Saúde

Casos diários de Covid-19 no país já são 30% mais altos do que no pico de 2020

Foto: Diego Vara/Reuters

Março começou com o aumento explosivo da pandemia no Brasil, mas o país sente apenas o vento que antecede um novo tsunami, a terceira onda de casos e mortes, alertam cientistas. O número de casos diários de Covid-19 no país é agora cerca de 30% maior do que nos piores momentos da primeira onda, em julho de 2020. E o número de mortos fala ainda mais alto, com aumento de 31,66% em relação ao recorde da primeira onda. A tendência é de crescimento, afirma o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto Domingos Alves, do portal Covid-19 Brasil.

Alves lembra que o maior valor observado na média móvel de mortes diárias na primeira onda havia sido de 1.096 mortes por dia em 26 de julho. Esse valor foi superado em 7 de fevereiro, com 1.171 óbitos. Sem controle, a Covid-19 continuou a matar mais e no sábado foram registrados 1.443 óbitos diários, na média móvel.

Já o maior número de casos por dia da média móvel na primeira onda foi de 46.393, em 29 de julho. Porém, anteontem (dia 6), o Brasil registrou 60.229 novos contágios, um aumento de 13.836 ocorrências diárias em relação ao maior valor apresentado na média móvel da primeira onda. O número de novas infecções por dia é agora 29,82% maior do que na primeira onda, calcula Alves.

Em alguns estados, como o Rio Grande do Sul, que ontem teve o décimo dia seguido de alta na média móvel de novos casos, o aumento em relação à primeira onda chega a cerca de 50%.

— Estamos na praia vendo a terceira onda crescer e se aproximar e, para nos defender, temos apenas castelos de areia, isto é, as pífias e ineficazes medidas de distanciamento tomadas por governadores e prefeitos — frisa Alves.

O professor titular de Epidemiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Medronho explica que uma terceira onda, pior do que as anteriores, é o cenário mais provável até o fim deste mês porque o crescimento explosivo de casos registrado desde o fim de fevereiro tem se mostrado sustentado. Não se trata, portanto, de uma flutuação aleatória.

A situação do Brasil é tão grave que, no fim de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a alertar para a possibilidade de uma quarta onda no país.

O cientista da USP, conhecido por acertar suas projeções, diz que o Brasil, que passou os 11 milhões de casos de Covid-19, pode chegar a 15 milhões entre o fim de março e a primeira semana de abril. Segundo ele, podemos alcançar 70 mil casos por dia até o final da próxima semana e a 100 mil casos diários até 8 de abril:

— Essa é uma projeção conservadora porque a subnotificação é muito grande. Minha estimativa é que o Brasil tenha, na verdade, mais de 24 milhões de infecções.

O número de mortes avança em ritmo semelhante. Segundo Alves, se mantivermos o ritmo de 1,4 mil mortes por dia, chegaremos a 300 mil óbitos provocados pela pandemia entre 25 e 27 de março, talvez antes. E, segundo as projeções, o país pode começar a ter o registro de 2 mil óbitos diários entre 20 e 22 de março. Seguindo esta tendência, até o fim do mês, o país chegaria a contabilizar 3 mil mortes por dia.

A subnotificação impede que o Brasil conheça todos os mortos pela Covid-19. O país já registrou 265,5 mil óbitos pela pandemia, segundo boletim do consórcio de veículos de imprensa. Alves, porém, estima que esse número represente apenas a metade do real.

— Esses números são conservadores porque podemos começar a ver muita gente morrendo em casa, por falta de assistência. Isso já acontece em várias regiões brasileiras. E o mais trágico é que governantes e parte da população não ligam — enfatiza Alves.

O pesquisador destaca que o atual panorama da pandemia no país foi antecipado pelos cientistas em novembro, mas nada se fez para evitá-lo.

— O Brasil levou três meses para chegar a 10 mil óbitos. Apenas na semana passada tivemos 10 mil mortes — compara. — Chegamos a um nível de desgraça inimaginável. É muito importante que a população entenda o risco que corre.

Controle maior nos Estados Unidos

Medronho sublinha que a progressão da Covid-19 no Brasil só é comparável à dos EUA, o país mais castigado do mundo pelo coronavírus. Por lá já foram observadas três ondas da pandemia, mas agora o número de casos caiu 75% em relação a janeiro, resultado de uma combinação da vacinação em massa e mudanças nas políticas de combate à doença, implementadas com a chegada de Joe Biden à presidência.

No Brasil, em número de casos, a primeira onda da pandemia foi superada pela segunda em 18 de dezembro. O recorde foi novamente quebrado em 20 de fevereiro, anunciando o princípio da terceira onda da pandemia.

A receita da tragédia brasileira tem três ingredientes: falta de medidas adequadas de distanciamento social, baixíssima vacinação e espalhamento de novas variantes do Sars-CoV-2 mais transmissíveis.

— As doses anunciadas e efetivamente compradas pelo Ministério da Saúde não são nada, um mero trocado enquanto precisamos de muitos milhões. Poderíamos ter mais vacinas, mas o governo federal não quis comprar quando houve oportunidade — afirma Medronho.

Ele observa que há uma espécie de anestesia social e fadiga coletiva, que faz com a sociedade brasileira não se importe com a pandemia.

— Se tivermos até menos que as previsíveis 2.500 mortes por dia, digamos que sejam 2.400 os mortos diários. Isso dá 100 mortes por hora, uma pessoa morta por minuto. Mas parte da população se comporta como se não houvesse amanhã e realmente parece não se importar. É uma aposta perigosa, pois, para muitos, não haverá mesmo dia seguinte — lamenta Medronho.

Variantes são consequência, e não causa de espalhamento

Novas variantes do coronavírus causam apreensão pela possibilidade de que sejam mais transmissíveis ou reduzam a eficácia das vacinas. Conhecidas por siglas ininteligíveis para não especialistas — como P1 (brasileira) ou B.1.1.7 (britânica) —, elas são apontadas como culpadas pela explosão recente de casos. Mas cientistas explicam que essas variantes são consequência, e não a causa principal do espalhamento do Sars-CoV-2. Sozinhas, diz o epidemiologista da UFRJ Roberto Medronho, não teriam feito tamanho estrago.

O virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Corona-ômica, que sequencia e analisa o genoma do coronavírus em todo o Brasil, avalia que as novas variantes são fruto da falta de uma política nacional de distanciamento social, que permitiu que o coronavírus se espalhasse descontroladamente.

É um ciclo vicioso: quanto mais o vírus se propaga, maior a chance de sofrer mutações que originem variantes mais eficientes na transmissão, realimentando a pandemia.

— Variantes eram esperadas e precisam ser monitoradas. Elas alavancam a pandemia, mas não conseguem se disseminar com uso de máscara, vacina e distanciamento — diz.

Análises preliminares sugerem que a chamada variante brasileira, a P1, surgida na Amazônia, já é predominante e responde por até 70% das amostras. Estudos sugerem que ela é mais transmissível e, talvez, mais agressiva.

— Estamos sob uma tempestade perfeita gerada por decisões erradas no passado, medidas insuficientes agora e variantes mais transmissíveis — alerta Spilki.

O Globo

 

Opinião dos leitores

  1. POREM!!! LAMENTAVELMENTE AQUI NO RN, AINDA NÃO TEMOS O NÚMERO DE LEITOS QUE TINHAMOS EM JUNHO DO ANO PASSADO.
    A DESGOVERNADORA DESMOBILIZOU OS LEITOS AO INVÉS DE ABRIR MAIS.
    O RESULTADO É ESSE AÍ Ó!!
    POLÍCIA NA RUA BOTANDO O POVO PRA DENTRO DE CASA GERANDO QUEBRADEIRA E DESEMPREGO EM MASSAS.
    DIZEM, NÃO SEI SE É VERDADE, QUE A FÁTIMA ANDOU EMPRESTANDO EQUIPAMENTOS, NÃO SEI.
    sei o que todos sabem, respiradores fantasmas e compra de equipamentos quebrados.
    Bom!!
    Sendo assim, tire suas conclusões.

  2. Se uma parcela dos médicos não fossem covardes, receitariam o kit para tratamento no início dos sintomas. Diminuiria e muito a quantidade de casos graves que chegam a óbitos.
    Cloroquina não faz efeito , mas David Uip um dos maiores e respeitado infectologista brasileiro, tomou quando foi contaminado.
    Por que será?

    1. O que poderia ter amenizado o caos atual seria vacinação no tempo certo e em dose suficiente para todos. Não discuto a possibilidade da cloroquina, ivermectina, anitta, serem de alguma valia. Mas vacina e empenho estão sendo deixados de lado para dar lugar à política eleitoral rastaqüera.

    2. Só vacina não acaba com esse vírus não. Tem que ter tbm tratamento precoce. É incrível como é difícil de colocar na cabeça do povo que hj em dia existe várias variantes que a vacina já não proteger. Até qdo as pessoas iram deixar a política de lado pra salvar vidas ???

  3. Depois de UM ANO e MUITO dinheiro repassado pelo governo federal (onde foi aplicado?), não se deveria mais estar falando em falta de leitos. Esse "lockdown" é um enorme ATESTADO DE INCOMPETÊNCIA.

    1. Calma palestrante de butiquim, seu presidente mandou buscar o spray. ??

    2. EIS aí uma prova de que dinheiro em mãos erradas dá errado!!
      milhões dados de graça e não resolveu o problema!!
      realmente se tivesse pego essa dinheirama e investido nas vacinas, hoje a pandemia estaria controlada e a economia voltando aos trilhos!
      o Brasil hoje está na estaca (-15). pra chegar à estaca "0" vai ter que tomar todas as atitudes corretas. (é terrível ter incompetentes no poder)!!!

  4. Não tem leito de uti que dê conta! O que poderia ter evitado esse caos seriam VACINAS! Mas como temos um presidente inepto e negacionista, só teremos vacinas pra impedir a terceira onda, e olhe lá!

    1. O spray israelense está em fase deviestes ainda! Lá em Israel eles estão usando VACINAS e lockdown pra amenizar o contágio! Aqui faltam vacinas pq o MINTOmaníaco eh inepto e negacionista! Só começou a comprar quando só tínhamos a vachina do Doria!

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Trânsito

Prefeitura aumenta em 30% número de viagens nos horários de pico do transporte público em Natal; veja linhas que terão incremento

Foto: Alex Régis

Com o intuito de evitar a aglomeração no sistema de transporte público da capital, as 15 linhas de ônibus de maior demanda em Natal passarão por readequação de viagens ao longo do dia a partir da próxima segunda-feira. Nos horários de pico de passageiros, haverá aumento de 30% no número de viagens, segundo anunciou a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira.

Esta é uma medida emergencial da Prefeitura de Natal e inicialmente atenderá às 15 linhas de maior uso na cidade, que têm origem na Zona Norte e chegam até a Zona Sul. O secretário de Mobilidade Urbana, Paulo César de Medeiros, afirmou que esta readequação já vinha sendo estudada e será implantada de forma emergencial no período crítico da pandemia, sendo mais uma providência nesta área pela Prefeitura de Natal para conter a contaminação pelo coronavírus. Somente na área de transporte público foram retomadas a desinfecção das paradas de ônibus e a desinfecção dos veículos no meio das viagens das linhas de maior quantidade de usuários.

“A solução que a gente propõe é usar a ociosidade de algumas horas para cobrir os períodos de pico e nós temos convicção de que vai funcionar e vamos ficar acompanhando todos os dias, todas horas”, afirmou o secretário Paulo César de Medeiros. “O problema da superlotação está de manhã, e mais fortemente à tarde. Então a gente deslocou as viagens que estavam no entre pico para esses períodos”, disse, explicando o aumento de 30% das viagens nos períodos de pico, de acordo com levantamento realizado.

Mudança

De acordo com estudo elaborado pelo Departamento de Planejamento da STTU, essas linhas, especificamente, passaram a concentrar o horário de pico maior no período tarde/noite, com a saída das pessoas do trabalho e indo diretamente para suas casas, diferente do que ocorria antes, quando o maior horário de pico de usuários do sistema de transporte era por cerca de duas horas pela manhã.

Nos horários entre picos, a demanda de passageiros diminuiu ainda mais desde o início da pandemia no ano passado e com isso, a estratégia da STTU foi adequar as viagens, diminuindo nos horários de menor fluxo de passageiros, aumentando nos horários de maior demanda.

O levantamento mostra ainda que a queda da demanda do transporte público em Natal foi de 66% com a pandemia, gerando uma queda de 30% da frota e 40% de número de viagens. “Não é frota que determina a qualidade do sistema de transporte, é o número de viagens, é a capacidade que esta frota que está em operação tem de passar na parada de ônibus. Então esta frequência determinada pelo número de viagens, é que faz com que o passageiro sinta que o sistema é eficiente. Aumentar a oferta de viagens vai diluir esse pico”, explica o diretor do Departamento de Planejamento da STTU, Newton Souza Filho.

Eficácia

De acordo com o secretário, o acompanhamento será contínuo para detectar se ainda há aglomeração e assim tomar novas medidas. “A gente sabe que o transporte público provoca aglomeração e portanto pode provocar o agravamento [da contaminação]. Mas só não acho que seja decisivo para este quadro que a gente tá vivendo, pois são muitos fatores que contribuem, afirmou Paulo César. Ele cita os meses em que o transporte público continuou com diminuição de frota e nem por isso houve registro de aumento de casos da Covid-19 em Natal.

Apelo

Além das medidas para evitar a propagação do vírus pela Prefeitura de Natal, o secretário faz um apelo ao usuário dos sistema de transporte para que utilize máscaras, na medida do possível mantenha as mãos limpas e mantenha o distanciamento. “A desinfecção dos veículos também é uma medida educativa, para mostrar às pessoas que elas têm que ter cuidado com as superfícies que elas tocam, e todos, na medida do possível, têm que manter as mãos limpas, usar máscaras. Nós entendemos que essa tarefa no momento pandêmico, não é uma tarefa só do governo. O estado pode fazer muitas coisas, mas não pode fazer tudo. nós também temos que ter cuidado, de toda a população e a gente insiste no pedido de cuidados de manter distanciamento, usar máscaras durante as viagens”, acrescentou.

Linhas que terão incremento de viagens nos horários de pico das 6h às 7h e das 17h às 18h:

73; 50; 08; 29; 60; 64; 43; 07; 77; 79; 84; 35; 02; 15; e 75

Opinião dos leitores

  1. Para Inglês ver. A conta será paga nos hospitais. Com já disseram, veio atrasado, aumento ridículo e focado só em uma zona!

  2. Só vi nesta lista os onibus que fazem a linha da zona norte como ficam as linhas 24, 33, 38, 40, 41, 46, 50, 51 , 54 e a linha 56 ponta negra rocas via costeira que sempre estão super lotado além da demora que pelo menos a espera e de uma hora e nos finais de semana e feriados só jesus.

  3. Aumentou em 30%? A frota estava com 70% , como aumentou 30, essa turma faz o povo d bobo mesmo. Na realidade voltou ao q era antes.

    1. Acho que você perdeu essa aula, mas 30% de 70% não dá 100%. Recomendo estudar um pouquinho mais antes de falar besteira.

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Saúde

RN pode registrar novo pico de contaminação da covid em janeiro, mostra previsão de professor da UFRN

A Tribuna do Norte destaca reportagem nesta quarta-feira(16) que o Rio Grande do Norte pode chegar em janeiro de 2021 a um pico de contaminação do novo coronavírus acima do observado nos meses de junho e julho, os mais graves até o momento. É o que mostra a previsão do professor José Dias do Nascimento, astrofísico do Departamento de Física Teórica e Experimental (DFTE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), publicada no início desta semana.

Segundo a reportagem, a previsão é baseada nos dados recentes da pandemia, fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN). Entretanto, José Dias do Nascimento destacou que o previsto pode mudar caso haja medidas de mitigação, para conter o vírus, e o começo da vacinação. Leia a matéria completa AQUI.

Opinião dos leitores

  1. Justiça seja feita. As previsões bateram em cima novamente..e o professor acertou a Sa onda e a previsão das UTI's com 100% em Fevereiro.

    https://www.ufrn.br/imprensa/noticias/42987/professor-ve-formacao-de-segunda-onda-da-covid-19-no-nordeste

    A saber, a previsão de 11 mil mortes ñ tem nenhuma relação com este modelo. Foram feitas peplo Dr. Ricardo Volpe da Unimed. O Professor José Dias foi convocado depois para o comitê científico da SESAP-RN/

  2. Dessa vez Fátima bate a meta de 11.378 mortes que ela não conseguiu em 15 de maio, estamos hoje 16 de dezembro com 2.825, ainda faltam umas 8.500

  3. Sei que essa pandemia não e brincadeira, mas já virou chacota, no início o secretário de saúde disse q iria morrer + ou – 150 mil potiguares , a oms sempre errando, em quem acreditar , eu tento me prevenir, mas sempre sem um norte, pq cada dia , aparece uma autoridade, ou um instituto mudando tudo, edifício

  4. É só marcar uma outra eleição para prefeitos e vereadores que o vírus desaparece.
    Muita aglomeração, nada de máscara e distanciamento…

  5. Como alguém ainda leva isso a sério? Esse é o mesmo "especialista" (astrofísico) que previu 11 mil mortes em maio. Será que não tem ninguém na UFRN que saiba fazer essas contas direito?

    1. Esse é mais um terrorista da esquerda corrupta que pretende e escravizar a sociedade com fim de causar falência e desemprego gerando um caos social sem precedentes. Ele junto com os aloprados do PT afirmaram que teríamos onze mil mortes entre os meses de março e maio no RN, que ele faça as suas projeções apenas para a companheirada suja e fedorenta.

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Saúde

Itália atingiu pico de pandemia, diz órgão do governo

O presidente do Instituto Superior da Saúde (ISS) da Itália, Silvio Brusaferro, afirmou nesta terça-feira (31) que o país atingiu o pico da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2).

A declaração chega um dia após a Itália ter registrado o menor aumento percentual no número de casos desde que a Defesa Civil passou a divulgar apenas um balanço diário, em 28 de fevereiro, com crescimento de 4,1% – já são oito dias seguidos de expansão inferior a 10%.

Mas, segundo Brusaferro, isso não quer dizer que os contágios começarão a cair imediatamente. “A curva [da epidemia] nos diz que chegamos a um platô”, afirmou o presidente do ISS, órgão técnico-científico subordinado ao Ministério da Saúde da Itália, em uma coletiva de imprensa em Roma.

“Dizer que chegamos a um platô significa que chegamos ao pico, mas este não é uma ponta, é um planalto do qual agora precisamos descer”, acrescentou. Sua declaração indica que a curva de contágios na Itália deve se manter estável por um tempo, antes de começar a cair.

Brusaferro ainda alertou que o eventual relaxamento das medidas de confinamento pode fazer a pandemia ganhar força novamente.

“Precisamos ser cautelosos”, disse.

A Itália registra 101.739 casos do novo coronavírus, de acordo com o balanço divulgado pela Defesa Civil nesta segunda-feira, e 11.591 mortes. O número de óbitos por dia continua elevado (812 em 30 de março), mas esse dado não está necessariamente ligado ao ritmo de novos contágios.

Como o país ainda tem 3.981 pessoas internadas em UTIs, é provável que os efeitos da desaceleração da pandemia ainda levem algum tempo para se refletir na quantidade de mortes. “É preciso um intervalo maior para ver os resultados nos falecimentos”, disse nesta segunda o presidente do Conselho Superior da Saúde (CSS), Franco Locatelli.

Época

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Saúde

Itália ainda não atingiu o pico do contágio do coronavírus, diz o chefe de Saúde Nacional do país

Em Napoles, na Itália, padre entrega comida aos sem teto, que fazem fila com espaços para evitar contágio, em 27 de março de 2020 — Foto: Ciro De Luca/Reuters

As infecções de coronavírus na Itália não atingiram seu pico, disse Silvio Brusaferro, chefe do Instituto Superior de Saúde do país nesta sexta-feira (27).

Os números mais recentes da pandemia no país são 8.215 mortes e 80.589 infectados. O balanço da quinta-feira foi de 712 mortos nas 24 horas anteriores.

“Não atingimos o pico e não passamos dele”, disse Brussaferro.

Ele disso que há, no entanto, sinais de uma desaceleração no número de pessoas que estão ficando infectadas, o que sugere que o pico não está longe. Depois disso, os novos casos vão entrar em tendência visível de queda.

“O nosso comportamento vai influenciar em quão íngreme vai ser a queda, quando ela começar”, afirmou ele, em uma referência à aderência dos italianos às restrições ao movimento impostas pelo governo.

Prefeito de Milão

No dia 22 de março, durante uma entrevista à TV RAI, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, afirmou que errou ao divulgar, no fim de fevereiro, um vídeo que dizia que a cidade não pode parar.

“Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título ’Milão não Para’. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente, errado”, ele afirmou à RAI no domingo (22).

Trabalhadores da saúde

Trabalhadores da saúde também estão entre as vítimas do novo coronavírus na Itália. Um levantamento do governo italiano mostrou que cerca de 9% dos infectados do país no início da semana eram médicos, enfermeiros ou técnicos. A Federação de Médicos contabilizou na quinta 37 médicos mortos pelo novo coronavírus.

Quarentena

A Itália vive, desde o dia 9 de março, um isolamento total que inclui a suspensão de aulas e de serviços não essenciais. Eventos foram cancelados, e até mesmo o transporte de mercadorias foi limitado.

Giuseppe Conte, o primeiro-ministro, afirmou na quarta-feira que a emergência do novo coronavírus é sem precedentes em todo o mundo. Ele pediu também que os países sejam rigorosos no combate ao coronavírus.

“Ninguém pode aceitar, muito menos a Itália que está fazendo grandes sacrifícios para combater o vírus, que outros países não percebam essa necessidade de máxima atenção preventiva”, disse o primeiro-ministro durante um pronunciamento na Câmara dos Deputados da Itália.

O premiê disse também que, se outros países não forem rigorosos com as medidas preventivas, a pandemia pode aumentar ainda mais o ritmo dos contágios.

G1

Opinião dos leitores

  1. "Milão não Para" = "Brasil não pode parar"
    Já sabemos o que nos aguarda… e nem podemos dizer que não fomos avisados.
    Imagine, só imagine…chegar em frente a um hospital com sua mãe\pai\avó\esposo(a) sem conseguir respirar e ouvir o médico dizer: não há nada a fazer…imagine essa pessoa falecer nos seus braços..
    Só aí talvez, talvez você vai se perguntar: valeu a pena "salvar" a economia?
    O governo tem dinheiro(nosso dinheiro) e a obrigação de nos ajudar, pois é pra isso que ele existe(ele deve nos servir, e não o contrário).
    Nessa hora, dane-se a economia..em 1º lugar, a VIDA.

  2. ""Infelizmente, o número de mortes na Itália disparou e 919 pessoas morreram nas últimas 24 horas devido ao novo coronavírus. O valor é o recorde em um só dia em todo planeta e indica que talvez o país ainda não tenha chegado ao pico. Ao todo, há 9.134 vítimas fatais na Itália""

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Saúde

China anuncia fim do pico de coronavírus no país

Foto: China Daily via Reuters – 8.2.2020

O pico da pandemia de coronavírus acabou na China, disse o portav-voz da Comissão Nacional de Saúde, Mi Feng, nesta quinta-feira (12).

O país está desde o começo da semana registrando uma queda no número de novos casos e registrou em Hubei, epicentro da doença, apenas 8 novos casos.

A província, que está de quarentena desde janeiro, vai reabrir algumas indústrias e permitir algumas viagens. Antes, ninguém tinha permissão para entrar ou sair de Hubei, que estava com todas as fronteiras fechadas.

“Em termos gerais, o pico da epidemia passou na China”, disse Feng. “O número de novos casos está caindo”.

A China está conseguindo conter novos contágios depois de adotar medidas draconianas de contenção, como a quarentena em Wuhan e restringir viagens e movimentação dentro do país.

“Exceto Wuhan, nenhuma idade em Hubei registrou novos casos na última semana. E fora de Hubei só houve sete casos na última contagem, dos quais seis eram casos importados”, acrescentou.

No resto da China, a queda também foi percebida. Na quarta-feira (11), foram registrados 15 novos casos, uma queda de 9 contágios desde terça-feira (10), e parte deles foram importados.

O país ainda tem o maior número de mortos e infectados, com mais de 80 mil contágios e mais de 3 mil mortes, sendo 10 em Hubei e 7 em Wuhan.

Apesar do alto número de mortos, 62.793 pessoas se recuperaram da doença e foram liberados do hospital, quase 80% das infecções, segundo a Reuters.

O jornal chinês People’s Daily ressaltou que, mesmo com o cenário otimista, a situação no país ainda é difícil e que ainda existe o risco de novos contágios.

Pandemia

Na quarta-feira (11), o coronavírus foi classificado como pandemia pela Organização Mundial de Saúde. O Irã e a Itália são os países mais afetados fora da China, e a Itália anunciou quarentena nacional.

Diversos países estão fechando escolas e proibindo eventos culturais e religiosos com grandes aglomerações.

R7, com Agências internacionais

Opinião dos leitores

  1. Muito preocupante, cadê a vacina ou fizeram o quê para diminuir rapidamente? Vamos analisar os reais interesses por trás dessas informações. Muitos poderosos estão deixando de ganhar ou perdendo milhões e infelizmente a ganância oara a maioria se sobrepõe a vida humana.

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