Mundo

Padres da Igreja Católica na França abusaram de ao menos 200 mil crianças em 70 anos

Foto: Stephane Mahe / Reuters

Membros da Igreja Católica francesa abusaram sexualmente de mais de 200 mil crianças e adolescentes nos últimos 70 anos, afirma o relatório de uma abrangente investigação divulgado nesta terça-feira (5).

Segundo o chefe da comissão independente responsável pelo levantamento, Jean-Marc Sauvé, a igreja mostrou “indiferença profunda, total e até cruel durante anos”, escolhendo fechar os olhos contra as denúncias e proteger a si própria em vez de proteger as vítimas do abuso sistêmico.

No domingo (3), Sauvé, um católico praticante de 72 anos, havia revelado à imprensa francesa que, em um universo de 115 mil padres e oficiais religiosos, a igreja abrigou entre 2.900 e 3.200 pedófilos — uma “estimativa mínima”, segundo ele. A maioria das vítimas eram meninos com idade entre 10 e 13 anos.

Para Sauvé, a igreja não apenas deixou de tomar as medidas necessárias para impedir que os abusos acontecessem, mas também deixou de denunciá-los e, em alguns casos, conscientemente colocou crianças em contato com predadores sexuais.

O líder da conferência dos bispos da França. Eric de Moulins-Beaufort, disse que a igreja está envergonhada, pediu perdão às vítimas e à sociedade, e prometeu agir.

A comissão de investigação foi estabelecida por bispos católicos no final de 2018 e começou os trabalhos no início de 2019 com o intuito de lançar luz sobre os casos de abuso sexual e pedofilia e tentar restaurar a confiança pública na igreja em um momento de diminuição das congregações católicas na França. ​

Segundo o líder da comissão, a Igreja Católica francesa demonstrava total indiferença às vítimas até a década de 2000. Só começou a haver uma mudança de conduta a partir de 2015, disse Sauvé, acrescentando, no entanto, que os casos de abusos ainda são uma realidade na instituição.

Para ele, a doutrina da Igreja Católica em assuntos como sexualidade, obediência e santidade do sacerdócio ajudou a criar pontos cegos que permitiram o abuso sexual por parte do clero.

Assim, para tentar reconstruir um ambiente de confiança entre clérigos e fiéis, a igreja precisaria reformar a abordagem dessas questões, além de assumir a responsabilidade pelo que aconteceu e garantir que as denúncias de abusos e pedofilia sejam reportadas às autoridades judiciais.

A comissão conclui que a Igreja Católica francesa deve indenizar as vítimas com uma compensação financeira adequada “que, apesar de não ser suficiente [para enfrentar o trauma da violência sexual], é indispensável para completar o processo de reconhecimento [de culpa].” A orientação é que os pagamentos sejam feitos com o patrimônio dos agressores ou da própria igreja, e não com as contribuições dos fiéis.

Os investigadores recomendam ainda que sejam criados métodos de formação adequada a novos padres e de verificação de antecedentes de qualquer membro designado para uma atividade clerical em que há contato com crianças ou com pessoas em situação de vulnerabilidade.

Para ler a matéria na íntegra acesse AQUI.

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Diversos

Ibaneis fecha Esplanada após ameaças à cúpula da Igreja Católica de Brasília

Ibaneis Rocha determinou há pouco que a Esplanada dos Ministérios fique fechada para trânsito de veículos e pedestres hoje e amanhã.

Em decreto, o governador citou ameaças dirigidas à Cúria Metropolitana de Brasília, a sede administrativa da Igreja Católica na capital federal, que fica na Esplanada.

O Antagonista apurou que as ameaças foram identificadas pela inteligência da polícia. Os autores foram classificados como membros de um “grupo antidemocrático”.

O Antagonista

 

Opinião dos leitores

  1. A bíblia numa mão, na outra um três oitão, e na boca um palavrão. Assim é uma turma que anda por ai. Tem alguns que se dizem terrivelmente evangélicos.

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Religião

Descoberta indica que Igreja Católica já teve uma mulher como Papa

PAPA JOANA TERIA DADO À LUZ UMA CRIANÇA, DIZ UMA TEORIA (FOTO: GIOVANNI BOCCACCIO/WIKIMEDIA COMMONS)

Lendas medievais afirmam que a Papisa Joana teria sido a primeira e única papa mulher do mundo. E uma nova pesquisa com antigas moedas de prata sugere que as teorias podem ser verdadeiras.

Segundo as histórias populares, um papa chamado Johannes Anglicus (ou João) que reinou em meados do século 9, era na verdade Joana, que chegou a dar à luz durante uma procissão da igreja. Contudo, há muito debate sobre a sua existência. Parte da dúvida vem da confusão na descrição das identidades dos papas naquele período. Por exemplo, uma cópia de “Liber Pontificalis” (livro de biografias de papas) não inclui o papa Bento III, conforme apontou Michael Habicht, arqueólogo da Universidade Flinders, na Austrália.

Quando Habicht estava investigando enterros de papas em Roma, na Itália, ele encontrou símbolos que mostram que a mulher pode ter realmente existido. “No começo, eu também acreditava que a história era mera ficção, mas quando fiz uma pesquisa mais extensa, surgiu a possibilidade de que havia mais por trás disso”, ele disse em entrevista ao portal Live Science.

O arqueólogo analisou moedas de prata conhecidas como deniers, que foram usadas na Europa Ocidental durante a Idade Média. O nome vem da antiga moeda de prata romana conhecida como Denário. “Elas são muito pequenas, talvez do tamanho de 1 centavo ou 25 centavos dos Estados Unidos”, comparou.

Os “deniers” foram cunhados com o nome do imperador dos francos de um lado e o monograma do papa – um símbolo com as iniciais de uma pessoa – do outro lado. Habicht concentrou-se em moedas anteriormente atribuídas ao papa João VIII, que reinou de 872 a 882.

REPRESENTAÇÃO DAS MOEDAS ESTUDADAS (FOTO: MICHAEL HABICHT)

Ele disse que, embora alguns deniers possuíssem um monograma pertencente ao papa João VIII, os anteriores tinham um monograma diferente. “O monograma que pode ser atribuído a João VIII tem diferenças na colocação de letras e no design geral”, afirmou Habicht.

Para ele, essas outras moedas podem ter pertencido a papa Joana. Habicht também estudou fontes históricas que sugeriam que um papa João reinou de 856 a 858. Por exemplo, o cronista Conrad Botho relatou que um papa Johannes coroou Luís II da Itália como Sacro Imperador Romano em 856. “O monograma foi o precursor da assinatura de hoje”, ele falou. “Assim, provavelmente podemos até ter uma assinatura da papa Joana.”

Habicht sugere que a sequencia dos papas em meados do século IX deveria incluir Leão IV de 846 a 853, seguido por Bento III de 853 a 855, Johannes Anglicus de 856 a 858 e Nicolau I de 858 a 867.

Segundo Habicht, textos da literatura científica sugerem que as moedas estudadas não são falsas. “Quase não há mercado de colecionadores para essas moedas medievais”, ele comentou. “Os falsários não estão interessados ​​em fingi-las Alguns anos atrás, algumas moedas de papas do século 9 foram oferecidas em um leilão em Nova York. A maioria não foi vendida e devolvida ao proprietário”.

Para o arqueólogo, descobrir se Joana existiu pode ajuar a entender o papel das mulheres na igreja. “O debate sobre a ordenação feminina na igreja ainda está em andamento. Alguns vão abraçar meu estudo e encontrar outras evidências para os sacerdotes do gênero feminino nos primeiros séculos do cristianismo”, disse Habicht. “Outros rejeitarão completamente a ideia e farão um grande barulho na mídia contra tais alegações.”

Galileu

 

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Religião

Mais influente cardeal católico da Grã-Bretanha renuncia Reuters

O papa Bento 16 aceitou a renúncia do clérigo britânico mais influente da Igreja Católica, que renunciou um dia depois de negar acusações de comportamento inapropriado com outros padres.

O cardeal Keith O’Brien, conhecido por sua opinião franca sobre homossexualidade, havia sido denunciado ao Vaticano por acusações de comportamento inadequado que se estendeu pelos últimos 30 anos, de acordo com o jornal Observer.

O cardeal contestou as alegações contra ele.

REUTERS

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Polêmica

Edir Macedo culpa igreja católica por prisão

Deu na Folha de S. Paulo. Em Novo livro Edir Macedo dispara vária críticas a Igreja Católica. O religioso decidiu contar sua memória em livro, que terá três volumes.

Confira reportagem

Edir Macedo já teve uma biografia, escrita pelos jornalistas Douglas Tavolaro e Christina Lemos, da TV Record, publicada em 2007. Agora, em coautoria com Tavolaro, o líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da emissora resolve contar suas memórias em primeira pessoa, e em três volumes.

O primeiro, “Nada a Perder”, foi lançado há pouco mais de um mês, em agosto. Boa parte das 288 páginas da obra são permeadas por críticas à Igreja Católica.

O religioso escolheu abrir o livro relatando sua prisão, em 1992, sob a acusação de charlatanismo, curandeirismo e estelionato. E já na terceira página faz referência aos católicos, um dos alvos constantes das pregações da Universal e a quem responsabiliza pela detenção.

“O Clero Romano mandava e desmandava no Brasil, mais do que nos dias de hoje (…) A Cúria não admitia o surgimento de um povo livre da escravidão religiosa imposta por eles”, escreve Macedo.

Para reforçar a tese de que foi vítima de uma conspiração do Vaticano, ele conta ter visto um “homem de batina” fazendo anotações durante seu depoimento ao juiz que havia decretado a prisão.

A ortografia também é usada como arma em sua guerra santa. Macedo escreve “igreja católica” em letras minúsculas e “santos”, com aspas, enquanto as igrejas evangélicas, que ele começou a frequentar aos 18 anos, são grafadas sempre em caixa alta.

Há ainda referências às denúncias de pedofilia que rondaram o ambiente católico recentemente e o relato de quando se tornou evangélico e destruiu aos gritos de “desgraçados” as imagens de santos que até então usava como amuletos. Mas nem todos os “vilões” são católicos.

Sem dar os nomes, o bispo dispara contra desafetos como Valdemiro Santiago, ex-Universal do Reino de Deus e hoje líder da Mundial do Poder de Deus, que está tirando fiéis de sua denominação. Assim como já vem fazendo em cultos, Macedo compara os dissidentes a demônios.

Sobra também para o cunhado R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, que dividiu a liderança com Macedo na fundação da Universal e foi destituído numa votação após divergências sobre o rumo da igreja.

Hoje também dono de televisão, Soares é mencionado nominalmente e descrito como um pregador vaidoso e que tentou convencer a mãe de Macedo a não ser fiadora do filho no aluguel da antiga funerária que se tornaria o primeiro templo da igreja.

Opinião dos leitores

  1. Estatisticamente, então, em seu livro ele é mais crítico da Igreja Católica do que pastor da Universal.

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Religião

Igreja Católica 'parou há 200 anos', diz cardeal italiano

Soltou o verbo…… Carlo Maria Martini, que morreu na sexta-feira (31), afirmou em sua última entrevista que a cultura católica ‘envelheceu’ e que ‘ritos religiosos e vestimentas são pomposos’

Confira na íntegra a reportagem:

A Igreja Católica está “200 anos atrás” dos tempos atuais, nas palavras do cardeal italiano Carlo Maria Martini, que morreu na sexta-feira aos 85 anos. A opinião do religioso – que chegou a ser citado como cotado ao papado – foi dada durante a sua última entrevista, gravada em agosto e publicada pelo jornal  Corriere della Sera , de Milão.

“A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes e vazias e a burocracia eclesiástica está crescendo, os nossos ritos religiosos e vestimentas são pomposos”, afirmou o cardeal na entrevista, em que propôs uma mudança de direção radical.

Milhares de pessoas vêm prestando as suas últimas homenagens a Martini na catedral de Milão, onde ele foi arcebispo por mais de 20 anos, até se aposentar em 2002, já sofrendo do Mal de Parkinson.

Em sua última entrevista, o cardeal afirmou que muitos católicos perderam a confiança na Igreja Católica e defendeu, entre outras adaptações, uma postura mais generosa em relação aos divorciados. Além disso, ele pediu que a mudança comece no topo com uma “transformação radical, começando pelo papa e seus arcebispos”.

Escândalos sexuais

Martini tinha voltado à Itália recentemente, depois de passar os últimos anos se aprofundando em estudos bíblicos em Jerusalém. “Os escândalos sexuais envolvendo crianças nos obrigam a uma viagem de transformação”, disse Martini, referindo-se às várias acusações de pedofilia que surgiram contra líderes católicos nos últimos anos.

O popular cardeal jesuíta era considerado liberal em diversos aspectos e foi muito respeitado pelos papas João Paulo 2º e seu sucessor, Bento 16. Analistas dizem que ele ficou conhecido como crítico corajoso durante a sua passagem pela maior diocese da Europa.

Ele não se furtava a tocar em temas que muitos no Vaticano consideram tabu, entre eles, o uso de preservativos para combater a Aids na África e o papel das mulheres no clero.

Em 2008, ele chegou a criticar a proibição da Igreja à contracepção, afirmando que a postura possivelmente afastou muitos fieis. Dois anos antes, ele declarara publicamente acreditar que camisinhas são, em algumas situações, “o menor dos males”.

No entanto, é muito incomum que um integrante do alto escalão do clero critique abertamente a forma com que a Igreja põe seus ensinamentos em prática. Analistas afirmam que o papa agora tem pela frente uma decisão difícil: comparecer ou não ao funeral de Martini na segunda-feira – o que, para muitos, seria uma poderosa afirmação da unidade da Igreja Católica.

O atual pontífice é conhecido por não premiar líderes católicos que se atrevam a questionar a doutrina. A última entrevista do religioso foi dada no início de agosto a um jornalista e ao também jesuíta Georg Sporschill. O cardeal Martini foi um acadêmico e estudioso da bíblia respeitado, além de prolífico autor de livros populares sobre religião.

Com informações da BBC Brasil

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