Saúde

Aval da ciência amplia musicoterapia no tratamento do Alzheimer, autismo e até hipertensão

Foto: Pixabay

Uma complicação na hora do parto levou o recém-nascido Andrei a um quadro de paralisia parcial no cérebro e a uma internação de 41 dias. Cinco anos mais tarde, veio o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Uma terapia intensa com musicoterapia, no entanto, o fez vencer obstáculos praticamente intransponíveis em outras condições. Andrei se desenvolveu e conquistou autonomia.

A mãe, Hélida Gmeiner, considera a musicoterapia um divisor de águas no desenvolvimento da criança, que participa de sessões da técnica desde bebê. Segundo ela, o filho é um jovem comunicativo, carismático e que tem paixão pela música. Fã de Raul Seixas, Andrei também aprendeu a se expressar por meio de paródias musicais e de batuques pelo corpo.

— Ele se expandiu, ampliou o interesse pela música e a comunicação conosco. É uma experiência maravilhosa — relata — A musicoterapia foi o que permitiu que as portas do desenvolvimento dele enquanto pessoa fossem abertas.

O caso é um exemplo do potencial da música com objetivo terapêutico. Há tempos essa relação com o bem-estar e a saúde é corroborada pela ciência, remontando, inclusive, aos tempos da Segunda Guerra Mundial, quando músicos amadores e profissionais eram contratados por hospitais para tocarem para veteranos com sequelas físicas e emocionais causadas pelos conflitos. Mas nunca foi tão difundida como agora.

Aceita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde 2017, por meio das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), esse tipo de terapia não faz parte dos procedimentos permitidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, órgão federal responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. O trabalho de inclusão do procedimento tem sido elaborado pela União Brasileira das Associações de Musicoterapia (Ubam).

— Começamos o pedido de inclusão com os pacientes com transtorno do espectro autista, já que há mais leis que garantem o atendimento da terapia para eles — explica a presidente da Ubam, Marly Chagas, professora adjunta da graduação em musicoterapia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ao ouvirmos uma canção, diversas áreas do cérebro são instigadas — poucas atividades intelectuais têm um efeito tão amplo. Regiões responsáveis por atividade motora, memória, linguagem e sentimentos, por exemplo, são recrutadas para interpretar os estímulos sonoros . Por meio de outros sons, o profissional lida com habilidades, como os movimentos corporais, a memória e o raciocínio.

O efeito mais contundente é estimular complexos processos cognitivos, comportamentais e motores no cérebro. A música é aliada no tratamento das mais diversas condições, como Alzheimer, Parkinson, sequelas de AVC e o próprio autismo.

— Nos últimos anos, houve um extremo avanço de pesquisas nas áreas de comportamento humano e neurociência relevantes para o funcionamento cerebral — diz o médico Marco Orsini, professsor da Universidade de Vassouras e especialista em mapeamento do cérebro.

Estudos revelaram ainda que o poder terapêutico dos sons, músicas e ruídos não se limita ao cérebro e condições clínicas. A prática pode facilitar desde a inserção social de pessoas marginalizadas, como também o fortalecimento de laços familiares, a criatividade e a expressão corporal de crianças em fase de aprendizado, além de atuar no acolhimento e recuperação de pessoas fragilizadas emocionalmente.

—Existem outras capacidades da música a serem observadas, incluindo o estabelecimento de relacionamentos sociais, como o ato de se aproximar, de se tornar pertencente — aponta Marly.

O ato de ouvir música para relaxar ou ter um boa noite de sono é comum para muitas pessoas. Novos trabalhos mostram que determinadas composições podem, inclusive, ser capazes de reduzir a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Mozart contra epilepsia

A música mais perfeita para surtir efeitos benéficos é aquele que dá prazer. Mas uma pesquisa publicada na Scientific Reports relacionou uma composição específica de Mozart ao tratamento de pessoas epilépticas. Trata-se da sonata para dois pianos em ré maior K448.

Segundo o estudo, a música demonstrou ter um efeito tranquilizante nos 16 pacientes hospitalizados e observados. A expectativa e o fator de surpresa, acreditam os pesquisadores, podem ser fundamentais na criação de respostas emocionais positivas, causando alterações significativas em partes do cérebro associadas à emoção.

Um outro estudo, da organização britânica Mindlab, mostrou que a música “Weighless”, do grupo Marconi Union, é capaz de reduzir em até 65% as reações fisiológicas de estresse. A composição foi criada a partir da colaboração entre os músicos e terapeutas.

Os pesquisadores foram além e montaram uma playlist adaptada para o controle de episódios de ansiedade. As músicas foram eleitas a partir de uma análise das atividades cerebrais. Segundo a pesquisa, as dez músicas mais calmantes do mundo incluem Adele e Coldplay.

O Globo

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Saúde

Hipertensão na adolescência dobra risco de doença renal na vida adulta, diz pesquisa

Foto: Pixabay

A hipertensão na adolescência dobra o risco de doença renal na vida adulta, independentemente do peso ou da gravidade da hipertensão. Isso é o que demonstrou um estudo realizado por pesquisadores israelenses e publicado no periódico médico Jama (Jornal da Associação Médica Americana).

Foram analisados dados de mais de 2,6 milhões de jovens candidatos ao serviço militar de Israel de 16 a 19 anos, a maioria do sexo masculino, entre 1967 a 2013. Entre eles, quase 8 mil apresentavam diagnóstico de hipertensão. Cerca de 20 anos depois, 2.189 desenvolveram doença renal com necessidade de diálise ou transplante renal.

A pesquisa ainda mostrou que cerca de metade dos jovens com hipertensão tinha sobrepeso ou obesidade, comprovando seu fator de risco para futuras doenças renais.

No entanto, mesmo com o controle do IMC (índice de massa corpórea), a hipertensão na adolescência duplicou o risco de doença renal na vida adulta.

O risco foi semelhante mesmo quando os jovens com hipertensão grave foram excluídos da análise.

Um dos autores do estudo, o médico Ehud Grossman, do Centro Médico Chaim Sheba, em Israel, alertou em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times que adolescentes com hipertensão devem ser tratados.

“Não ignore a hipertensão em jovens”, afirmou. “Se você não a trata, aumenta o risco não apenas para doenças renais, mas também para acidentes vasculares cerebrais e doenças cardiovasculares”, completou.

Hipertensão é uma doença

Hipertensão arterial é o termo médico que se usa à alta pressão que exerce o coração para o sangue para passar pelas artérias. É considerada uma doença, sendo a principal causa de infarto e outras cardiopatias – as que mais matam no Brasil. Cerca de 300 milhões de pessoas morrem por ano dessas doenças.

É considerada hipertensa a pessoa que apresenta valores iguais ou acima de 14 por 9 (140mmHg x 90mmHg) ao ter pressão arterial medida em repouso.

A hipertensão é a causa de 60% dos infartos e 80% dos AVCs (acidente vascular cerebral), segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Além da hipertensão, os outros fatores de risco das cardiopatias são o colesterol alto e o diabetes. De acordo com a SBC, 94% das pessoas que sofrem de hipertensão não têm a doença controlada.

R7

 

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Educação

Alunos com restrições alimentares terão direito a merenda escolar especial em Parnamirim

A Câmara Municipal de Parnamirim aprovou, na última quarta(13), um projeto de lei que obriga a prefeitura do município a oferecer alimentação escolar diferenciada para alunos diabéticos, hipertensos, obesos, além de outras doenças devidamente comprovadas. Para receber tal benefício, é necessário estar matriculado na rede municipal de ensino. O PL é de autoria do vereador Rosano Taveira (PRB) e já foi encaminhado para sanção do executivo municipal.

Segundo o projeto de lei, para receber a alimentação diferenciada é necessária a comprovação por meio de atestado médico. Além disso, ficou estabelecido que o cardápio deve ser elaborado pela Secretaria Municipal de Educação em parceria com Secretaria Municipal de Saúde. Caberá ao Conselho de Alimentação Escolar a responsabilidade de fiscalizar a aplicação e a qualidade dos alimentos utilizados.

Para o vereador Rosano Taveira (PRB), a merenda escolar é uma das principais refeições do dia para muitas crianças e jovens de Parnamirim, “é dever do município disponibilizar uma alimentação diferenciada, de acordo com as condições e zelo da saúde dos estudantes.”, frisou. De acordo com Taveira, pesquisas recentes mostram que os gastos com internação de pacientes portadores de enfermidades como hipertensão e diabetes são elevados, “uma alimentação adequada evita que a doença de agrave e reduz os gastos com o tratamento”, ressaltou.

Opinião dos leitores

  1. Vereador Parnamirinense recordista na apresentação de indicações e projetos de lei. Parabéns, Taveira! Rumo a uma cidade cada vez mais justa, onde seu povo tenha voz e vez.

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