Política

Reformas e PEC do Voto Impresso serão prioridade no 2º semestre, anuncia Arthur Lira

Fotos: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados/Reprodução/Twitter

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quarta-feira (28) que a análise das propostas de reforma tributária e administrativa, a privatização dos Correios e a reforma do sistema eleitoral estão entre as prioridades de votação da Casa após o recesso parlamentar. O retomada dos trabalhos no Congresso Nacional está marcada para 2 de agosto.

Em mensagem em uma rede social, Lira informou que, na primeira semana de trabalho, colocará na pauta o Projeto de Lei (PL) 2.337/21. O parecer preliminar da segunda fase da proposta foi apresentado pelo relator, Celso Sabino (PSDB-BA), no último dia 13.

“Como prioridades para o segundo semestre, teremos votações importantes. Logo na primeira semana, na volta do recesso, estamos com tranquilidade para votação da primeira etapa da reforma tributária, a que define as novas regras para o Imposto de Renda [IR]”, tuítou Lira.

Entre outros pontos, o parecer amplia a redução do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), atualmente em 15%. Sabino propôs que, para empresas com lucro de até R$ 20 mil por mês, a alíquota seja reduzida de 15% para 5% em 2022 e para 2,5% em 2023. Já a taxação do Imposto de Renda para empresas com lucro acima de R$ 20 mil cairia de 25% para 12,5%. O governo havia proposto que a alíquota geral do IRPJ fosse reduzida de 15% para 12,5% em 2022, e 10% a partir de 2023.

A isenção de Imposto de Renda sobre o rendimento de fundos de investimentos imobiliários (FII) foi mantida. A proposta original da equipe econômica previa taxação de 15%. A tributação sobre dividendos será retirada em uma situação: quando o lucro é distribuído entre subsidiárias de uma mesma holding. Nas demais situações, a alíquota de 20%, proposta pelo governo, foi mantida.

O relator também permitiu que prejuízos com ativos financeiros compensem lucros em outras modalidades de investimentos em operações de até três meses. Com tal mecanismo, o rendimento total seria reduzido, fazendo o investidor pagar menos Imposto de Renda. Sabino retirou a obrigatoriedade de que construtoras e imobiliários apurem IR pelo lucro real, modalidade atualmente usada apenas por grandes empresas.

Sabino manteve ainda a cobrança de 20% de IR sobre dividendos continuou no texto, assim como o fim da dedução dos juros sobre capital próprio, forma de remunerar os acionistas que hoje resulta em menos imposto para as empresas. O relator também manteve o limite proposto de R$ 40 mil de renda anual para a pessoa física declarar Imposto de Renda no modelo simplificado. Caso seja aprovada, a proposta afetará 6,8 milhões de contribuintes, que perderiam o benefício.

Correios

Segundo Lira, a Câmara vai também analisar o projeto de privatização dos Correios, cujo texto foi apresentado em fevereiro pelo governo federal. Em abril, a Câmara aprovou a urgência na tramitação do Projeto de Lei (PL) 591/21 que trata da exploração dos serviços postais pela iniciativa privada. Aprovado no dia 20 de abril, aguarda deliberação sobre o mérito. O regime permite acelerar a análise do texto.

De acordo com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, caberá ao Congresso Nacional definir o modelo de privatização dos Correios, estatal 100% pública. Além de estabelecer que o Sistema Nacional de Serviços Postais (SNSP) poderá ser explorado em regime privado, o texto prevê que a União mantenha para si uma parte dos serviços, chamada na proposta de “serviço postal universal”, que inclui encomendas simples, cartas e telegramas.

“Além da privatização dos Correios, vamos analisar as reformas política e administrativa. Temos ainda que discutir a reforma eleitoral. A Câmara dos Deputados segue fazendo seu papel, que é aprovar modernização legislativa, sempre em discussão com a maioria dos líderes”, disse Lira.

A reforma do sistema eleitoral tramita por meio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19. O principal ponto do texto é o que torna o voto impresso obrigatório. O texto apresentado pelo relator, Filipe Barros (PSL-PR), no final de junho, determina que se adote um tipo de urna eletrônica que permita a impressão do registro do voto. Essa espécie de cédula em papel será então depositada em recipiente indevassável, assegurada a conferência pelo eleitor, mas sem qualquer contato manual.

O texto ainda precisa ser votado pela comissão especial que analisa o tema. A previsão, segundo Lira, é que o relatório seja votado pelo plenário a partir do dia 4 de agosto.

Já a reforma administrativa (PEC) 32/20) ainda precisa ser analisada por uma comissão especial. Os trabalhos do colegiado tiveram início no dia 16 de junho. A PEC, encaminhada ao Congresso em setembro do ano passado, mexe na Constituição para alterar disposições sobre servidores, empregados públicos e também modifica a organização administrativa do Estado.

O relator da proposta, Arthur Maia (DEM-BA), propôs a realização de 12 audiências públicas sobre o tema. Os deputados já aprovaram uma série de requerimentos com convites a autoridades para debater a proposta. Um dos convidados é o ministro da Economia, Paulo Guedes. Maia tem prazo mínimo de 10 e máximo de 40 sessões da Casa, contadas a partir da data de instalação do colegiado.

Os deputados pretendem realizar ainda diversas audiências públicas para debater o impacto da reforma sobre os serviços públicos federais, inclusive na educação pública e também sobre os serviços públicos incumbidos do enfrentamento de situações de emergência e calamidades públicas, em particular a pandemia de covid-19.

Também serão chamados representantes de diversas categorias, nas áreas de segurança pública, do Judiciário e da Educação e sindicalistas, além de servidores da Receita Federal. A comissão também aprovou o pedido de informações sobre a reforma de órgãos do governo e deve realizar ainda seminários estaduais para debater o tema.

Agência Brasil

Opinião dos leitores

  1. O voto auditável já foi aprovado antes e negado pelo STF (mais um absurdo). Já foi alvo de projetos de Roberto Requião, de Brizola Neto e de Flávio Dino (isso mesmo!), e do então deputado Jair Bolsonaro. O próprio TSE defendia em video que existia no seu “site” e que foi excluido recentemente. Mais transparência e segurança é sempre bom. Por que tanto medo da oposição e até de ministros do STF? É para desconfiar.

    1. Aí vc se engana, é de interesse da sociedade por mais transparência, coisas que vcs PeTralas não gostam.

    2. Na verdade, defendendo os interesses do CENTRÃO. E o POVÃO que se lixe !

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Educação

MEC publica editais com datas do Sisu, Prouni e Fies do 2º semestre, e candidato poderá usar notas do último Enem

Candidatos interessados devem ficar atentos às datas de inscrição para programas de acesso ao ensino superior. — Foto: Nikolay Frolochkin/Creative Commons

O Ministério da Educação (MEC) publicou nesta segunda-feira (28) no Diário Oficial da União os editais com datas e regras para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Programa Universidade para Todos (Prouni) e Financiamento Estudantil (Fies).

Os candidatos que fizeram o Enem 2020, em janeiro último, poderão usar as notas pela primeira vez. Isso porque, na seleção do 1º semestre desses processos, foram aceitas notas de edições anteriores.

Os desempenhos dos candidatos no Enem 2020 foram divulgados em março, após a abertura dos editais dos programas de acesso ao ensino superior. O atraso ocorreu devido ao adiamento do Enem, por causa da pandemia.

O Prouni e o Sisu só aceitarão as notas do Enem 2020. A edição teve alto índice de abstenção, mais da metade dos candidatos não foram fazer as provas. O edital do Fies prevê o uso das notas do Enem de 2010 a 2020.

Em maio, a pasta já havia divulgado as datas de previsão de abertura das inscrições. Os editais, agora, confirmam a informação.

Confira abaixo as datas:

Prouni: de 13 a 16 de julho

Fies: de 27 a 30 de julho

Sisu: de 3 a 6 de agosto

Embora em maio o MEC tenha informado o prazo de abertura das vagas remanescentes do Fies, o Diário Oficial desta segunda não traz informações sobre este processo específico. A previsão do ministério é que o processo ocorra de 8 a 10 de setembro e de 27 a 29 de outubro.

Prouni

O Prouni oferece bolsas de estudos para que estudantes possam arcar com o custo das mensalidades em universidades particulares. Há bolsas integrais, com o valor total, e parciais, de 50%.

As inscrições para o segundo semestre abrirão em 13 de julho e se encerram às 23h59 de 16 de julho. Serão aceitas somente as notas do Enem 2020.

Poderá concorrer à bolsa do Prouni quem:

Fez ensino médio em escola pública ou foi bolsista integral em escola particular

É estudante com deficiência, de escolas públicas e privadas

Não tem diploma de graduação

Fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020

Tirou 450 pontos na média das notas do exame

Não zerou na redação

Tem renda familiar mensal bruta por pessoa de até 1,5 salário mínimo, para bolsa integral

Tem renda familiar mensal bruta, por pessoa, de até 3 salários mínimos para bolsas parciais (50%)

Ser professor da rede pública trabalhando na educação básica – independente da renda

Após o resultado da primeira chamada, os candidatos precisarão apresentar, junto às instituições de ensino, os documentos que comprovem que se enquadram nos requisitos para concorrer ao benefício. Confira abaixo as datas anunciadas pelo MEC:

Prouni do 2º semestre de 2021:

Inscrições: 13 a 16 de julho

1ª chamada: 20 de julho

Comprovação das informações: 20 a 28 de julho

2ª chamada: 3 de agosto

Comprovação das informações: 3 a 11 de agosto

Inscrição na lista de espera: 17 e 18 de agosto no site http://siteprouni.mec.gov.br

Divulgação da lista de espera para as instituições de ensino: 20 de agosto

Comprovação das informações: 23 a 27 de agosto

Fies

O programa de Financiamento Estudantil (Fies) oferece crédito para estudantes pagarem as mensalidades em instituições privadas com juros zero ou variados, conforme a renda do candidato. As inscrições abrem em 27 de julho e se encerram às 23h59 de 30 de julho. O programa oferece financiamento com:

Juro zero: voltado a estudantes com renda mensal familiar de um a três salários mínimos;

Juros variados (P-Fies): direcionado a alunos com renda mensal familiar de até cinco salários mínimos.

O candidato poderá usar a nota do Enem desde a edição de 2010 até a de 2020. Confira abaixo as datas confirmadas pelo edital:

Fies do 2º semestre de 2021

Inscrições: de 27 a 30 de julho

Resultados (pré-selecionados): 3 de agosto

Complementar inscrição: 4 a 6 de agosto, no site http://fies.mec.gov.br

Convocação da lista de espera: 4 a 31 de agosto (quem não foi pré-selecionado na chamada única é automaticamente incluído na lista de espera).

Sisu

O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) usa a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para selecionar estudantes para vagas em universidades públicas. Mas, por causa da pandemia, o Sisu do primeiro semestre abriu antes da realização do Enem 2020 (que foi feito em março). Os candidatos puderam usar as notas de outras edições do exame.

No segundo semestre, a seleção abrirá em agosto. Nesta etapa, os candidatos só poderão usar as notas do Enem 2020. Para isso, o candidato não poderá ter zerado na redação nem ter participado da edição como “treineiro”.

Confira abaixo o calendário previsto:

Sisu do 2º semestre de 2021

Inscrição: 3 a 6 de agosto por meio do site http://sisu.mec.gov.br

Resultado: 10 de agosto

Período de matrícula: 11 a 16 de agosto

Inscrição na lista de espera: 10 a 16 de agosto

A divulgação da lista de espera por turno, curso e modalidade de concorrência deverá ser feita pelas instituições de ensino. O edital prevê que é responsabilidade do candidato acompanhar as páginas eletrônicas das instituições para não perder os prazos.

G1

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Saúde

Covid-19: Fiocruz prevê entrega de 100 milhões de doses no 2º semestre

Foto: © Marcello_Casal

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) adiantou nesta quarta-feira(2) que a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) nacional deve permitir a entrega de 50 milhões de doses da vacina contra covid-19 em 2021. Segundo a fundação, foi firmado novo acordo com a AstraZeneca para a importação de IFA suficiente para mais 50 milhões de doses, somando 100 milhões de doses a serem entregues no segundo semestre.

A projeção inicial da fundação, divulgada ainda em 2020, era a produção de 110 milhões de doses com IFA nacional em 2021, mas a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, explicou que essa era uma estimativa feita ainda com a vacina em fase de testes.

“As 110 milhões foram uma estimativa com os dados que tínhamos antes mesmo de a vacina ser aprovada, antes de várias etapas terem acontecido e os problemas iniciais com o IFA”, citou a presidente da fundação, ao reforçar que a Fiocruz trabalha para conseguir mais IFA e produzir mais vacinas. “Nosso esforço é por IFA adicional, e isso já está contratualizado. Um esforço para mais IFA, se for possível, porque há uma carência [internacional]. Essa vacina está sendo usada em 170 países”.

A Fiocruz assinou nesta semana o acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca para garantir a produção de IFA nacional. Até o fim de julho, serão entregues 100,4 milhões de doses produzidas somente com IFA importado e previstas no acordo de encomenda tecnológica, assinado no ano passado.

Além do esforço para ampliar a produção do segundo semestre, a Fiocruz busca reduzir a possibilidade de haver uma interrupção de entregas, já que as doses da encomenda tecnológica serão liberadas até julho e as da produção nacional de IFA só devem ter a distribuição autorizada pela Anvisa em outubro. Além de carregamentos adicionais de IFA importado, a fundação tenta conseguir também mais doses prontas, como as 4 milhões que chegaram da Índia em janeiro.

O diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, ressaltou que todas as alternativas estão sendo avaliadas e articuladas para que mais vacinas sejam disponibilizadas à população. Sobre a previsão inicial de doses totalmente nacionais, ele reforçou que o maior conhecimento sobre a vacina permitiu fazer uma previsão mais precisa.

“À medida em que a gente foi conhecendo melhor o processo, detalhando melhor os protocolos de produção e conhecendo melhor os rendimentos, à medida que a gente foi tendo essas informações, a gente teve uma capacidade maior de fazer uma previsão mais precisa”, disse ele. “Nesse momento, a gente viu que até pode produzir mais do que 50 milhões de doses, mas dificilmente a gente consegue entregar, porque várias dessas doses estarão em controle de qualidade”.

Mesmo assim, o diretor destaca a dificuldade de fixar previsões de doses. “Vai depender do rendimento que a gente vai conseguir do IFA. O IFA varia lote a lote, tem concentrações virais diferentes, volumes diferentes, e isso pode gerar mais ou menos doses”.

Zuma avalia que a assinatura do contrato de transferência de tecnologia ter acontecido no fim de maio não atrasou a produção do IFA, porque as informações técnicas já vinham sendo compartilhadas pela AstraZeneca desde agosto do ano passado. A negociação do acordo, afirma ele, trouxe a possibilidade de aperfeiçoamentos futuros na vacina serem compartilhados com a Fiocruz, assim como a fundação se compromete a compartilhar quaisquer melhoramentos que faça na vacina.

Agência Brasil

Opinião dos leitores

    1. Nem no futebol somos mais o 5° do mundo, Bolsonaro colocou o Brasil em 5° no mundo na vacinação. Bolsonaro 2022, como diria Maju , ” O choro é livre”

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Abertas as inscrições na Ufersa e IFRN no Sisu para 2º semestre; quase 1,7 mil vagas

O Rio Grande do Norte oferece 1697 vagas de graduação no segundo semestre de 2017 pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), em 38 cursos da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) As inscrições foram abertas nesta segunda-feira (29) e vão até o dia 1º de junho.

A Ufersa oferece 1.320 vagas para 25 cursos de bacharelado e licenciatura em Mossoró, Pau dos Ferros e Caraúbas. Já o IFRN, 377 vagas para 13 licenciaturas e cursos de nível tecnológico em seis campi: Natal/Central, Natal/Zona Norte, Santa Cruz, Mossoró, São Gonçalo do Amarante e Nova Cruz.

Para fazer a consulta, acesse o site oficial do Sisu e clique no botão ‘pesquisar vagas’. É possível buscar por curso, instituição ou município. Podem concorrer os estudantes que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado e não tiraram zero na redação. ACESSE AQUI

 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

Banco Central diz que inadimplência no país pode subir no 2º semestre

CQP0t0SWcAAPl5oO diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Anthero Meirelles, disse nesta quinta-feira que pode haver “alguma pressão” de inadimplência no segundo semestre deste ano, dependendo das condições econômicas, mas em patamares historicamente ainda confortáveis. Ele acrescentou que os bancos têm colchão de provisão capaz de suportar esse aumento no calote.

— Estamos em patamares historicamente bastante confortáveis. Temos provisões em níveis bastante satisfatórios e superiores — afirmou.

Segundo o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao primeiro semestre de 2015, divulgado nesta quinta-feira pelo BC, os bancos brasileiros estão em um nível “confortável” de solvência, sem aumento significativo da inadimplência, mesmo em um cenário de desaquecimento econômico, elevação de juros, condições menos favoráveis no nível de emprego e redução da confiança dos consumidores e dos empresários. Esse período de relativa tranquilidade também inclui a possibilidade de default (calote) de empresas investigadas na Operação Java Jato, que revelou um imenso esquema de corrupção na Petrobras:

“Mesmo com elevado grau de conservadorismo, as simulações realizadas indicam que o sistema financeiro teria condições de absorver os impactos de “default” das empresas mais vulneráveis citadas na Lava Jato e seu respectivo contágio, incluindo o inadimplemento de empresas fornecedoras e dos seus funcionários”, diz um trecho do documento, publicado semestralmente pelo BC, que descreve a evolução recente do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e os principais riscos a que o sistema e as instituições estão expostos.

De acordo com o relatório, no caso específico da Lava Jato, embora a rentabilidade fosse bastante afetada, nenhuma instituição financeira ficaria insolvente, e o impacto geraria necessidade de capital de R$130 milhões para o reenquadramento de instituições. Mesmo ampliando a hipótese de default para todas as empresas citadas, seus respectivos grupos, rede de conexões e funcionários, o Sistema Financeiro Nacional continuaria mostrando alta resistência, com nenhuma instituição insolvente e uma necessidade de capital para reenquadramento de R$3,4 bilhões, o que equivale a 0,4% do PR (Patrimônio de Referência) atual do sistema.

Meirelles explicou que as avaliações sobre a possibilidade de default por empresas citadas na Lava Jato não abrangem a Petrobras, que não foi objetivo desse tipo de projeção. Levou-se em conta empreiteiras e outros empreendimentos que têm negócios com a estatal brasileira de petróleo.

— Não vou citar nomes específicos [desta ou aquela empresa investigada]. Nosso trabalho contemplou várias situações. considerando que todos os grupos envolvidos — disse.

O BC destaca, no relatório, que mesmo nesse ambiente de crise na economia do país, a inadimplência não apresentou aumento significativo até o encerramento do semestre, ainda que, em parte, devido a cessões e renegociações de crédito. “O montante de provisões continua significativamente superior à inadimplência, o que evidencia a resistência do sistema de crédito ante o cenário acima descrito”.

” A confortável situação de solvência do sistema pôde ser constatada pela estabilidade, no semestre, dos elevados níveis de capitalização e pelos resultados da simulação da plena implementação do arcabouço de Basileia III, da introdução do futuro requerimento de Razão de Alavancagem e dos testes de estresse. Esses últimos mostraram que o sistema bancário brasileiro apresentou adequada capacidade de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários adversos bem como de mudanças abruptas nas taxas de juros e de câmbio, na inadimplência ou nos preços dos imóveis residenciais”.

No primeiro semestre, o BC elevou em 2,0 pontos percentuais a meta para a taxa Selic ao longo do semestre, a fim de impedir que o realinhamento de preços relativos, intensificados nos primeiros meses de 2015, contaminassem as expectativas inflacionárias e as desviasse da trajetória de convergência da inflação para a meta de 4,5% ao final de 2016. Conforme o REF, no sistema bancário, o risco de liquidez de curto prazo apresentou aumento no último semestre, mas permaneceu em nível confortável.

“O risco de liquidez estrutural não se alterou, e as operações de longo prazo continuam suportadas por fontes de recursos estáveis. Segue baixa a dependência de recursos externos”.

A evolução do cenário externo permaneceu complexa no primeiro semestre de 2015, diz o relatório. Embora tenham sido reduzidos os riscos derivados do baixo crescimento nas economias maduras, focos de volatilidade foram observados nos mercados de moedas, de ações e de renda fixa.

“Os riscos associados aos mercados emergentes aumentaram no período, refletindo a desaceleração do crescimento econômico, a deterioração das condições de financiamento e, para os países exportadores de commodities, a redução dos preços das matérias-primas”.

O REF aponta, ainda, o fato de o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, ter sinalizado a proximidade do início da normalização da sua política monetária. Em situação menos favorável, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BoJ) mantiveram seus programas de compras de ativos, ainda com os objetivos de estimular a recuperação econômica e de afastar o risco de deflação. Em consequência dessas diferentes dinâmicas, o dólar seguiu valorizando-se ante as principais moedas.

“Na Europa, o acirramento da crise na Grécia exigiu a assinatura de novo acordo com a União Europeia em julho. Na China, a economia continuou em desaceleração, registrando expressivas baixas no mercado acionário a partir de junho, que motivaram a adoção de medidas extraordinárias para a estabilização das bolsas de valores”.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Aí, os inteligentes do governo, fazem o jogo dos bancos, liberando os juros, fazendo com que o povo afunde, mais ainda, em dívidas, aumentando a inadimplência e a recessão. Viva o Brasil…

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *