Saúde

Covid-19: Estudo do Imperial College indica que imunidade contra coronavírus cai rapidamente

Foto: CARL RECINE / REUTERS

Um estudo do britânico Imperial College e da Ipsos Mori mostra que a imunidade adquirida pelas pessoas infectadas e curadas de Covid-19 “cai bastante e rapidamente”, especialmente nas pessoas assintomáticas. E mais: ela pode durar apenas alguns meses. De 20 de junho a 28 de setembro, o Imperial College acompanhou 350 mil pessoas escolhidas aleatoriamente na Inglaterra, que se submeteram a testes regulares em casa para verificar se possuíam anticorpos da Covid-19.

“Durante o período, a proporção de pessoas que testaram positivo aos anticorpos da Covid-19 caiu 26,5 %, passando de 6% para 4,4% da população estudada”, informa em nota o Imperial College , “o que sugere uma redução dos anticorpos nas semanas, ou meses, posteriores à infecção”.

— A imunidade diminui bastante rapidamente — destacou Helen Ward, professora de Saúde Pública na Imperial College e uma das autoras do estudo.

Os resultados também sugerem que “aqueles que não apresentaram sintomas da doença são suscetíveis a perder mais rapidamente os anticorpos detectáveis do que os indivíduos sintomáticos”, assinala o estudo.

A proporção de anticorpos nas pessoas que testaram positivo para o vírus diminuiu 22,3% no período, enquanto entre as pessoas que não apresentaram sintomas de Covid-19 a queda foi de 64%.

O estudo destaca que, embora todas as idades sejam afetadas por esta redução, os idosos a acusam mais: entre junho e setembro, o percentual de pessoas com mais de 75 anos com anticorpos registrou queda de 39%, enquanto a redução foi de 14,9% na faixa de idade entre 18 e 24 anos.

‘Vacinas funcionarão de forma diferente’

— Este estudo representa um elemento crucial da pesquisa, uma vez que nos ajuda a compreender como os anticorpos da Covid-19 evoluem ao longo do tempo — declarou o secretário de Saúde do Reino Unido, James Bethell.

“Ainda não se sabe se os anticorpos conferem um nível de imunidade eficaz ou, no caso de que esta imunidade exista, quanto tempo dura”, assinalaram a Imperial College London e a Ipsos Mori, que pediram que os britânicos sigam as recomendações sanitárias.

A virologista Wendy Barclay, da Imperial College London, explicou que “o novo coronavírus parece se comportar de maneira muito similar aos coronavírus sazonais que existiram nos seres humanos durante décadas, alguns durante centenas de milhares de anos”. Uma pessoa pode ser “reinfectada a cada um, ou dois, anos” com estes coronavírus sazonais, devido a uma queda na imunidade, explicou à Times Radio.

Diante do possível risco de reinfecção com o novo coronavírus, a professora afirma não ser partidária do conceito de “passaporte de imunidade”, que permitiria às pessoas curadas do novo coronavírus levar uma vida normal.

— Este conceito de passaporte de imunidade não é uma boa ideia neste momento, porque a qualidade da resposta imunológica pode variar de uma pessoa para outra — afirma Barclay.

Ao mesmo tempo, ela pediu “otimismo sobre as vacinas, porque as vacinas funcionarão de maneira diferente” e poderiam proporcionar uma imunidade mais prolongada.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Como a vacina vai dar uma imunidade mais prolongada? Por acaso ela terá condições de dá super poderes aos anticorpos para durarem mais tempo na proteção.
    Muito estranha esta avaliação

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Saúde

Gatos desenvolvem imunidade após infecção pelo coronavírus, sugere estudo; descoberta pode colaborar com vacina

Foto: Agência O Globo

Um estudo publicado nesta semana na revista científica Pnas (Proceedings of the National Academy of Sciences) mostra que cães e gatos podem ser infectados pelo novo coronavírus, embora nenhuma das duas espécies desenvolva a doença. No entanto, o que chamou a atenção dos pesquisadores foi o fato de os felinos desenvolverem resposta imune ao vírus, o que pode ajudar no desenvolvimento de uma vacina para os humanos.

O estudo relata que cães, além de não adoecer, não transmitem o vírus e não produzem imunidade. Já os gatos infectados liberaram o vírus infeccioso por via oral e nasal por cinco dias após a infecção, sendo capazes de infectar outros felinos através do contato direto.

Após contrair o SARS-CoV-2, esses animais foram capazes de desenvolver uma resposta imune mais protetiva e forte, evitando uma posterior reinfecção. Ainda não há, porém, informações sobre a duração dessa imunidade.

“Os gatos desenvolvem anticorpos neutralizantes significativos e são resistentes à reinfecção, embora a duração da imunidade neles não seja conhecida atualmente. Isso pode ser um modelo útil para testes de vacinas subsequentes, tanto para vacinas candidatas humanas quanto para animais”, diz a pesquisa.

O estudo foi desenvolvido pelos cientistas da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos. Eles lembraram que, apesar das implicações do coronavírus para os animais ainda serem amplamente desconhecidas, não há evidências até o momento de que gatos ou cães possam transmitir o SARS-CoV-2 para humanos.

Os autores do estudo observam que, enquanto quase um milhão de pessoas já morreram com a Covid-19 no mundo, existem apenas poucos relatos de animais que contraíram o vírus.

O Globo

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Saúde

Dengue pode fornecer imunidade contra a covid-19, diz estudo liderado por Miguel Nicolelis

Foto: Phil Noble/Reuters

A exposição à dengue pode fornecer algum nível de imunidade contra a covid-19, de acordo com um estudo liderado por Miguel Nicolelis, cientista brasileiro e professor da Duke Univerdity, nos Estados Unidos.

A pesquisa, publicada na plataforma medRxiv, ainda sem revisão por pares, comparou a distribuição geográfica dos casos de covid-19 com a disseminação da dengue em 2019 e 2020 no Brasil.

Locais com taxas mais baixas de infecção por coronavírus e crescimento mais lento de casos foram os mesmos que sofreram intensos surtos de dengue neste ano ou no último, descobriu Nicolelis.

“Esta descoberta surpreendente levanta a possibilidade intrigante de uma reatividade imunológica cruzada entre os sorotipos de Flavivirus da dengue e o SARS-CoV-2”, afirma o estudo, referindo-se aos anticorpos do vírus da dengue e ao novo coronavírus.

“Se comprovada como correta, essa hipótese pode significar que a infecção por dengue ou a imunização com uma vacina eficaz e segura contra a dengue poderia produzir algum nível de proteção imunológica” contra o coronavírus.

De acordo com Nicolelis, os resultados são particularmente interessantes porque estudos anteriores mostraram que pessoas com anticorpos da dengue no sangue podem apresentar resultados falsamente positivos para anticorpos de covid-19, mesmo que nunca tenham sido infectadas pelo coronavírus.

“Isso indica que há uma interação imunológica entre dois vírus que ninguém poderia esperar, porque os dois vírus são de famílias completamente diferentes”, disse Nicolelis, acrescentando que mais estudos são necessários para comprovar a conexão.

Ele destaca uma correlação significativa entre menor incidência, mortalidade e taxa de crescimento de covid-19 em populações no Brasil onde os níveis de anticorpos para dengue eram mais elevados.

O Brasil tem o terceiro maior número de infecções por coronavírus no mundo, com mais de 4,4 milhões de casos – atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia.

Em estados como Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, com alta incidência de dengue no ano passado e no início deste ano, o coronavírus demorou muito mais para atingir um nível de alta transmissão na comunidade em comparação com estados como Amapá, Maranhão e Pará, que tiveram menos casos de dengue.

Os pesquisadores também encontraram uma relação semelhante entre surtos de dengue e uma propagação mais lenta do vírus em outras partes da América Latina, na Ásia e nas ilhas dos oceanos Pacífico e Índico.

Nicolelis contou que sua equipe se deparou com essa descoberta por acidente, durante um estudo sobre a disseminação do coronavírus no Brasil, no qual constatou que as rodovias tiveram um papel importante na distribuição dos casos pelo país.

Depois de identificar alguns pontos sem casos no mapa, a equipe foi em busca de possíveis explicações. Um grande avanço ocorreu ao comparar a disseminação da dengue com a do coronavírus.

“Foi um choque. Foi um acidente total ”, disse Nicolelis. “Na ciência, isso acontece, você está atirando em uma coisa e acerta um alvo que nunca imaginou que acertaria.”

Reuters

Opinião dos leitores

  1. Se brinca a ivernequitina , matou a dengue e a Chico cunha, ninguém ñ ver falar mais nelas, kkkk

  2. Então pode abrir tudo. Quem não teve dengue nesse cabaré chamado Brasil? Fala sério!

  3. nicolelis, ai é que mora o perigo. Lembram da abertura da copa?? lembram que o TCU esta no rastro dele?

  4. Não é cientificamente comprovado, necessita de estudos rodomizados, duplo cego, com contraprova e publicação em revistas científicas sujeita a aprovação dos pares, em nível cinco, conforme o procedimento cobrado à hidroxocloroquina. Senao é coisa de fascista.

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Saúde

Cientistas buscam respostas para suspeitas de reinfecção em recuperados de covid-19

Foto: Getty Images

Um paciente é diagnosticado com covid-19. Tem sintomas que, com o tempo, desaparecem. Ele considera que superou a doença, e faz dois testes que dão negativo.

Seis semanas depois, os sintomas voltam, e agora seu teste para covid-19 dá positivo.

A situação de o que parece ser uma reinfecção por coronavírus foi narrada por um médico americano, Clay Ackerly, no site Vox. O caso isolado, que é acompanhado de outros semelhantes, gera preocupação porque poderia significar que, afinal, não teríamos uma resposta imunológica duradoura para o coronavírus.

No Brasil, um caso de possível reinfecção de um rapaz de 22 anos está sendo estudado em Minas Gerais. Um técnico de enfermagem teve um teste positivo para o coronavírus em abril, voltou a ser diagnosticado no final de junho e morreu no início de julho. O Hospital das Clínicas em São Paulo também investiga dois casos de possível reinfecção. Dois pacientes que tiveram testes positivos em maio, se recuperaram, e, agora em julho, tiveram testes positivos novamente.

A doença causada pelo vírus já matou mais de meio milhão de pessoas no mundo, e uma das maiores esperanças em meio a essa crise, além de uma vacina ou tratamento eficaz, era de que quem se recuperou da doença poderia estar imune a ela — pelo menos por mais do que só alguns meses.

Se isso não for verdade, a teoria da imunidade coletiva ou de rebanho, em que um grande grupo (segundo cientistas, mais de 60%) ficaria imune para interromper a cadeia de transmissão na população, iria por água abaixo. Se a imunidade dos curados da covid-19 tiver vida curta, poderíamos entrar em um ciclo sem fim de reinfecções.

Mas, apesar dos casos isolados de suspeitas de reinfecção, ainda não há evidências científicas de que isso seja uma possibilidade.

“Agora estamos começando a ver os retornos dos recuperados. A recuperação pode ser demorada, pode exigir fisioterapia e ainda mostrar lesões na tomografia”, conta a médica infectologista Tânia Chaves, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pará e do Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa). “Mas nesse período eu não vi nenhum caso que fizesse inferir que fosse uma nova infecção pelo Sars-CoV-2. Ouço relato de terceiros, mas a minha avaliação é que é muito prematuro para falarmos. A compreensão da imunidade é um caminho que nós ainda estamos percorrendo na escuridão.”

Ela diz, entretanto, que, pela falta de total compreensão sobre a covid-19 e por “estarmos em franco aprendizado diário”, é preciso “sim, estarmos atentos para possíveis casos de reinfecção pelo vírus”.

Para a microbiologista Natalia Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do instituto de divulgação científica Questão de Ciência, é preciso “ficar de olho” nos casos isolados “para ter certeza de que são isolados, e de que não vão ser a regra”. “Ficamos com a antena ligada, mas é cedo para dizer”, afirma.

Autoridades de saúde da Coreia do Sul registraram, já em abril, centenas de casos de “reinfecção”, mas concluíram depois que essa segunda rodada de infecções seria provavelmente resultado de fragmentos inativos do vírus ainda presente nos pacientes.

Isso mostra que os casos isolados de possível reinfecção podem ser outra coisa. Além da encontrada pelos sul-coreanos, há outras explicações possíveis.

Uma delas é que os pacientes podem nunca ter se recuperado da primeira infecção, tendo ficado assintomáticos e, depois de um tempo, terem apresentado os sintomas novamente. Outra é que algum dos testes deu um falso negativo ou um falso positivo. Uma terceira hipótese: o sistema imune do paciente pode ter mantido o vírus a níveis que impediram o teste de captá-lo. E a última, que já é sabida e comum para outros tipos de vírus, é que algumas pessoas simplesmente não têm respostas imunes fortes o suficiente para os vírus, o que as deixa vulneráveis a eles.

De qualquer forma, a preocupação com a possibilidade de reinfecção tomou mais corpo com uma nova pesquisa publicada recentemente pelo King’s College, no Reino Unido, mostrando que nossos anticorpos contra o Sars-CoV-2 não durariam muito, caindo drasticamente — em até só dois meses, para algumas pessoas. A pesquisa ainda não foi revisada por pares e, portanto, ainda deve ser lida com cautela.

Além disso, já se sabe que os coronavírus de resfriados comuns provocam uma memória curta de defesa do organismo, com a maior parte das pessoas perdendo os anticorpos em 6 meses a um ano. As pessoas são reinfectadas por esses vírus o tempo todo — e o medo de cientistas é que isso seja verdade também para a covid-19.

Imunidade não é só anticorpo

A resposta para a pergunta sobre a reinfecção, contudo, pode não estar nos nossos anticorpos, mas sim nas células T. Pesquisas recentes mostram que as células T podem exercer um papel mais importante do que os anticorpos na nossa resposta ao Sars-CoV-2.

Mas o que são as células T e como isso afetaria a possibilidade de reinfecção?

O corpo tem dois principais mecanismos de defesa: o primeiro é a resposta inicial que as células dão aos patógenos estranhos que são identificados no corpo. É a chamada “resposta imune inata”. “A célula percebe que está infectada e dispara respostas da própria célula”, explica a virologista Luciana Costa, professora associada do Departamento de Virologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

“Uma vez que é ativada, ela vai ativar os próximos níveis de defesa”. Esses próximos níveis ela chama informalmente de células “profissionais” do sistema imune.

É aí que entra o segundo principal mecanismo de defesa, a “resposta imune adaptativa”, dividida em dois braços. Os linfócitos B, ou células B, ativam os anticorpos. E os anticorpos atacam diretamente o vírus, ligando-se a ele. Já os linfócitos T, ou as células T, atacam as células infectadas pelo vírus e, quando são bem-sucedidas, o vírus que está lá dentro morre junto a elas, sem conseguir mais se replicar.

“Como o vírus é um parasita intracelular, ou seja, fica dentro da célula, a resposta T é muito importante. Para uma bactéria, que fica do lado de fora, por exemplo, a resposta de anticorpos é a mais importante”, explica Pasternak.

“O que esses trabalhos novos estão mostrando é que, em muitas pessoas em que você nem detecta anticorpos, você detecta uma resposta muito robusta de células T, mostrando que talvez elas se livrem do vírus sem nem produzir anticorpos, ou produzam muito pouco, que a gente não consegue detectar.”

Costa diz que as duas defesas, a de anticorpos e a das células T, são importantes. “Mas pode ser que, para este vírus, a resposta das células T seja mais eficaz. E aí, uma pessoa sem anticorpos ou com baixo nível de anticorpos para este coronavírus ainda pode estar protegida”, diz ela.

Mas medir anticorpos é mais simples e menos caro. Por isso, enquanto conclusões e decisões sobre a covid-19 têm tido os anticorpos como ponto de partida, até agora sabe-se muito pouco sobre o papel das células T na defesa do organismo contra esse vírus.

Uma pesquisa recente exatamente sobre as células T parece promissora. No estudo, publicado na quarta (15) na revista Nature, pesquisadores da Cingapura analisaram a resposta das células T em pessoas que se curaram da Sars, a pandemia de 2003 causada pelo coronavírus Sars-Cov, e em pessoas que se curaram da covid-19.

Primeiro, observaram nas pessoas curadas da covid-19 a presença de células T para atacar especificamente o Sars-CoV-2, o que já sugere que as células T exercem um papel importante nessa infecção.

Depois, estudaram a resposta de quem havia se curado da Sars. Já se sabia que os anticorpos de quem havia se curado da Sars caíam muito depois de dois a três anos. Mas ao estudar as células T, cientistas viram que havia uma memória robusta da defesa delas, e que essa memória durava 17 anos — de quando essas pessoas tiveram a Sars, em 2003. E mais: a defesa também tinha uma resposta imune pronta contra o Sars-CoV-2, mostrando uma espécie de imunidade cruzada por meio das células T.

