As solicitações por leitos críticos para tratamento da covid-19 sofreram uma redução de 89,7% nos últimos três meses. É o que indica a plataforma Regula RN, nesta segunda-feira (23). Desde 26 de maio deste ano, quando o número de solicitações foi de 156, o maior registrado pela plataforma desde o início da pandemia, o estado registra redução nos pedidos. Nesse domingo (22), último dia com dados consolidados, esse número foi de apenas 22. Hoje, foram apenas duas solicitações até as 11h50.
A redução, consequentemente, reflete também na média móvel de solicitações. Nesse domingo (22), a taxa ficou em 18. Há três meses, em 29 de maio, o RN registrava a maior média móvel da pandemia, ficando em 136.
O intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina AstraZeneca foi reduzido em cidades de ao menos cinco estados no Brasil. O Ministério da Saúde atualmente recomenda 12 semanas (três meses), mas o prazo foi encurtado por gestores que buscam ampliar a proteção da população contra a variante delta do coronavírus.
Em resumo, o que está em jogo:
Ministério da Saúde escolheu o maior prazo previsto em bula para aumentar o total de pessoas vacinadas com ao menos 1 dose, já que a AstraZeneca oferece proteção parcial de 76% já 21 dias após a primeira aplicação;
Estados encurtam o prazo para aumentar a proteção contra a variante delta mesmo sem orientação do governo federal: estudos apontam que somente a vacinação completa protege contra a variante;
O ministério chegou a estudar a redução do prazo, mas reunião da Câmara Técnica manteve as 12 semanas;
Já divulgaram a redução do intervalo: Pernambuco (60 dias), Acre (45 dias), Ceará (60 dias), Espírito Santo (70 dias) e Piauí (70 dias) (Alagoas e Sergipe fizeram mudanças pontuais). O estado de São Paulo também manifestou essa intenção, mas disse ainda depender de aval da Anvisa.
Previsão em bula
A bula da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção e importação da tecnologia da AstraZeneca, já informa que “a segunda injeção pode ser administrada entre 4 e 12 semanas após a primeira”.
A AstraZeneca reafirmou em nota ao G1 que “os estudos realizados até o momento demonstram que a vacina é eficaz na prevenção da Covid-19 sintomática quando aplicada neste intervalo de tempo”, de 4 a 12 semanas. A farmacêutica disse, ainda, que a vacinação com a segunda dose após 60 dias “foi avaliada em estudos clínicos – e, por isso, está aprovada”.
Já o Ministério da Saúde informou que “acompanha a evolução das diferentes variantes do Sars CoV-2 no território nacional e está atento à possibilidade de alterações no intervalo recomendado”. A pasta também disse que “o tema foi, inclusive, discutido amplamente na Câmara Técnica Assessora em Imunizações, em reunião realizada no dia 2 de julho deste ano, sendo que o parecer (…) foi a de manutenção deste intervalo”.
Avanço da variante delta
Até o momento, a variante gama é a dominante no país, mas, no último mês, foram confirmados casos da delta inclusive na cidade de São Paulo. Enquanto isso, menos de 14% da população brasileira recebeu as duas doses contra a Covid-19.
A baixa taxa de adesão à segunda aplicação é um risco para o combate a todas as versões do vírus, já que garante um índice maior de proteção contra a versão grave da doença. A necessidade do ciclo completo da vacinação se torna ainda maior quando a delta chega ao Brasil: estudos indicam que apenas com a aplicação do reforço é possível barrar a nova variante.
Proteção só com duas doses
Nesta quinta-feira (8), a revista científica “Nature” apresentou um estudo assinado por cientistas do Instituto Pasteur e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês). Os resultados mostram que a delta é parcialmente resistente a alguns tipos de anticorpos, mas que duas doses da vacina da Pfizer ou da AstraZeneca/Oxford são capazes de neutralizá-la.
Ao G1, a AstraZeneca apontou outra pesquisa feita pelo governo do Reino Unido que demonstra a eficácia da vacina. O documento sobre o artigo publicado pela farmacêutica diz que “duas doses da vacina COVID-19 AstraZeneca são 92% eficazes contra a hospitalização devido à variante delta e não mostraram mortes entre os vacinados”, dados divulgados com base no estudo.
Medida apoiada por especialistas
“Neste momento, tendo em vista principalmente a possibilidade do avanço da variante delta, que tem um impacto de proteção contra a infecção de pessoas que receberam apenas uma dose, é importante que a gente avance no percentual com segunda dose. Eu acredito que essa medida deva ser tomada pelo estado de São Paulo e também pelo Brasil, pelo Programa Nacional de Imunizações”, avalia Ethel Maciel, pós-doutora em epidemiologia.
André Bon, infectologista do Hospital Sírio Libanês, também esclarece que a eficácia do imunizante “está mais relacionada com a maneira como ele foi produzido e o tipo de antígeno utilizado”.
“Quanto mais rápido possível a gente conseguir aumentar a cobertura vacinal da população, melhor vai ser” – André Bon, infectologista.
Necessidade: planejamento e comunicação uniforme
O ideal, segundo todos os especialistas, é o maior número de pessoas imunizadas o mais rápido possível. Isabella Balalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), explica que a confiança da população a respeito da vacina também está ligada a uma unidade das medidas e de uma liderança dentro do programa de imunizações.
“O ideal seria a gente já ter toda a população com duas doses. Isso é o ideal. Agora, daqui pra frente, que a gente tenha um planejamento único. Por que cada um, cada estado, cada município fazendo diferente isso gera muita dúvida e dúvida leva a não adesão da população” – Isabella Balalai
“Afinal de contas, a gente ainda é um país só. A vacinação, todas as campanhas, todos os resultados que a gente conseguiu com vacinação foi com o país todo fazendo a mesma coisa”, completou.
Dois novos medicamentos se mostraram eficazes na redução da mortalidade pela Covid-19. Os anti-inflamatórios tocilizumabe e sarilumabe, normalmente utilizados no tratamento de artrite reumatoide, diminuíram em 8,5% o risco de morte em pacientes graves, internados com a doença. Além de salvar mais vidas, os tratamentos aceleram a recuperação dos pacientes e reduzem em cerca de uma semana o tempo na terapia intensiva.
O estudo, realizado por pesquisadores do Reino Unido, contou com a participação de 792 pacientes, de cinco países. Os pacientes foram divididos em três grupos: 397 pacientes receberam o tratamento padrão, 350 foram tratados com tocilizumabe e 45 com sarilumabe. O tratamento com esses medicamentos, administrados por infusão intravenosa, começou em menos de 24 horas após a entrada na UTI. Os pacientes foram monitorados por 21 dias.
Os resultados mostraram que entre os aqueles que receberam o tratamento padrão, a mortalidade foi de 35,8%, contra 28% nos pacientes que receberam, tocilizumabe e 22,2% nos tratados com sarilumabe. Isso representa um risco médio de mortalidade de 27,3% no tratamento com esses medicamentos, queda de 8,5% no risco absoluto de morte.
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De acordo com o estudo, publicado quinta-feira, 7, na plataforma medRxiv, ambos parecem funcionar igualmente bem e aumentam a quantidade de medicamentos capazes de reduzir a mortalidade pela Covid-19. Até o momento, apenas esteroides, como a dexametasona, haviam apresentado este efeito.
Os resultados foram vistos com surpresa pela comunidade científica, já que estudos anteriores com estes medicamentos mostraram pouco ou nenhum benefício em pacientes hospitalizadas por Covid-19. Segundo Anthony Gordon, professor no Imperial College London, e um dos coautores do estudo, as pesquisas anteriores incluíam um número menor de pacientes graves, o que pode ter impactado nos resultados.
Tanto o tocilizumabe quanto o sarilumabe são conhecidos como antagonistas do receptor da IL-6, que atenuam a reação exagerada do sistema imunológico, associada ao agravamento dos casos de Covid-19.
Embora ainda precise ser revisado por pares e publicado em uma revista científica, os resultados já começam a gerar frutos. O NHS, serviço de saúde do Reino Unindo, anunciou que começará a usar o tocilizumabe no tratamento de pacientes com coronavírus a partir desta sexta-feira, 8.
Instituições financeiras reduziram, pela décima vez seguida, a estimativa para a inflação este ano. Segundo pesquisa do Banco Central (BC) feita ao mercado financeiro, divulgada todas as segundas-feiras pela internet, a previsão para a inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, passou de 3,42% para 3,28% em 2019.
Para 2020, a estimativa caiu de 3,78% para 3,73%, na segunda redução seguida. A previsão para os anos seguintes não teve alterações: 3,75% em 2021, e 3,50%, em 2022.
As projeções para 2019 e 2020 estão abaixo do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Para o mercado financeiro, a Selic deve terminar 2019 em 4,75% ao ano. Atualmente, a Selic está em 5,5% ao ano.
O mercado financeiro alterou a expectativa para o fim de 2020 de 5,5% para 4,75% ao ano.
Para 2021, a expectativa é que a Selic termine o período em 6,50% ao ano, a mesma previsão há duas semanas. Para o fim de 2022, a previsão permanece em 7% ao ano, há 12 semanas.
Crescimento da economia
A previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é mantida em 0,87% em 2019, há seis semanas consecutivas.
As estimativas para os anos seguintes também não foram alteradas: 2% em 2020; e 2,50% em 2021 e 2022.
Dólar
A previsão para a cotação do dólar segue em R$ 4 e, para 2020, em R$ 3,95.
Resultado da vacinação.