Jornalismo

Dilma: "Não é hora de dar reajuste a ninguém"

O Estado de S.Paulo

A crise internacional dá à presidente Dilma Rousseff um motivo a mais, e muito forte, para resistir a toda tentativa de aumento de gastos de custeio e, portanto, à pretensão de aumento salarial para os magistrados e demais servidores do Judiciário. “Não é hora de dar reajuste a ninguém”, disse a presidente na sexta-feira, num encontro com jornalistas. O aumento para o Judiciário “é uma questão do Congresso”, ressalvou, mas sua opinião sobre o assunto é clara: será um erro sobrecarregar as contas públicas com mais esse compromisso e reduzir, assim, a margem de ação do governo em face de novas e graves ameaças à economia nacional. O Executivo e o Banco Central vêm-se preocupando há meses com a piora da situação nos Estados Unidos e na Europa e com os inevitáveis prejuízos para os emergentes, incluído o Brasil. Mas nos demais Poderes da República, e até na base aliada do governo, poucos parecem preocupados com isso ou até mesmo com as aparências.

Esse desprezo pelas aparências – quem liga para os maledicentes? – foi demonstrado na terça-feira, no encontro do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, com três senadores peemedebistas, Waldir Raupp, Romero Jucá e Renan Calheiros, e o deputado Henrique Eduardo Alves. Como o tempo era escasso, aproveitaram a ocasião para tratar de dois assuntos: a solução do problema de Jader Barbalho, até então impedido de tomar posse no Senado, por problemas de ficha suja, e o aumento do Judiciário. Na quarta-feira, Peluso deu o voto decisivo para a confirmação de Jader Barbalho como senador.

Casualidade ou não, parlamentares do PMDB têm defendido com muito empenho o aumento salarial para o pessoal do Judiciário – 14,79% para os juízes e 56% para os demais servidores. “Estamo-nos movimentando há muito tempo para sensibilizar o Planalto”, disse o deputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara. Dirigentes peemedebistas e líderes de outros partidos devem nos próximos dias conversar com altos funcionários do Ministério da Fazenda e com as ministras da Casa Civil, Gleisi Hoffman, e de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

Mesmo sem a perspectiva de uma crise internacional muito feia nos próximos meses, a presidente Dilma Rousseff teria excelentes motivos para pensar duas vezes antes de apoiar esses aumentos. Benefícios salariais para o Judiciário produzem efeito em cascata nas contas públicas, porque elevam o teto dos vencimentos de praticamente todas as categorias do funcionalismo.

O setor público não tem condições de suportar mais um aumento de encargos desse tipo. O ministro da Fazenda tem reafirmado o compromisso de trabalhar pela obtenção, em 2012, de um superávit primário cheio, isto é, sem descontos. A fidelidade a esse compromisso é essencial para a concretização do objetivo mais ambicioso de alcançar o equilíbrio das contas públicas em 2014.

Problemas de finanças públicas e de saúde econômica parecem raramente comover a maior parte dos membros do Parlamento e do Judiciário. Em geral, agem como se o equilíbrio fiscal fosse problema só do Executivo. Mas o Tesouro Nacional é um só e dele sai o dinheiro para as despesas de todos os Poderes. Não pode haver uma discussão séria, inteligente e honesta sobre relações entre Poderes quando esse fato básico é esquecido.

Nos últimos dias a polêmica sobre o aumento para o Judiciário ultrapassou as considerações econômicas. A mistura de dois assuntos – o aumento para o Judiciário e o destino de Jader Barbalho – num único encontro de peemedebistas com o presidente do Supremo foi, para dizer o mínimo, inoportuna. Em português corrente, pegou mal.

Igualmente inoportuna havia sido, alguns dias antes, uma emenda de comissão a favor do mesmo aumento. Essa emenda à proposta orçamentária foi apresentada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, presidida pelo deputado João Cunha (PT-SP), réu no processo do mensalão. Foi rejeitada, depois, pelo senador Inácio Arruda (PC do B-CE) em seu relatório setorial. Com isso, o texto ficou um pouco mais decoroso. Por enquanto, pelo menos.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comportamento

Noiva abandonada vai receber mais de R$ 9 mil de indenização

Estado de S.Paulo

O Tribunal de Justiça do Rio condenou um homem a pagar R$ 9.181,86 para a ex-noiva após deixá-la esperando no cartório, em outubro de 2009. A decisão da 6.ª Câmara Cível foi divulgada ontem. O réu alegou que não foi ao casamento porque a família da noiva era contra a mudança do casal de Magé para a cidade do Rio. Ele afirmou ainda que o noivado foi rompido antes da data do casamento. A desembargadora Cláudia Pires disse que nos autos não há indício de que o rompimento tenha ocorrido antes.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Judiciário

Governo foi falar em cortar reajuste do Judiciário, o bicho pegou!!!

Falou em cortar reajuste dos salários do judiciário para o ano que vem, o clima esquentou. Vejam só que governo astuto, corta reajuste logo do judiciário? Segue post de Josias de Souza:

Realizou-se na noite desta quinta (1o) uma reunião de emergência na sala do presidente do STF, ministro Cezar Peluso.

Munidos de panos quentes, foram ao encontro de Peluso os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miriam Belchior (Planejamento).

Mais cedo, Peluzo criticara a decisão do governo de cortar do Orçamento da União para 2012 a verba destinada ao reajuste salarial do Judiciário (14,79%).

Classificara o corte de “equívoco.” Lorota. Tratava-se de decisão consciente, ordenada pela própria presidente Dilma Rousseff.

Em nome do Supremo, Peluzo fez chegar a insatisfação aos ouvidos de Cardozo e do advogado-geral da União Luís Inácio Adams, também presente à reunião noturna.

Peluzo recordou que o STF é outro Poder. Tem autonomia constitucional para definir seu orçamento.

(mais…)

Opinião dos leitores

  1. É lamentável, mas membros do Povoir judiciaire brasileiro, recebem um dos melhoressalários do mundo. Só para ter um idéia. Na Europa, apenas os países da ilha britânica,pagam um poquinho mais do que o Brasil. Um exemplo: A frança paga mais ou menos,  50% do saláriodos Juizes brasileiro, e estamos falando de uma das economias mais caras do mundo, também.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *