Em audiência de custódia na Justiça Federal de São Paulo na tarde desta sexta-feira, o empresário Joesley Batista disse que sua prisão é uma “covardia. O empresário disse ainda que se encontra na situação atual, porque “mexeu com os donos do poder”.
— O procurador, acho que foi muito questionado sobre a nossa imunidade e, por fim, resolveu pedir a quebra de nossa imunidade, acho que é um ato de covardia por parte dele depois de tudo que fizemos, entrega de provas — disse ele, acompanhado de seus advogados.
Após o juiz esclarecer que Joesley não estava se defendendo da delação, mas do caso da compra e venda de dólares e ações para lucro após a revelação dos detalhes de sua delação, o empresário afirmou que sua prisão ocorreu como vingança pela sua delação.
— Esse caso do insider até o presidente Temer falou em rede nacional. Isso aí, eu fui mexer com os poderosos, com os donos do poder e estou aqui. Estou pagando por ter delatado o poder — lamentou.
O empresário saiu de Brasília, onde estava preso, e foi a São Paulo prestar depoimento no processo em que e e o irmão Wesley Batista são acusados de terem se beneficiado do acordo de delação premiada para obterem lucros no mercado financeiro.
Joesley ainda procurou explicar a manobra financeira que fez à época em que fez a delação premiada.
— Vendemos ações antes (da delação) e continuamos vendendo (…) Foi por necessidade de caixa e (porque) bancos não renovaram linhas de crédito — disse ele.
Na audiência de custódia, o juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, decidiu manter Joesley Batista na prisão. O magistrado pediu à Polícia Federal para que o coloque sob custódia na sede da instituição em São Paulo.
Na audiência, a procuradora Thaméa Danelon defendeu a manutenção da prisão. Segundo Thaméa, Joesley deveria ficar na prisão porque, mesmo após fechar um acordo de colaboração, continuou cometendo crimes.
— O preso aqui presente é um criminoso contumaz que já estava sendo investigado. Enquanto era investigado colaborador, continuou praticando crimes, eles não foram cessados. Após a colaboração, praticou novamente crimes. Isso demonstra a periculosidade do agente (Joesley) perante o mercado financeiro — disse.
O juiz concordou com os argumentos da procuradora e chegou a afirmar que, com os recursos que possui, Joesley poderia ir para “qualquer parte do mundo”, inviabilizando a decretação de medidas cautelares como a entrega de passaportes.
— Se ele desejasse evadir, se ele, solto, resolver sair do Brasil, não teria a mínima dificuldade. As medidas cautelares alternativas não teriam o mínimo significado — disse o juiz João Batista Gonçalves.
A audiência de custódia que durou pouco menos de uma hora tratou da segunda prisão preventiva decretada contra Joesley. Nesse caso, o empresário é acusado de ‘insider trading’ em referência à compra de dólares e venda de ações pela JBS um dia antes da revelação dos detalhes da delação de Joesley e outros executivos da empresa, gerando lucros de R$ 100 milhões para a empresa, de acordo com o Ministério Público Federal.
Joesley chegou à sala de audiência acompanhado de três policiais federais. De camisa azul e calça jeans, o empresário permaneceu calmo e negou todas as acusações feitas no pedido de prisão do Ministério Público Federal.
O empresário se entregou à Polícia Federal em São Paulo no domingo e foi transferido para a carceragem da PF em Brasília no dia seguinte. Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin converteu a prisão temporária de Joesley Batista e Ricardo Saud em preventiva, ou seja, sem prazo determinado.
Nesta sexta-feira, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) negou o pedido de habeas corpus da defesa dos empresários Joesley e Wesley Batista. Os advogados dos executivos afirmaram que vão recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
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O GLOBO
Mexer com o poder não! você mexeu com a máfia. Aí o resultado…