Comportamento

Desgaste entre os casais no confinamento faz flertes virtuais crescerem na pandemia, alerta levantamento do Google Trends

Foto: Arte sobre imagem Shutterstock

Um colega de escola, por quem nunca nutriu o menor interesse, tornou-se a grande diversão da publicitária mineira Mayra*, de 38 anos, durante a quarentena. Casada há 8 com um engenheiro civil e mãe de uma menina de 4, Mayra, como boa parte das mulheres brasileiras, não aguentava mais a múltipla jornada da pandemia e acabou encontrando no antigo amigo uma distração em meio a tantas tarefas. “O que começou com uma discussão política no grupo de WhatsApp dos ex-alunos do colégio virou um papo só nosso, em uma conversa privada”, conta. Em pouco tempo, suas visões de direita e esquerda foram cedendo espaço para temas muitos mais íntimos. “Resultado: acabamos trocando palavras eróticas e nudes, algo que em anos de casamento, nunca havia feito. Nem ele.” Se a intimidade entre os dois sairá do plano virtual para o real, só o fim da pandemia dirá.

Enquanto esse dia não chega, muitos comprometidos têm adotado a paquera virtual como uma fuga. De acordo com levantamento do Google Trends realizado na primeira quinzena deste mês, a busca por “aplicativos de relacionamento para casados” aumentou em 120%. E o assunto virou até tema de livro. No recém-lançado e-book “Relacionamentos amorosos na era digital”, organizado por Adriana Nunan e Maria Amélia Penido, há uma série de dicas sobre como usar os apps.

Casado há 25 anos, o advogado carioca Fabio* é um dos novos usuários do Ashley Madison, aplicativo voltado para pessoas comprometidas — com o lema “a vida é curta, curta um caso”, a plataforma fez sucesso na pandemia ao receber mais de 4.200 novos usuários no Brasil, no período entre 21 de março e 1º de julho. A empresa garante o sigilo dos internautas. De todo modo, Fabio desenvolveu uma série de técnicas para não ser flagrado. A principal é dizer de cara que é casado e que não pretende largar a família. “Poupa muita dor de cabeça”, acredita. “A minha mulher não sabe dessas escapulidas. Quer dizer, pode até desconfiar, mas não tem certeza. A dúvida garante certa tranquilidade. Quando você tem certeza da traição, tem que tomar uma atitude.”

E, afinal, ficar de papo na internet pode ser considerado traição? “Eu não tenho essa resposta! O casal é que precisa deixar claro os limites. Tem gente que não se importa que o parceiro transe com outra pessoa desde que o companheiro conte. Já para outros, uma curtida numa foto é o fim do mundo”, diz o psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py. “Tenho notado uma crise nos casamentos, principalmente nos últimos meses, por causa do confinamento. As pessoas nunca precisaram conviver muito e por tanto tempo num mesmo ambiente. Nem nas férias! Afinal, tem a mudança de ambiente. A mulher briga com o marido e vice-versa, e ninguém pode sair para espairecer. A internet virou uma válvula de escape”, completa o especialista.

Não existem pesquisas oficiais sobre as puladas de cerca virtuais. O site “Huffington Post” publicou uma sondagem que verificou que 81% dos advogados responsáveis por divórcio no mundo dizem que usam os perfis virtuais dos ex-companheiros de seus clientes para investigar possíveis traições. Por aqui, o professor de Direito da Universidade do Estado do Amazonas Antonio Loureiro e outras duas colegas fizeram, no final do ano passado, um levantamento informal para o estudo “Infidelidade virtual: Violação ao dever conjugal de fidelidade recíproca”.

Entrevistaram 53 pessoas, com idades entre 20 e 29 anos. Apesar da pequena amostragem, o resultado é revelador. Quase a metade dos participantes afirmaram que já fizeram uso da internet para a satisfação de prazeres sexuais. Cerca de 30% dos entrevistados confirmaram que já traíram virtualmente seus parceiros. O curioso é que entre essas pessoas, 87% consideram traição um relacionamento on-line. E 58% acham que a pulada de cerca deva gerar uma indenização ao traído.

Buscar na Justiça uma maneira para amenizar o sofrimento para a dor da traição foi o que fez a enfermeira carioca Luciana*, de 42 anos. O casamento entrou em crise ao completar sete anos. “Ele não saía do computador, mas, como era professor, achava que estava resolvendo problemas dos alunos”, conta ela. Um dia, o laptop começou a travar. Quando estava apagando documentos a fim de limpar o HD, ela deparou-se com o arquivo “delete2” e quase caiu para trás ao se dar conta de que se tratava de conversas entre ele e uma amante. O que mais deixou a enfermeira chocada foi saber que o professor dava detalhes da vida sexual do casal. Ela resolveu não só pedir o divórcio como indenização por danos morais. E a situação ficou mais grave porque o ex-marido fazia com a “outra” comentários jocosos sobre o desempenho sexual da esposa.

Luciana ganhou na primeira instância, mas Bernardo recorreu e ganhou depois. Estressada, ela deixou a causa para lá. Hoje, ele está casado com o pivô da separação. Já Luciana está solteira e, por uma ironia do destino, mantém um relacionamento à distância com um amigo. Eles nunca se encontraram, mas são confidentes. Há dois anos, ele se casou. Com outra. “Juro que não falamos nada demais, mas ele fica horas comigo ao telefone.”

Para a escritora e psicanalista Regina Navarro Lins, o casamento pode ser ótimo, basta o casal reformular as expectativas que alimentam a respeito da vida a dois. Como, por exemplo, a ideia de que vão se transformar num só. Segundo ela, a frustração começa aí. “Ninguém deveria ficar preocupado se o parceiro transa ou não com outra pessoa. Homens e mulheres só deveriam se preocupar em responder a duas perguntas. 1) Sinto-me amado? 2) Sou desejado? Se a resposta for sim, o que o outro faz, quando não está comigo, não me interessa”, afirma a psicanalista. A gerente de marketing Luiza* estava casada há 10 anos e fazer sexo com o marido era uma raridade. O jeito para fugir do tédio foi frequentar sites de bate-papo para pessoas comprometidas.

O marido nunca soube de suas incursões. Ela só falava com os amantes virtuais por Skype, pois o programa não tem notificação. Mesmo com cautela, quase foi pega certa vez: apagou um e-mail comprometedor, mas o deixou na lixeira, e ele leu. Convenceu, então, um amigo a ligar para o marido, pedindo desculpas e dizendo que eles haviam namorado quando ela era solteira. “Meu marido não me elogiava mais e, confesso, ficava muito envaidecida quando ouvia que era gostosa”, conta ela, que acabou se separando. Num novo relacionamento, que já ensaia uma crise, cogita reativar a conta nos chats. “Os homens estão muito acomodados. Oferecem um sexo meia-boca e acham que estão abafando. As mulheres têm todo o direito de procurar na rua o que não têm em casa. Não é assim que eles falam?”, diz Luiza.

*Os nomes dos entrevistados foram mantidos em sigilo.

O Globo

 

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Saúde

Confinamento por causa do coronavírus é ‘o maior experimento psicológico da história’, diz especialista em trauma, que alerta “bomba relógio” que pode custar caro ao mundo

FOTOS: CECILIA TOMBESI/GETTY

Estima-se que pelo menos 2,6 bilhões de pessoas foram colocadas sob alguma forma de quarentena em março. Isso representa um terço da população mundial.

Em meados de junho, a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, já havia contaminado mais de 9 milhões de pessoas e matado pelo menos 470 mil.

Alguns países da Europa e Ásia começaram a relaxar suas medidas de contenção, mas na América Latina muitos continuam com severas restrições.

Esses longos meses de confinamento podem levar a consequências psicológicas em grande parte da população.

Segundo Elke Van Hoof, professora de psicologia da saúde na Universidade de Vrije, em Bruxelas, e especialista em estresse e trauma, estamos diante do “maior experimento psicológico da história”.

A falta de atenção das autoridades à assistência psicológica durante a pandemia fará o mundo pagar o preço, diz ela.

A seguir, veja trechos da entrevista de Elke Van Hoof à BBC Mundo, feita por telefone.

BBC Mundo – O que a pandemia pode nos ensinar sobre como as pessoas respondem à adversidade?

Elke Van Hoof – Primeiro, que somos resilientes, ou seja, a maioria de nós conseguiu se reinventar e recriar nossas vidas da melhor maneira possível durante a quarentena.

Elke Van Hoof, professora de psicologia da saúde na Universidade de Vrije, em Bruxelas, e especialista em estresse e trauma. FOTO: INGE WACHTELAER

Temos forças para nos tornar a melhor versão de nós mesmos, independentemente da situação difícil em que nos encontramos. Então, há uma mensagem de esperança.

Segundo, temos as habilidades e o treinamento para melhorar ainda mais, porque podemos treinar as pessoas para terem resiliência.

Poderíamos estar mais bem preparados se tivéssemos abordado a importância da saúde mental antes da covid-19.

Infelizmente, não vi a saúde mental recebendo a atenção adequada nos meses em que estivemos na pandemia. E acho que é certamente algo necessário, porque existe a possibilidade de que isso aconteça novamente.

Pode haver muitos obstáculos para a saúde mental daqueles que enfrentaram a doença em unidades de terapia intensiva ou têm um membro da família doente.

Aí vemos que existe um alto nível de estresse tóxico que devemos abordar e que precisamos monitorar. Também prevemos que haverá uma reação tardia nessa população, de três a seis meses após o final da pandemia.

Portanto, ainda não temos uma boa imagem do escopo do que estamos enfrentando. Esse período de pandemia e a longevidade das possíveis consequências é algo para o qual não estamos bem preparados. É realmente um grande desafio.

BBC Mundo – Por que diz que a quarentena é o maior experimento psicológico da história?

Van Hoof – Porque não sabemos como as pessoas vão reagir. O surto de Ebola, foi local, em menor escala e apenas em alguns países.

Agora, temos empresas que tiveram que fechar e um terço do mundo está confinado. Portanto, não temos um modelo, não sabemos o que vai acontecer. E isso para mim é a definição de um experimento.

BBC Mundo – Quais podem ser as consequências psicológicas?

Van Hoof – A quarentena tem algumas possíveis consequências mentais. A primeira pode ser a pessoa ter a sensação de estar sobrecarregada, não ser capaz de lidar (com obrigações), ter problemas para dormir, ficar mais irritada…

Se você tem uma estrutura familiar, não está sozinho. Mas se você não tiver, tudo se torna bastante solitário. Muitas pessoas estão em quarentena há mais de dois meses, apenas com o contato social de ir ao supermercado ou conectar-se online em uma reunião ou encontro social. Então, os sentimentos de solidão aumentaram muito.

Ao mesmo tempo, quando somos atingidos por uma pandemia de tal magnitude, também tendemos a ser mais solidários e a ter um maior sentimento de coesão social, porque todos sentimos o mesmo. Existem más consequências, mas também existem algumas que dão esperança.

Mas com pessoas vulneráveis ​​é outra coisa. Existe um alto risco de que suas condições tenham progredido ou de que terão de enfrentar desafios adicionais. Falo de abuso de substâncias, vítimas de abuso físico ou de abuso de poder. Veremos quais são as consequências em alguns meses.

Os números variam em todo o mundo, mas existe o risco de a violência aumentar em casa. Esse não é um sinal bom, pois indica que a quarentena tem um efeito severo nas pessoas. Existem muitas incertezas e é por isso que acho que o que está acontecendo deve ser monitorado de perto para que possamos nos adaptar o mais rápido possível.

Precisamos garantir que exista um sistema de atendimento psicológico bem coordenado, que permita às pessoas resolver seus problemas por conta própria, mas para que também possam procurar ajuda para pessoas ou familiares que estão com problemas.

BBC Mundo – É possível que pessoas desenvolvam distúrbios com estresse pós-traumático, como observamos em guerras?

Van Hoof – Sim. Se olharmos para as pesquisas que existem hoje, vemos que o nível de estresse está alto. No entanto, acreditamos que apenas uma pequena porcentagem desse nível de aumento se transformará de fato em transtorno de estresse pós-traumático aproximadamente de 5 a 10%.

E existem certos grupos de risco que podemos identificar. Os mais óbvios são as pessoas que trabalham na área da saúde porque estão na linha de frente.

Há também aqueles com membros da família que foram afetados ou que morreram devido à covid-19. E também mulheres com crianças pequenas, jovens e adultos jovens, porque não suportam o confinamento.Portanto, há vários grupos de alto risco que podem ser identificados. Mas os números ainda não estão claros e só saberemos com certeza em um ano, eu acho.

BBC Mundo – Que sintomas devem causar alerta?

Van Hoof – Uma pessoa pode desenvolver qualquer sintoma. Entre eles: sentir-se mais ansioso, sentir pressão no peito, falta de ar, não dormir bem, ficar mais irritado, ficar muito emotivo…

Temos que enfatizar que essas são reações normais a uma situação excepcional e é um sinal de que o corpo e o cérebro estão tentando se adaptar à nova realidade.Mas quando ficar alerta? Quando a pessoa não consegue mais funcionar normalmente em sua rotina. É aí que é bom procurar ajuda, e pode ser autoajuda ou apoio profissional.

Em muitos países, há sites nos quais uma pessoa que não está se sentindo bem pode obter ajuda. Uma boa ferramenta para saber quando você está em uma zona vermelha (alerta) é o que chamo de “pontuação APGAR (pela sigla em inglês)”, que normalmente é usada para monitorar crianças pequenas e que agora adaptamos como uma ferramenta para saber quando alguém precisa fazer alguma coisa sobre seu emocional.

APGAR significa “aparência, desempenho, crescimento, emoções e relacionamentos”.

A aparência se refere a que você não pareça estar bem porque não está dormindo ou se cuidando durante esse período, enquanto o desempenho pode ser baixo ou alto e funciona tanto no trabalho quanto em casa.

Crescimento é a capacidade e vontade de adquirir novas informações. Se você geralmente entende as coisas razoavelmente rápido e de repente se vê dizendo: “eu não estou entendendo o que estão tentando me dizer” e pede para as pessoas repetirem as coisas três vezes e ainda assim você não entende pode ser sinal de que seu cérebro não está tendo a capacidade ou a vontade de assimilar novas informações.

As emoções dizem respeito a como você as controla, se fica mais emotivo, mas também se mostra uma resposta mais agressiva. E os relacionamentos estão ligados a uma mudança dramática na maneira como você se relaciona com outras pessoas. Pode ser que você fique mais solitário ou procure outras pessoas porque tem medo de ficar sozinho.

A regra geral é que, se pelo menos dois desses cinco denominadores pararem de funcionar abruptamente, você deve procurar ajuda, pois pode estar sofrendo de estresse tóxico.

BBC Mundo – Por que diz que é necessário prestarmos atenção aos tratamentos psicológicos, do contrário, sofreremos consequências?

Van Hoof – Se não prestarmos atenção suficiente e dermos uma reação tardia ao estresse tóxico, as pessoas ficarão mal e não conseguiremos fazer a economia funcionar novamente. As empresas fecharam e, para recuperar a economia e prosperar novamente como sociedade, precisamos que as pessoas se sintam bem, sem estresse ou esgotamento. Portanto, se não prestarmos atenção suficiente à saúde mental, não haverá resiliência. Se não reagirmos rapidamente a possíveis problemas que as pessoas possam sofrer, teremos uma bomba-relógio. Essas pessoas são as mesmas de que precisamos para dirigir nossa sociedade após o confinamento.

BBC Mundo – No início da pandemia, você fez uma pesquisa para descobrir os efeitos do confinamento na saúde mental dos participantes. Que resultados observou até aqui?

Van Hoof – Cerca de 50 mil pessoas de todo o mundo participaram da pesquisa online. Os resultados mostram que tivemos uma queda geral na resiliência de nossa população de 10%. E registramos um aumento nos níveis de estresse tóxico na população geral de mais de 10%. Cerca de 30%, ou 1 em cada 3 pessoas, se sentem muito estressados. E isso é muito.

BBC Mundo – É tarde demais para agir?

Van Hoof – Nunca é tarde demais, mesmo que um país não esteja fazendo nada no momento. Você sempre ganha quando se encaminha para melhores cuidados de saúde mental para a população em geral. Temos muitas ferramentas, como assistentes sociais, psicólogos e autoajuda. Se você tentar os métodos de autoajuda três vezes e eles não funcionarem, é bom procurar ajuda profissional. Pergunte ao seu clínico geral e ele poderá encaminhá-lo para o melhor atendimento psicossocial possível. Não duvide.

BBC

Opinião dos leitores

  1. Zanoni, a 2° grande guerra foi MUNDIAL.
    Análise rasa, com todo respeito foi o seu comentário.
    Começou na Europa, em 1939, se alastrou pelo mundo.
    Acabou em maio de 1945, com aproximadamente 50 milhões de mortes.

  2. Sei não.
    Morar em Londres durante a segunda grande guerra , por exemplo, deve ter sido pior.
    Sem comida, sem energia, com bomba todo dia e toda noite caindo na cabeça, sem falar no número imenso de mortes tanto nas cidades como no campo de batalha…
    Sei não, a humanidade saiu do eixo.
    Ficamos muito fracos.

    1. Deixa de fazer análise rasa das questões. Estão falando de uma questão global, não local.

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Saúde

OMS recomenda que países esperem duas semanas para cada fase do fim do confinamento

Casais dançam em um parque em Wuhan, cidade que registrou os primeiros casos da Covid-19 Foto: HECTOR RETAMAL / AFP

A Organização Mundial da Saúde(OMS) disse nesta quarta-feira que os países que aliviam as restrições impostas para combater a disseminação do coronavírus devem esperar pelo menos duas semanas para mensurar o impacto de tais mudanças antes de mudar as regras. Em sua mais recente atualização da estratégia, a agência das Nações Unidas disse que o mundo está em um “momento crucial” da pandemia e que a “velocidade, escala e equidade devem ser nossos princípios de orientação” quando for decidir quais medidas necessárias.

Em sua mais recente atualização da estratégia, a agência das Nações Unidas disse que o mundo está em um “momento crucial” da pandemia e que a “velocidade, escala e equidade devem ser nossos princípios de orientação” quando for decidir quais medidas necessárias.

Todo país deve implementar medidas abrangentes de saúde pública para manter um estado estável sustentável de baixo nível ou nenhuma transmissão e preparar sua capacidade de reação para controlar rapidamente qualquer disseminação e aumento de casos.

Alguns dos países mais atingidos pelo vírus estão agora considerando suspender os bloqueios e iniciar a transição para a retomada da vida normal.

A atualização da OMS diz que essas medidas devem ser tomadas gradualmente, com tempo para avaliar seu impacto antes que novas medidas sejam postas em prática.

– Para reduzir o risco de novos surtos, as medidas devem ser levantadas de maneira graduall, com base em uma avaliação dos riscos epidemiológicos e dos benefícios socioeconômicos, relaxando as restrições em diferentes locais de trabalho, instituições educacionais e atividades sociais – afirmou a OMS. – Idealmente, haveria um mínimo de duas semanas (correspondendo ao período de incubação da Covid-19) entre cada fase da transição, para permitir tempo suficiente para entender o risco de novos surtos e responder adequadamente.

A OMS alertou que o “risco de reintrodução e ressurgimento da doença continuará”.

A organização global de saúde com sede em Genebra emitiu seu parecer no momento em que foi criticada pelos Estados Unidos por sua resposta inicial à pandemia. O presidente Donald Trump disse na terça-feira que Washington, o maior doador da OMS, suspenderá o financiamento à entidade.

A China começou a suspender algumas das mais severas restrições impostas à província de Hubei, onde a doença surgiu pela primeira vez no final do ano passado. Nos Estados Unidos, que tem o maior número de casos e mortes confirmados, Trump brigou com alguns governadores estaduais sobre quem tem autoridade para começar a reabrir negócios nos EUA.

Os países europeus iniciaram escala com pequenas medidas para reduzir bloqueios severos.

Algumas empresas espanholas, incluindo construção e de manufaturados, foram autorizadas a retomar as atividades, embora lojas, bares e espaços públicos continuam fechados até pelo menos 26 de abril.

A Itália, que tem o segundo maior número de mortos no mundo (21.067), manteve algumas restrições rígidas de movimento, enquanto a Dinamarca, um dos primeiros países europeus a se fechar, reabrirá creches e escolas para crianças da primeira à quinta série na quarta-feira.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. A OMS NA VERDADE TÁ ESPERANDO UMA ORDEM DA CHINA , COMO SEMPRE O PRESIDENTE DA OMS SO SE PRONUNCIA DE ACORDO COM O PCC

  2. NÃO tem quem segure mais a população em casa. Essa pandemia virou uma questão política e o povo já percebeu isso. Os governadores no Brasil estão tentando de todas as maneira se valer desse vírus para roubar dinheiro do governo federal e dessa forma tentar melhorar os seus caixas que estão quebrados.

  3. Quem preside a OMS? A quem o presidente da OMS está politicamente ligado? Qual a forma política defendida e adotada pelo presidente da OMS? Vamos responder a isso e saberemos as razões das recomendações questionáveis da OMS.

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Diversos

TÃO PENSANDO QUE É BRINCADEIRA: confinamento por coronavírus teria causado número recorde de divórcios em cidade da China

Foto: Getty Images

Enquanto o Ocidente começa a viver a experiência claustrofóbica do confinamento — medida necessária para conter a disseminação da covid-19 —, os relatos vindos da China pintam um quadro de que a vida está, aos poucos, voltando ao normal.

Mas a quarentena forçada deixou algumas consequências inesperadas. Muitos casais parecem não ter resistido à proximidade em tempo integral. A mídia chinesa identificou uma corrida aos cartórios por aqueles que não pretendem seguir juntos.

Xi’am, de 12 milhões de habitantes, capital da província de Shaanxi, região central da China, registrou um recorde no número de pedidos de divórcio nas últimas semanas, segundo o jornal chinês em língua inglesa The Global Times.

Em alguns distritos, todos os horários disponíveis para tratar do tema nos escritórios locais do governo estão tomados por semanas.

Outros sites também indicaram haver relatos de uma procura acima da média em cartórios de municípios de outras províncias, como a de Sichuan, por formulários de divórcio.

Nas redes sociais, a notícia não chegou a causar surpresa entre os chineses. “É muito tempo junto. Eu tenho visto cada vez mais histórias sobre separações. Muitas piadas também. Mas o problema parece sério”, disse à BBC News Brasil, Ge, uma professora de 29 anos. Ela própria não é casada. E diz imaginar o estresse de estar sob o mesmo teto neste momento de muito estresse econômico e perguntas sobre o futuro.

“Grandes episódios como este fazem as pessoas pensar mais nas suas vidas e o que realmente interessa”, afirmou à BBC News Brasil a escritora Lijia Zhang, autora de A garota da Fábrica de Mísseis: memórias de uma operária na nova China. “É verdade também que os casamentos que sobreviveram à quarentena devem seguir mais fortes!”, complementa.

É cedo para entender o que está acontecendo — e se o fenômeno se observará nacionalmente e mesmo em outros países que adotaram medidas de confinamento. Além disso, os cartórios estiveram fechados durante cerca de um mês, o que cria uma demanda reprimida. E os chineses já vinham se divorciando em um ritmo mais acelerado nos últimos anos.

Em 2016, o número de casais que se separou na China chegou a 4,2 milhões, um aumento expressivo em relação a 1985, quando a taxa não passava de 485 mil.

As leis mudaram no país nos últimos anos. Têm se adaptado aos novos tempos. Hoje, 70% dos divórcios já seriam pedidos por mulheres no país, segundo Zhou Qiang, presidente da Suprema Corte do Povo durante discurso proferido em novembro passado. Foi garantido esse direito às mulheres ainda em 1950, quando o partido comunista chinês criou a Nova Lei do Casamento.

“Fiz um brinde com a minha filha quando soube da notícia. Considero isso uma conquista de liberação das chinesas, porque elas estão mais assertivas ao buscar o que querem. Já não estão mais dispostas a aceitar um casamento infeliz, como as nossas mães fizeram”, disse Lijia Zhang.

Mas o fato é que os chineses também estão se casando menos. Apenas 7,2 pessoas em 1 mil resolveram juntar as escovas de dente oficialmente em 2018. Trata-se do índice mais baixo desde 2013, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas do governo. Pesquisa realizada pelo Diário do Povo mostra que 29,5% dos entrevistados não tinha se casado porque não haviam encontrado a pessoa certa. Outros 23,4% afirmaram não estar preparados para assumir a responsabilidade de começar uma família.

Neste contexto, as separações provocadas pelo coronavírus certamente não ajudam o governo, que acabou, em 2016, com a longeva política do filho único, adotada na década de 1970. Pequim agora quer mais é que os chineses tenham mais filhos. O problema é que os jovens, e sobretudo mulheres, acham caro aumentar a família e estão mais preocupados em investir em suas carreiras profissionais.

Dados da Comissão Nacional de Saúde da China indicam que o país terá 487 milhões de idosos em 2050, cerca de 35% da população total. Em 2018, a taxa estava em 17,3%, ou 242 milhões de pessoas.

G1, com BBC

Opinião dos leitores

  1. Já são três divórcios aqui em casa, em uma semana, e com a mesma mulher. A gente está decidindo no "zerinho ou um" quem vai sair de casa nesse momento, mas não chegamos a um resultado. Naturalmente, eu sairia, mas…

  2. Ficar isolado dentro de casa não é a situação normal de uma família, por mais que tenham afinidade. O confinamento é estado de exceção e não rotina social. Ninguém está preparado para ficar confinado e isolado por muito tempo.
    Qual escola, universidade, igreja, conselho comunitário, grupo de pessoas, encontro religioso, encontro social, retiro ou qualquer forma que aglutina, une, reuni pessoas fala, mostra, prepara ou educa as pessoas para viverem isoladas, confinadas? NENHUMA!
    Quem vai a psicólogo, psiquiatra ou faz terapia para aprender a viver isolado? NENHUMA!
    As pessoas não sabem lidar com essa situação, ela é fora do padrão.
    As pessoas não sabem ao certo quais os cuidado devem ter, como evitar os desgastes, como não deixar que o convívio 24 horas por dia se torne desgastante.
    Até 05 dias confinados, teoricamente, deve ficar tudo bem, depois começam os atritos, vem a irritação, surge o descontrole e a coisa pode chegar a destruição familiar.
    Como evitar isso? Como lidar com essa situação completamente desconhecida? Quais as medidas a serem tomadas? O que deve ser evitado para não entrar no estresse?
    Sim a situação é muito complexa e fora do patrão social, fora da conduta de relação pessoal.

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Saúde

Província onde surgiu Covid anuncia data do fim do confinamento

Dois voluntários acompanham um idoso em Wuhan, na China Foto: AFP

Berço da pandemia da Covid-19, a província de Hubei se prepara para sair da quarentena. A partir de quarta-feira (25), os moradores da região já poderão circular livremente, segundo decisão anunciada pelas autoridades chinesas.

No entanto, os habitantes de Wuhan, cidade onde foi detectado o novo coronavírus e que desde janeiro está sob confinamento, devem esperar até o dia 8 de abril para poderem sair normalmente às ruas.

O governo chinês estabeleceu que para circular nas ruas, os moradores deverão apresentar um código QR (código de barras bidimensional) “verde” em seus telefones celulares. Enviado pelas autoridades, o código atesta que a pessoa não é portadora do novo coronavírus.

Nas últimas semanas, o número de novas contaminações na província de Hubei foi consideravelmente reduzido. Muitos habitantes já retomaram a rotina de trabalho e os transportes públicos voltam a funcionar progressivamente.

Uma moradora de Wuhan que se identificou apenas como Willa para a agência AFP, declarou “esperar com impaciência a liberdade”. Segundo ela, depois de dois meses confinados, os moradores da cidade “estão sob uma forte pressão”.

Na terça-feira, a China contabilizou 78 novos casos da Covid-19, mas quase que exclusivamente identificados em pessoas vindas do exterior. Essa

situação gera preocupação de uma segunda onda de contagio no pais.

Confinamento aumenta

A situação da província de Hubei contrasta com a de muitas outras regiões do mundo onde diversos governos aumentam as restrições de circulação de pessoas para evitar a propagação do novo coronavírus.

Atualmente, cerca de 1,8 bilhão de pessoas estão em quarentena ao redor do mundo e de acordo com a OMS, a pandemia da Covid-19 se acelera e 16 mil mortes foram confirmadas.

A Organização Mundial da Saúde pede que os países testem todos os casos suspeitos e multipliquem os pedidos de quarentena. O apelo leva em conta o fato de que sistemas de saúde, inclusive em países desenvolvidos, estão à beira de um colapso.

Depois de muita hesitação, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou nesta segunda-feira (23) um confinamento de pelo menos três semanas em todo o Reino Unido. Na Rússia, entra em vigor nesta semana o fechamento de todas as escolas do país.

Época

 

Opinião dos leitores

  1. Na Rússia, que faz fronteira com a china são pouquíssimos casos, agora que vão fechar escola? Não entendo como não chegou por lá. Devem estarem simulando pra justificar o controle da pandemia. Pra não dá na vista que essa praga foi direcionada.

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