Saúde

Brasileiro relata situação em Wuhan, na China, primeiro epicentro da pandemia de covid-19: ‘Praticamente normal’

‘Usamos máscara quando entramos em locais fechados, como bares, restaurantes ou shopping centers. Mas tudo já voltou a funcionar como antes’, diz Foto: Arquivo pessoal

“Aqui está tudo praticamente normal”, diz o paulistano Kenyiti Shindo, de 27 anos, à BBC News Brasil por telefone da cidade chinesa de Wuhan, onde vive.

“Usamos máscara quando entramos em locais fechados, como bares, restaurantes ou shopping centers. Claro que existe uma preocupação de que o vírus volte, mas tudo já funciona como antes”, acrescenta ele.

Um ano após o novo coronavírus ter sido descoberto, a situação no local onde ocorreu o primeiro surto de covid-19 é bastante diferente da do restante do mundo ocidental.

Segundo a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, não há registros de novos casos e de novas mortes do vírus na província de Hubei, da qual Wuhan é a capital.

Desde o início da pandemia, foram 68 mil casos e 4,5 mil mortes na região.

Já na Europa, vários países decidiram confinar novamente suas populações devido ao aumento significativo no número de casos, frustrando os planos de Natal de milhões de pessoas e cancelando as festividades de Ano Novo.

A descoberta de uma mutação do vírus no Reino Unido, anunciada no último sábado (19/12) pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, reforçou ainda mais esse temor entre as autoridades.

Essa nova variante é mais contagiosa e está “fora de controle”, segundo o secretário de Saúde do país, Matt Hancock.

Como resultado, vários países suspenderam voos de e para o Reino Unido.

No Brasil, a pandemia também não dá sinais de arrefecimento — são quase 200 mil mortos desde o primeiro caso, em 26 de fevereiro. O número de óbitos é superior a 500 por dia.

‘PREOCUPAÇÃO’

Shindo já vive na China há sete anos e chegou ao país por meio de uma bolsa que conseguiu ao estudar no Instituto Confúcio, da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Ele acaba de terminar o bacharelado em Relações Internacionais e se prepara para se candidatar ao mestrado.

O brasileiro estava de férias na Malásia com a namorada em janeiro quando os dois foram pegos de surpresa com o lockdown em Wuhan.

Naquela época, imagens da cidade, com suas ruas totalmente desertas e isolada do restante da China, correram o mundo.

Até então, não havia sinais de que o vírus se alastraria, muito menos de que se tornaria uma pandemia.

Sem poder voltar para casa, o casal passou dois meses fora de Wuhan até sua reabertura, em março.

Ainda assim, Shindo foi um dos que pressionou o governo de Jair Bolsonaro a retirar os cidadãos brasileiros de Wuhan, em fevereiro.

Kenyiti ao lado da namorada, que é de Wuhan: casal passou pela Malásia e Tailândia enquanto esperava reabertura das cidades na China Foto: Arquivo pessoal

A China adotou uma estratégia de combate ao vírus que se provou bem-sucedida — o país não só confinou sua população, mas adotou um sistema de identificação e rastreamento de infectados que facilitou o controle do espalhamento da doença.

Como resultado, as atividades em Wuhan começaram a ser retomadas progressivamente a partir de março. Com a melhora do quadro, em outubro, a província de Hubei chegou a atrair mais de 52 milhões de turistas apenas entre os dias 1 a 7, durante a Semana Dourada, período festivo do gigante asiático.

Wuhan recebeu quase 19 milhões de visitantes, segundo dados do Departamento de Cultura e Turismo da Província.

O país também foi criticado, entretanto, por ter escondido informações sobre o avanço da covid-19 e acumulado erros de gestão, segundo documentos confidenciais do Centro Provincial de Controle e Prevenção de Doenças de Hubei obtidos pela rede americana CNN.

Shindo se diz preocupado com a situação da família que vive no Brasil.

“Meu pai é do grupo de risco e depende do SUS. Uma das minhas irmãs é professora e não pode trabalhar de casa. Fico preocupado”.

Ele conta que deve passar o Natal com um grupo de brasileiros, apesar de a festa não ser celebrada na China.

“Vamos nos reunir em casa e fazer uma ceia”, diz.

Uma realidade muito diferente da do restante do mundo.

ORIGEM AINDA INCERTA

Apesar de uma relutância inicial do governo chinês, em janeiro uma equipe de dez cientistas de várias partes do mundo viajará a Wuhan para investigar as origens da covid-19, segundo informou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O biólogo alemão Fabian Leendertz, do Instituto Robert Koch, que fará parte do grupo, afirmou na última semana que a intenção não é buscar culpados, mas prevenir futuros surtos.

A missão, que durará entre quatro e cinco semanas, tentará responder, por exemplo, quando o vírus começou a circular e se ele passou a infectar de fato humanos inicialmente em Wuhan.

Um mercado de alimentos na cidade foi apontado desde o início como a possível origem da covid-19, onde o coronavírus teria migrado de animais e começado a contaminar humanos.

Mas há alguns pesquisadores que, hoje, acreditam que o patógeno possa apenas ter se multiplicado ali, mas que o “salto” entre as espécies não necessariamente pode ter ocorrido no local.

Época, via BBC

Opinião dos leitores

  1. Sabe-se lá quantos anos eles tiveram para pesquisar e imunizar sua população… agora é só esterilizar os brasileiros e aos poucos ir tomando conta do espaço e da produção de alimentos.

  2. Na opinião deste cidadão a cura da contaminação está no isolamento mais severo.
    Se todas as nações fizessem isso não precisaria de nenhum medicamento, hoje estaríamos todos sem máscara e tranquilos andando nas ruas.
    Para dar um depoimento sem noção deste era melhor nem falar nada.
    No mundo todo continua a contaminação só na china que parou, graças ao lockdown, tá de sacanagem!!!!!!

  3. Chineses usam a coronavac desde julho. Afirmam que não para não quebrar acordos com a OMS, tipo dá vacina não certificada ao seu próprio povo. A vacina funciona.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Saúde

Coronavírus: especialistas preveem “volta à rotina, não à normalidade”

Foto: Ilustrativa/Divulgação

No momento em que o Brasil ultrapassa a marca de 1 milhão de casos confirmados de coronavírus, profissionais da área da saúde preveem que falar em uma “volta à normalidade” está fora de cogitação enquanto não houver vacina para a covid-19. Isso porque, além do marco de infectados, também devem ser levados em conta fatores como o avanço da doença em diferentes regiões do país, variação de comportamento social, gestão de saúde pública e subnotificação dos casos.

“Do ponto de vista da epidemiologia, é complicado falar sobre todo o território nacional”, explica Aline Dayrell, pesquisadora do observatório de saúde urbana de Belo Horizonte e professora epidemiologista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). “Existe uma discrepância entre regiões, como o Norte, que é uma das mais afetadas. No entanto, existem pesquisas de âmbito nacional que expõe uma subestimação no número de casos oficiais.”

De acordo com pesquisadores do projeto Epicovid19, primeiro estudo nacional sobre o avanço da doença no território, estima-se que o número de casos de coronavírus no Brasil pode ser até sete vezes maior do que os dados oficiais. “Se considerarmos essa subnotificação, estamos falando de mais de 6 milhões de pessoas infectadas”, alerta Dayrell. “Ainda assim, para que falássemos de uma imunização de rebanho teríamos que ter 70% do território infectado, o que significaria uma média de 140 milhões de pessoas doentes.”

Em abril deste ano, o relatório publicado pelo ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta previa o pico de casos de covid-19 até meados de setembro. Segundo a epidemiologista, dada a característica do patógeno Sars-Cov-2 de acometer o maior fluxo de pessoas durante o inverno, “seria prudente a liberação de um maior fluxo de pessoas após essa época. Mas cada local deve trabalhar com perfis diferenciados”.

Embora Belo Horizonte seja a capital com melhores índices de controle observados, a pesquisadora alerta para o aumento de casos no interior de Minas Gerais.

“Já existem especulações de escolas querendo voltar às aulas, mas é pouco provável, pois temos que garantir o distanciamento das pessoas. No supermercado, é possível, mas não em ambientes com aglomerações. Claro que podemos fazer rodízios, mas isso representa uma volta à rotina, não à normalidade.”

Prevenção x patologia

Segundo aponta a epidemiologista, a saída para cessar a epidemia em território nacional seria implantar modelos de controle de países com melhor desempenho no combate ao coronavírus: “Quando estudamos a pandemia, observamos que os países que iniciaram o isolamento precocemente conseguiram lidar melhor com a progressão dos casos. Podemos adotar o mesmo raciocínio com as ondas epidêmicas: temos que entender que uma segunda onda virá e, antes que ela venha com força, precisamos reestruturar as ações locais.”

Para trabalhar a prevenção dos casos, o médico Rubens Covello, CEO da Health Services Accreditation, defende o foco na gestão de saúde primária como “a grande virada” para combater internações e o colapso do sistema de saúde.

“Precisamos trabalhar prevenção no lugar de patologia. A assistência médica e as instituições de saúde vão ter que colocar o paciente nos centro das decisões e padronizar cuidados. É importante trazer a família, cuidadores e comunidades na discussão do diagnóstico para combater a disseminação do vírus mais rápido.”

Segundo aponta Covello, não é apenas o sistema de saúde público que necessitará de uma padronização nas unidades básicas de saúde, hospitais e medicina suplementar. “Os grande planos também terão que fazer isso de maneira muito segura para diminuir o número de pacientes dentro de um sistema como um todo”. Ele cita como exemplo a adoção da telemedicina como recurso para combater a pandemia.

“Se não padronizarmos o atendimento, ele acabará precarizado. Lá fora, a medicina digital é tendência há algum tempo e contribui muito com a prevenção. No entanto, as infromações devem estar seguras, eticamente trabalhadas e sigilosas.”

R7

 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Abertura gradativa e planejada, setor por setor, é o trunfo do Governo Federal para o País iniciar volta da normalidade em maio

Foto: Agência Brasil

Setor por setor, semana por semana, em horários controlados. A abertura gradativa e planejada é o trunfo do Governo Federal para o País voltar à normalidade em maio, mesmo diante do acalorado debate popular sobre o ‘fica em casa’ ou ‘sai pra rua’, e as medidas de prevenção baseadas na ciência.

