Televisão

Atriz Fernandinha Fernandez desiste de estrelato do pornô nacional e vira “gamer”

Foto: Arquivo pessoal

Por 14 anos Fernandinha Fernandez, 34, só foi conhecida por causa dos filmes adultos que estrelava. E “estrelar” é o verbo correto.

Quem conhece ou acompanha o mundo dos filmes eróticos no país sabe que existe um “antes” e um “depois” de Fernandinha, tal a, digamos, intensidade de suas performances.

Ela começou na TV como “parceira” de Vivi Fernandez, como uma das Mallandrinhas —assistentes de Sergio Mallandro.

Bonita, sexy, logo foi convidada para entrar no mundo erótico e chegou a gravar fora do país. Vivi também, aliás.

“No Brasil ser atriz de filme adulto é sinônimo de ser prostituta. Lá fora, não. Em outros países te tratam com respeito”, afirma Fernandinha, que decidiu se aposentar do pornô.

Por exemplo: Clayton Nunes, CEO da Brasileirinhas, onde ela gravou 17 filmes, lamenta sua “aposentadoria”.

“Ela ainda é uma das 15 atrizes mais procuradas diariamente no nosso site. Gente finíssima, extremamente profissional. Sempre foi e será uma das ‘tops’ do setor”, derrete-se o CEO.

Fernandinha agora investe em seu canal de YouTube, onde continua falando de sexo (como conselheira) e também abriu uma conta no OnlyFans, onde faz ensaios e vídeos sensuais. Mas, sexo explícito, não mais. Ela diz que cansou.

A maior frente dela, no entanto, é o novo canal que tem na Twitch (https://www.twitch.tv/fernandinhafernandez), onde fala e joga ‘games’ com fãs.

“Eu falo que sou um moleque em corpo de menina, porque sempre AMEI videogames’, diz na entrevista exclusiva publicada logo abaixo.

Articulada, inteligente, sagaz, Fernandinha afirma que sabe que seu caminho não será fácil e que o maior obstáculo que vai enfrentar se chama “preconceito”.

Ela já perdeu oportunidades de trabalho e chegou a ser expulsa de uma república de garotas apenas porque as outras mulheres descobriram que ela era atriz. Se sentiram ameaçadas e enciumadas. “Fui convidada a me retirar”, afirma.

Leia agora a entrevista que esta coluna fez com a “gamer” e modelo Fernandinha Fernandez:

O começo no pornô

Comecei 13 anos atrás pela Brasileirinhas. Fiz uma cena e eles gostaram bastante e acabaram me convidando para outros trabalhos. Eu topei.

Depois veio a fama na área e daí surgiram convites de outras produtoras. Eu gravei fora do país, gravei na França, Espanha etc.

Não foram muitos filmes —perto do tanto que outras meninas gravam—, mas acho que foram bem marcantes.

Há dois anos abri o canal na XVideos. Mas, a quantidade de gente que começou a postar nesse site ficou muito grande. Por causa disso, como tem muito vídeo, o faturamento com o canal caiu muito e eu parei de postar. Chega.

Acho que as pessoas meio que viram no XVideos uma outra forma de ganhar um dinheirinho sem sair de casa. Acho legal, é democrático, mas por outro lado muita gente faz vídeos de qualquer jeito, iluminação ruim, enquadramento. E isso baixa a qualidade do conteúdo.

Por que parei? Porque o pornô já não me agrega mais nada. Dizer que estou com saco cheio seria uma expressão muito forte.

Mas, acho que já fiz tudo que tinha para fazer nessa área. Outra coisa: sem modéstia, eu sempre me considerei uma pessoa muito inteligente.

Com o pornô, não tenho dúvida, eu estagnei como humana. Passei mais de 10 anos sem produzir nada de relevante para mim mesma. Digo na questão pessoal: não evoluí, não estudei, não fui atrás de coisas que pudessem me melhorar como pessoa e como profissional. Me acomodei.

Depois de um tempo comecei a me sentir burra, acredita? Eu sempre fui muito ativa, sempre quis fazer coisas, e então percebi que o pornô me estacionou.

Quero que saibam quem eu sou

Meu sonho é trazer esse público dos filmes adultos para outras plataformas. Para que saibam quem eu sou de verdade.

Por isso abri outras frentes: quero falar sobre o que eu passei, sobre o sexo encenado, dar dicas etc. E isso eu faço no meu canal no YouTube

Outra coisa que me fez mudar foi o fato de perder muitas coisas com o pornô.

As pessoas não conseguem diferenciar. Acham que ser atriz pornô é uma vida de quem transa 24 horas por dia, todos os dias. Ok, entendo perfeitamente que fui eu quem causou isso, foram minhas decisões.

Mas, agora também foi minha decisão buscar outras coisas, o canal no YouTube, o canal na Twitch, onde falo de games.

Hein? Games?

É, eu sempre amei games! Aí eu conversei com meu namorado e a gente decidiu também investir nessa plataforma. Abrimos um canal na TwitchTV, que está crescendo bastante.

Eu uni o útil ao agradável: basicamente falo que sou um menino que nasceu num corpo de menina. Eu sempre gostei muito de jogar videogames. De todos os tipos.

Como surgiu essa moda de as pessoas fazerem ‘lives’, essa geração dos ‘gamers’, eu me senti apta.

Graças a Deus tenho um público muito fiel que também joga. Eu já tô monetizando, tá indo bem. Devargazinho, claro, mas tá.

Tô muito feliz com o resultado. Consigo falar mais com meus fãs, consigo ficar mais próxima deles, tem essa história de jogar junto com eles também. e eu jogo de tudo: RPG, jogos em primeira pessoa, de tiros. Se é game, eu gosto.

Transição

Tá sendo muito difícil essa transição, sabe? Muito mesmo. Você faz pornô e carrega essa pecha pela vida toda.

Eu sei que nunca vão deixar de lembrar isso e nem é possível, né? Mas acredito que tenho potencial para transformar em outras coisas. Quero que me reconheçam por outras coisas além disso (ser atriz). Por isso resolvi parar.

Não me satisfazia mais, eu não tinha mais vontade nenhuma de gravar. Passei um ano me ‘arrastando’, gravando uma vez a cada dois ou três meses, porque peguei ‘bode’. Quando se chega a esse ponto acho que o melhor é sair.

Preconceito e discriminação 24 horas

Sair desse mundo erótico e dos filmes é muito difícil, Feltrin. É um rótulo eterno. As pessoas só enxergam isso. Eu sofri muito preconceito. Você não imagina como é difícil uma pessoa como eu mudar de vida!!! E não por falta de vontade, mas porque outras pessoas tentam te impedir.

Já tentei fazer faculdade, tentei fazer cursos, tentei estudar para ser comissária de bordo e sempre tinha um obstáculo na minha frente para me barrar e não me deixar eu seguir em frente.

Por exemplo, fiz curso para ser comissária de bordo. Tenho muitos amigos pilotos e aeromoças. só que todos falaram para eu desistir. Que seria muito difícil, ou impossível, eu entrar nessa carreira.

Nenhuma companhia aérea quer ter nenhum tipo de vínculo a uma atriz (ou ator) que tenha feito pornô. Isso me arrasou.

Porque, poxa, o que eu vivi, o meu passado, não pode servir como base para minha vida inteira. Eu passei aquilo. Eu não SOU aquilo.

Expulsa de uma república

Já perdi trabalho, já perdi amigos, já fui até expulsa de uma república, acredita?!

Quando as meninas da república descobriram o que eu fazia, foram falar com o dono do imóvel. Ele veio me pedir para eu me retirar imediatamente de lá.

O dono até me revelou: disse que as (outras) mulheres estavam de complô, que estavam com ciúme dos namorados delas.

Ou seja, existe toda uma carga, um fardo que eu trago e que é muito pesado. Todos os dias eu preciso provar que eu sou capaz. Provar que sou um ser humano. Que sou uma batalhadora, uma TRABALHADORA.

E, no Brasil, é pior ainda, porque aqui ser atriz pornô é sinônimo de ser prostituta.

Quando gravei fora do país, me senti respeitada. No Brasil, não. As pessoas não aceitam que por trás de tudo aquilo existe uma pessoa, uma humana, que tem sonhos, que tem vontades, que tem desejo de progredir. Não quero ser taxada de atriz pornô para sempre.

Aqui no país as pessoas dizem que lutam contra os preconceitos, mas eu vejo que eles só fazem aumentar. Vejo, não. Sinto isso na minha pele, todos os dias.

Ignorância

A maioria das pessoas imediatamente acha: ‘Ah, se ela é atriz pornô, então é burra’.

Não, senhores! Qualquer setor da economia ou da sociedade existem pessoas mais ou menos aquinhoadas intelectualmente.

Agora, no Brasil, falou que é atriz pornô é porque a pessoa é uma besta. Não tem inteligência para fazer outra coisa. Só sabe usar o corpo.

Não concordo.

Se quer saber, o que vivi no pornô me deu base e me deu voz para eu me levantar agora contra todo esse preconceito.

Quero, quem sabe, no futuro, ajudar a defender outras atrizes e atores que queiram sair dessa área. Não sei como ainda, é uma ideia.

A sociedade precisa parar com essa discriminação: ‘Ah, você foi atriz pornô então não serve para nossa empresa’. Por quê? Vocês são mais humanos e capazes que eu? Até parece! Eu não sou inferior a ninguém.

Splash – UOL

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Comportamento

Atriz Vivi Fernandez revela que carreira no pornô afetou sua vida sexual: ‘Perdi a espontaneidade’

Foto 1: Caue Garcia/ divulgação/ agência fio condutor/ Foto 2: Instagram

Vivi Fernandez tem uma longa carreira na televisão. Foi dançarina dos programas de Luciano Huck, Alexandre Frota e Sergio Mallandro, musa da Banheira do Gugu e das pegadinhas. Mas foi fazendo filmes pornôs que ela conseguiu sua estabilidade financeira. Vivi atuou em quatro produções, todas ao lado de Hugo Mark, seu namorado na época. “Vendi um milhão de DVDs”, conta ela. Além do preconceito que sofreu, ela revela que a carreira como atriz de filmes adultos acabou afetando sua vida sexual.

“Vivi muito isso, assistia a muito filmes para aprender como era e fiquei muito profissional. Perdi a espontaneidade. Não conseguia mais separar o profissional do pessoal. Hoje, está OK, acho que estou bem resolvida com isso na minha cabeça, mas na dos outros, não. O problema é a cabeça do outro. Os homens querem repetir as cenas na vida real, mas esquecem que nos filmes eu vivia uma personagem”, diz Vivi em entrevista ao canal de Theodoro Cochrane, no YouTube.

O namoro com seu parceiro de cena também não resistiu aos filmes, e acabou em seguida. “Foi muita exposição para o casal”, acredita ela.

Vivi Fernandes lembra também o início de sua carreira ( “Queria ser qualquer coisa que me fizesse aparecer na TV”, recorda-se), e o empurrão que recebeu da família de Scheila Carvalho, ex-morena do Tchan: “Eu me inscrevi no concurso da loura do Tchan, mas fui eliminada numa das etapas. Minha família era vizinha em Minas Gerais da Scheila, que já tinha virado a morena do grupo. Eles ficaram com dó de mim e me conseguiram um trabalho em São Paulo como uma das assistentes de palco do programa ‘H'”.

Extra – O Globo

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Televisão

Morre de câncer aos 26 anos ex-ator pornô brasileiro Theo Barone

Theo Barone (Foto: Reprodução/Instagram)

Morreu nesse domingo (27) o ex-ator pornô brasileiro Theo Barone aos 26 anos, após lutar contra um câncer no estômago. De acordo com publicações de familiares e amigos, ele estava internado desde o dia 22, por complicações da doença.

Um post feito na página de Theo informava que o ex-ator estava na UTI, em coma induzido, e respirando com a ajuda de aparelhos. Uma campanha de oração pela recuperação dele chegou a ser feita nas redes sociais.

A mãe de Theo compartilhou em seu Facebook diversas mensagens de apoio e lamentou a morte do filho. “Que dor, meu Deus”, declarou ela.

Em entrevista para o site Dentro do Meio em fevereiro, Theo havia dito que queria expandir a carreira em filme pornôs, iniciada há cerca de dois anos na produtora HotBoys. Ele começou a atuar no cinema adulto por causa de problemas financeiros e para ajudar a operação de um sobrinho. “Eu estou pensando em várias coisas boas e carreira internacional com certeza é uma delas”, declarou ele.

Porém, em maio, questionado por um seguidor no Twitter, Theo revelou que tinha abandonado a profissão. “Acabou o nome artístico. Agora é vida real”, contou ele, que na verdade chamava Maicon Lima, sem dar grandes explicações.

Globo, via Quem

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Diversos

Aplicativo de sucesso entre adolescentes é usado para divulgar pornô e golpes de diversos tipos

Golpes no TikTok direcionam usuário para sites adultos e contas falsas — Foto: Divulgação/TikTok

O TikTok, aplicativo de vídeos e dublagens para Android e iPhone (iOS), tem sido usado por criminosos para aplicar golpes de diversos tipos, como redirecionamento para sites de conteúdo adulto e compra de seguidores. A informação consta em relatório divulgado pela empresa de cibersegurança Tenable nesta quarta-feira (14). Segundo o documento, o app também está repleto de contas falsas de famosos.

“Dada a ascensão meteórica de popularidade do TikTok, não é surpresa nenhuma que golpistas tomassem conhecimento [dele]”, disse Satnam Narang, pesquisador da Tenable. Ele conta que começou a rastrear golpes no TikTok em março, quando o app ultrapassou a marca de um bilhão de instalações, superando redes sociais como Facebook e Instagram. Vale lembrar que a plataforma é muito popular, principalmente, entre crianças e adolescentes — nos EUA, por exemplo, 60% dos 500 milhões de usuários do aplicativo são de 16 a 24 anos. “Até o momento, porém, esses golpes parecem estar em estágio inicial”, atestou.

A ByteDance, empresa responsável pelo TikTok, disse que removeu todas as contas mencionadas no relatório da Tenable, mas não informou o número de perfis apagados ou o quão predominantes são os golpes descritos no documento.

“O TikTok tem práticas rígidas de proteção do usuário contra conteúdos falsos, fraudulentos ou enganosos. Marcamos e removemos a maior parte das contas de spam antes que elas cheguem ao feed dos usuários, e continuamente aprimoramos nossas medidas de segurança, até mesmo quando agentes maliciosos trabalham para escapar de nossas proteções”, afirmou uma porta-voz da empresa.

Entenda os golpes

Segundo o relatório da Tenable, um dos golpes envolvia o roubo de vídeos que mostravam mulheres dançando de biquíni ou fazendo exercícios físicos, publicados originalmente no Instagram ou Snapchat. As filmagens redirecionavam o usuário do TikTok para uma conta do Snapchat, prometendo fotos e vídeos de nudez.

Mais tarde, usando esses mesmos perfis, os golpistas levariam os espectadores a sites de conteúdo pornográfico por assinatura, ganhando dinheiro a cada clique e cadastro de novos membros “premium”. De acordo com o documento, essas contas fraudulentas teriam, em média, 650 seguidores e receberiam mais de 1,7 mil curtidas em seus vídeos. O perfil mais popular descoberto por Narang, por exemplo, tinha mais de 12,3 mil seguidores.

Outra tática usada pelos criminosos consistia em se passar por influenciadores do TikTok ou celebridades para aplicar golpes. Promessas de um rápido aumento de seguidores em troca de dinheiro também estavam entre as fraudes recorrentes no app.

Globo, via Techttudo, CNET e MediaKix

 

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Diversos

Vídeo: Ônibus de turismo exibe filme pornô por engano

Como muitos sabem, alguns ônibus de turismo costumam exibir filmes em pequenas televisões espalhadas pelo veículo, com o objetivo de deixar a viagem mais agradável. Entre os preferidos, estão aqueles filmes chamados de “Sessão da tarde”, que atendem a todo tipo de público.

Mas um ônibus – de origem não identificada – acabou exibindo por engano um filme pornô a todo mundo que estava lá dentro! Um dos passageiros conseguiu flagrar a cena com uma câmera amadora, mostrando inclusive um funcionário da companhia desesperado ao descobrir o que havia ocorrido. O vídeo foi publicado há uma semana e já tem mais de 700 mil visualizações (sem contar os views de outros canais que também reproduziram o vídeo).

No YouTube, recebeu restrição de idade por conta das cenas do filme pornô que acabam aparecendo. Então, atenção a quem for assistir:

Bombou na Web

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Diversos

Como a internet derrubou a indústria pornô

LOUIS THEROUX
DO “GUARDIAN”

Em uma Bela casa numa rua sem saída no vale de San Fernando, na Califórnia, uma atriz enfrenta problemas com seus gemidos. Alexa Nicole (nome artístico) interpreta uma beldade latina em “A Love Story”, filme pornográfico sobre um autor de livros românticos que sofre de um bloqueio criativo.

Está sendo gravada uma sequência de fantasia na qual Alexa vaga por corredores na penumbra, de camisola branca e com um castiçal nas mãos. Ela tropeça nos braços de seu amante, Miguel, interpretado por Xander Corvus, astro em ascensão que veste calça de couro, blusa com babados e colete. Sob o ardor da paixão, eles fazem amor numa espreguiçadeira.

Mas há um detalhe. Os gritos de prazer de Alexa, rápidos e agudos, não atendem aos padrões do diretor. “Menos pornô”, ele diz. Como ilustração, ele propõe uma leitura diferente –menos urgente, mais feminina. “Yes, yes, yes!” Ele anuncia sua palavra-chave do dia: “Romantismo!”. A produção é do estúdio Wicked Picture, especializado em filmes adultos sofisticados. Apesar da palavra “adultos”, a ênfase nos gemidos revela que não se trata de um pornô qualquer.

James Blinn/Shutterstock
Domínio .xxx, voltado a sites pornográficos
Domínio .xxx, voltado a sites pornográficos

Durante anos, a indústria pornográfica foi dominada por um vale-tudo anarquista em relação ao sexo. Diretores competiam para ver quem encenava as proezas mais ultrajantes, levando os atores ao limite de seus corpos. Não era fácil assistir a certas cenas, como eu mesmo descobri em 2004, quando visitei sets de filmagem para um livro que escrevi.

Os atos sexuais pareciam ter mais a ver com os reality shows em que as pessoas comem vermes vivos e vômito de porco que com alguma coisa erótica.

Mas, em algum momento em torno de 2007, a indústria entrou em queda livre. A chegada de sites gratuitos, no estilo do YouTube, significou que os consumidores poderiam baixar de graça cenas pirateadas de um vasto acervo de conteúdos antigos. O fenômeno dos amadores que postam seus vídeos também afetou os cachês dos profissionais. De repente, um setor que era sinônimo de dinheiro fácil passou a lutar por sobrevivência.

Pior, os consumidores podem sentir pelo Radiohead, digamos, suficiente lealdade a ponto de comprar seu novo lançamento em vez de baixá-lo ilegalmente, mas usuários de pornografia não nutrem os mesmos sentimentos pela série “Dirty Debutantes”.

Como com toda evolução das mídias nos últimos 30 anos, do VHS ao DVD e ao nascimento da internet, a pornografia estava novamente na vanguarda, só que desta vez rumo à obsolescência.

SEM TRABALHO

E o que acontece com a indústria vale para os atores. Sabe-se que muitos chegam à pornografia em busca de reconhecimento, fugindo de agressões e abusos. Aderem a um estilo de vida que traz estresse, doenças e constrangimento, mas sem oferecer algo como aposentadoria ou plano de saúde. Agora estão sem trabalho, tendo como única experiência no currículo fazer sexo por dinheiro.

A indústria tenta se adaptar do ponto de vista empresarial. Em parte, trata-se simplesmente de encolher. No começo da década de 2000, a bíblia do setor, a revista “Adult Video News” trazia todo mês centenas de resenhas de lançamentos. Numa edição recente havia só 14. Numerosas produtoras deixaram o negócio.

As que restaram focaram em produtos sofisticados, tentando derrotar os sites com algo que se pareça com uma experiência cinematográfica, num voo rumo à “qualidade”. Para alguns, isso significa mais cenas voltadas para mulheres e um sexo menos agressivo. Para outros, significa parodiar sucessos da TV ou do cinema.

Uma das mais improváveis figuras da indústria reinventada é Rob Zicari, mais conhecido como Rob Black. Na década de 90, ele era um dos mais notórios provocadores na pornografia. Especializou-se no mau gosto: seus filmes eram exercícios grotescos de quebra de tabus, em vez de algo que proporcionasse prazer sexual.

Em 1997, entrevistei-o em Los Angeles e fui ao set de “Forced Entry”, um filme sobre estupro. Ele tinha 23 anos na época, e me chamou a atenção o estranho contraste entre o fato de ele ser um sujeito simpático e inteligente –ainda que de um jeito ultracafeinado– ao mesmo tempo em que fazia filmes pornográficos especializados na degradação das mulheres.

Seis anos depois, as provocações de Black foram apanhadas pela “guerra à obscenidade” de George W. Bush. Black e sua mulher e sócia, Janet Romano (conhecida como Lizzie Borden), cumpriram pena de um ano por obscenidade. Ao deixar a prisão, um arrependido Black abandonou seus sadismos para dirigir paródias de super-heróis para a produtora Vivid — “Capitão América XXX”, “Homem de Ferro XXX”– lançadas em caixas de luxo, às vezes em 3D.

“Do jeito que a coisa vai, dá para apresentar a pornografia a sua mulher ou namorada”, me diz ele durante uma visita a seu novo escritório. Black parece gasto e aparenta mais do que os seus 38 anos.

CACHÊ

A coisa é pior para quem aparece na tela. Apesar das paródias e dos filmes para casais, não há emprego para as hordas de atores que ganhavam a vida fazendo sexo diante das câmeras.

Numa das principais agências de atores em Los Angeles, a LA Direct, a contabilista Francine Amidor lamenta o impacto “devastador” da pirataria. “Há menos trabalho e abundância de atores –por causa da crise. Não tem gente filmando o suficiente para dar um dia de trabalho para cada um.”

Pergunto a Francine se admite isso para os aspirantes que ainda vão à LA Direct. Ela nega. “Se falasse, três quartos das meninas estariam fora do negócio, e aí nós é que não ficaríamos nele.”

Os cachês foram afetados. “Agora, algumas recebem US$ 600 por cena”, diz a atriz aposentada JJ Michaels. “Pode até ser US$ 900 ou 1.000 para atrizes que tenham nome. Chegava a US$ 3.000.” Os rapazes recebem até US$ 150.

As mulheres completam a renda com strip-teases ou shows ao vivo pela internet, em casa, com webcams. Numa noite, estive na casa de uma das principais atrizes da LA Direct, Kagney Linn Karter. Enquanto ela se preparava, Monte, seu namorado e assistente, pendurava roupas no varal. Monte e eu vamos até a cozinha, onde ele cuida da louça enquanto Kagney tira a roupa e se masturba para estranhos que a veem no computador. Após 45 minutos, ela aparece: “Pois é, ganhei cem dólares”, diz.

Completar a renda com “programas paralelos” é um segredo de polichinelo no mundo pornô. Segundo o discurso oficial, isso é perigoso (pois os clientes não fazem a testes anti-HIV como os atores) e irresponsável (as mulheres podem contaminar a comunidade). A prática é disseminada, pois as mulheres podem ganhar bem mais fazendo sexo a portas fechadas do que diante das câmeras. Muitas fazem dos filmes um bico, uma propaganda para o seu verdadeiro negócio, a prostituição.

Já os homens não têm as mesmas opções. Para um ínfimo subgrupo, ainda existe um contracheque regular, cada vez menor. Para o baixo escalão, o trabalho secou e a ansiedade é generalizada.

FORMATO

Um dos atores mais conhecidos nos anos 1990 era Jon Dough, nascido Chet Anuszak. Tinha contrato com a Vivid– na época, o único homem no setor a ser exclusivo de uma produtora. Entrevistei-o em 1996, no set do remake de “Debbie Does Dallas”. Suas ereções prolongadas eram célebres e ele era querido no meio. Mas, quando se matou, em 2006, aos 43, supôs-se que os problemas do setor o tivessem motivado.

A viúva de Dough é uma ex-atriz. Eles se conheceram no set e tiveram uma filha. Ninguém no mundo do pornô sabe do paradeiro de Monique. Eu a localizei em um Estado conservador, bem longe de Los Angeles. Em seu apartamento, no subsolo de um prédio em um bairro insalubre, ela diz que o marido se matou por causa do vício em cocaína e da consequente instabilidade dela, não por pressões da indústria.

Mesmo assim, a percepção dos colegas de que as vendas de DVDs contribuíram para o seu suicídio reflete uma verdade emocional: no mundo da pornografia, as pessoas estavam preparadas para acreditar que o declínio de um formato de mídia tenha levado ao suicídio de um ator de primeiro escalão.

Mesmo assim continuam aparecendo legiões de aspirantes à procura de novas vidas de riqueza e estrelato, num mundo que não pode mais oferecer nem uma coisa, nem outra. Visitam produtoras para conhecer agentes e diretores, preenchem questionários marcando um X no que estão dispostos a fazer diante das câmeras. Fazem uma ou duas cenas baratas para a internet, antes de serem jogados de volta para o anonimato.

Num dia chuvoso, de volta à casa espaçosa que serviu de locação para “A Love Story”, outra produção estava em curso. Desta vez, é algo mais modesto –cenas para um site. Um dos atores, Tony Prince, está em sua segunda gravação. Sua parceira é Stefania. É a terceira gravação dela, que parece empolgada com a presença da imprensa. “Estou tentando me tornar uma das maiores estrelas pornô”, diz. Ela pede para tirar uma foto comigo, que depois publica no Twitter.

A cena deveria parecer uma gravação caseira, entre namorados da vida real. Uma vantagem disso é que não há necessidade de cinegrafista. Os próprios atores gravam. Enquanto vão direto ao assunto, para aliviar qualquer possível ansiedade por parte de Tony na hora da filmagem, o diretor e eu nos enfiamos na cozinha. No negócio desde 1998, ele também se mostra pessimista. “Sempre digo ao pessoal: é melhor vocês fazerem disso um bico”, afirma.

Horas depois, os dois atores estão rindo e tomando banho juntos, felizes. Numa inversão da ordem natural das coisas, estão flertando e ficando amigos após o sexo.

previsão É difícil prever onde a indústria vai parar. Ainda há um mercado para filmes soft, feitos por empresas como Penthouse e Hustler, disponíveis em canais de TV por assinatura. As paródias podem perdurar por um tempo. Mas é difícil ver como um negócio que venda filmes “hardcore” seja sustentável quando a maioria das pessoas simplesmente não quer mais pagar se não for preciso. Para muita gente, quando se trata de pornografia, não pagar pelo conteúdo parece a coisa mais moral a fazer.

“Não vejo como poderá existir um ator pornô profissional em cinco anos”, diz Michaels. Não é fácil se solidarizar com as produtoras, que por tanto tempo ganharam tanto ao abraçarem um negócio de mau gosto e com uma força de trabalho disfuncional. Mas vale a pena reservar um pensamento para as legiões de atores cuja única qualificação é fazer sexo diante das câmeras, que não têm dinheiro guardado, nem futuro.

E há uma questão mais ampla: será que quem consome pornografia não deve um pouco à indústria? Quem baixa cenas de sexo não precisaria entregar um incentivo financeiro para a atividade? Se não, por quê? O estigma associado à pornografia torna correto furtá-la?

Essas questões ocultam um dilema maior: como sustentar uma indústria que oferece um certo padrão de produto quando cada vez mais consumidores estão habituados a baixar conteúdo de graça? No mundo da pornografia, a resposta é: impossível.

Tradução de RODRIGO LEITE.

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Jornalismo

Após vídeo íntimo vazar na net, ex-BBB Renatinha processa ex-namorado

A ex-BBB Renata decidiu processar o ex-namorado por danos morais e injúria, após a postagem  de um vídeo íntimo da loira na internet.

Segundo o portal IG, o arquivo foi divulgado pelo Twitter do ex-namorado de Renata, que logo em seguida desculpou-se e alegou ter sido invadido por um hacker.

“Olha gente, eu não postei vídeo nenhum. Meu PC foi hackeado na época das fotos e parece que agora postaram os vídeos… putz…”, escreveu ele em seu Twitter. Fãs da ex-BBB o acusaram de ter liberado o material, mas Felipe voltou a negar a ação. “Já falei, não postei nada! E quem vai provar isso é a delegacia de crimes de internet! Só para calar a boca desses lunáticos… ;)”, encerrou o assunto.

No entanto, Renata decidiu agir contra seu ex. Ela, que já tinha um boletim de ocorrência contra ele por ameaça, agora entrou na Justiça. “Antes da Renata entrar na casa, ela já tinha feito um B.O. contra ele por ameaça. Agora, entrou na Justiça para danos morais e injúria”, explicou o assessor de imprensa de Renata.

Fonte: DN Online

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Jornalismo

Homem vê pornô na internet e descobre que atriz é a própria esposa

Um egípcio que resolveu assistir a um filme pornô na internet – segundo ele, pela primeira vez na vida, “por curiosidade” – teve uma grande surpresa: a atriz era a esposa dele!

O sujeito, identificado como Ramadan pelo site “Emirates 24/7”, desmaiou imediatamente no chão da lan house, na província deDakhalia. Depois de recobrar os sentidos, correu para casa.

Em princípio, a esposa negou a participação no filme. Depois, acabou confessando.

E disse mais a mulher: revelou que tem um caso extraconjugal com um ex-namorado e que nunca amara o marido, apesar dos quatros filhos e dos 16 anos de casamento.

“Encontrei 11 filmes mostrando a minha esposa em cenas indecentes com seu amante. Ela disse que o amante é jovem como ela e eu sou velho”, contou Ramadan.

*Com informações da KMEL FM e Page Not Found

Opinião dos leitores

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Comportamento

Homem morre de infarto dentro de cinema assistindo filme Pornô

Esse com certeza morreu feliz, estou curioso apenas para saber o nome do filme. Segue post do portal G1:

Um homem de 49 anos morreu dentro de um cinema pornô no bairro Nazaré, em Belém, no Pará, na tarde de domingo (11).

Segundo a delegada Alcione Guidão, que atua na central de flagrantes da Seccional de São Brás, o caso foi registrado após outros espectadores do cinema chamarem um policial militar que estava próximo para prestar socorro.

“Testemunhas falaram que ele passou mal enquanto assistia a um filme e chamaram o PM, que tentou reanima-lo, prestou os primeiros socorros e acionou o serviço de emergência. Mas o homem morreu no local”, disse a delegada ao G1.

Aparentemente, a vítima sofreu um infarto dentro da sala de cinema. O PM relatou à Polícia Civil que o filme que estava sendo exibido era com a atriz pornô italiana Cicciolina.

O corpo já foi removido para o Instituto Médico Legal para perícia. Conforme a polícia, o homem estava sozinho no cinema.

 

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