Mundo

Talibã elogia terroristas e dá dinheiro e terras às famílias de homens-bomba

Foto: Alexander Zemlianichenko / Pool via AFP

O Talibã elogiou terroristas suicidas que morreram durante a guerra travada pelo grupo extremista contra o antigo governo do Afeganistão, os Estados Unidos e aliados ocidentais e ofereceu dinheiro e terras às famílias dos homens-bomba.

O anúncio foi feito na terça-feira (19) pelo Ministério do Interior, que realizou uma cerimônia no Hotel Intercontinental de Cabul — estabelecimento de luxo que foi alvo de um ataque a bomba em 2018.

Sirajuddin Haqqani, o atual ministro do Interior é considerado um “terrorista global” pelos EUA e tem uma recompensa de US$ 10 milhões (mais de R$ 56 milhões) pela sua captura. Fotografias oficiais da reunião escureceram o rosto do ministro.

As famílias dos terroristas receberam roupas e 10 mil afeganis (cerca de R$ 600) e receberão lotes de terra, segundo o porta-voz do ministério, Qari Sayeed Khosti.

“Em seu discurso, o ministro elogiou a Jihad e os sacrifícios dos mártires e mujahidin e os chamou de heróis do Islã e do país”, disse o Ministério do Interior em um comunicado.

A rede Haqqani

Sirajuddin Haqqani substituiu seu pai, Jalaluddin Haqqani, como chefe da rede Haqqani, um grupo terrorista afiliado ao Talibã que é apontado por serviços de inteligência ocidentais por alguns dos ataques suicidas mais sangrentos do Afeganistão.

Ele é procurado para interrogatório pelo FBI por sua conexão com um ataque a outro hotel da capital Cabul, em 2008, no qual morreram seis pessoas — incluindo um cidadão americano.

G1

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Geral

TENSÃO NO AFEGANISTÃO – (VÍDEO): Explosão nos arredores do aeroporto de Cabul deixa mortos, diz Talibã

Uma explosão nos arredores do aeroporto de Cabul, no Afeganistão, deixou ao menos 13 mortos, incluindo crianças, e vários guardas do Talibã feridos, afirmou uma autoridade do grupo islâmico à agência Reuters.

A explosão, inicialmente, foi confirmada pelo governo dos Estados Unidos sem precisar se havia vítimas em meio ao grande esforço internacional para a retirada de pessoas da capital afegã.

“Podemos confirmar uma explosão fora do aeroporto de Cabul. O número de vítimas não está claro neste momento. Forneceremos detalhes adicionais quando pudermos”, informou, no Twitter, o secretário de Imprensa do Pentágono, John Kirby.

Funcionários da Casa Branca disseram que o presidente dos EUA, Joe Biden, foi informado sobre a explosão na capital afegã. Biden participava de uma reunião com autoridades de segurança sobre a situação no Afeganistão.

De acordo com informações de três funcionários do governo dos EUA ouvidos pela CNN, a explosão teria ocorrido em um dos portões de acesso ao aeroporto e, aparentemente, teria sido se tratado de um ataque suicida.

Imagens desta quinta, antes da explosão, mostravam centenas de pessoas nos arredores do Aeroporto Internacional Hamid Karzai ainda tentando acessar o complexo para deixar o país.

Funcionários do governo dos EUA e de países aliados informaram nas últimas horas que tinham informações dos serviços de inteligência sobre ameaças de ataques contra o aeroporto da capital afegã.

Reino Unido tenta confirmar gravidade da situação

O Ministério da Defesa da Grã-Bretanha disse que trabalha com urgência para apurar o que aconteceu no aeroporto de Cabul após os EUA relatarem uma explosão nesta quinta.

“Estamos trabalhando com urgência para estabelecer o que aconteceu em Cabul e seu impacto no esforço de retirada de pessoas em andamento”, disse o ministério da defesa no Twitter.

“Nossa principal preocupação continua sendo a segurança de nosso pessoal, dos cidadãos britânicos e dos cidadãos do Afeganistão. Estamos em contato próximo com nossos aliados dos EUA e da [Organização do Tratado do Atlântico Norte] Otan em nível operacional na resposta imediata a este incidente.”

Turquia fala em duas explosões

O ministro da Defesa da Turquia afirmou que foram registradas duas explosões separadas nos arredores do aeroporto de Cabul, nesta quinta.

De acordo com Hulusi Akar, nenhum soldado turco ficou ferido na ação.

Uma fonte do governo da Alemanha ouvida pela agência Reuters também relatou que não há vítimas do país em decorrência da explosão.

CNN Brasil

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Segurança

EUA teriam deixado para trás em retirada R$ 93 bilhões em armas e veículos ao Talibã

Força especial talibã totalmente ‘americanizada’ Foto: Reprodução

Aquela imagem de uma força sem muitos recursos, com integrantes exibindo roupas civis, armas ultrapassadas e usando sandálias ou chinelos vai aos poucos sendo desconstruída com o “novo” Talibã, que, pelo menos no seu exército, vai se modernizando.

Estima-se que os Talibãs herdaram, com a retirada das forças americanas, R$ 93 bilhões em armas e veículos militares abandonados, incluindo cerca de 200 mil armas de fogo e 20 mil Humvees apreendidos do Exército afegão. Há, ainda, centenas de veículos blindados resistentes a minas terrestres.

Oficiais de Inteligência dos EUA temem que haja cerca de 150 helicópteros e aviões para os insurgentes do Talibã usarem, incluindo 45 helicópteros UH-60 Black Hawk, contou o “Daily Mail”.

Tudo é muito novo para a milícia. Imagens publicadas em mídia social parecem mostrar extremistas pegando um helicóptero Black Hawk abandonado para um “passeio” perto de Kandahar. O helicóptero chegou a taxiou na pista desértica, mas o piloto não conseguiu fazer a aeronave voar.

Sete helicópteros Black Hawk, que custam cerca de R$ 110 milhões cada, chegaram ao Afeganistão no mês passado, antes de o Talibã assumir o controle de Cabul. O tipo de aeronave é considerado um dos mais ágeis para operações de combate.

“Enquanto eles (o Talibã) avançava, eles iam integrando às suas forças equipamentos ocidentais. Os EUA na verdade armaram o exército do Talibã”, afirmou Bill Roggio, editor do “Long War Journal”, baseado nos EUA.

Um dos retratos mais claros da “virada de página” militar do Talibã é a força especial batizada de Badri 313. Os seus membros foram “americanizados”, usando uniformes e equipamentos americanos confiscados do Exército afegão, deixando para trás a imagem mais comum que se tem de um combatente fundamentalista afegão. Os extremistas pintaram o slogan “Força Vitoriosa” na lateral de um transporte blindado M1117, feito nos EUA ao custo de R$ 4 milhões. Em vez dos clássicos fuzis soviéticos AK-47, os membros da Badri 313 exibem modernos rifles americanos M4 e óculos de visão noturna. A unidade está a cargo da segurança nos tensos arredores do aeroporto de Cabul.

O nome da força especial vem de um episódio relatado pela fé islâmica há 1.400 anos, quando o profeta Maomé teria aniquiliado os seus inimigos na batalha de Badr com um exército de apenas 313 homens. Especialistas avaliam que em países vizinhos não haja um grupamento tão bem aparelhado.

“Quando um grupo armado coloca as mãos em armamentos de fabricação americana, é uma espécie de símbolo de status. É uma vitória psicológica”, afirmou ao site “The Hill” Elias Yousif, vice-diretor do Monitor de Assistência à Segurança do Centro de Política Internacional.

Enquanto isso, nas sua campanha de reforma do país, o Talibã impõe aos civis uma série de alterações nos costumes, disseminados durante duas décadas de ocupação pelas forças dos EUA, incluindo a proibição de música e do uso de calça jeans, outro símbolo americano.

Extra – O Globo

 

Opinião dos leitores

  1. Duvido que o Galego Trump tivesse sido derrotado nessa batalha aí.
    Um armamento desses pesados, perder pra soldados com espingardas de socá?
    Impossível!!
    Isso foi planejado por esse esquerdistas Biden.
    Frouxo, derrotado dando prejuízos a nação.
    Se bem que prejuízo pra esquerdistas é lucro.
    Eles vem o mundo ao contrário.
    De cabeça pra baixo.
    A onde é norte eles vê o sul.
    Tem que esse cara ir a público pedir desculpas ou então renunciar.
    Presidente fraco.

    1. Vc não procurou saber que foi Trump quem assinou o tratado de retirada do Afeganistão? Não soube que as cláusulas desse acordo permitiam o taliba atacar o exército afegão? Pesquise…

    2. Mané! viu o seu guru o ladrão de nove dedos?
      Não né?
      Uma multidão daquele tamanho,o povo se espremendo, se esfregando um no outro, era impossível de vc chegar perto.
      Não sabia que o povo de Natal tinha tanto carinho por esse ladrão vagabundo de nove dedos.
      Kkkkkkkkkkkkkkk
      Kkkkkkkkķkkkk
      Chupa!!

    3. O que Trump assinou foi um tratado de paz e com isso a retirada do seu exercito, e não uma fuga desorganizada deixando todo um povo desassistido e uma fortuna em armamento nas mãos do Talibã. São duas coisas completamente diferentes.

    4. Norma: Não tenho bandido guru de estimação. Até pq aqui no Brasil para defender político (a grande maioria corrupta, inclusive o MINTO das rachadinhas) só sendo muito alienado ou mamando nas tetas do dinheiro público… E vc? Qual o bandido político que vc cativa? Se não for burra ganha uma boa mamata para isso né?!

      Pedro: O acordo assinado por Trump fortaleceu o Talibã visto que ele continuava atacando e conquistando território e só não podia atacar as tropas ocidentais. A previsão de retirada seria para ser concluída em maio e o Biden postergou para setembro. Não estou aqui defendendo o Afeganistão, o Talibã muito menos os EEUUAA (seja qual for o presidente de lá), afinal cada país tem que defender os seus interesses. O gasto que os Estados Unidos fizeram no Afeganistão foi imenso e se eles cansaram de gastar esse dinheiro é direito deles como Nação decidir parar. Não sou a favor da intervenção externa em nenhum país.

    5. Mané esquerdista frustrado.
      Viu ou não viu o seu guru??
      Vc que enganar aquém???
      Viu o ladrão ou não viu??
      Responda!
      Responda!
      Mais era gente!!
      Nera???
      Rsrsrs.
      Cadê ze tomais na bunda??
      Aposentou foi?
      Kkkkkkk
      Voto limpo ja!
      Abra a sala secreta, frustrado.
      Outra coisa.
      E o data fôia?
      Merece ou não merece credibilidade??
      Anote aí.
      Depois do dia 07, a qualquer momento eles soltam outra pra enganar babaca que nem vc.
      Kkkkkkkkkk

    6. Deixe de escrever merda por aqui. Pelo amor de Deus. Vá ler, estudar

    7. A milícia digital hoje tá com tudo… Isso mesmo, façam valer a mamata… KKKKKK.

      Eu não sou esquerdista frustrado, eu sou bolsonarista frustrado! Votei no MINTO das rachadinhas , fui pra manifestações no Midway para depois descobrir que o presidente inepto fazia rachadinha, nomeou um PGR petista, um ministro do STF indicado pelo PP (partido de centrão) e agora indicou um ministro ex assessor de Toffoli… Achando pouco, o MINTO encheu o governo dele de corruptos do centrão e militares que são incompetentes, negacionistas e muito gostam mesmo de uma propina… Votei no MINTO achando que ele faria uma economia liberal quando está usando as mesmas artimanhas que o PT usava para comprar votos com dinheiro oficial, criando uma “nova” e maior bolsa família para chamar de sua… Não votei no MINTO para ver ele comprando votos liberando verbas parlamentares recordes e ainda fazendo esquema escuso chamado tratoraço…

