Inteligência artificial consegue simular voz de artista morto há 25 anos com grande precisão — Foto: Reprodução/YouTube
Um programa de TV da Coreia do Sul utilizou inteligência artificial (IA) para recriar a voz de Kim Kwang-seok, um cantor morto há 25 anos. O resultado foi obtido usando uma técnica de aprendizado de máquina batizada de Singing Voice Synthesis (“Síntese de Voz de Canto”, em tradução livre) da empresa sul-coreana Supertone.
A IA aprendeu 700 canções diferentes de vários artistas para compreender técnicas de entonação e ritmo. Depois desse processo, a tecnologia foi treinada com 20 músicas de Kim Kwang-seok, de modo que pudesse ajustar a síntese e recriar a voz do artista. Trechos do programa de TV e um making of do processo já somam 900 mil visualizações no YouTube.
Em um desses vídeos, é possível ouvir Kim cantando “I Miss You”, canção gravada por outro artista sul-coreano em 2002, seis anos depois da morte do cantor. No geral, os fãs aprovam o resultado e são capazes de identificar a voz e o estilo original de Kim Kwang-seok na produção artificial.
O processo de criação da voz de Kim é similar à estratégia usada para vídeos com a tecnologia deepfake. O sistema aprende a cantar a partir do exame de centenas de amostras de músicas. Então, é treinado para reproduzir a voz do cantor, com músicas de sua carreira como base do aprendizado.
A tecnologia abre espaço para que grandes ídolos da música reapareçam com novas canções, mesmo depois de mortos. Embora tenha sido usada para reviver um cantor, a técnica pode ser adaptada para sintetizar vozes em dublagens de animações, jogos ou mesmo na gravação de audiolivros.
A ideia de reviver artistas famosos já falecidos não é novidade. Em 2012, Snoop Dogg dividiu um palco com Tupac, rapper morto em 1996. O cantor foi revivido por meio de um holograma realista, assim como o o próprio Kim Kwang-seoh em um show via projeção em 2016.
Nesses dois casos, a projeção usou imagens de arquivo e músicas gravadas dos dois artistas. O diferencial do sistema da Supertone é que todo o resultado é completamente artificial e criado pelo software, o que permite o surgimento de conteúdo completamente inédito. Os impactos desse tipo de tecnologia, caso se popularize, podem ser grandes e vão além do cenário musical. Artistas famosos poderiam continuar lançando novos sucessos, mesmos depois de mortos.
A tecnologia também levanta questionamentos a respeito de direitos autorais relacionados ao artista, além de questões éticas: alguém pode recriar a voz de um cantor, ou qualquer outra pessoa, sem seu consentimento? Afinal, nada impede o uso do algoritmo para recriar a voz de pessoas anônimas, vivas ou não.
Globo, via Techtudo, com informações de CNN e Reuters
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