou, eu perco, tá? Acho desagradável o fato de acharem que uma coisa está vinculada à outra. Quando sobe, ou quando desce. Não comentei e não comento pesquisa nem quando sobe e nem quando desce. Nunca comentei na vida — disse, irônica.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Espero que nenhum de vcs sejam investigados por meio de inquérito civil ou penal. Pois, responder uma acusação gera profundo desconforto e inquietação. Contudo, nem sempre somos culpados e muitas vezes quem denuncia é que causou o problema. Vemos isso todo em briga de vizinhos, briga de casais, brigas no trânsito. E na política não é diferente, possuindo somente um agravante, que é a guerra entre adversários usando todas as armas disponíveis para destruir, derrubar, derrotar e tomar o poder. Nessa guerra, uma das mais poderosas armas é a imprensa. Jornais, canais de Televisão, Blogs, Rádios e Revistas, são empresas comerciais que sobrevivem de dinheiro dos anunciantes e que podem ser contratadas para qualquer "trabalho". Seja trabalho ético ou não. Pautada por Carlinhos Cachoeira(um dos maiores ladrões conhecidos do Brasil) durantes longos anos, a VEJA tem perdido credibilidade cada dia mais. Nesse caso, independente de qual a orientação política que vc tenha, realmente é muito estranho o acesso a informações sigilosas e a divulgação somente de uma parte, sugerindo que somente foi mostrado a parte que prejudicava os adversários e se ocultou a parte que incriminaria os aliados. Pois o sigilo nas investigações é necessário para proteger a integridade dos acusados até a comprovação dos fatos e a consequente denúncia oficial feita por meio de uma ação civil comandada pelo Ministério Público. Muitos acusados são inocentados no curso da investigação e os danos causados pela acusação se tornadas públicas, são irreparáveis. Como disse "Pimenta nos olhos dos outros é refresco." Espero que ninguém passe por isso. Como disse o Mestre da Galileia: "ATIRE A PRIMEIRA PEDRA QUEM NÃO TIVER PECADO."

  2. Jorge , então se está sobre secredo de justiça porque? A imprensa quer está acima de tudo e de todos , ela tem apenas que noticiar e não quere influênciar e mandar numa soberania de um pais, sem limites ela acha quê pode tudo

  3. A Veja é sem dúvidas a melhor revista investigativa do país. O Brasil só soube quem o PT realmente é através da Veja. Deixou a ladroagem de cuecas nas mãos, mas o povo não tem vergonha na cara e ainda continua votando nos candidatos da quadrilha dos mensaleiros. Em 2015, vai abrir uma filial aqui no Nordeste, que ficará aqui no RN e será publicada com o nome de "Óia".

  4. A Presidenta Dilma tem que se contentar pois estas informações estão sob segredo de justiça e não cabe a ela se posicionar acima das Leis do País. Governo respeite as Leis e a Constituição do País, pelo menos…

  5. Uma coisa que até os acéfalos leitores da Veja devem está se perguntando, como a revista teve acesso as informações que divulga se a própria revista diz que o inquérito, os depoimentos, a delação estão criptografado e guardados num cofre para não vazar as informações e não contaminar as investigações?

    Se essas informações vazaram e irá contaminar as investigações e beneficiar os envolvidos, a revista Veja tem que sentar no bancos dos reús e explicar a sociedade como conseguiu essas informações e porque beneficiou os reus se sabia que o vazamento iria beneficiar contaminando as provas contra eles.

    Está na hora dessa revista explicar seus métodos, não custa nada lembrar que essa revista até pouco tempo era pautada por Carlinhos Cachoeira, que tinha o poder de decidir que tipo de reportagem seria publicada e chantagiava políticos e funcionários públicos.

    Infelizmente o pedido de CPI da Veja foi devidamente abafado, com o argumento de que estaria se tentando sensurar a revista.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Saúde

Paralisações e escândalos prejudicam atendimento na Saúde

A sucessão de paralisações de servidores e escândalos no setor da saúde e áreas correlatas tem trazido suas consequências sobre a população. Em matéria de Jéssica Barros publicada na edição deste sábado do Diário de Natal há alguns relatos de tal realidade vivenciada por aqueles que buscam os serviços de saúde tanto na rede pública municipal.