Indivíduos saudáveis, sem infecção pela Sars ou pela covid-19, também foram testados. E mais da metade deles apresentavam células T específicas para a Sars-CoV-2. A hipótese é que isso aconteceria por exposição prévia a outros coronavírus, como aqueles que causam resfriados comuns, ou então por exposição prévia a outros coronavírus transmitidos por animais que não provocaram grandes reações nos humanos — e que algumas populações tiveram esses vírus, sem perceber.

A pesquisa foi feita em laboratório, sem observar a reação no organismo, e com um número reduzido de pessoas e de uma certa região do mundo. Portanto, não tem poder estatístico suficiente para render uma conclusão definitiva.

Apesar de o estudo sugerir que, mesmo com a queda de anticorpos depois de ter a doença, é possível que possamos contar mais com as células T, e não só os anticorpos, para ter a memória de nos proteger de futuras infecções, casos de reinfecções ainda deverão ser acompanhados — até para que se entenda como acontecem.

“Todo mundo fica ansioso que a gente tenha respostas e conclusões. Mas estamos falando de um tempo muito curto em que tudo começou a acontecer. Para estudos científicos é um tempo curto demais para termos conclusões prontas. O conhecimento adquirido é impressionante em tão curto tempo, mas as respostas vão vir aos poucos”, diz Costa, da UFRJ.

“Nossa compreensão de como estamos respondendo ao vírus ainda está engatinhando. E daí surgem casos isolados de reinfecção — que são casos isolados, não dá para dizer com certeza que isso é um risco real que todo mundo está vivendo —, mas é algo que precisa ser observado com cuidado”, diz Pasternak. “Porque vai que, né? Vai que realmente a gente tenha uma memória muito curta para esse vírus.”

Por outro lado, diz Pasternak, não estamos vendo muitos casos de reinfecção pelo mundo. “Se fosse tão comum, será que a gente não estaria vendo casos de reinfecção na China, na Coreia do Sul, que já passaram pela primeira onda? É porque a população provavelmente está protegida ou será que é porque o vírus realmente parou de circular nesses países?”, pondera.

“A questão é que só vamos saber com o tempo.” Isso porque todos os estudos para saber quanto tempo dura a imunidade do nosso organismo demandam isso mesmo: tempo.

BBC Brasil

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Saúde

Imunidade ao coronavírus pode durar anos, diz novo estudo

Foto: (Robert Bonet/NurPhoto/Getty Images)

Uma pesquisa publicada na prestigiosa revista científica Nature na quarta-feira revela que o corpo humano pode ficar protegido contra o novo coronavírus por mais tempo que se imaginava.

Nas últimas semanas uma série de estudos mostraram que a imunização contra a covid-19 pode ser curta, com a carga de anticorpos desaparecendo após algumas semanas. Seria um desafio adicional para as vacinas que estão em testes mundo afora, inclusive no Brasil, além de colocar em xeque a possibilidade de chegarmos a uma imunização de rebanho — quando ao menos 60% das pessoas já têm proteção contra o vírus.

Um estudo divulgado na segunda-feira pelo King’s College, de Londres, mostrou que os níveis de anticorpos contra a covid-19 atingem o pico três semanas após o início dos sintomas, mas depois diminuem rapidamente nas semanas seguintes.

Agora, a descoberta apontada na Nature mostra que pode haver uma “lembrança” longa do corpo humano em outra frente. O estudo não mirou o novo coronavírus, mas um vírus semelhante, o coronavírus responsável pela Sars, uma síndrome respiratória aguda que se espalhou entre 2002 e 2003. Pesquisadores de Singapura descobriram que um tipo de células de defesa, as células T, ainda estão ativas contra o vírus 17 anos depois.

A descoberta, segundo os pesquisadores, “apoia a noção de que pacientes com covid-19 desenvolverão imunidade a longo prazo pelas células T”. As células T, em linhas gerais, são especialistas em atacar invasores que estão dentro das células, fazendo um trabalho que complementa os anticorpos, especialistas em parasitas do lado de fora.

O estudo também esquenta um debate em curso há meses: o de que a proteção contra outros tipos de vírus possa, de forma cruzada, agilizar a resposta do organismo ao Sars-Cov-2.

Paulo Lotufo, epidemiologista da USP, afirmou em entrevista à GloboNews que a descoberta é sem dúvida uma notícia positiva, mas ressaltou que o novo coronavírus atua de forma mais ampla no organismo. “Em termos de virulência, os vírus são bem diferentes”, afirmou.

Exame

 

Opinião dos leitores

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Saúde

Imunidade ao coronavírus pode ser maior na população do que dizem os testes, indica estudo

FOTO: SCIENCE PHOTO LIBRARY

Pessoas que apresentam resultados negativos em testes de anticorpos contra o coronavírus podem, ainda assim, ter alguma imunidade ao vírus, indica um estudo do Instituto Karolinksa, na Suécia.

Na pesquisa, feita com 200 pessoas, os cientistas verificaram que para cada pessoa que teve resultado positivo em testes para anticorpos contra o Sars-Cov-2 (vírus que causa a covid-19), duas tinham células T específicas capazes de identificar e destruir células infectadas.

As células T são um tipo de linfócito, células de defesa do sistema imunológico presentes no sangue.

Essa presença das células T capazes de identificar e destruir células infectadas com o coronavírus mesmo em pessoas que não têm anticorpos específicos para o vírus foi observada também em pessoas que tiveram casos leves ou sem sintomas de covid-19.

Mas ainda não está claro se isso apenas protege esse indivíduo ou se também pode impedi-lo de transmitir a infecção a outras pessoas.

A pesquisa já foi submetida para uma publicação científica, mas ainda não foi publicada nem passou oficialmente por peer review (avaliação de outros cientistas).

Mas o imunologista Danny Altmann, professor do Imperial College de Londres, disse que o estudo é “robusto, impressionante e completo” e que ele acrescenta dados a um crescente corpo de evidências de que “o teste de anticorpos subestima a imunidade”.

Entre as pessoas que participaram do estudo, algumas eram doadoras de sangue e outras foram rastreadas no grupo de primeiras pessoas infectadas na Suécia — que tinham voltado ao país vindo principalmente de áreas afetadas anteriormente, como o norte da Itália.

Isso pode significar que um grupo mais amplo de pessoas tenha algum nível de imunidade à covid-19 do que indicam os testes para anticorpos.

É provável que, em algum momento, o corpo dessas pessoas tenha dado uma resposta à contaminação pelo vírus com a produção de anticorpos, mas essa reação tenha, depois, desaparecido — ou não seja detectável pelos testes atuais.

Em tese, essas pessoas devem estar protegidas se forem expostas ao vírus pela segunda vez.

Imunidade de rebanho

Apesar de os cientistas estarem encontrando mais evidências de que pode haver mais imunidade na população do que retratam os testes de anticorpos, isso não necessariamente nos aproxima da chamada “imunidade de rebanho”, de acordo com o médico Marcus Buggert, um dos autores do estudo.

É necessário fazer mais análises para entender se essas células T fornecem “imunidade esterilizante” (quando elas bloqueiam completamente o vírus) ou se podem proteger um indivíduo de ficar doente, mas não impedem que ele carregue o vírus e o transmita.

Grande parte da discussão sobre a imunidade à covid-19 se concentrou em anticorpos — proteínas em forma de Y que são específicas para cada patógeno e agem como “mísseis atingindo um alvo”, explica Buggert.

Os anticorpos se ligam ao vírus antes que ele possa entrar nas células e o neutralizam. Se os anticorpos falharem em neutralizar o vírus, ele pode entrar nas células do corpo e transformá-las em “fábricas” que produzem mais vírus.

As células T, por outro lado, têm como alvo células já infectadas e as destroem completamente, impedindo que os vírus se espalhem para outras células saudáveis. Ou seja, enquanto os anticorpos destroem os vírus, as células T destroem as células do corpo que se tornaram “fábricas de vírus”.

Assim como os anticorpos, as células T fazem parte da parte do sistema imunológico que tem uma espécie de memória. Uma vez que elas reconhecem um vírus específico, podem atingir rapidamente as células infectadas com ele e matá-las.

Pesquisadores no Reino Unido estão testando um medicamento chamado interleucina 7, conhecido por aumentar a produção de células T, para averiguar se pode ajudar na recuperação dos pacientes com covid-19.

Mais estudos são necessários

Pesquisadores do Instituto Francis Crick, do King’s College London, notaram que um grupo de 60 pacientes gravemente doentes pareceu sofrer uma queda no número de células T.

Isso não foi observado no estudo do Instituto Karolinska, que descobriu que quanto mais doente o paciente, maior o nível de anticorpos e células T que eles pareciam produzir.

A equipe da Suécia disse que são necessárias mais pesquisas para confirmar as descobertas. Embora o estudo deles seja a maior pesquisa com células T e coronavírus realizada até agora, ela ainda envolveu um grupo relativamente pequeno de pacientes.

As células T são muito complexas e muito mais difíceis de identificar do que os anticorpos, exigindo laboratórios especializados e pequenos lotes de amostras sendo testados manualmente ao longo de dias.

Isso significa que a testagem em massa de células T capazes de combater a infecção por coronavírus não é uma perspectiva muito provável no momento.

BBC

 

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Saúde

Vacina chinesa gera imunidade contra o novo coronavírus, mostram testes em humanos

Foto: Valentyn Ogirenko /Reuters

Uma das primeiras vacinas Covid-19 a iniciar testes em humanos foi segura e gerou uma resposta imune contra o novo coronavírus, de acordo com resultados publicados sexta-feira (22) pela revista médica The Lancet. Estes são os primeiros resultados publicados de testes em humanos para uma potencial vacina o vírus.

A vacina, desenvolvida pela CanSino Biological Inc. e pelo Instituto de Biotecnologia de Pequim, foi testada em 108 adultos saudáveis, com idades entre 18 e 60 anos, em Wuhan, China, que não estavam infectados com o novo coronavírus.

Todos os participantes receberam uma única infecção em doses baixa, média ou alta. Não foram relatados efeitos colaterais graves dentro de 28 dias após a vacinação. Um deles, o que recebeu a dose mais alta, relatou febre severa, fadiga, falta de ar e dor muscular, mas essas reações continuaram por menos de 48 horas.

Duas semanas após a vacinação, todos os níveis de dose da vacina desencadearam alguma resposta imune nos indivíduos. Na maioria dos voluntários, a vacina também levou a uma resposta das células T, que atuam no sistema imunológico e são responsáveis por defender o organismo, segundo o estudo.

“O estudo demonstra que uma dose única da nova vacina contra a Covid-19 produz anticorpos específicos para vírus e células T em 14 dias, com potencial para uma investigação mais aprofundada”, afirma o professor do Instituto de Biotecnologia de Pequim, Wei Chen, que é responsável pela pesquisa.

Apesar do bom resultado, o professor alerta que os dados devem ser interpretados com cautela. “A capacidade de desencadear essas respostas imunes não indica necessariamente que a vacina protegerá os seres humanos contra a Covid-19. Este resultado mostra uma visão promissora para o desenvolvimento de vacinas, mas ainda estamos longe de que ela esteja disponível para todos”, afirma.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dez vacinas contra a Covid-19 iniciaram testes em humanos, e outras 114 estão em desenvolvimento.

CNN Brasil

 

Opinião dos leitores

  1. P…. de vacina chinesa!!!!! Tá louco!!?? Jamais deveríamos quere qualquer tipo de relação com esses canalhas ,insanos, escrotos. Pouco importa se são nossos maiores "parceiros". Parceiros!!?? Na minha casa, tudo e qualquer coisa que tenha origem desse país de merda estou jogando fora.

  2. alguma novidade nisso ? , criam o vírus e depois dizem que tem a cura , como dizemos aqui no Nordeste " coincidência não, a mulesta "

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Diversos

Conheça alimentos comuns que ajudam a blindar a sua imunidade

Aposte na dieta para uma temporada livre de doenças. Veja abaixo uma lista de alimentos que ajudam a blindar sua imunidade, elaborada por Larissa Santana, nutricionista do Kurotel – Centro Médico de Longevidade e Spa, em Gramado (RS).

Goji berry

Fonte de antioxidantes que reforçam o sistema imunológico e atuam na prevenção de doenças inflamatórias, entre outras.

Couve

Possui ácido fólico, entre outros nutrientes, que auxilia na maturação das células do sistema imune e melhora a resistência a infecções.

Alho

O selênio e o zinco presentes no alimento previnem gripes, resfriados e outras infecções ligadas ao trato respiratório. Já a alicina, substância líquida que aparece quando o alho é esmagado ou cortado, tem ação anti-inflamatória, antiviral e bactericida.

Cebola

Possui uma substância chamada quercitina, importante na melhora do sistema imunológico, além das vitaminas A e C, que também ajudam na prevenção de doenças virais e alérgicas.

Corpo a Corpo

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