Diversos

Governo volta a tentar criação de voucher para creche, já rejeitado na Câmara, incluindo na MP do novo Bolsa Família

Foto: Douglas Macedo / Douglas Macedo

Uma proposta na Medida Provisória do “Auxílio Brasil”, o novo Bolsa Família, gerou reação na área educação por abrir caminho para a adoção do voucher para financiamento de matrículas no ensino infantil. Considerado um “jabuti”, termo que nomeia trechos inseridos sem relação direta com o assunto da medida, o “Auxílio Criança Cidadã” deve sofrer resistência da maior parte da bancada da educação no Congresso.

A MP que institui o novo programa social do presidente Jair Bolsonaro apresentada na segunda-feira traz a concessão de recursos para financiar a matrícula de crianças em creches “regulamentadas ou autorizadas”. O texto prevê que essas creches assinem termo de adesão que indicará os prazos e condições para recebimento do valor para “o custeio parcial ou integral das mensalidades”.

O texto não deixa claro se os valores serão transferidos aos pais, o que se assemelha à concessão de vouchers, um cupom para contratação de serviços na iniciativa privada; ou por transferência às escolas, num modelo semelhante às “charter schools” dos Estados Unidos, estabelecimentos privados que recebem financiamento público para atender crianças de baixa renda. Mas a redação da exposição de motivos do projeto, assinada por quatro ministérios (Educação, Agricultura, Cidadania e Ciência), traz a afirmação que os recursos serão pagos “diretamente às creches”.

— Nas análises da Frente da Educação, é um modelo de voucher. É como se o Estado brasileiro abrisse mão de educar seus cidadãos na fase mais importante, que é a infância — critica o deputado Professor Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação — Depois de um estudo mais apurado da MP, vamos focar nesse assunto para ver se conseguimos corrigir o texto ou se vamos reprová-la integralmente.

Na tramitação do novo Fundeb, aprovado em 2020, a proposta do Executivo tentou reservar recursos do fundo, principal fonte de financiamento da educação básica, e viabilizar o voucher para creches. A proposta não prosperou. Na época, o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) também apresentou uma emenda para permitir que estados e municípios pudessem “converter parte dos recursos para financiar o ensino público em instituições privadas com ou sem fins lucrativos”. A medida também foi derrubada.

Um dos coordenadores da Frente Parlamentar Mista da Educação, Mitraud afirmou que é a favor do conceito proposto pelo governo, mas ponderou que depende da maneira como for detalhada a proposta.

— Temos de entender o modelo, porque já vimos programas do governo onde o desenho não foi bem feito — afirmou.

Titular da Comissão de Educação e também coordenador da Frente, o deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) apresentará uma emenda à MP para excluir o Auxílio Criança Cidadã e ampliar o acesso à creche por meio do programa Brasil Carinhoso, criado em 2012 para transferir recursos aos municípios e ao Distrito Federal para custear a educação infantil.

— O que defendo é que a gente aumente vaga em creche e priorize crianças do Bolsa Família. Vindo desse governo, sabemos que esse programa não tem escala. O governo vai piorar a qualidade (da educação infantil), porque não há como fazer esse controle, e não vai resolver o problema — criticou.

Uma análise do Todos Pela Educação sobre o modelo de financiamento por voucher ou “charter” concluiu que há poucas evidências sobre o sucesso dessas políticas, e que “casos que funcionam costumam ser exceções em contextos específicos”. A organização diz ainda que esses modelos precisam ser testados antes de serem financiadas em larga escala, destacando que há outras iniciativas com evidências mais consistentes para melhorar a educação.

O GLOBO questionou o Ministério da Educação sobre o tema, mas não obteve resposta.

Modelo liberal

No modelo original de voucher, do economista americano liberal Milton Friedman na década de 1950, o poder público repassa um valor às famílias e elas escolhem sua escola de preferência. Chile, Colômbia, Austrália, Suécia e 15 estados americanos usam variações do sistema.

Nos EUA, há um modelo diferente por estado. Alguns descontam, como no Brasil, os gastos com educação no Imposto de Renda. No entanto, esse abatimento chega a 75% do valor pago. Outros dão vouchers diretamente às famílias. Em 2020, são 538 mil alunos financiados por alguma dessas formas — menos de 1% dos estudantes americanos. Os valores ficam entre R$ 8,3 mil e R$ 37 mil anuais.

No Brasil, um aluno em escola pública custa entre R$ 4,7 mil e R$ 6,6 mil na creche, modalidade com o maior custo por estudante .

Porto Alegre, de 2016 a 2017, e Piracicaba (SP), de 2017 a 2018, pagaram por vagas em escolas privadas sem fins lucrativos. Mas os pais não podiam escolher as unidades.

O Globo

 

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Diversos

INSS fará levantamento de informais que vão receber voucher de R$ 600; Caixa fará pagamento

Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Para fazer com que o voucher no valor de R$ 600 chegue aos segmentos da população que mais precisam, o governo repassou ao INSS a tarefa de identificar quem serão os trabalhadores informais que terão direito ao auxílio.

Segundo o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, a base de dados do INSS é mais ampla porque abrange um universo de pessoas que estão fora dos cadastros do Bolsa Família e seguro-desemprego, dois programas já operados pelo banco.

Ele disse também que a Caixa fará a maior parte do pagamento do voucher, mas precisa aguardar a aprovação do projeto pelo Senado e a sanção do presidente Jair Bolsonaro, além da edição de um decreto sobre a operacionalização da medida, a partir da próxima semana. O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira.

Para Guimarães, o maior desafio será fazer com que o dinheiro chegue nas mãos de quem não tem conta em banco, aparelho celular ou internet . De acordo com o projeto, o governo vai considerar o Cadastro Único do Ministério da Cidadania, base de dados do Bolsa Família.

Quem não está inscrito neste cadastro pode fazer uma autodeclaração via plataforma digital.

O auxílio será pago por três meses a até duas pessoas de uma mesma família que estejam no mercado informal de trabalho, com renda mensal familiar per capita de até meio salário mínimo (R$ 522,50) ou renda mensal familiar total de até três salários (R$ 3.135,00).

— As pessoas não precisam correr para as agências da Caixa agora. Ainda não temos possibilidade de fazer os pagamentos – disse Guimarães ao Globo.

Segundo ele, assim que o projeto for sancionado e o INSS fechar o cadastro das pessoas com direito ao voucher, a Caixa vai elaborar um cronograma, como fez com os saques do FGTS, para evitar aglomeração e tumulto nas agências. A estratégia é fazer com que a rede de 13 mil lotéricos em todo o país assuma a maior parte dos pagamentos.

— As lotéricas têm horário de funcionamento mais flexível e estão mais próximas das pessoas carentes – disse Guimarães.

Para quem tem conta na Caixa será “facílimo”, explicou Guimarães, porque o banco fará o crédito automático. A expectativa é que haja também aumento no volume de clientes nos terminais eletrônicos nas agências.

O voucher será pago a todos os trabalhadores que não têm carteira assinada e portanto, não têm teriam direito ao seguro desemprego, desde que eles se encaixem no critério de renda. Abrange, por exemplo, vendedores ambulantes, motoristas de aplicativos, diaristas, autônomos, microempreendedores individuais (MEI) e contribuintes individuais para a Previdência Social.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. O Maia é um canalha, por que não botou para rolo o fundo eleitoral, ninguém melhor que ele e o alcolumbre para liberar os bilhões na ajudar da saúde.

  2. Diabo de Bostanaro…pelego…esse dinheiro so sera possivel GRACAS A RODRIGO MAIA…LEIAM MAIS BURROS

  3. Sou leitor deste blog a muitos anos mas noto que as postagens são filtradas de dorma política. Veja que sempre há mais comentários pro governo.

    Por que sempre tem mais comentários de apoio a Bozo?

    Perdeu mais um leitor pela falta de reapeito. Possivelmente esse comentário nem vá ao ar mas, em fim…

  4. Pois é. Grade medida. No entanto, como politizaram a questão, a Globo reconhece mas diz que deveria ter vindo antes, que já é tarde …..ou seja, tem que dar uma venenada.

  5. Se for para ficarem em casa, tá ótimo!

    Se forem pra rua.. talvez nem dê pra pagar o caixão…
    #BolsonaroGenocida

  6. Governo atuante. Muitas ações nos setores da saúde aos da economia. Só não ver quem tem olhos vendados e vivem a ruminar em seus currais de confinamentos, esperando as ordens pra repassar dos seus senhores, e ladrões condenados da esquerdalha. Parabéns mito

    1. Esses comentários devem ser da mesma pessoa com nomes diferentes. Num tá com a gota de ter tanta gente assim não.

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Finanças

Coronavírus: Após pedido de Bolsonaro, Voucher para trabalhador informal terá valor do Bolsa Família e dura 4 meses, anuncia Paulo Guedes

Foto: Sérgio Lima/Poder360

O voucher (cupom) para pessoas desassistidas, desalentadas e totalmente fora da economia formal começa a ser distribuído em até duas semanas, disse nesta manhã de 4ª feira (18.mar.2020) ao Poder360 o ministro da Economia, Paulo Guedes. “O valor não pode ser maior nem menor do que o do Bolsa família”, afirmou.

Hoje o Bolsa Família paga em média R$ 191 por mês para as famílias cadastradas. O mínimo é R$ 89. Gestantes, mães que amamentam e crianças de até 15 anos recebem cada uma mais R$ 41. O adicional máximo é de R$ 205. Para a extrema pobreza há valor extra variável.

O “coronavoucher”, como vem sendo chamado informalmente dentro do governo, pretende atingir 18 milhões de famílias. Se cada uma dessas famílias receber o valor médio equivalente ao do Bolsa Família, o custo mensal será R$ 3,438 bilhões.

Paulo Guedes diz que o sistema será montado a jato, de maneira desburocratizada.

“A Caixa Econômica Federal tem 26.000 postos de atendimento. Já estão sendo preparados. O interessado no voucher vai se apresentar e dizer o nome e dar alguma identificação. O atendente checará se o nome já consta como beneficiário do Bolsa Família ou do BPC (Benefício de Prestação Continuada). Se não estiver recebendo nada, estará habilitado para receber o voucher e já recebe o dinheiro”, diz Guedes.

E como será possível prevenir fraudes? “O pessoal da Caixa será treinado. Teremos alguma checagem que vai permitir identificar quem se inscreveu e não deveria receber. Não é 1 programa de renda universal nem renda básica, como alguns erroneamente disseram. O Brasil não tem condição de dar dinheiro para todo mundo agora. Não vamos dar dinheiro para ricos. No 2º mês em que as pessoas forem receber na Caixa, já terá sido realizada uma checagem adicional. Aí, quem se inscreveu sem ter direito não receberá mais”, explica o ministro.

Guedes explica que há mais de uma semana o presidente Jair Bolsonaro manifestou desejo de ajudar os mais vulneráveis na sociedade: “O presidente falou comigo na outra semana. A gente fala que os aeroportos estão vazios e é possível enxergar. Mas tem uma enorme parte da sociedade que fica invisível. O trabalhador informal que vende churrasquinho na esquina, o ambulante que vende mate nas praias. O presidente está muito sensível a isso e já havia determinado que estudássemos como ajudar essa parcela da população. É o que está sendo feito. Este governo se preocupa com os desassistidos”.

Sobre aumentar o valor do benefício do Bolsa Família, Guedes diz que isso é uma possibilidade, mas que já estão sendo agregadas rapidamente cerca de 1,2 milhão de famílias ao programa.

O ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) informou nesta semana que o Bolsa Família deve neste ano ter uma carteira de 14,2 milhões de famílias. “Será o maior número da história”, afirma Onyx.

MÁSCARAS E RESPIRADORES

Na área da saúde, o governo está com algumas prioridades para tentar soluções imediatas. “Durante a guerra, a Alemanha usou fábricas da Volkswagen para fazer tanques. Nós temos de identificar plantas no Brasil com capacidade de fabricar respiradores mecânicos e financiar imediatamente a produção desses equipamentos. É para isso que temos agora o estado de emergência que foi anunciado ontem. O presidente sempre me diz que ‘a saúde do brasileiro’ está acima de tudo e vamos buscar obsessivamente cumprir essa missão”.

O ministro acha que pode ser possível começar a fabricar quase imediatamente o respirador mecânico, que é 1 equipamento vital para quem fica em condições precárias de saúde por causa de infecção com o coronavírus. “Podemos importar e já zeramos o imposto desse tipo de material, mas acho que temos de encontrar também uma saída aqui dentro do Brasil, porque é perfeitamente possível”, declara Guedes.

O mesmo vale para máscaras que têm sumido do mercado. “Custava R$ 0,50 ou menos e agora é R$ 2 e ninguém acha. Tabelar preço é o pior que pode acontecer. Some tudo de uma vez e o rico vai comprar máscara por R$ 35 e receber em casa entregue por motoboy. Vamos também buscar fábricas que tenham condições de produzir aqui no Brasil e investir nisso imediatamente”.

O ministro celebrou o fato de a empresa cervejeira Ambev ter anunciado que vai produzir álcool em gel, outro item que tem sumido das prateleiras dos supermercados. “Já não era sem tempo. A Ambev e outras empresas de bebidas recebem muito subsídio em Manaus. É ótimo que se preocupem em devolver 1 pouco para a sociedade”.

DINHEIRO DA EMERGÊNCIA

O ministro diz que é errado achar que o estado de emergência seja uma “liberdade para gastar”. Afirma que tudo o que será feito de despesa extra será para “saúde, saúde, saúde”.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vai ajudar na definição de prioridades. O senso comum dentro do governo é de que em 2019 houve uma economia de aproximadamente RS$ 100 bilhões no pagamento da dívida pública, por causa da redução da taxa básica de juros, a Selic (hoje e 4,25% ao ano, podendo ser cortada nesta 4ª feira pelo Banco Central). Em teoria, esse seria o valor que poderia ser gasto agora com o estado de emergência.

“O estado de emergência nos permite descumprir a meta fiscal previamente anunciada [de ter 1 rombo máximo de R$ 124 bilhões em 2020]. Mas não se trata de furar o teto dos gastos, pois aí o dinheiro vai diretamente para os rentistas: os juros subiriam de maneira alucinada e isso nós não vamos deixar acontecer”, declara Guedes.

Tudo o que área da saúde exigir “será fornecido”. Não faltará verba para o setor mais necessitado neste momento, explica o ministro.

Mas Guedes volta a falar sobre a necessidade de manter algum ritmo de aprovação de reformas.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. Olha aí, custa o presidente sentar na cadeira e trabalhar? As férias já acabaram… faz 15 meses que o governo assumiu.
    Bem melhor qdo o presidente deixa a folga e trabalha. É isso que o Brasil precisa nessa hora.
    Seja ele ou qualquer outro.
    Deixar de preguiça e começar a trabalhar.
    O povo brasileiro exige.

    1. TÁ PEDINDO DEMAIS AMIGO…O VAGABUNDO PASSOU 28 ANOS NO CONGRESSO E NÃO FEZ NADA, VAI FAZER EM UM ANO? ESQUEÇA

  2. Depois de passar semanas ironizando a epidemia do coronavírus, Bolsonaro enviou nesta quarta um pedido para decretação do estado de calamidade pública no país.
    Guedes acata proposta do PT e promete vale para trabalhadores informais.
    O voucher irá mirar 18 milhões de famílias e sua concessão será feita pela Caixa Econômica Federal e foi sugerido pelo Partido dos Trabalhadores

  3. vai terminar a pandemia e eles nao conseguem cadastrar nem a metade das pessoas que vão solicitar esse voucher, ai ele diz q é só nao receber BF e BPC , que já receberá o voucher, nunca será só assim, vamos ver a burocrácia que será para ter o direito.

    1. Numa atitude positiva, o CANALHA esquerdalha ainda encontra um jeito, mesmo calhorda, de destratar o governo

  4. O nosso presidente é um MITO mesmo, taí assistência social chegando lijeiro.
    A petralhada fica doida.
    Os urubus do congresso piram.
    Cala te a boca desgraçados, o Presidente Bolsonaro não tem culpa NENHUMA dessa PANDEMIA, se exister culpados nisso tudo, é os chinesas, que come tudo que é porcaria.
    Maldita sopa de morcego.

    1. Amigo Aprigio, antes de postar algum comentário, verifique a gramática e a concordância.
      Ou será que o amigo é da turma que nunca gostou de ler?
      Ah, para a turma e galera do presidente, educação não é tudo.

    2. Vamos parar de ficar babando e idolatrando políticos que estão lá para trabalhar para o povo mesmo, já que foram eleitos, e são pagos, para isso.

    3. Verdade, Jorge! Ele deve ter estudado na época em que o PT estava no poder. Não tem culpa pela péssima qualidade do ensino que o governo PeTralha oferecia. Mas para quem frequentou escola na época da ditadura petista, ele está de parabéns, pois não foi adestrado pelo encantador de jumentos e nem pela DilmAnta. Sabe discernir muito bem o que é um governo corruPTo de uma gestão que, vem tentado, com muito sacrifício, acabar com esse malefício entranhado na política brasileira, especialmente praticado pelos políticos da esquerda. Já você, escreve direitinho mas não consegue tirar a viseira.

    4. O que vale, é que a petralhada entendeu.
      Né Aprígio.
      Burros mesmo é uns estudantes, que adora um ladrão.

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