Em sua segunda entrevista consecutiva na manhã desta quinta-feira, desta vez à rádio baiana Metrópole, a presidente Dilma Rousseff disse que o mote de sua campanha será: “a verdade vai vencer o pessimismo”. Segundo ela, os fatos que serão revelados pelo PT até as eleições vão superar o pessimismo que foi “instilado” na população. Ela lembrou o slogan da campanha vitoriosa de Lula em 2002, que dizia: ” a esperança vai vencer o medo”.
– O mote da minha campanha é “a verdade vai vencer o pessimismo”. O que vence o pessimismo é a verdade dos fatos. E os fatos estão aí – disse Dilma, completando que houve um “pessimismo sistemático instilado por aqueles que querem mudança, mas querem voltar atrás”.
Ela voltou a reclamar que houve expectativas pessimistas na economia e que tais previsões, como crise cambial e “tempestade perfeita” não se confirmaram.
– Não teve crise cambial no Brasil. Vão se acumulando expectativas pessimistas. Agora inventaram que vai ter tarifaço. Há hoje de forma deliberada um processo de criação de expectativas negativas nocivo ao país – disse.
Dilma também aproveitou para alfinetar o governo do tucano Geraldo Alckmin, que enfrenta em São Paulo gravíssima crise de abastecimento de água. Para Dilma, não foram feitos investimentos no Estado.
– Lá em São Paulo não investiram – acusou.
A presidente, por outro lado, disse que sob sua gestão que não ocorreu nem ocorrerá racionamento energético, porque o governo fez “o dever de casa na área de energia”.
Perguntada sobre a reforma política que prometeu fazer depois da grande onda de manifestações que se espalhou pelo Brasil em junho do ano passado, Dilma disse que seu governo tentou várias vezes levar a cabo esse projeto, mas que é necessária mobilização popular para que o Congresso aprove as mudanças.
– Tentamos várias vezes aprovar reforma política. Acredito que uma grande mobilização popular pode criar legitimidade e força para reforma política – pontuou.
Sobre inflação, Dilma foi categórica em afirmar que encerrará 2014 dentro da meta, cujo teto da banda é 6,5% ao ano.
– A inflação está caindo e vai fechar direitinho na meta, dentro da banda – disse.
PROMESSAS PARA MAIS MÉDICOS
Do Palácio da Alvorada, Dilma concedeu duas entrevistas ao vivo a rádios baianas, uma após a outra. A primeira foi à rádio Sociedade.
Na primeira entrevista, Dilma anunciou que, se for reeleita, irá incluir médicos especialistas no programa Mais Médicos, que atualmente só conta com profissionais clínicos gerais.
– Queremos partir para a criação do serviço que garanta agilidade no atendimento do médico especialista, aquele que vai cuidar de um problema de coração, aquele ortopedista, e ao mesmo tempo garantir acesso a exames laboratoriais – prometeu.
REFORMA TRIBUTÁRIA
A presidente Dilma Rousseff voltou a falar na manhã desta quinta-feira que pretende fazer uma reforma tributária em um eventual segundo governo. Em entrevista à rádio sociedade, da Bahia, ela disse que depois de tentar muitas vezes fazer uma ampla reforma, resolveu iniciar o processo por partes, dando início primeiramente à desoneração da folha de pagamento de setores específicos da indústria.
– A reforma tributária diz respeito a quem ganha e quem perde numa distribuição e redistribuição de tributos. Ela tem muitas dificuldades de ser feita no todo. Depois de tentar muitas vezes, começamos a fazer por partes (com) a desoneração da folha de pagamento. Queremos que as pessoas tenham a oportunidade de trabalhar. Se o empresário tem menos tributo na folha, se sente mais confiante em ampliar o número de trabalhadores – disse a presidente, acrescentando em seguida que “é muito complicado” fazer uma reforma política sem discutir amplamente quem ganha e quem perde com as mudanças.
Na sabatina da qual participou ontem, na Confederação Nacional da Indústria (CNI), Dilma já havia dito que se for reeleita vai levar em frente uma reforma tributária, e que se não houver clima no Congresso para fazê-la integralmente, a fará de forma fatiada.
INFLAÇÃO SOB CONTROLE
Em resposta a uma pergunta sobre a dívida pública, Dilma disse que atualmente o Brasil tem a menor relação dívida/PIB da história. Ela citou que quando o PT assumiu o poder, em 2003, a dívida pública em relação ao PIB era 60% e hoje está em 34,2%. Sobre a inflação, Dilma disse que está “completamente sob controle” e tentou explicar o regime de meta e banda de flutuação que o governo adota, mas não pode concluir sua explanação porque o locutor da rádio a interrompeu.
– A inflação no Brasil é muito interessante: no primeiro semestre do ano ela sobe e no segundo ela cai. Todo ano é assim. Ela esta completamente sob controle. Temos o regime de meta e uma banda de flutuação, (a inflação) tem que estar dentro da banda. a meta é 4,5%. há 15 anos é medida por esse método. Nesses 15 anos em três anos esteve acima de 4,5%- afirmava Dilma, quando foi cortada pelo locutor, que tentava conseguir dela um comprometimento de participar de um debate com outros presidenciáveis no dia 27 de agosto.
– Não controlo integralmente minha agenda, não sei de cabeça- esquivou-se Dilma, dizendo que não era possível confirmar sua participação.
A presidente também respondeu perguntas sobre o andamento do programa Minha Casa Minha Vida, de moradias populares, na Bahia e disse que na próxima etapa, prevista para começar no ano que vem, 3 milhões de unidades habitacionais deverão ser construídas. Ela concedeu a entrevista ao vivo de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada.
O Globo
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