Educação

Federais reclamam de “falta de verba” e informam que manterão aula remota em 2021 mesmo com Covid controlada

Com verba reduzida, coleta de lixo é prejudicada na UFRJ Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Por falta de verbas, as aulas das universidades federais continuarão remotas em 2021 mesmo que os índices de contaminação caiam. Além disso, há o risco de que o problema persista para 2022.

“Se forem mantidos os valores atuais, as atividades presenciais serão totalmente inviabilizadas (em 2022), uma vez que, diante dos protocolos de biossegurança, serão necessárias novas despesas com materiais de consumo e pessoal”, diz a nota da Universidade Federal Viçosa (UFV), que prossegue: “Além disso, teremos aumento expressivo das despesas com assistência estudantil, em função do crescimento da vulnerabilidade socioeconômica de nossos estudantes, com o correspondente aumento de despesas com os Restaurantes Universitários e bolsas, energia elétrica e prestação de serviços diversos”.

O orçamento das universidades federais cai progressivamente desde 2014 e chegou, neste ano, a níveis críticos. De acordo com o Painel do Orçamento Federal, estão livres em 2021 R$ 2,5 bi para as 69 universidades e 1,3 milhão de estudantes.

Esse valor é praticamente o mesmo que o orçamento de 17 anos atrás (com os valores atualizados pelo IPCA). No entanto, naquela época, eram 574 mil alunos e 51 instituições na rede.

Além dos R$ 2,5 bilhões livres, o orçamento das federais também prevê R$ 1,8 bi que podem ou não ser desbloqueados ao longo do ano. Algumas instituições afirmam que, mesmo com a liberação de todo recurso que hoje está bloqueado, não há orçamento suficiente para o retorno.

“A UFPR pode chegar até o fim do ano considerando os cortes no orçamento de 18% caso haja o desbloqueio dos recursos, mas em uma situação muito crítica e sem ensino presencial. Com o bloqueio, a UFPR não conseguirá manter-se funcionando até o fim do ano”, afirma a federal do Paraná, em nota ao GLOBO, que desenvolve uma das vacinas brasileiras contra a Covid-19.

Além da Universidade Federal do Paraná (UFPR), instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) também não conseguirão garantir a volta às aulas com o orçamento aprovado, mesmo se ele for todo desbloqueado.

Reação aos cortes

Para as aulas presenciais serem viabilizadas ainda em 2021, as universidades alegam que o orçamento ainda precisa receber uma suplementação de pelo menos R$ 1 bi.

No entanto, de acordo com o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ, Eduardo Raupp, o Ministério da Economia já avisou que não haverá verba suplementar, nem mesmo para o combate da Covid-19.

— A pasta disse que o MEC deveria ter incluído esses valores no orçamento porque a pandemia não é mais uma novidade — diz Raupp.

Associações discentes como a União Nacional de Estudantes (UNE) e Associação Nacional de Pós-Graduação (ANPG) já se articulam para atos em repúdio aos cortes na educação. Os graduandos discutem uma data com dos diretórios estudantis e os mestrandos e doutorandos do país marcaram para o dia 29 um ato nacional.

— O sentimento dos estudantes é que já deu, ninguém aguenta mais e precisa reagir. Não dá mais para continuar assim. Há uma urgência porque podemos viver efetivamente um apagão na universidade brasileira — afirma Flávia Calé, presidente da ANPG.

Em 2019, o Brasil viveu uma enorme mobilização nas ruas. Agora, a pandemia freia atos presenciais. O Diretório Central Estudantil (DCE) organizou uma manifestação para esta quinta, na frente do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), mas pediu, na convocação, uso de máscara e distanciamento social. Pelas redes, eles arrecadam para a compra de EPIs a serem distribuídos no ato.

— Foi um espanto, e por isso houve uma mobilização muito espontânea. Os alunos só falam disso porque há muito medo do que pode acontecer — diz Juliana Paiva, diretora-executiva do DCE.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Bando de vagabundos.
    Voltem ao trabalho e reinvidiquem o que acha justo. Ninguém mais acredita nessa estória de cortes. O povo não é burro.

  2. Aqui em casa e em vários lugares do mundo cada um retira o seu lixo.
    Pq tem tanto lixo e sujeira nas universidades.?
    Sujem menos, produzam menos lixo.

    1. Os professores universidades federais só voltam à sala de aula com lulaladrao no poder

  3. É incrível o número de “professores” que detestam dar aulas. Nem sempre são originários de onde está situada a instituição para a qual foi aprovado. Parte significativa é militante do PT PCdoB, PSol etc. Não formam alunos para o Brasil, mas para um país imaginário, ou seja, fora da realidade. Alguns cursos das áreas sociais e até mesmos das ciências aplicadas não vêm seu egressos inseridos no mercado de trabalho. A continuar deste jeito certamente o MEC vai perceber e tomar alguma providência. São cursos que custam dinheiro da sociedade e não dão qualquer retorno. É dinheiro jogado fora.

  4. Enquanto os professores com o salário no bolso tido mês, estão passeando e curtindo suas belas casas de praias e campo, b fazendo farra!

  5. Estão procurando uma DESCULPA…, não querem é voltar às aulas, preferem continuar recebendo sem frequentar o trabalho, até agora não fizeram qualquer esforço para retornar às aulas presenciais.
    Muitos professores são lotados no interior e está muito cômodo não terem que se deslocar para o interior para trabalhar.
    Enquanto puderem as DESCULPAS servirão para não retornarem as aulas.

  6. Não querem de jeito nenhum? Deixa sem aula. Infelizmente prejudica quem não tem nada a ver com a vagabundagem.

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Política

Juízes federais convocam greve contra julgamento do auxílio-moradia no STF

por Dinarte Assunção

Os juízes federais de todo o Brasil estão sendo convocados para ato de greve, a ser deliberada nos próximos dias, com paralisação, se aprovada em assembleia, para vigorar a partir de 15 de março.

Uma semana depois, dia 22, o Supremo Tribunal Federal terá julgado a validade do penduricalho que jogou a magistratura no centro do debate sobre a moralidade do pagamento do auxílio-moradia, intransigentemente defendida pela categoria.

O comunicado de convocação para assembleia de greve está sendo distribuído pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). A votação para adesão da greve ocorre entre esta quinta (22) até a próxima quarta-feira (28)

Opinião dos leitores

  1. Os sem terras e os sem tetos deveriam tbm requerer na justiça o auxílio moradia, iriam ter vida melhor q a maioria do trabalhadores q ganham 1/5 do AM

  2. Vou soltar fogos quando essa imoralidade acabar!
    Um idiota esposa de um promotor há tempos atrás ainda teve o atrevimento de me dizer que quem critica auxílio moradia tem inveja, mas não fiquei calada ouvindo a nojenta, dei-lhe uma lição de moral e mostrei a realidade de muitos trabalhadores frente as regalias injustificáveis.
    FIM DE REGALIAS JÁ !

  3. Tenho nojo desse pessoal que só olha pra o próprio umbigo, são incapazes de reconhecer a sua própria imoralidade, como pode julgar os outros?
    Fim de regalias já!
    E com apoio da população !

  4. Falso moralismo total, são iguais a políticos, senão piores porque tem um dever moral maior.
    Muita folga e pouco trabalho com artifícios pra ganhar acima de 33mil e vivem de indenizações retroativas

  5. Muita cara de pau mesmo, só no Brasil ainda vemos trem da alegria na justiça !
    Tem que acabar também a férias 60dias, recesso de 20 dias, licença prêmio de 90dias, gratificações e incluir toda e qualquer verba extra no teto geral de 33mil, acabando os artifícios que essa turma cria pra driblar o teto e ganhar 60mil.

  6. Cômico se não fosse trágico!
    Quando os Professores que vivem feito um bando de malucos para ter os seus parcos direitos serem respeitados, entram em greve, é um Deus nos acuda…

  7. Já pensou uma parada só de Juizes fazendo movimento em frente ao Miduei, interrompendo o trânsito, achincalhando com o direito de ir e vir dos outros, seria até bacana. Tirando Selfies e colocando nos grupos de uatszap e gritando " Eu quero meu auxilio e meus penduricalhos e quem achar ruim vão prá casa do c……….." Acho que eles não vão fazer isso não! Vão dá exemplo de civilidade e procurar outros meios!! kkkkk Eita Brasil bom demais.

  8. A greve vai só expor a inutilidade dessa casta de vida nababesca! Abaixo o auxílio moradia e outros penduricalhos imorais!

  9. É muita cara de pau. Esses sujeitos ganham mais de 30 mil de salários, todos tem boas casas ou aps e carros gigantes e beberrões kkkk e ficam, em meio a 14 milhões de desempregados, fazendo greve para manter esse absurdo.

    1. 25mil liquido???? Só se for por semana!! Quase todo mês tem uma indenização retroativa e eles embolsam 200mil… 500mil extras….

  10. um dia a mais um dia a menos, de um processo que leva 20 anos para chegar ao fim, não vai fazer falta. Arroxem.

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Jornalismo

Mais da metade dos Servidores Públicos Federais do Brasil estão em Greve

Está em Josias de Souza:

Brasília terá uma semana elétrica. Sob os efeitos do curto-circuito provocado pelas greves, governo e servidores medirão forças ao redor da folha salarial da administração pública. Dilma Rousseff abre o expediente desta segunda (13) num encontro Miriam Belchior. Convocou a ministra do Planejamento para definir o tamanho das poucas concessões que o governo admite fazer para devolver às repartições os funcionários que cruzaram os braços –alguns deles há mais de dois meses.

Movidas pelo ânimo de esticar a corda, as entidades sindicais que representam as corporações do Estado armarão suas barracas na Esplanada. Anunciam que o “acampamento” vai durar até a próxima sexta-feira (17). Na quarta (15), repetirão uma coreografia que vai se tornando rotineira em Brasília. Exibirão sua revolta às lentes de cinegrafistas e fotógrafos numa marcha rumo à Praça dos Três Poderes.

O encontro de Dilma com Miriam Belchior começa às 9h30, no Planalto. Como que antevendo uma conversa longa, a presidente não incluiu em sua agenda nenhum outro compromisso para o período da manhã. Deseja esgotar o tema. O governo não cogita conceder um reajuste linear aos servidores. E a análise pontual de diferentes categorias exige tempo.

Dilma move-se em faixa estreita, espremida por duas premissas que considera incontornáveis: 1) a crise e suas consequências sobre a arrecadação de tributos conspiram contra os gestos de generosidade fiscal; 2) as reinvindicações dos grevistas –R$ 92 bilhões na conta oficial— não fazem justiça aos reajustes concedidos sob Lula e não ornam com a política de cintos apertados que a nova conjuntura impõe. Vão à mesa, portanto, cifras bem mais miúdas do que as almejadas pelos servidores sublevados.

Munida das balizas fixadas por Dilma, a pasta do Planejamento abre-se para a negociação nesta terça (14). Na primeira rodada, vão à mesa as propostas para os servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que inclui o Incra. Dividem-se em 26 categorias, entre funcionários de nível médio e superior. Encontram-se de braços cruzados em 25 Estados e no Distrito Federal.

Nas relações do Estado com seus funcionários quem sabe escolher o momento exato costuma economizar muito tempo. Disseminou-se a avaliação de que, sob Dilma, o governo demorou a entrar em campo. Move-se a 18 dias do prazo final para o envio da proposta de Orçamento de 2013 ao Congresso: 31 de agosto. O receio de ser esquecido na previsão de gastos empurrou algo como 350 mil servidores para a greve.

Produziu-se, de resto, um efeito político impensável. Braço sindical do PT, a CUT pôs-se a açular os grevistas. Mais: associou-se a uma reclamação sindical dirigida à OIT na qual o governo da presidente petista é chamado de “totalitário e ditatorial”. Pior: para não ficar falando sozinha, a CUT arrastou para uma nota de repúdio a Dilma as outras quatro centrais sindicais que a apoiaram na sucessão presidencial de 2010.

Divulgado neste domingo (12), o documento das centrais expressa apoio às greves e atribui o fenômeno à “falta de negociação”. Acusa Dilma de mimetizar “governos passados”. Critica o corte do ponto e a intenção do governo de substituir grevistas federais por servidores estaduais e municipais. Providências que “servem apenas para acirrar os ânimos e por lenha na fogueira do descontentamento.”

O texto se insurge contra “todas as formas de autoritarismo no trato com reivindicações legítimas dos trabalhadores e trabalhadoras do setor público.” E arremata: “As centrais sindicais reconhecem que a saída para a paralisação está na disposição das partes de sentarem à mesa e negociarem até a exaustão, tendo como perspectiva a solução rápida do conflito, reduzindo, assim, os prejuízos causados aos próprios servidores e à população.”

Assinam a peça os seguintes mandachuvas do sindicalismo: Vagner Freitas (Central Única dos Trabalhadores), Miguel Torres (Força Sindical), Wagner Gomes (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil), José Calixto Ramos (Nova Central) e Ricardo Patah (União Geral dos Trabalhadores).

Tomada pelo discurso que exibe em privado, Dilma faz ouvidos moucos para o alarido sindical. Depois de formalizar as proposta de reajuste que considera possíveis, exigirá o retorno ao trabalho. Desatendida, levará adiante a execução do decreto que editou em 24 de julho (7.777), aquele que autoriza a celebação de convênios com Estados e prefeituras para que servidores locais furem a greve dos federais.

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Educação

Criticada, Lei das Cotas terá de ser adotada por metade das instituições

A Lei das Cotas, aprovada na terça-feira, dia 7, pelo Senado, exige que 50% das vagas de todos os cursos das federais sejam reservadas a estudantes que cursaram o ensino médio em escola pública. A principal crítica de reitores à decisão do Senado, no entanto, é que, aprovado o projeto, sancionado pela presidente Dilma Rousseff em até 15 dias, haja quebra da autonomia universitária.

As universidades federais terão até quatro anos para se adaptar às novas regras, mas apenas um ano para adotar ao menos 25% do que a lei prevê – ou seja, terão de implementar o modelo único de cotas em uma escala menor. De acordo com levantamento do G1, atualmente, não existe cota social em 27 das 59 universidades federais

A notícia não foi bem recebida, por exemplo, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), conforme apurou o ‘Estado’ em matéria publicada na semana passada, que tem um dos cursos de Medicina mais bem avaliados e disputados do País. Segundo o reitor, Walter Albertoni, o assunto deveria ficar para a universidade.

O reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Roberto Salles, também criticou a aprovação pelo Senado da reserva de metade das vagas das instituições federais para alunos da escola pública. Ele classificou a decisão como uma “intromissão indevida”.

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) precisará de poucos ajustes para adequar seu processo de seleção de alunos ao projeto de lei que prevê a reserva de 50% das vagas para estudantes egressos do ensino médio na rede pública.

Em vigor desde 2004, o sistema de cotas da UFBA reserva 43% das vagas a estudantes que tenham cursado todo o ensino médio – além de pelo menos um ano do ensino fundamental – em escolas públicas. Além disso, oferece 2% das vagas a descendentes de índios. Dentro dos 43% destinados a estudantes da rede pública, 85% das vagas são direcionadas a quem se intitula negro ou pardo, seguindo as proporções da população baiana.

Reitor da Federal do Pará (UFPA), ele ressalta que a uniformidade não é uma boa saída. “Aqui no Pará definimos cota de 50% para escola pública. Mas fomos nós que decidimos e tenho certeza de que essa fórmula não pode ser aplicada em todas.

A Universidade Federal do Amazonas (Ufam), de acordo com levantamento do G1, é uma das universidades que não oferece sistema de ação afirmativa, e deverá se adequar à nova lei. As vagas oferecidas pela Ufam são divididas igualmente em dois processos seletivos.

A Universidade Federal do Ceará (UFC) pretende se adaptar de forma progressiva à lei. O pró-reitor de graduação da UFC, Custódio Almeida, defende que um terço da cota seja aplicada a cada ano, a partir de 2013. Em 2016, segundo a sugestão de Almeida, a UFC estaria cumprindo a lei, que exige que as universidades estejam adaptadas até este ano.

A UFC aprovou em 2012 5.784 candidatos em 2012, todos por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A universidade nunca adotou sistemas de cota para ingressar na faculdade, mas debateu o assunto em 2006. “Na época houve votação, mas o conselho não aceitou as cotas raciais, em função de não ter havido muita discussão sobre o assunto”, diz Almeida.

A Universidade de Brasília (UnB) informou nesta quarta-feira (8) que uma comissão formada por alunos e professores será criada para discutir a adaptação do sistema de cotas da instituição ao projeto de lei aprovado pelo Senado. A UnB foi a primeira universidade federal a instituir o sistema de cotas raciais e destina, desde junho de 2004, 20% das vagas para candidatos negros.

De acordo com o decano de ensino e graduação da UnB, José Américo Garcia, a adaptação no sistema pode ser feita rapidamente após o fim da greve. “É um processo rápido. Basta apenas a gente deliberar no nosso conselho. Deliberando, eu já consigo implementá-lo e já para 2013, para o próximo vestibular.”

Atualmente, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Federal do estado (Ifes) trabalham com o sistema de cotas sociais. Na universidade, entre 40% a 45% das vagas de cada curso são reservadas para o candidato que comprovar que cursou apenas a escola pública e ter renda familiar inferior a sete salários mínimos. Já no instituto, 50% das vagas foram distribuídas para estudantes da rede pública.

De acordo com o reitor da Ufes, Reinaldo Centoducate, desde 2008, mais de 5 mil alunos já ingressaram na universidade pelo sistema de cotas sociais. “A Ufes até então empregava exclusivamente a cota social, mas depois que a lei for regulamentada precisaremos estudar como será feito aqui. Acredito que as escolas públicas devem se adequar e oferecer um ensino de excelente qualidade na sua base”, disse.

A aprovação do projeto de lei preocupa o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil, para quem a medida interfere na autonomia universitária. “A minha posição enquanto gestor da UFG e vice-presidente da Andifes [Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior] é de que esse modelo traz um componente preocupante sobre a autonomia universitária”, ressalta.

Atualmente, a UFG oferece nos processos seletivos seis mil vagas por ano. A grande maioria dessas vagas é ofertada no vestibular do início de ano. As demais, cerca de 500, são oferecidas no processo seletivo de meio de ano. Ao todo, 80% das seis mil vagas são do vestibular tradicional e 20% do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). “No vestibular tradicional, usamos as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como um dos componentes na nota final”, disse o reitor.

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) reserva 50% das vagas ofertadas em todos os cursos de graduação para cotistas: são 30% das vagas para estudantes que cursavam todo o ensino básico em escolas públicas e 20% para estudantes negros também de escolas públicas. As eventuais vagas remanescentes das cotas para estudantes negros são oferecidas primeiramente para candidatos de escola pública e, caso ainda sobrem, para a ampla concorrência. Em abril deste ano, a UFMT estudava implantar, em 2013, a reserva de 100 vagas por ano para indígenas que tenham estudado em escola pública.

A Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) já reservam 50% das vagas a estudantes de escolas públicas, como prevê o projeto de lei aprovado nesta semana pelo Senado. No caso da UFSJ, dos três critérios propostos na lei – rede de ensino, renda familiar, cor e raça -, a instituição já utiliza dois: rede de ensino e cor e raça.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece sistema de bônus há quatro anos para estudantes de escolas públicas. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, assim que a lei for sancionada, a UFMG vai começar a trabalhar para se adequar. O edital do vestibular 2013 já foi publicado. O sistema de bônus será oferecido, mas não haverá adoção do Sisu. Na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), na seleção seriada, 60% das vagas são para alunos de escolas públicas. Já no Enem e no Sisu, 40% são para estudantes de instituições públicas.

Duas instituições mineiras não usam sistema de cotas: o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Na Paraíba, as instituições federais adotam o sistema de cotas desde o processo seletivo de 2011. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 30% das vagas foram destinadas para candidatos vindos do ensino público. De acordo com o presidente da Comissão Permanente do Concurso do Vestibular da UFPB (Coperve), João Lins, o percentual deve ser aumentado para 35% para o próximo ano e 40% para 2014.

No Instituto Federal da Paraíba (IFPB), foram ofertadas entre 20 e 50% das vagas dos cursos técnicos para candidatos vindos da rede pública, além 5% em todas as unidades para portadores de deficiência física. As cotas do IFPB também atingem o Sisu, com 5% para portadores de deficiência, 60% para quem mora no estado e 20% para os candidatos nascidos em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

A Universidade Federal da Paraíba (UFCG) é a única instituição federal na Paraíba que não utiliza o sistema de cotas. De acordo com sua assessoria, todo o processo seletivo é feito através do Enem. Com a iminente aprovação da cota em 50%, o colegiado na universidade irá se reunir em 2013 para discutir o sistema de cotas na UFCG.

No estado, a Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, já adota essa porcentagem de cotas desde 2010. Enquanto isso, as universidades Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) preferem aguardar a sanção da presidente antes de iniciarem o sistema de cotas sociais.

Em seu último vestibular, a UFPE ofereceu 6.492 vagas, das quais 34% foram conquistadas por alunos de instituições públicas. Segundo a assessoria, a seleção da UFPE apresenta um sistema onde alunos da rede pública de ensino recebem acréscimo de 10% em suas notas, mas isso só interfere na quantidade de vagas ocupadas quando as notas dos alunos já estão próximas à média de aprovação de seus cursos.

A UFRPE também dá bônus de 10% na nota de alguns estudantes, desde que eles tenham feito o ensino médio no Agreste ou no Sertão pernambucano, e que escolham estudar na própria região. No vestibular 2012, a instituição ofereceu 3.240 vagas, divididas em 1.960 no Recife, 560 em Garanhuns e 720 em Serra Talhada. Atualmente, todas as vagas da Rural são preenchidas através do Sisu.

O vestibular 2013 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) não obedecerá a lei de cotas sociais aprovada pelo Senado. A decisão da presidenta da Comissão Permanente de Vestibular (Comperve), Magda Pinheiro, só poderá ser revertida se a instituição for acionada judicialmente. Ela explicou que o edital do concurso já havia sido lançado quando o texto-base da lei de cotas sociais foi aprovado pelos senadores e, além disso, irá aguardar o posicionamento de Dilma Rousseff quanto à sanção parcial ou integral do projeto de lei ou, ainda, a possibilidade de veto total ao conteúdo original apreciado pelo Senado.

A presidenta da Comperve explicou que, desde 2006, a UFRN seleciona estudantes utilizando o argumento de inclusão, que consiste numa bonificação de 10% no argumento final do candidato oriundo de escola pública.

Apesar da aprovação da lei no Senado na última terça-feira, as universidades do Rio Grande do Sul ainda não traçaram o plano para se enquadrar na nova regra. O assunto deve começar a ser tratado somente depois da sanção presidencial. No último vestibular, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reservou 30% das vagas para estudantes vindos do ensino público e autodeclarados negros. Também são disponibilizadas 10 vagas anuais para indígenas, que participam de um vestibular diferenciado.

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) separa cotas de 15% para autodeclarados negros, 5% para portadores de necessidades especiais e 20% para alunos da rede pública. Também há 10 vagas para indígenas. A direção da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) afirmou que ainda não faz reserva de vagas, e que o Conselho Superior se reunirá na próxima segunda-feira (13) para discutir as mudanças com a nova lei.

A Universidade Federal de Rio Grande (Furg) não reserva vagas, mas, através do Programa de Ação Inclusiva (Proai), dá pontos extras na nota final de estudantes que cursaram o ensino público ou que são portadores de deficiência.

As duas instituições federais de ensino no estado de Rondônia, a Universidade Federal (Unir) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro), também terão que se adaptar à nova regra. Atualmente, a Unir não admite nenhum aluno através do sistema de cotas, enquanto que o Ifro tem 70% de suas vagas destinadas a alunos de condições diversas, mas não por cotas.

Em 2012, a Unir selecionou 2.400 estudantes pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sem que nenhuma vaga seja destinada para cotas. “A questão de receber o sistema de cotas chegou a ser discutida há dois anos, mas não chegou a ser implantado”, afirmou o pró-reitor de graduação, Jorge Coimbra de Oliveira. No primeiro semestre de 2012 o Ifro disponibilizou 1.720 mil vagas pelo vestibular tradicional, entre os cursos técnicos de nível médio e de graduação. Pelo Sisu foram oferecidas 16 vagas neste ano. O Ifro destinou 10% das vagas para candidatos que fizeram o fundamental na Educação de Jovens e Adultos (EJA), outros 10% para candidatas participantes do Programa Mulheres Mil em Jequitibá e 50% para produtores rurais, agricultores familiares e lavradores.

Santa Catarina possui duas instituições federais de ensino afetadas pelo projeto de lei aprovado pelo Senado. Na UFSC, 20% das 3.239 vagas no vestibular 2012 foram destinadas a candidatos que cursaram integralmente o ensino fundamental e médio em escolas públicas e 10% a candidatos que se autodeclararam negros ou pardos e também tenham cursado os ensinos fundamental e médio em colégios públicos.

Já no IFSC, metade das 544 vagas foram destinadas a candidatos que estudaram todo o ensino médio em escola pública, e 10% a negros que cursaram todo o ensino médio em escola pública. Caso essas vagas não fossem preenchidas pelos candidatos a quem eram destinadas, elas seriam ocupadas por aqueles que não optaram pelas ações afirmativas. De acordo com o coordenador do Departamento de Ingresso do IFSC, André Soares Alves, afirma que o IFSC vai aguardar a sanção presidencial para ver como vai ficar a distribuição das cotas.

O Instituto Federal de Sergipe (IFS), atualmente, já trabalha com o sistema de cotas sociais. No último processo seletivo tradicional e dos cursos de graduação e técnicos ofertados pela instituição, 200 vagas foram ofertadas. No Sisu, o instituto ofereceu 145 vagas para cursos de graduação presenciais. Destas, 5% foram para pessoas com baixa renda e 5% para pessoas que cursaram a escola pública durante o ensino médio.

O pró-reitor de ensino da instituição, José Adelmo Menezes de Oliveira, afirma que o IFS ainda fará uma reunião para decidir como se adaptará à nova lei.

Fonte: Estadão

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Educação

Vestibular das federais terá de obedecer nova lei das cotas já em 2012


Quem prestar vestibular no fim deste ano já poderá ser afetado pela Lei das Cotas, aprovada nesta terça-feira, 7, pelo Senado. O texto vai ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff em até 15 dias e passará a valer assim que for publicado. As universidades federais terão até quatro anos para se adaptar às novas regras, mas até um ano para adotar ao menos 25% do que a lei prevê – ou seja, terão de implementar o novo modelo de cotas em uma escala menor. Reitores criticaram a medida, alegando que fere a autonomia universitária.

A federal que promove apenas um vestibular por ano terá necessariamente de adotar esse sistema de cotas em seu exame do final de 2012 ou início de 2013. Já universidades que realizam duas provas anuais, como a UnB, de Brasília, poderão adotar o novo sistema só em meados do ano que vem.

A nova lei prevê que 50% das vagas de todos os cursos e turnos das federais sejam reservadas a estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública. Uma parte dessas vagas deve ser dedicada a negros, pardos e índios, e outra a alunos com renda familiar igual ou menor a 1,5 salário mínimo per capita. A maioria das universidades já adota algum tipo de ação afirmativa, mas poucas atingem um porcentual de 50% das vagas.

Fonte: Estadão

Opinião dos leitores

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Educação

Sindicalistas insatisfeitos com proposta do governo para acabar com greve nas universidades

 

Em matéria da Agência Brasil, por Luciene Cruz

Os representantes das instituições federais de ensino ficaram insatisfeitos com proposta do governo para acabar com a greve nas universidades. Segundo a presidenta da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira, a oferta governamental não atende às reivindicações da categoria.

“A proposta do jeito que está não contempla nossas reivindicações, que é a reestruturação da carreira, considerando uma carreira atrativa para todos os níveis. Do jeito que está não contempla desde o professor graduado até o professor com doutorado. Atende apenas a uma minoria”, reclamou.

Para Marinalva, a proposta beneficia um percentual pequeno dos docentes universitários. “A tabela mostra a desestruturação da categoria, que atinge poucos professores. Seria beneficiado quem está no topo da carreira. Quem está na base continua com dificuldade de progressão salarial”, disse.

A próxima reunião entre representantes da categoria grevista e do governo federal está agendada para dia 23 de julho. Até lá, a greve, que dura 57 dias, continua. Segundo dados da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), a paralisação atinge 57 das 59 universidades federais, além de 34 dos 38 institutos federais de educação tecnológica.

“Hoje estamos com quase 100% da base em greve. Vamos levar a proposta às nossas bases, realizar assembleias para que retornemos ao governo com nossa contraproposta. Esperamos que o diálogo possa acontecer”, disse. O mesmo vai ocorrer entre os grevistas do Sinasefe, que também se demonstraram “frustrados” após a reunião.

“A proposta deixa a gente muito frustrado, não discute a precarização da educação brasileira e não apresenta nada aos técnicos administrativos. Estamos muito insatisfeitos, vamos desenvolver o trabalho democrático de ir para as bases com a proposta e discutir com a nossa categoria, para dar retorno ao governo e dizer o que não nos agrada nessa proposta”, disse o coordenador-geral do Sinasefe, Davi Lobão.

Para o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins, a aceitação da proposta do governo pelos grevistas é apenas questão de tempo. “Acredito que quando as propostas forem analisadas, (os professores) vão reconhecer que esse foi um dos maiores avanços que tivemos até hoje em termos de carreira do docente. Estou convencido que eles vão gostar da proposta e propor imediatamente o retorno das atividades do ano letivo e garantir que estudantes não tenham prejuízo”, declarou aos jornalistas.

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Jornalismo

Operação Fim de Ano: PRF registra redução de 30% nas mortes em rodovias federais

A Polícia Rodoviária Federal encerrou, à meia noite desta segunda-feira (2), a operação Fim de Ano. Nos dezessete dias da ação especial, foram registrados 196 acidentes, 96 feridos e 10 mortes. No mesmo período do ano passado foram registrados 214 acidentes, com 101 feridos e 13 mortos. A redução de 30% no número de mortos e de 4% no de acidentes na comparação dos dois períodos reflete a atuação em conjunto das polícias rodoviária federal e militar

A PRF ressalta que os órgãos intensificaram o combate aos principais fatores de risco para a segurança do trânsito: a embriaguez ao volante; o excesso de velocidade; as ultrapassagens indevidas e as irregularidades na condução de motocicletas. Desde o dia 16, um conjunto de ações preventivas foi aplicado para a redução de acidentes e suas vítimas, seguindo o que estabelece a Operação Rodovida.

Neste último final de semana, entre sexta-feira (30/12) e domingo (01/01), foram registrados 30 acidentes, com 15 feridos e um morto. No mesmo período do ano passado foram 33 os acidentes, com 22 feridos e um morto.

Os acidentes com motocicleta estiveram na frente das estatísticas, nesse final de semana. Foram 13 acidentes do total de trinta, sendo um deles o único com vítima fatal no período, registrado em Pau dos Ferros, após uma colisão frontal entre motocicleta e uma Saveirio. A vítima foi identificada como Alison de Souza Dantas, de 21 anos.

Ainda segundo a Polícia Rodoviária Federal, a BR 101 mais uma vez registrou o maior número de acidentes entre sexta e domingo, sendo 16 ocorrências. A BR 304, por sua vez, teve sete acidentes. Atuando no fator de risco velocidade excessiva, a PRF flagrou 696 veículos acima da velocidade permitida para a via. No combate à embriaguez ao volante, o órgão aplicou 254 testes, com 24 condutores autuados, dos quais nove foram presos por dirigirem sob efeito de álcool acima do permitido em lei.

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