 

Segue matéria na íntegra:

Diante dos problemas enfrentados na rede pública estadual de saúde, que ocasionaram inclusive o decreto de calamidade para o setor no início de junho deste ano, a rede do município de Natal também enfrenta suas dificuldades. Escândalos, greves de profissionais, intervenção judicial de unidades administradas pela Associação Marca, déficit de médicos pediatras são alguns dos fatores que comprometem a rede de serviços. Além da estrutura pública estadual não funcionar a contento, as poucas unidades de referência do município sofrem com a falta de condições de trabalho e sobrecarga de pacientes.

Boa parte das unidades de atendimento básico do município estão de portas fechadas devido à greve dos servidores, que se aliou à greve da Guarda Municipal e tem deixado a população sem o atendimento que lhe é de direito. No Hospital dos Pescadores, devido à greve do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), diversos pacientes “perdem a viagem” diariamente, desde o dia 2 deste mês, quando teve início a paralisação. No Hospital Infantil Dra. Sandra Celeste, unidade municipal em que os servidores não aderiram à greve, a situação era de sobrecarga nos atendimentos, além de outros problemas estruturais da unidade.

A dona de casa Maria das Graças Santos buscou atendimento no Hospital dos Pescadores, no bairro das Rocas, para seu irmão, Marcelo, que há dois dias tem febre, diarreia e vômito. Ela já havia se dirigido ao Posto de Saúde do bairro onde mora, em Mãe Luíza, mas se deparou com a unidade de portas fechadas.

Ao chegar ao Hospital dos Pescadores, a informação dada a Maria foi de que apenas os casos gravíssimos estavam sendo atendidos e que ela buscasse auxílio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do conjunto Pajuçara, na Zona Norte de Natal. Uma verdadeira peregrinação por atendimento na rede municipal. “Eles disseram aqui no hospital que só vão atender os casos de vida ou morte, mas os médicos e os funcionários estão em greve em todo lugar e meu irmão temdireito a ser atendido”, se indigna Maria das Graças.

Maria da Luz Floriano, também dona de casa, é diabética e procurou o Hospital dos Pescadores com fortes dores na nuca. Contudo, foi mais uma paciente que esperou e não recebeu atendimento por seu caso não ser considerado de urgência. Segundo a recepcionista da unidade, Zenacleide Pinto, o hospital costuma realizar, em média, 250 atendimentos por dia, mas no período de greve a média caiu para apenas 30 pacientes assistidos por dia. Ao chegar a unidade, os doentes são reunidos na ante sala e, com um grupo formado, uma enfermeira analisa cada um e classifica quem receberá o atendimento mediante a gravidade do caso.

O Sinsenat reivindica melhores condições de trabalho aos servidores, além do cumprimento do acordo do adicional noturno que integra a pauta unificada da categoria. Entre outras reivindicações dos grevistas estão também o plano de carreira dos servidores, gratificação por plantão e o pagamento regular das férias.

Fonte: Diário de Natal

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

Dilma posa de faxineira, mas foi quem nomeou o lixo e continuou com os gatunos

Setembro de 2010. Véspera do primeiro turno da eleição presidencial. Num debate televisivo, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) investiu contra Dilma Rousseff (PT).

Plínio esfregou na face de Dilma o escândalo Erenice Guerra. “A corrupção bateu na sala ao lado”, fustigou. “De duas, uma: ou você é conivente ou é incompetente.”

O presidenciável do PSOL foi à jugular: “Você vai ter que escolher muita gente. Tem competência para escolher ou vai escolher outras Erenices?”

Decorridos dez meses e meio, o governo de Dilma Rousseff revelou-se uma usina de Erenices. Foram ao olho da rua seis ministros. Cinco por suspeita de corrupção.

Antonio Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Orlando Silva, Pedro Novais… A sexta encrenca, Carlos Lupi, agoniza nas manchetes à espera da guilhotina.

Dilma crispa o cenho. Faz boca de nojo. Chama os trambiqueiros ao gabinete. Arma um banzé-de-cuia que arranca aplausos da classe média incauta.

A história do Brasil ensina: ninguém paga pelo que foi, fez e falou. O pedaço da imprensa que alisa Dilma, apelidando-a de faxineira, segue a tradição.

Dilma não é inocente, eis o que se deseja realçar. Foi ela quem nomeou o lixo. Com uma agravante: sabia o que estava fazendo.

Excetuando-se o octagenário Pedro Novais, um velho problema novo, todos os demais ministros pilhados no contrapé vieram da gestão Lula.

Cabe perguntar: o que fazia Dilma no governo de seu patrono? Era a chefona da Casa Civil, a gerentona geral, a coordenadora de tudo, a toda-poderosa.

Pela mesa da ministra faz-tudo de Lula passavam todas as iniciativas e programas de governo com alguma relevância. Coordenava, reunia, espinafrava, fazia e acontecia.

Pois bem. Por que diabos Dilma permitiu que o lixo conhecido deslizasse tão suavemente para dentro da gestão dela?  Por que não reciclou o continuísmo?

A frase do Plínio-2010, por premonitória, ainda ecoa: “De duas, uma: ou você é conivente ou é incompetente.”

O petismo gosta de reclamar da mídia. Deveria agradecer de joelhos. Se a imprensa não fosse tão compreensiva, perguntaria diariamente: cumplicidade ou inépcia?

Parafraseando Plínio: ou Dilma estava deliberadamente enganando o país quando nomeou o lixo ou estava sendo enganada.

Em qualquer hipótese, o caso seria gravíssimo. Não no Brasil, claro.

No embate televisivo com Plínio, Dilma realçou que o importante era investigar os desvios e punir os responsáveis.

Referindo-se ao caso de Erenice, a ex-braço direito que virou ministra por sua indicação, Dilma dissera o seguinte:

“Eu queria te assegurar, Plínio, sem sombra de dúvidas: se eu for eleita,  assumir a Presidência da República, e o governo não concluir, eu irei investigá-lo até o fim.”

Faltam 45 dias para o aniversário de um ano da gestão Dilma. O caso Erenice sobrevive como caso inconcluso. E Dilma não moveu uma palha.

Ah, que país maravilhoso seria o Brasil se o brasileiro perdesse a mania de deixar tudo pra lá e passasse cobrar os atos praticados e as posições defendidas!

Josias de Souza

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Jornalismo

Terceiro mandato de LULA. Até agora só escândalos, disse me disse e nada de maravilhas

O vídeo mostra que o governo Dilma Rousseff (codinome adotado por Lula no terceiro mandato) vem reduzindo espetacularmente o intervalo entre um escândalo e outro. A periodicidade era mensal, passou a semanal e, como informa a entrada em cena da quadrilha turística, tornou-se diária. Enquanto o Brasil Maravilha continua assombrando o planeta com uma inauguração por hora, no país real só foi inaugurado o ministério de altíssima rotatividade.

http://www.youtube.com/watch?v=rYkaocl6tVM&feature=player_embedded

*texto do blog de Augusto Nunes

 

Opinião dos leitores

  1. Começou o ranço direitista…. terceiro mandato de lula é de lascar… até elogiar FHC a mulher já fez.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Política

A Herança maldita que Lula deixou para Dilma

Se há um governante no Brasil que pode, atualmente, com muita propriedade, reclamar de uma herança maldita, esse governante é a presidenta Dilma Roussef.  A julgar pela sucessão de denúncias e prisões envolvendo funcionários de Ministérios, Dilma está colhendo a corrupção, semeada no governo do seu antecessor.

Desde o início do ano, não se fala em outra coisa. Depois das denúncias de multiplicação do patrimônio que derrubaram o homem forte da Casa Civil, Antônio Palocci, a onda denúncias continua, envolvendo os Ministérios dos Transportes, Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Cidades e Minas e Energia. Agora, chegou à vez da pasta do Turismo.

(mais…)

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *