Política

Marina Silva: “Fake news não começaram com Trump, mas com Dilma em 2014”

Foto: Cynthia Vanzella/Divulgação

Em entrevista à DW na Inglaterra, pré-candidata a presidente Marina Silva rechaça críticas de que só apareceria em momento eleitoral e afirma ter sido vítima de uma campanha de desconstrução de imagem por parte do PT.Pré-candidata à Presidência da República, a ex-ministra Marina Silva afirma que pretende conduzir uma campanha apoiada no diálogo e na troca de ideias e rechaça críticas sobre o que seria uma falta de posicionamento sua sobre temas correntes e de aparecer apenas em momentos eleitorais.

Em entrevista à DW Brasil na Inglaterra, ela disse que tais acusações são resultado de um processo de “desconstrução de imagem” promovido pela campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014. A cinco meses do primeiro turno, Marina aparece com até 15% das intenções de voto em pesquisas.

Veterana de duas campanhas eleitorais à Presidência – 2010 e 2014 – Marina vai disputar as eleições desta vez pela Rede, o partido criado por ela em 2015. Ainda com uma bancada reduzida, a sigla acabou sendo contemplada com uma fatia ínfima do recém-criado fundo público de campanhas: vai contar inicialmente com apenas 10 milhões de reais – contra os mais de 200 milhões do PT ou do PMDB. Também só vai ter dez segundos de tempo na TV.

Marina falou à DW em Oxford, enquanto participava do Brazil Forum UK. A conferência, organizada por estudantes brasileiros de várias universidades britânicas, teve como tema neste ano os 30 anos da Constituição de 1988. Também participaram do evento o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e a ex-presidente Dilma.

DW Brasil: A senhora disse que o caixa 2 fez com que as eleições de 2014 acabassem resultando em uma “fraude eleitoral”. Neste ano, não haverá doações de empresas, mas sim o financiamento eleitoral. Só que a divisão favorece os grandes partidos, justamente aqueles que receberam doações ilegais. Isso é a continuação do mesmo sistema?

Marina Silva: Em 2014, houve dinheiro de caixa dois. Houve dinheiro ilegal da Petrobras, dos fundos de pensão, de Belo Monte, da venda de medidas provisórias, do BNDES, do Banco do Brasil, da Caixa. Agora eles institucionalizaram o abuso do poder econômico. E esse dinheiro vai sair do orçamento público. Eu sempre defendi o fundo público de campanha, mas não precisa ser na cifra que foi aprovada. O que o PT, o PMDB e o PSDB vão ter como fundo eleitoral é semelhante à soma daquilo que eles declararam, mais o dinheiro de caixa dois em 2014. Só que desta vez o dinheiro vai ter que ser tirado da saúde, da educação, da segurança pública, da infraestrutura.

Vou participar com uma fração insignificante desses recursos. O que eu digo é que não precisa ser uma campanha milionária para pagar marqueteiros a peso de ouro fabricando narrativas que não batem mais com a realidade – nem mais dos partidos e nem dos candidatos.

Alguns dos grandes partidos vão levar mais de 200 milhões de reais do fundo de campanha. A Rede vai receber apenas 10 milhões. O problema é a Rede receber pouco ou os grandes partidos receberem muito?

É muito mais dinheiro que 200 milhões, já que foi aprovado na Justiça o direito de somar o fundo eleitoral e o fundo partidário. Quando se somam os fundos deles, dá quase meio bilhão. É muito dinheiro. Não precisa ser uma assimetria tão grande, mas o que seja razoável para uma campanha que não precisa contar com verdadeiras peças cinematográficas, que foi o que aconteceu em 2014. Naquela campanha fizeram peças cinematográficas para incensar os candidatos que foram para o segundo turno e eram feitas ainda peças para desconstruir a biografia de adversários.

A senhora vem repetindo que espera que a campanha de 2018 seja marcada pelo diálogo e troca de ideias. Mas os dois candidatos que aparecem na liderança – Lula e Jair Bolsonaro – estão conduzindo pré-campanhas personalistas. Apostar em diálogo não vai acabar sendo uma pregação ao vento em uma eleição que parece caminhar para ser virulenta?

Não acho que seja pregar ao vento praticar aquilo em que se acredita. Difícil é dizer uma coisa e fazer outra como eu vejo os partidos fazendo. Defendem a democracia, mas acabam sendo violentos, contam mentiras e espalham fake news. As fake news não foram iniciadas com o Trump. Foram iniciadas com a campanha da Dilma em 2014 contra mim.

Sua candidatura aparece com herdeira de parte dos votos de Lula, caso ele acabe não concorrendo por causa da Ficha Limpa. E os eleitores de Bolsonaro? É possível alcançá-los? Será preciso virar mais à direita para crescer nesse eleitorado?

Quem defende democracia, quem defende direitos humanos, quem defende sustentabilidade, quem defende demarcação de terra indígenas, quem defende combate à discriminação das pessoas negras, jamais vai fazer um discurso para se adaptar àquilo que você combate. Temos que ter uma ética de valores.

Não acredito nessa história de voto do Lula, voto da Marina, voto do Bolsonaro. Isso é uma visão atrasada de política. Privatizam o voto das pessoas como se tivesse tudo caído em uma cesta e cada um tivesse uma cesta de votos. O voto é do cidadão. Nós ainda temos cinco meses pela frente para fazermos o debate, para convencer as pessoas. Essa é a diferença da democracia em que eu acredito, que eu defendo. É a de que eleição deve se dar pelo convencimento. Não é pela intimidação. Isso se dá pela construção, pela ideia de busca de um país melhor. Não é pelo medo de que as pessoas possam perder seus direitos se um partido deixar de ganhar uma eleição, porque conquistas não devem ser partidarizadas. Elas precisam ser institucionalizadas, transformadas em direito para que permaneçam independente de partido ou do líder que ganhar uma eleição.

Nas pesquisas de 2010 e 2014, a senhora apareceu sempre bem-posicionada entre os principais candidatos, mas no final da campanha os números perdiam o ímpeto. Como a senhora pretende evitar isso em 2018?

A estratégia é acreditar no povo brasileiro, na consciência do povo. Só ele pode fazer a mudança. Ele agora sabe da verdade, quem é quem. As pessoas já viram que existem mentiras, que existem desconstruções de biografias. Vai ser uma campanha com as possibilidades que temos. A legislação que foi aprovada pelo PT, PMDB e PSDB para que só eles tenham chance de ganhar uma eleição é uma eleição para evitar que a sociedade faça alguma mudança elegendo, por exemplo, alguém que deseje passar o Brasil a limpo. Eles divergem em muita coisa, mas não em uma coisa: todos eles vão combater a ferro e fogo a Lava Jato. Já estão combatendo.

Como a senhora encara as críticas que apontam sua falta de posicionamento sobre temas correntes e por só aparecer em momento eleitorais?

Os críticos são os mesmos que fizeram a minha desconstrução em 2014. São essas pessoas que divulgam esse tipo de coisa. Sabe por quê? Porque eu não faço o discurso que elas fazem. Elas fazem o discurso contra a Lava Jato. Eu faço a defesa da Lava Jato. Eles são a favor da anistia do caixa dois. Eu sou contra. Isso é posicionamento.

Eu era a favor da cassação da chapa Dilma-Temer. Eles são pela impunidade. Ser pela cassação é posicionamento. Fui e sou contra a lei sobre abuso de autoridade. Isso é posicionamento. Eles foram a favor da lei do Renan Calheiros. Eu sugeri que o Aécio Neves fosse para o Conselho de Ética. O PT fez uma carta para que o Aécio não fosse afastado do seu mandato quando o Supremo deu a ordem. Essa crítica sobre uma falta de posicionamento é parte desse discurso da desconstrução. Como o meu posicionamento não é o do PT, não é o do PSDB e não é o DEM, eles dizem que eu não me posiciono. E obviamente não tenho mandato, não tenho canal de televisão. Sou uma pessoa que vive do próprio trabalho. E político honesto no Brasil trabalha depois que acaba o mandato.

Terra, com Deutsche Welle

 

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Política

Eduardo Campos e Marina Silva pedem registro de candidatura ao TSE

eduardo campos e marina silva

O ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) e a ex-senadora Marina Silva fizeram pessoalmente nesta quinta-feira (3), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o pedido de registro das candidaturas aos cargos de presidente da República e vice.

Eduardo Campos é o sexto candidato a pedir registro na Justiça Eleitoral. O número do PSB nas urnas é o 40.

O registro de candidatura é o procedimento exigido pela Justiça Eleitoral para que um candidato possa concorrer. O relator do pedido é o ministro João Otávio de Noronha.

A coligação “Unidos pelo Brasil”, informada pelos candidatos, é composta pelo PSB, Rede, PPS, PPL, PHS e PRP.

Partido Verde

Também hoje, o Partido Verde (PV) oficializou a candidatura do ex-deputado federal Eduardo Jorge e da vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, à Presidência e à vice-Presidência da República.

Fonte: TSE

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Política

Marina Silva culpa falta de estrutura de cartórios pela indefinição de registro da Rede

 11_15_37_50_fileA ex-senadora Marina Silva, em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira (30), disse que a falta de estrutura dos cartórios do País é a responsável pela indefinição da criação de seu partido, a Rede Sustentabilidade.

Nesta semana, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve decidir se aprova ou não o pedido criação do partido após a recontagem das assinaturas coletadas necessárias para criação de uma legenda. O resultado deve sair até a a próxima quinta-feira (3).

— A dificuldade está na falta de estrutura dos cartórios. Mesmo com poucos recursos conseguimos mobilizar mais de 12 mil pessoas que coletaram 910 mil assinaturas em menos de 7 meses, que foram enviadas no prazo para os 1.800 cartórios. Mesmo depois da triagem, enviamos mais de 668 mil assinaturas.

Segundo a lei eleitoral, são necessárias 492 mil assinaturas validadas para a criação de um partido. De acordo com Marina, as assinaturas necessárias foram enviadas aos cartórios pela Rede, mas 53% dos cartórios perderam o prazo de 15 dias para se manifestar. Além disso, a ex-senadora argumenta que 95 mil assinaturas foram invalidadas injustamente.

— Nos encaminhamos 668 mil assinaturas com 550 mil certidões. O problema é que houve invalidação injusta de 95 mil assinaturas que aguardamos pronunciamento do TSE.

Em relação a algum motivo político para a invalidação das assinaturas e, consequentemente a dificuldade com o registro, Marina desconversa.

— Não tenho como provar, mas tenho certeza que os ministros vão fazer o certo […] Não podemos pagar o preço.

Enquanto aguarda a decisão, Marina se diz confiante no trabalho da Rede e diz que não existe plano B para ela, e nem a possibilidade de lançar a candidatura por outro partido.

— Não tenho plano B. Depois de um trabalho tão rigoroso, tão criterioso, só ficaremos sem o nosso registro por culpa dos cartórios.

Em nota, Marina Silva negou que vá se filiar a outro partido, caso a Rede não seja aprovada pela Justiça e saia efetivamente do papel.

— A ex-senadora Marina Silva e a Rede Sustentabilidade reafirmam que não está agendada nenhuma reunião com o Partido Ecológico Nacional, ao contrário do que tem declarado o presidente do PEN, Adilson Barroso. […] Marina Silva reafirma que não discute um plano B e está confiante que a Justiça Eleitoral concederá o registro ao partido antes de 5 de outubro.

R7

Opinião dos leitores

  1. Marina deixou para criar o partido aos 45 mimutos do segundo tempo e agora tenta passar a imagem de perseguida e injustiçada, culpa cartórios, justiça eleitoral e acha que está havendo um complô contra sua candidatura.

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Política

Atrás apenas de Dilma nas pesquisas, Marina corre risco de não ter partido

2013-636366239-2013081176374.jpg_20130811Segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2014, e avançando cada vez mais na preferência do eleitorado, a ex-senadora Marina Silva enfrenta grande dificuldade para criar sua Rede Sustentabilidade. Para ser candidata pelo seu novo partido, nas próximas eleições, será preciso que a legenda seja registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral até 5 de outubro, mas não será fácil.

Marina disse neste domingo que os cartórios eleitorais não têm respeitado o prazo de 15 dias para validar as assinaturas de apoio que o partido apresenta. Com isso, apesar de a Rede já ter coletado cerca de 850 mil assinaturas e apresentado cerca de 550 mil aos cartórios eleitorais — mais do que as 491.656 necessárias —, apenas cerca de 200 mil foram certificadas.

Será uma corrida contra o tempo para tentar validar mais 300 mil assinaturas até o fim de agosto, prazo considerado seguro para que o processo de criação do partido seja concluído até o início de outubro. Mas a ex-senadora segue otimista, a despeito da preocupação manifestada por alguns organizadores da nova legenda, que já até jogaram a toalha.

— Até o final da semana, chegaremos a 600 mil assinaturas entregues aos cartórios. Nós estamos cumprindo os prazos. Coletamos as assinaturas dentro dos prazos, encaminhamos para os cartórios dentro dos prazos, mas, infelizmente, uma parte dos cartórios não consegue atender o prazo de 15 dias para dizer se aquela ficha está certificada ou não. Alguns deles estão extrapolando em muito estes prazos — reclamou a ex-senadora ontem, em Brasília, onde participou de encontro da direção da futura legenda. Na pesquisa Datafolha divulgada no fim de semana, ela aparece com 26% das intenções de voto, atrás apenas da presidente Dilma Rousseff, que tem 35%. Marina cresceu três pontos percentuais desde a última pesquisa.

Pedido de socorro à corregedora

Segundo Marina, vários cartórios têm número de funcionários insuficiente para realizar as checagens e, além disso, muitas assinaturas de jovens e idosos vêm sendo invalidadas por falta de registro da presença deles em eleições recentes. Os jovens, por nunca terem votado, e os idosos, por não terem votado recentemente, já que estão desobrigados pela lei eleitoral.

Diante dos percalços enfrentados, Marina pediu uma audiência com a corregedora-geral da Justiça Eleitoral, Laurita Vaz, para buscar uma solução. Há entre os organizadores do partido a expectativa de que a Justiça Eleitoral seja mais flexível, uma vez que o atraso pode se dar por causa dos problemas nos cartórios.

— Estamos juntando um volume de questões para uma conversa com a corregedora eleitoral nacional, para ver como podemos encaminhar. Nossa expectativa é que as coisas possam ser resolvidas. Nós coletamos 350 mil assinaturas além das necessárias exatamente para prever a perda em função de erros que são reais, pois não queremos validar coisas com problemas — afirmou Marina.

Mas ela espera que a Rede não perca o prazo por um atraso da Justiça eleitoral:

— Agora, também não queremos pagar o preço por falta de parâmetro que não é culpa nossa nem do cidadão. Não podemos pagar um preço por algo que não é culpa nossa. Nós estamos observado os prazos legais, esta é a nossa vantagem. Vamos pedir a orientação das autoridades, tanto da corregedora como da ministra Carmem Lúcia (presidente do TSE).

“Suspense até o último minuto”

Admar Gonzaga, ministro-adjunto do Tribunal Superior Eleitoral, não comenta a situação específica da Rede, mas explica que qualquer partido em fase de criação precisa cumprir exigências legais, e a corte não tem controle absoluto sobre os prazos:

— Quando o pedido chega, existe um prazo para impugnação, e o Ministério Público Eleitoral precisa ser ouvido. Não se trata apenas de uma vontade do tribunal de avaliar ou não o caso. O tribunal não pode ser responsabilizado.

Dirigentes da Rede consideravam o dia 15 deste mês, quinta-feira, como a data ideal para ter todas as assinaturas conferidas e aí ingressar no TSE. Cientes de que esta perspectiva já está descartada, integrantes da comissão provisória da legenda tentam agora ingressar no tribunal com todas as assinaturas até o fim do mês. Assim, a Rede precisaria que, em um mês, o tribunal recebesse o processo, o MPE se pronunciasse e os prazos de impugnação corressem sem problemas e sem diligências para, enfim, ter o registro deferido.

— Vai ser suspense até o último minuto — avalia um destes integrantes.

Uma comparação com a situação do PSD dois anos atrás, quando ele atravessava um drama para ser criado, dá a dimensão da dificuldade da Rede. O PSD acabou conseguindo o registro apenas uma semana antes do fim do prazo (início de outubro), mas, em meados de agosto, tinha cerca de 530 mil assinaturas certificadas em cartórios. A Rede tem hoje cerca de 190 mil.

Além disso, é preciso que se obtenha de nove tribunais estaduais a certificação de que a legenda conseguiu um número mínimo de representantes. Quando pediu o registro, o PSD tinha apenas uma destas certificações e conseguiu as outras oito ao longo do processo. A coordenadora nacional de coleta de assinaturas da Rede, Marcela Moraes, considera que este problema está perto de ser resolvido:

— São duas condições para que seja caracterizada a exigência de que o partido tenha formação nacional. Uma são as 491.656 certificadas em todo território nacional e a outra é um mínimo de assinaturas em pelo menos nove estados. Demos entrada nos TREs de 11 estados, e já temos 19 (estados) que atingiram o mínimo de certificadas. Portanto, haverá diversos outros estados que também vão ingressar com os pedidos de reconhecimento do mínimo nas próximas semanas.

Não é apenas Marina que está refém da criação do partido para garantir sua candidatura em 2014. Três deputados federais que trabalham abertamente na criação da legenda, Alfredo Sirkis (PV-RJ), Domingos Dutra (PT-MA) e Walter Feldman (PSDB-SP), vivem situação delicada. Os três sabem que há pressões dentro de suas atuais legendas para que eles sejam retirados da chapa de candidatos, caso a Rede não seja criada a tempo.

— Já sabíamos que esta situação de ter uma definição a respeito da legalização da legenda na bucha criaria dificuldades grandes, especialmente em relação à montagem de chapas de deputados federais e estaduais. O potencial da Rede no Congresso era chegar a 20 deputados nesta legislatura, mas tem apenas três porque fomos bastante desapegados — explica Sirkis.

Para Sirkis, mesmo que a Rede consiga ser criada até outubro, haverá dificuldade de montar chapas que assegurem boas bancadas.

O Globo

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Política

PSDB e PT viraram cabos eleitorais de Marina Silva

Por Josias de Souza

Antes de a rapaziada encher as ruas, o PSDB de Aécio Neves e o PSB de Eduardo Campos enxergavam em Marina Silva uma bela alternativa de vice. Hoje, se Aécio e Eduardo se oferecessem para vice de uma chapa encabeçada por Marina, ela talvez desdenhasse. O último Datafolha confirmou o que as pesquisas anteriores já haviam insinuado: Marina tornou-se uma presidenciável mais competitiva do que os outros adversários de Dilma Rousseff.

Marina-Silva

Para se consolidar na segunda posição, Marina recebe a ajuda de dois cabos eleitorais inesperados: PSDB e PT. Metidos numa gincana para ver quem joga mais lama no outro, tucanos e petistas levam parte do eleitorado irritado com os políticos a ver em Marina uma espécie de heroína da resistência. A imagem é fantasiosa. Mas, em tempos de mensalão e de Siemens, um pedaço da plateia parece preferir o improvável a ter que optar entre o lamentável e o impensável.

De acordo com o Datafolha, Dilma recuperou um naco do prejuízo que contabilizara nas pegadas dos protestos de junho. Evoluiu de 30% para 35%. Marina engordou de 23% para 26%. Aécio foi lipoaspirado de 17% para 13%. E Eduardo manteve praticamente o mesmo peso, oscilando de 7% para 8%. Nesse cenário, se a eleição fosse hoje, Marina disputaria a poltrona de presidente da República num segundo turno contra Dilma.

Os mais céticos duvidam dessa possibilidade sob o argumento de que falta a Marina estrutura política. Numa fase em que a garotada grita na rua que “o povo unido não precisa de partido”, ter estrutura pode ser desvantajoso. Marina é a candidata do paradoxo. Até aqui, cresceu sem cargos, sem partido e sem o espaço generoso que seus contendores recebem dos meios de comunicação. Enquanto tenta colocar em pé a sua # Rede, Marina surfa numa onda que engolfa todos os conceitos, revirando-os.

Na noite de sexta-feira, discursando para militantes petistas em Bauru, Lula disse que o PT “não tem medo de conversar com o povo na rua.” O que o partido precisa temer, ele acrescentou, são “aqueles que começam a negar a política.” Chamou de “analfabetos” os jovens que dizem “eu não gosto de política, não gosto de nenhum partido político, não gosto de sindicato.”

Lula lecionou: “Temos que dizer, alto e bom som: fora da política não tem saída. Se a gente quiser pegar dois exemplos, a gente pega Hitler e Mussolini.” Tolice. As ruas pedem respeito e decência, não nazismo e fascismo. Há cadáveres demais no noticiário. Insepultos, produzem um fedor lancinante. Não bastasse a insatisfação generalizada com a precariedade dos serviços públicos, desapareceu da cena política brasileira a presunção de superioridade moral. As legendas que polarizam a disputa integraram-se à perversão comum a todas as siglas. É nessa onda que Marina surfa.

O excesso de lodo potencializa a subversão dos conceitos. Eleição vira loteria sem prêmio. Voto transforma-se num equívoco renovado a cada quatro anos. Partidos convertem-se em organizações com fins lucrativos. Coligações viram conchavos entre culpados inocentes e inocentes culpados. Democracia passa a ser um regime que saiu pelo ladrão.

O PSDB já carregava nas costas Eduardo Azeredo e o mensalão de Minas, ainda pendente de julgamento no STF. Com a delação da Simens, a legenda presidida por Aécio Neves foi empurrada para uma defensiva que tende a perdurar até 2014. O PT optou por acalentar os seus mensaleiros. Com isso, amarrou a sua sorte ao julgamento do escândalo.

Se os condenados forem para a cadeia, a legenda será presa com eles. Se o STF revogar as condenações por formação de quadrilha, livrando José Dirceu e Cia, da cana dura, as ruas brasileiras podem ficar pequenas para tanta gente. Nessa hipótese, convém prestar atenção redobrada em Marina Silva. Em 2010, ela arrastou 19 milhões de votos e empurrou o tucano José Serra para o segundo turno. Agora, aproxima-se dos 30% de intenções de voto dizendo coisas definitivas sem definir muito bem as coisas.

DatafolhaMarina

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Política

Se eleição fosse hoje, Dilma venceria em 1º turno, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em parceria com a MDA Pesquisas diz que, se a eleição presidencial fosse hoje, a presidente Dilma Rousseff venceria no primeiro turno em dois cenários formados. O levantamento entrevistou 2.010 eleitores no País. Tendo o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), como adversário, Dilma conseguiria 52,8% dos votos.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) aparece em segundo lugar, com 17% da intenção de voto. Marina Silva (sem partido) vem na terceira posição, com 12,5%, e Campos só aparece em quarto lugar, com 3,7% das intenções de voto. Entrevistados que não votariam em nenhum candidato, votariam em branco ou anulariam voto somam 8,4%. Do total, 5,6% não soube dizer em quem votariam ou não responderam.

Tirando Eduardo Campos do cenário, a vantagem de Dilma se amplia, com 54,2% das intenções de voto. Aécio vem em segundo, com 18%, e Marina Silva em terceiro, com 13,3% da preferência dos entrevistados. O número de votos brancos e nulos fica em 8,6%, e 5,9% não souberam dizer em quem votariam ou preferiram não opinar.

Em cenários virtuais de segundo turno, Dilma também venceria em todos. A disputa mais acirrada seria com Aécio Neves, com um placar de 58,8% a 22,5% dos votos. Contra Marina Silva (20,4%), a vantagem de Dilma se ampliaria para 59,7%. Já se o oponente fosse Eduardo Campos, Dilma venceria com 63,8% dos votos, contra 11,9% do pernambucano.

A pouco mais de um ano e meio do pleito de 2014, 73,1% dos entrevistados afirmaram não ter candidato para presidente da República. Em pesquisa espontânea, 23,1% disseram querer ver o PT no comando do Planalto no próximo mandato. A preferência dos tucanos entre o eleitorado é de 5,1%; do PMDB, 2,5%, e do PSB, 0,7%. A maioria (41,7%) não soube ou não quis opinar. Do total, 24% disseram não querer nenhum partido político na Presidência.

Marina é a segunda pré-candidata mais conhecida

Apesar de o senador Aécio Neves ser o segundo colocado em todas as pesquisas de intenção de voto, Maria Silva é a segunda pré-candidata mais conhecida – ela está atrás apenas da presidente Dilma Rousseff. Entre os participantes do estudo, 40,7% disseram conhecer ou pelo menos ter ouvido falar de Marina. O percentual de Dilma é de 79,1%.

Aécio Neves, hoje, é conhecido por 38,4% dos entrevistados, e 18,4% afirmaram conhecer ou ter ouvido falar em Eduardo Campos.

Do Terra

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Jornalismo

Ex-senadora Marina Silva decide criar um novo partido, que terá tucano e petista

O Estadão de hoje já traz a notícia da criação de um novo partido político, que será liderado pela ex-senadora Marina Silva. O embrião da futura legenda será o Movimento Social Nova Política, movimento suprapartidário lançado no ano passado pela ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula.

Desde meados do ano passado, Marina tem intensificado os contatos com lideranças políticas que vão desde integrantes do PSOL até o PSDB. Uma dessas lideranças é a ex-senadora e atual vereadora por Maceió Heloísa Helena, do PSOL, que já sinalizou sua adesão à nova sigla. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), também sondado, declinou do convite: seu projeto é ser, igualmente, candidato à presidência em 2014.

Nomes como o do deputado Walter Feldman (SP), que ameaçou deixar o PSDB e admitia a possibilidade de aderir ao PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab, são dados como certos no novo partido. Sem espaço no PT do Rio de Janeiro, o deputado Alessandro Molon é outro alvo de Marina Silva. Ele quer ser candidato a prefeito, em 2016, e teme mais uma vez ser alijado do processo, com ocorreu no ano passado.

 

Fonte: Ana Ruth Dantas

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Política

A novela acabou. Marina deixa o PV

Veja:

Depois de três meses em plena guerra interna, a poeira dentro do Partido Verde (PV) finalmente deve baixar. Na tarde desta quinta-feira, em São Paulo, a responsável por alçar a legenda à fama e à conquista de 20 milhões de votos na campanha presidencial de 2010, Marina Silva, anuncia sua desfiliação. E leva junto boa parte do grupo que insistia em reestruturar a legenda. Com isso, José Luiz Penna mantém seu comando sem precisar bater de frente com marineiros insistentes. Mas fica com um partido de imagem arranhada e sem nomes expressivos para as próximas disputas eleitorais.

A saída da ex-senadora já era tida como certa desde que surgiram os primeiros rumores de desentendimento entre ela e o presidente do PV, o deputado federal José Luiz Penna (RJ). O clima interno nunca foi dos melhores. Durante as eleições, integrantes do partido reclamavam dele e exaltavam o estilo pacificador dela. Por outro lado, defensores de Penna começaram a se incomodar com o espaço e os holofotes que ela ganhava. Mas todos negavam haver uma crise, pelo bem da candidatura de Marina.

A batalha foi declarada publicamente em março. Na reunião da executiva nacional, em Brasília, os dirigentes resolveram estender até 2012 o mandato de Penna, que já comandava o PV há 12 anos. Insatisfeitos com a recusa da direção em mudar a estrutura da legenda, aliados de Marina criaram o grupo Transição Democrática e viajaram o país em busca de apoio. “Se deixarmos de lado a renovação política dentro do partido, acabou-se a moral para falar de sonhos, de ética, de um mundo mais justo e responsável com o meio ambiente. Podemos até continuar falando, mas soará falso, como voz metálica de robô”, disse Marina em nota oficial à época.

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Política

"Sem Marina, o PV retoma sua estatura anterior. Um partidinho fisiológico"

Josias de Souza.

Ao beliscar 19,5 milhões de votos em 2010, Marina Silva solidificou-se como única terceira via à disposição do eleitor que está de saco cheio de petistas e tucanos.

Derrotada assim, com pompa, Marina passou a tropeçar nas circunstâncias. Abriu-se entre ela e o PV um fosso intransponível. Expuseram-se as diferenças.

A principal diferença entre Marina e o PV é que Marina sabe que ela não é tudo e o PV acredita que Marina não é coisa nenhuma.

Vem daí que, nas últimas semanas, Marina passou a frequentar as manchetes como uma candidata a 2014 à procura de uma legenda.

Em notícia veiculada neste sábado (25), a repórter Mariana Sanches informa que a novella terá um desfecho nesta semana.

Marina deve anunciar sua desfiliação do PV. Quer fundar um novo partido. Ex-coordenador da campanha dela, João Paulo Capobianco diz:

“Não houve nenhuma sinalização do PV de que os compromissos com ela serão cumpridos, então não há condições de que ela permaneça filiada”.

Sem o PV, Marina conservará o tamanho que adquiriu nas urnas. A Presidência da República continuará no seu horizonte como um sonho.

Sem Marina, o PV retoma sua estatura anterior. Um partidinho fisiológico como todos os outros, pronto a apoiar o governante que der cargos e verbas.

Opinião dos leitores

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Política

Marina Silva vai deixar o PV

Fernando Gallo, de O Estado de S. Paulo

Aliados de Marina Silva avaliam que a permanência da ex-senadora no PV é inviável e que a saída dela do partido deve ser selada em poucas semanas. Os motivos são a falta de êxito na cruzada por mais democracia no PV e o fim do diálogo com a Direção Nacional da legenda.

O Estado apurou com quatro pessoas próximas da ex-ministra do Meio Ambiente que Marina e o núcleo marineiro estão convencidos da impossibilidade de conseguir as mudanças consideradas necessárias para a transformação do partido, tais como alterações no estatuto que permitiriam eleições diretas e o fim de diretórios provisórios. Todos os aliados dão a saída dela e de seu grupo como certa.

“É rápido isso daí. Vai se resolver até o fim de junho. Mas a decisão já está tomada”, diz um deles. Outro avalia que o processo de desligamento não dura mais do que 45 dias.

O grupo retarda o anúncio porque estuda os próximos passos a dar. No momento, a tendência mais provável é a criação de um novo partido, mas outras hipóteses são consideradas. Isso porque não há tempo hábil para fundar uma nova sigla a tempo de participar das eleições municipais de 2012 – a lei exige filiação mínima de um ano aos futuros candidatos. Outro problema seria a falta de bons palanques nos Estados para Marina em 2014, problema já sentido dentro do PV, na eleição de 2010.

Por outro lado, a migração para outra legenda é improvável, uma vez que o grupo teme que situação análoga à guerra hoje deflagrada no PV possa se repetir. Ainda assim, assessores de Marina fizeram circular no mês passado rumores de que a ex-senadora teria se aproximado do PPS.

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