    8. Mané, vc não votou nele coisa alguma. E não vem com esse papo de milícia, os conservadores não teriam sequer dinheiro prá isso. Robô e milícia digital paga não juntam enormes multidões de manifestantes e NÃO VOTAM. Bolsonaro elegeu-se presidente sem dinheiro, sem partido forte, sem esquema eleitoral algum. Ao contrário, ele ENFRENTOU TODOS e ainda está enfrentando. E nós, os bolsominions, o gado, fazemos DE GRACA, movimentos por valores que gente como vc desconhece totalmente e talvez por isso time em não querer enxergar. Cai na real e abre teus olhinhos “vermelhos” prá verdade. Tentar aprender alguma coisa com esse momento e deixa de negar a realidade. Vc é um negacionista. Rsrsrs

    9. Direita rachadinha, existia e existe milícia digital com perfis falsos, tanto no governo do PT quanto agora no atual governo. Vc mesmo é um exemplo disso. E certamente existe gente ganhando pra ficar na internet o dia todo espalhando fake news e idolatrando o MINTO das rachadinhas (assim como vc o faz aqui), assim como havia blogs e jornalistas sujos pagos com dinheiro público na época do PT também.

      Sim, Bolsonaro venceu as eleições de 2018 por ter maioria dos votos , inclusive o meu, que assim como outros milhões, não voto mais nele. Isso não me torna petista, nem esquerdista muito menos lulista. Faz mais de 20 anos que não acredito em nada do que Lulaladrão fala e como nunca precisei vender meu apoio, também não o apoiava por dinheiro como muitos faziam e agora o fazem a favor do MINTO das rachadinhas.

      O discurso do MINTO das rachadinhas ser contra o sistema, contra o establishment já não cola mais, só mesmo para o gado ou os que mamam no dinheiro público, afinal, o próprio já disse que é do centrão (bloco de partidos e parlamentares que apoiam quem der mais dinheiro). E sim, o MINTO arrebanha (nome bem compatível com a situação) muitos seguidores nas suas manifestações, é normal isso acontecer aqui no Brasil quando se está no poder pois muitos gostam de idolatrar políticos se comportando como verdadeiros “súditos” deles e não cidadãos que deveriam cobrar, no mínimo, coerência em quem votou. Como eu prezo pela minha coerência e de quem eu votei, não vou ficar passando pano para político nenhum, ainda mais por não precisar de dinheiro deles…

      Muitos apoiam o MINTO por inocência, outros por idolatria cega, outros pq como todo corno gosta de ser enganado e culpar o sofá… Mas já está descobrindo a mamata de muitos que ganham para apoiar o MINTO, seja por ter um cargo comissionado, seja por receber direta ou indiretamente dinheiro público por “serviços prestados”. Mas e aí, vc se enquadra em qual tipo de apoiador do presidente inepto: o inocente , o idólatra cego, o que gosta de ser traído e enganado ou é só mais um que mama para fazer isso?

  2. Segundo a esquerda TRUMP é o genocida, BIDEN o democrata humanitário.
    Entenderam o mundo que estamos vivendo?
    A maior parte de todo esse armamento deixado pelo esquerdista BIDEN vai ser usado pelo Talibã para matar, aniquilar, assassinar seus inimigos, entre eles, mulheres e gays.
    O Talibã não aceita o homossexualismo, ele mata toda e qualquer pessoa com essa opção.
    O silêncio da esquerda mostra o nível deprimente de sua ideologia em nome do poder, mesmo que seja um sanguinário assassino, se estiver alinhado a esquerda, nada, absolutamente não é criticado, tudo é aceito como certo e normal. Estamos falando de atrocidade real, assassinato a sangue frio cometida por um alinhado da esquerda.
    Lembrando que é de conhecimento público que o ex presidente do PT enviou R$ 25 milhões de recursos públicos brasileiro ao Talibã

    1. BIDEN esquerdista, o neocon ficou louco. Esqueça o que a esquerda e direita nacional dá pitaco sobre os EUA, lá a conversa é outra. Ambos os partidos lucram com a guerra e invasões, isso é fartamente documentado, assim como as atuações da CIA e NSA.

  3. Impressionante a falta de planejamento para a retirada dos soldados e armamentos. Uma lástima esse governo Joe Biden.

  4. Pra quem gastou 1 trilhão de dolares em 20 anos, numa guerra, ou 5,5 trilhão de reais…..É troco.

    1. O contribuinte americano gastou, mas as companhias americanas lucraram e muito com essa falsa guerra ao terror. A indústria da guerra não pode parar, se assemelha a indústria da construção civil chinesa, tem que funcionar sempre.

  5. Nem em sonho o Taleban terá condições de manter funcionando esse equipamento. Faltará desde o óleo lubrificante apropriado até o operador habilitado. Vão vender no mercado negro para os próprios americanos.

    1. Ou para as cada vez mais crescentes milícias privadas. Até o cartel mexicano hipermodernizado (Jalisco Nova Geração) pode entrar no jogo.

  6. Uma retirada desastrada comandada por um presidente senil, caquético. A civilização ocidental judaico-cristã está correndo sério risco. Isso deveria ser levado muito a sério.

    1. A civilização sino-russa também corre riscos, se sua viseira de olavete te deixar ver. Os EUA tem tanta culpa como a China e Rússia, por treinar, incentivar e invadir o Afeganistão desde muito tempo.

    2. Não me refiro apenas ao Afeganistão, que é apenas mais um exemplo desse risco. Quanto a Russia e China, estão se alinhando com o talibã. Nem sequer retiraram suas embaixadas.

    3. Vc só tá esquecendo de dizer que foi Trump que assinou um tratado ridículo que só fez favorecer os talibas ja que eles , durante a vigência do cessar fogo com as tropas ocidentais, poderiam atacar livremente as tropas afegãs…

    4. Quem incentivou o Talibã, foi os EUA, na década de 80, contra os soviéticos. Agora pagam o preço. Tudo começou com Reagan e Bush pai (Republicanos). Seja honesto pelo menos uma vez!

    5. Tofos os americanos são a favor da retirada do Afeganistão. Já estão por lá há mais de 20 anos. Mas o problema foi a FORMA como ocorreu, conduzida pelo senil Biden, que está decepcionando em todos suas ações.

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Diversos

Talibã está sobre riqueza mineral inexplorada de R$ 5,4 trilhões necessária para o mundo

Foto: Benjamin Lowy/Getty Images

A queda veloz do Afeganistão para os combatentes talibãs duas décadas depois que os Estados Unidos invadiram o país desencadeou um processo político e uma crise humanitária. Também está fazendo com que os especialistas em segurança se perguntem: o que vai acontecer com a vasta riqueza mineral inexplorada do país?

O Afeganistão é uma das nações mais pobres do mundo. Mas, em 2010, autoridades militares e geólogos dos EUA revelaram que o país, que fica na encruzilhada da Ásia Central e do Sul da Ásia, tem depósitos minerais no valor de quase US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,38 trilhões) – o que poderia transformar dramaticamente as perspectivas econômicas do país.

As reservas de minerais como ferro, cobre e ouro estão espalhadas pelas províncias. Existem também minerais de terras raras e, talvez o mais importante, o que poderia ser um dos maiores depósitos de lítio do mundo. O lítio é um componente essencial, mas escasso, para baterias recarregáveis e outras tecnologias vitais para enfrentar a crise climática

“O Afeganistão é certamente uma das regiões mais ricas em metais preciosos tradicionais, mas também os metais [necessários] para a economia emergente do século 21”, afirmou Rod Schoonover, cientista e especialista em segurança que fundou o Ecological Futures Group.

Desafios de segurança, falta de infraestrutura e secas severas impediram a extração da maioria dos minerais valiosos no passado. É improvável que isso mude em breve sob o controle do Talibã. Ainda assim, há interesse de países como China, Paquistão e Índia, que podem tentar se engajar apesar do caos.

“É um grande ponto de interrogação”, disse o especialista.

Enorme potencial

Mesmo antes de o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciar que retiraria as tropas norte-americanas do Afeganistão no início deste ano, preparando o cenário para o retorno do controle do Talibã, as perspectivas econômicas do país eram sombrias.

Em 2020, cerca de 90% dos afegãos viviam abaixo da linha de pobreza determinado pelo governo de US$ 2 (cerca de R$ 10,76) por dia, de acordo com um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos publicado em junho. Em seu perfil de país mais recente, o Banco Mundial disse que a economia continua “moldada pela fragilidade e dependência da ajuda”.

“O desenvolvimento e a diversificação do setor privado são limitados pela insegurança, instabilidade política, instituições fracas, infraestrutura inadequada, corrupção generalizada e um ambiente de negócios difícil”, afirmou o documento em março.

Muitos países com governos fracos sofrem com o que é conhecido como a “maldição dos recursos”, na qual os esforços para explorar riquezas naturais não trazem benefícios para a população local e para a economia doméstica. Mesmo assim, as revelações sobre as reservas minerais do Afeganistão, baseadas em pesquisas anteriores conduzidas pela União Soviética, são promissoras.

A demanda por metais como lítio e cobalto, bem como por elementos de terras raras como o neodímio, está aumentando à medida que os países tentam mudar para carros elétricos e outras tecnologias limpas para reduzir as emissões de carbono. A Agência Internacional de Energia (IEA) declarou em maio que os suprimentos globais de lítio, cobre, níquel, cobalto e elementos de terras raras precisavam aumentar drasticamente ou o mundo fracassaria em sua tentativa de enfrentar a crise climática. Três países (China, República Democrática do Congo e Austrália) respondem atualmente por 75% da produção global de lítio, cobalto e terras raras.

O carro elétrico médio requer seis vezes mais minerais do que um carro convencional, de acordo com a IEA. Lítio, níquel e cobalto são essenciais para as baterias. Redes de eletricidade também requerem grandes quantidades de cobre e alumínio, enquanto elementos de terras raras são usados nos ímãs necessários para fazer as turbinas eólicas funcionarem.

O governo dos EUA estimou que os depósitos de lítio no Afeganistão poderiam rivalizar com os da Bolívia, lar das maiores reservas conhecidas do mundo.

“Se o Afeganistão tiver alguns anos de calma, permitindo o desenvolvimento de seus recursos minerais, poderá se tornar um dos países mais ricos da região em uma década”, disse Said Mirzad, do US Geological Survey, à revista “Science” em 2010.

Foto: Matthew C. Rains/Tribune News Service/Getty Images

Ainda mais obstáculos

A calmaria nunca chegou, e a maior parte da riqueza mineral do Afeganistão permaneceu no solo, disse Mosin Khan, um membro sênior não residente do Conselho do Atlântico e ex-diretor do Oriente Médio e Ásia Central do Fundo Monetário Internacional.

Embora tenha havido alguma extração de ouro, cobre e ferro, a exploração de lítio e minerais de terras raras requer muito maior investimento e conhecimento técnico, além de tempo. A IEA estima que leva 16 anos, em média, desde a descoberta de um depósito para que uma mina comece a produzir.

No momento, os minerais geram apenas US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,38 bilhões) no Afeganistão por ano, de acordo com Khan. Ele estima que 30% a 40% foram desviados pela corrupção, bem como pelos senhores da guerra e pelo Talibã, que presidiu a pequenos projetos de mineração.

Ainda assim, Schoonover acha que há uma chance de o Talibã usar seu novo poder para desenvolver o setor de mineração.

“Dá para imaginar uma trajetória de que talvez haja alguma consolidação, e parte dessa mineração não precisará mais ser desregulada”, afirmou.

Mas, continuou Schoonover, “as possibilidades estão contra isso”, visto que o Talibã precisará dedicar sua atenção imediata a uma ampla gama de questões humanitárias e de segurança.

“O Talibã assumiu o poder, mas a transição do grupo insurgente para o governo nacional não será nada simples”, opinou Joseph Parkes, analista de segurança para a Ásia na empresa de inteligência de risco Verisk Maplecroft.

“A governança funcional do setor mineral nascente provavelmente ainda levará muitos anos”.

Khan observa que já era difícil conseguir investimento estrangeiro antes de o Talibã derrubar o governo civil do Afeganistão apoiado pelo Ocidente. Atrair capital privado será ainda pior agora, particularmente porque muitas empresas e investidores globais estão buscando em padrões ambientais, sociais e de governança (ESG) cada vez mais elevados.

“Quem vai investir no Afeganistão agora e que não estava disposto a investir antes?”, questionou Khan. “Os investidores privados não vão correr o risco”.

As restrições dos EUA também podem representar um desafio. O Talibã não foi oficialmente designado como Organização Terrorista Estrangeira pelos Estados Unidos. No entanto, o grupo foi colocado em uma lista do Departamento do Tesouro dos EUA de Terroristas Globais Especialmente Designados e em uma lista de Nacionais Especialmente Designados.

Uma oportunidade para a China?

Projetos apoiados pelo Estado motivados em parte pela geopolítica podem ser uma história diferente. Líder mundial na mineração de terras raras, a China disse na segunda-feira (16) que “manteve contato e comunicação com o Talibã afegão”

“A China, o vizinho do lado, está embarcando em um programa de desenvolvimento de energia verde muito significativo”, disse Schoonover. “O lítio e as terras raras são até agora insubstituíveis por causa de sua densidade e propriedades físicas. Esses minerais influenciam seus planos de longo prazo”.

Se a China intervir, Schoonover disse que haveria preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos de mineração, dado o histórico da China.

“Quando a mineração não é feita com cuidado, pode ser ecologicamente devastadora, o que prejudica certos segmentos da população sem muita voz”, explicou.

No entanto, o governo chinês pode ser cético em relação a parcerias em empreendimentos com o Talibã, dada a instabilidade contínua, e pode se concentrar em outras regiões. Khan destacou que a China já foi prejudicada antes ao tentar investir em um projeto de cobre que posteriormente foi paralisado.

“Acredito que eles priorizarão outras geografias emergentes ou fronteiriça muito antes do Afeganistão liderado pelo Talibã”, opinou Howard Klein, sócio da RK Equity, que assessora investidores em lítio.

CNN Brasil

Opinião dos leitores

  1. Nenhum desses minerais é mais importante que o Niobio, q temos muito e vamos enricar com isso. Né mito?

  2. Ainda bem que o PT não ganhou a presidência.
    Se tivesse no poder, estaríamos dominados igual o Afeganistão.

    1. O PT passou 13 anos no poder e não chegou nem perto do regime Taliban que o mito quer implantar, ou seja: fim do STF, Congresso, fim da urna eletrônica, arma na mão de todo mundo, sem vacina e tudo em nome de Deus. O Afeganistão seria aqui kkkk mas não vai não.

    2. Se informe melhor Luca, o PT não chegou perto de agir como o Talibã, mas financiou o Talibã, enviou R$ 20 Milhões em ajuda financeira, oficialmente, ao regime que faz da mulher, gays e LGBT pedras a serem atiradas das janelas do último andar dos edifícios.

    3. É por conta desses idiotas úteis, tipo Luca, que o pilantra de nove dedos doutrinou esse povo. Um bando de analfabetos, não sabem história, matemática, geografia, nada. Ler um texto e interpretar é missão impossível, tire as conclusões pelo que ele escreveu, não disse nada com nada, vamos ter muita misericórdia, pois desse nível, depois de 14 anos o Brasil está cheio.

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Política

AFEGANISTÃO – RETROCESSO E MEDO: Fotos de mulheres são cobertas após Talibã tomar poder

Foto: Reprodução/Twitter/Lotfullah Najafizada

Horas após o Talibã tomar o poder em Cabul, a capital do Afeganistão, algumas imagens de publicidade com fotos de mulheres começaram a ser retiradas das fachadas das lojas.

No domingo (15), fotógrafos da agência Kyodo fizeram imagens de painéis com fotos sendo retirados, aparentemente, por pessoas que não são membros do grupo insurgente. Em redes sociais foram publicadas imagens semelhantes, mas sem indicação do local ou da data.

O Talibã tomou Cabul e voltou ao poder no Afeganistão no domingo, 20 anos depois de terem sido destituídos por uma coalizão militar internacional. O presidente fugiu do país, e o palácio presidencial foi tomado pelos combatentes do grupo extremista.

Antes disso, o Talibã já tinha controlado quase todo o território.

A maioria (cerca de 80%) das pessoas do Afeganistão que tiveram que deixar suas casas por causa do avanço do Talibã é de mulheres e crianças, de acordo com a agência para refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU).

Há medo que o Talibã volte a impor leis baseadas na interpretação que o grupo faz do islamismo, pela qual mulheres quase não têm direitos.

O grupo fundamentalista governou o país durante cinco anos, até 2001, quando a coalizão liderada pelos Estados Unidos tirou os extremistas do poder.

Nos anos que antecederam a invasão pela coalizão, as meninas não podiam estudar, as mulheres não podiam trabalhar e nem mesmo sair de casa se não estivessem acompanhadas de um parente.

O governo do Talibã também promovia apedrejamento de mulheres acusadas de adultério.

Além dessas regras relativas a mulheres, os talibãs também faziam execuções públicas e, como medida de punição, cortavam as mãos de quem eles diziam ser ladrões.

Nos 20 anos desde que o Talibã esteve fora do poder, houve avanços nos direitos das mulheres, ainda que a sociedade afegã seja conservadora em relação a essa pauta. As meninas entraram nas escolas, e há mulheres no Parlamento, no governo e em empresas.

O avanço nas áreas urbanas foi significativo, afirma Marianne O’Grady, vice-diretora da organização Care Internacional. Ela diz que mesmo com a volta do Talibã ao poder, a situação anterior a 2001 não vai se verificar: “Não é possível ‘deseducar’ milhões de pessoas, e se as mulheres agora estão atrás das paredes e não podem mais sair tanto, elas ainda podem dar aulas aos parentes e vizinhos e filhos, o que não acontecia há 25 anos”.

Mesmo assim, há relatos a respeito de uma sensação de perda de direitos entre algumas mulheres.

Ainda não há relatos de que as regras do Talibã para mulheres já voltaram a ser implementadas nas regiões que o grupo tomou desde maio deste ano. A agência Associated Press afirma que pessoas que fugiram dessas áreas contaram que alguns militantes tomaram casas e que botaram fogo em uma escola.

Algumas das famílias que foram a Cabul na semana passada, antes da invasão da capital, disseram que, nas regiões que os insurgentes já tinham dominado, no norte do país, já havia alguns episódios que podem ser indicativos do que acontecerá com as mulheres. Em uma cidade, militantes gritaram com mulheres que usavam “sandálias muito reveladoras”. Um professor disse que as mulheres foram proibidas de ir ao mercado sem um homem para acompanhá-las.

Talibã diz que vai proteger direitos das mulheres

O Talibã diz que quer uma transição de poder pacífica nos próximos dias, disse o porta-voz da organização, Suhail Shaheen.

Ele também afirmou que o grupo insurgente vai proteger os direitos de mulheres, assim como a liberdade para os profissionais de mídia e diplomatas.

Em uma entrevista à rede BBC, ele afirmou que eles garantem, especialmente aos moradores de Cabul, que suas propriedades e suas vidas estão seguras.

G1

 

Opinião dos leitores

  1. Não tem nada demais em filtrar o que é erotizante e imodesto da exposição ao público. Se as feministas são contra que peguem um avião e vão lá tirar satisfação com o Taleban. Boa sorte.

  2. Olhem ai o que esquerdistas são capazes.
    Ilhem aí!!
    É assim que a patota vermelha quer fazer aqui.
    Eles apoiam isso aí, aliás tudo que é ruim.
    Nem em Deus acreditam.
    Vão rodar.
    Vai ser verde e amarelo sempre.
    Ponto final.

    1. Vai não, lá ela não pode mostrar a tatuagem que fez no anel enrugado!!!

    1. Thomaz vá se informar e ver quem apoia e defende os talibãs, quem fez doações com recursos do governo brasileiro para instituições ligação a eles. Cuidado depois será tarde e você não poderá nem reclamar, nem se expressar.

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Política

Enquanto o mundo acompanha assustado o terror no Afeganistão, o partido que defende Lula e o Talibã, o PCO, celebra vitória contra o “imperialismo”

Foto: Wali Sabawoon/NurPhoto/Getty Images

O mundo acompanha, assustado, o cenário caótico instalado no Afeganistão com a volta do Talibã ao poder. Por aqui, o Twitter do Partido da Causa Operária (PCO), chama atenção. Além de fazer campanha para o ex-presidente Lula, de defender o voto impresso e de convocar seguidores para se manifestarem contra Bolsonaro, a legenda publica tuítes elogiando a ação do Talibã que, segundo eles, é uma vitória contra o imperialismo.

Neste sábado, 14, o partido rejeitou a ideia de uma terceira via para as eleições de 2022. Segundo eles, uma terceira via seria um golpe contra Lula. “Os golpistas planejam mais um golpe contra o movimento popular e operário. Para evitar a eleição da liderança mais popular do país, querem impor um candidato que substitua Bolsonaro apenas na aparência, mas que preserve seu conteúdo político”, escreveu o PCO com a hashtag #LulaPresidente.

No mesmo dia, a legenda chamou a invasão do Talibã no Afeganistão de grande vitória de todo povo oprimido contra o imperialismo. “Ao bater em retirada, o imperialismo estadunidense revela a crise em que se encontra. Sem sombra de dúvida, o avanço do Talibã representa uma enorme vitória sobre os piores inimigos dos oprimidos de todo o planeta. Pelo fim das ocupações imperialistas”.

Já no domingo, 15, o PCO divulgou comentário de Rui Costa Pimenta, presidente do partido, no qual ele chama a entrada do Talibã no poder de “derrota espetacular do imperialismo”.

Na semana passada, no dia 11, o partido publicou que o voto impresso é um direito democrático dos eleitores. “A imprensa golpista, os políticos da direita e, à reboque da burguesia, a esquerda pequeno-burguesa saíram numa cruzada contra mais um direito democrático da população. Urnas invioláveis, TSE a serviço do povo? Ora, a quem serve a campanha contra o voto impresso?”, questiona o PCO.

Defender a invasão do Talibã no Afeganistão é assustador. Um partido que prega defesa dos direitos humanos deveria saber que muitos desses direitos serão desrespeitados a partir de agora naquele país. É provável que nem Lula queira apoio de um partido que chama de “vitória” a tomada de poder que aconteceu este fim de semana.

Blog Matheus Leitão – Veja

https://veja.abril.com.br/blog/matheus-leitao/o-partido-que-defende-lula-e-o-taliba/

 

Opinião dos leitores

  1. Vocês são ridículos. Bolsonaro apoia a Arábia Saudita que é um país islâmico, não democrático e, que rechaça a participação de mulheres em tudo.

  2. Tanto eles como os bárbaros assassinos que eles defendem são um bando de psicopatas imbecis. Canalhas. Escória vagabunda.

    1. Qual a necessidade de colocar no título “partido que defende Lula”?

  3. “PCO usa hashtag #LulaPresidente, defende o voto impresso e a invasão do Talibã no Afeganistão”
    Esse PCO tá doido, só pode.

  4. Esse povo é doente.. vao matar crianças, homens e mulheres.. muita gente vai morrer de fome ou degolado.. e esses esquerdopatas defendem isso. Doença similar aos que os socialistas nazistas faziam.

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Diversos

FOTO E VÍDEO: Entenda a situação do Afeganistão após o Talibã assumir o controle de Cabul

Foto: Sayed Khodaiberdi Sadat – 16.ago.2021/Anadolu Agency via Getty Images

O Talibã se aproximou de solidificar o controle do Afeganistão no domingo (15), incluindo a entrada no palácio presidencial em Cabul, horas depois que o ex-presidente Ashraf Ghani fugiu do país.

A situação em rápida evolução causou confusão e preocupação enquanto os Estados Unidos e governos em todo o mundo monitoram o amargo fim de quase duas décadas de guerra.

Aqui está o que você precisa saber sobre o que aconteceu no fim de semana e como chegamos ao estágio atual no país:

Qual a situação no momento?

O palácio presidencial em Cabul agora foi entregue ao Talibã após ter sido desocupado poucas horas antes por funcionários do governo apoiado pelos EUA.

O grupo islâmico reivindicou o palácio com três funcionários do governo afegão presentes, de acordo com a emissora Al Jazeera, que transmitiu os eventos ao vivo.

Um funcionário de segurança do Talibã disse que havia uma “transferência pacífica de instalações do governo em andamento em todo o país”.

Outro falou brevemente em inglês para dizer que havia sido anteriormente detido pelos EUA em Guantánamo, uma alegação que a CNN não pode verificar de forma independente.

O presidente afegão fugiu. Ghani deixou o país no domingo para o Tajiquistão, disseram duas fontes à CNN.

O ministro da defesa interino do Afeganistão, general Bismillah Mohammadi, criticou a fuga do presidente em breve tuíte no domingo, escrevendo: “Eles amarraram nossas mãos nas costas e venderam a pátria, maldito homem rico e sua gangue”.

A embaixada dos EUA foi esvaziada. No início do domingo, duas fontes familiarizadas com a situação disseram à CNN que o plano era retirar todos os funcionários do país da embaixada em Cabul nas próximas 72 horas.

Horas depois, porém, a maior parte do pessoal da embaixada dos EUA foi transferida para o aeroporto de Cabul, de onde embarcaram em voos para fora do país. A bandeira dos EUA não está mais sobre o prédio.

Governos estrangeiros também se movimentaram. O aeroporto se tornou o foco de muita atenção internacional à medida que governos trabalham para retirar seus cidadãos do país.

Após relatos de tiros no aeroporto, a embaixada dos EUA instruiu todos os cidadãos norte-americanos que ainda estavam no país a se abrigarem no local.

“A situação da segurança em Cabul está mudando rapidamente, inclusive no aeroporto”, disse um alerta de segurança. “Há relatos de que o aeroporto pegou fogo; portanto, estamos instruindo os norte-cidadãos americanos a se abrigarem no local.”

Como chegamos a esse ponto?

A retirada das tropas dos Estados Unidos do país abriu caminho para o Talibã enfrentar e derrotar as forças de segurança afegãs.

Muitas das principais cidades caíram com pouca ou nenhuma resistência, incluindo a cidade-chave de Jalalabad, que o grupo assumiu o controle no domingo (15).

Funcionários do governo de Joe Biden admitiram erro de cálculo. A rápida queda das forças nacionais e do governo do Afeganistão foi um choque para o presidente e para membros seniores de sua administração, que há uma semana acreditavam que poderia levar meses até que o governo civil em Cabul caísse.

Agora, as autoridades estão reconhecem abertamente que estão surpresas com o que aconteceu.

“O fato é que vimos que aquela força não foi capaz de defender o país”, disse o secretário de Estado, Antony Blinken, ao “State of the Union”, da CNN, com Jake Tapper, referindo-se às forças de segurança nacional do Afeganistão.

“E isso aconteceu mais rapidamente do que prevíamos.”

Quais os próximos passos?

O país enfrenta agora o retorno do Talibã ao poder, o que, se for como foi nos anos 1990, significaria uma deterioração das liberdades civis, especialmente para mulheres e meninas cujas liberdades foram ampliadas no governo civil.

Grupos terroristas também podem se reconstituir em breve. Em um briefing para senadores na manhã de domingo, o presidente do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, disse que grupos terroristas como a Al-Qaeda poderiam se reestruturar no Afeganistão antes dos dois anos que as autoridades de defesa haviam estimado anteriormente para o Congresso por causa da recente e rápida tomada do país pelo Talibã, segundo um assessor do Senado que ouviu os comentários.

A situação pode resultar em uma crescente ameaça de terrorismo, justamente quando se aproxima o 20º aniversário do 11 de setembro de 2001, os ataques da Al-Qaeda ao World Trade Center, em Nova York.

Tropas norte-americanas adicionais foram para o Afeganistão. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, aprovou no domingo o envio de mais 1.000 soldados ao país, disse um oficial de defesa à CNN, elevando para 6.000 o número de soldados norte-americanos que estarão no país em breve. Sua principal missão é proteger o aeroporto de Cabul.

Os próximos passos ainda estão sendo debatidos. Estão em andamento discussões entre os principais conselheiros da Casa Branca sobre como Biden deve lidar com o agravamento da crise, disseram autoridades no domingo.

Nenhuma decisão final ainda foi tomada sobre se o presidente retornará a Washington de Camp David, o retiro presidencial onde estava de férias.

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta segunda-feira (16). O secretário-geral da ONU, António Guterres, deverá informar o Conselho sobre a situação e fazer consultas privadas na sequência.

Em comentários na sexta-feira (13), Guterres pediu ao Talibã que parasse sua ofensiva no Afeganistão e não respondeu diretamente quando questionado sobre o que diria àqueles que sentem que o país foi abandonado pela comunidade internacional.

Espere o escrutínio do Congresso dos EUA. Alguns legisladores já exigem mais informações do governo sobre como sua inteligência pode ter avaliado mal a situação no local, ou por que planos de contingência mais robustos para a retirada de norte-americanos e seus aliados não estavam em vigor.

CNN Brasil

 

Opinião dos leitores

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Diversos

China poderá em breve ter o improvável apoio do grupo extremista Talibã na Ásia Central

Musa Qala, cidade na província de Helmand, no Afeganistão, é controlada pelo Talibã. Foto: CNN

Uma coisa é um governo acusado de deter mais de 1 milhão de muçulmanos em um vasto sistema de campos de internamento. O outro é um dos grupos militantes islâmicos mais rígidos do mundo. No entanto, apesar de suas diferenças, o Partido Comunista Chinês e o Talibã podem em breve trabalhar juntos, pelo menos provisoriamente.

Após a retirada das tropas americanas do Afeganistão, o Talibã está novamente ressurgindo, assumindo o controle de grandes áreas do país.

A velocidade com que as forças de segurança afegãs perderam o controle para o Talibã chocou muitos e gerou temores de que a capital Cabul possa ser a próxima a cair.

O grupo islâmico já está planejando esse futuro, com um porta-voz do Talibã dizendo ao South China Morning Post de Hong Kong no início desta semana que a China era um “amigo bem-vindo” e que as conversas sobre a reconstrução deveriam começar “o mais rápido possível”.

A possibilidade de o governo chinês cooperar com o Talibã em um Afeganistão pós-EUA não é tão improvável quanto pode parecer à primeira vista.

O Afeganistão continua sendo um componente-chave nos planos de desenvolvimento regional de longo prazo de Pequim.

Em maio, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse que Pequim estava em negociações com Islamabad e Cabul para estender o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC) ao Afeganistão, incluindo a expansão das redes de transporte e comércio entre os três países.

A China também não se opõe a lidar com o Talibã, tendo dado as boas-vindas públicas ao grupo militante em Pequim em setembro de 2019 para negociações de paz.

O Talibã, entretanto, deixou claro que estaria disposto a ignorar quaisquer queixas percebidas, com um porta-voz dizendo ao Wall Street Journal no início deste mês que o grupo não tinha interesse em criticar a China por sua suposta repressão às minorias muçulmanas em Xinjiang.

“Nós nos preocupamos com a opressão dos muçulmanos … Mas o que não vamos fazer é interferir nos assuntos internos da China”, disse ele.

O senador paquistanês Mushahid Hussain, presidente do Instituto Paquistão-China, disse à CNN que o Talibã foi mais “castigado e pragmático” do que durante seu tempo anterior no poder, e os islamistas viam a China como um “participante confiável” no Afeganistão.

“(Se eles assumissem o poder), eles precisariam do apoio chinês para a estabilidade e reconstrução do Afeganistão. Irritar a China é uma receita de desastre para o Talibã”, disse ele.

Qualquer deterioração na situação de segurança do Afeganistão também seria uma preocupação significativa para Pequim, que investiu pesadamente na Ásia Central através de seu esquema de comércio e infraestrutura de Belt and Road.

Nos últimos anos, militantes islâmicos atacaram cidadãos chineses e seus interesses na província paquistanesa de Baluchistão, que faz fronteira com o Afeganistão.

A perspectiva de mais violência provavelmente criará inquietação em Pequim, assim como o espectro de militantes chineses locais encontrando refúgio nas áreas de fronteira sem lei do Afeganistão.

Até agora, o governo chinês não respondeu publicamente aos avanços do Talibã. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, está visitando o Turcomenistão, o Tadjiquistão e o Uzbequistão esta semana e deve discutir a questão do Afeganistão com seus colegas durante a viagem.

No entanto, em uma postagem amplamente compartilhada na mídia social, Hu Xijin, editor do tabloide nacionalista estatal Global Times, disse que o Talibã considerava a China um “amigo”.

Seu jornal, por sua vez, sugeriu que os meios de comunicação ocidentais estavam tentando arruinar o relacionamento do Talibã com Pequim, levantando questões sobre Xinjiang.

“O Ocidente realmente não se importava com os direitos humanos dos uigures de Xinjiang. Em vez disso, esperava semear a discórdia entre Pequim e o Talibã”, disse o artigo.

CNN Brasil

Opinião dos leitores

  1. Olha, é assim mesmo, o mal é o mesmo, só tem suas nuances. Mas, ao cabo, é tudo “farinha do mesmo saco”. A esquerdalha brasileira deve estar nessa também.

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