Conforme a Coluna antecipou na quarta-feira, maio é o mês que será o teste para o presidente Jair Bolsonaro colocar o país de volta no rumo, mesmo devagar. Mas o compromisso é mútuo – a população será cobrada a fazer sua parte, com foco no distanciamento pessoal, uso de máscaras e práticas de higiene, além de evitar festas e aglomerações.

Coluna Esplanada

 

Opinião dos leitores

  1. Trunfo? Pelo presidente estaríamos num caos total na economia e na saúde desde o dia 24/03, ao invés da crise vir em duas ondas, teria ocorrido uma Tsuname de uma vez só. Se não tivesse sido tão irresponsável, certamente os números estariam ainda melhores, e logo estariamos voltando a normalidade, mas esse camarada procura tensionar e dá no que está, governadores tendo que prorrogar as medidas pq infelizmente, esse presidente, que tem todo o aparato médico nos melhores hospitais do Brasil a sua disposição pago por tds nós,
    irresponsavemente mobiliza uma massa, incita o enfrentamento as medidas que são péssimas, porém necessarias, como o mundo está mostrando.

  2. Uma coisa é certa, seja hoje, daqui a 10 dias, com 30 dias ou dois meses a mais, quando sairmos o vírus estará no ar. Ele não vai desaparecer, sumir numa determinada data.
    O mundo todo, até Itália, Espanha e China estão voltando a abrir seus comércios.
    A solução não pode ser radicalizada em nenhum sentido. O isolamento total não é a saída, nem abrir tudo será.
    Não pode ser uma solução linear, cada região com suas medidas, dentro de suas características.
    Tem que existir moderação e cuidados, mas voltar a vida é preciso e urgente.

    As lojas devem tomar medidas preventivas, como trabalhar com máscara, ter álcool disponível e sabonete líquido nos banheiros. Revezar os funcionários, metade trabalha 04 horas a outra metade outras 04 horas.
    Procurar manter distância e evitar aglomerações.
    Se o país não voltar a movimentar a economia vai morrer mais gente por outros problemas e questões do que pelo vírus.
    Que jogos de tenham público reduzido e torcida com as pessoas separadas, uma a cada 2 metros da outra, ou, jogos sem público até final de maio.
    85% dos municípios não foram atingidos.
    A pior saída ou medida, é ficar explorando politicamente a solução, todos vão perder, principalmente o povo.
    Não pode mais manter esse isolamento horizontal é no mínimo irresponsável.

    1. Sr Álvaro entendo perfeitamente a linha de raciocínio do seu comentário , permita-me no entanto discordar de alguns pontos . Vamos lá . O Brasil é um país de dimensões continentais e principalmente um país de grandes diferenças e desigualdades , comparar com a Itália , Espanha e Estados Unidos não é pertinente tanto pela estrutura como pelo nível de conscientização da população . O exemplo da China , que até pela por condição política e logística , foi de isolar totalmente uma cidade de 4 milhões de habitantes e foi a forma de frear a disseminação . Quando vc libera para determinadas atividades a tendência é de alastramento sem controle da doença . É fácil entender , imaginemos que 1% dos idosos precisem de um leito de uti ou de enfermaria semi intensiva . Só esse número colapsará todo o sistema . Não temos estruturas para isso . Manaus tem hoje uma realidade cruel e infelizmente , essa é a tendência de muitas cidades de grande e médio porte . A situação já é dramática e tende a piorar muito se não houver um posicionamento firme , baseado nas experiências de outros países e dos órgãos de controle internacionais e nacionais . Milão tentou e o próprio prefeito pediu desculpas públicas pelo ato , de afrouxamento do isolamento . Concordo que é uma decisão difícil , mas na minha opinião necessária pelo menos pelos próximos 15 dias no mínimo . Vai ser sofrido para a economia ? Vão morrer muitos Brasileiros ? É o que se desenha . Duvido que algum ministro tenha coragem de tomar uma atitude diferente do isolamento horizontal nesse momento . O cenário é nebuloso , estamos diante do maior desafio da nossa história . Estejamos preparados para encarar uma guerra e que essa lição sirva para um Brasil melhor no futuro .

  3. Isso é um absurdo. Pensei que com a saída do Mandetta já poderíamos ir trabalhar.

    Vai ficar do mesmo jeito?

    Sendo assim, vejo que a demissão foi só politicagem do mito…

    Quero trabalhar… meu nome é trabalho…

  4. Ninguém comprando nada! Vai ficar do mesmo jeito! Eu é que não vou sair para ganhar grátis uma "gripezinha" dessas. Não tem vagas suficientes de hospícios pra internar tantos loucos nesse Brasil.

    1. Se torne autossuficiente em comida, medicamentos água, eletricidade e gás.
      E deixe quem não podefazer isso tocar a vida. Se tranque num bunker até que a cura apareça.

    2. Quem danado em sã consciência vai sair por aí a comprar, passear …povo doido, nam

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *