Geral

CPI pede ao STF uso de força policial para levar lobista a depoimento e Randolfe Rodrigues cogita pedido de prisão

Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A CPI da Covid pediu à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), a condução coercitiva do lobista Marconny Nunes Ribeiro Albernaz de Faria. O depoimento dele está previsto para esta quinta-feira, mas integrantes da comissão temem que ele não compareça. Assim, querem que, se necessário, seja usada força policial para obrigá-lo a depor. Durante a sessão da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chegou a cogitar pedirem prisão preventiva contra o lobista.

— Como ele não compareceu até agora, acabamos de oficiar à Polícia do Senado para dar cumprimento à ação. Caso não seja localizado, eu requisitarei a determinação de que requisitado à justiça da primeira instância a sua prisão — afirmou Randolfe.

A defesa de Marconny apresentou um habeas corpus na noite de quarta-feira pedindo a suspensão do depoimento. A relatora, Cármen Lúcia, negou isso, mas permitiu que ele fique em silêncio para não produzir provas contra si. A CPI recorreu da decisão, argumentando que ele vai falar na condição de testemunha. Apenas como investigado é que poderia ficar em silêncio. E aproveitou para pedir a condução coercitiva.

“E, diante do fundado receio de o Paciente não comparecer perante à Comissão Parlamentar de Inquérito às 9h30min de hoje, o impetrado [a CPI] requer desde já que Vossa Excelência autorize com a máxima urgência, para garantir a autoridade da v. decisão que deferiu nestes autos ontem à noite em parte a liminar postulada na inicial e assegurar o curso normal das investigações legislativas, que seja decretada, se necessário, a condução coercitiva do Paciente [Marconny] ao Senado Federal, com requisição de força policial e de todos os meios mínimos necessários”, diz trecho do pedido da CPI.

Na sessão de quarta-feira, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), já havia reclamando do comportamento de Marconny:

— E quero comunicar aos senhores que, até hoje, nós não conseguimos que o Sr. Marconny atendesse à CPI. Já mandamos a Polícia do Senado lá, e ele deu uma ordem de que ele não está para ninguém. Iremos entrar na Justiça para trazê-lo sob vara, para vir depor.

Depois, a defesa de Marconny informou a CPI que ele estava sob cuidados médicos no Hospital Sírio-Libanês e enviou um atestado. Omar Aziz ligou para a direção do Hospital Sírio Libanês, que informou que uma junta médica analisaria o estado de Marconny e do advogado Marcos Tolentino, outro convocado pela CPI que também apresentou atestado.

Após o fim da sessão de quarta, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o médico que deu o atestado a Marconny entrou em contato com a comissão. Segundo o relato do senador, o médico “notou uma simulação por parte do paciente” e “deseja cancelar” o atestado. Com isso, a CPI marcou o depoimento de Marconny para esta quinta-feira.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. O senador saltitante só fala em prender todos na CPI do circo, esses políticos deveriam era tomar vergonha na cara, pois todos possuem pendengas com a justiça. Essa polícia judiciária deveria prender os deputados e senadores que possuem processos por roubo e desvios do dinheiro público.

    1. George Carlos
      02/09/2021 às 15:06
      O povo brasileiro está sufocado sem poder comprar bujão de gás, feijão, arroz, pagar conta de energia elétrica…
      E Carne?
      Picanha e Leite Moça, nem pensar.

  2. CPI ridícula e arbitrária, comandada por notórios corruptos. Mas tudo isso vai passar. O Brasil vai seguindo em frente. Paciência é o segredo.

    1. A polícia presta pra o que ela tem que prestar, não pra abusar do poder, nem pra se corromper. Ou você acha que pelo fato de ser policia, pode fazer tudo?

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Geral

Jornalista diz que vai ‘rezar para Deus levar Bolsonaro e Olavo de Carvalho para pior’

Foto: Reprodução/Divulgação

A ex-apresentadora do “Saia Justa”, do GNT, e ex-colunista do jornal Folha de S. Paulo, a Barbara Gancia causou polêmica ao dizer em uma publicação no Twitter, nessa quarta-feira (14), que vai ‘rezar para Deus levar’ o presidente Jair Bolsonaro e o escritor Olavo de Carvalho ‘para pior’.

“Às 17:00 de hoje darei início a mais uma novena, c reza de 3 terços diários, para q Deus defina de forma inequívoca os destinos de Olavo de Carvalho e Jair Bolsonaro, levando-os desta para pior. Juntem-se a nós, fiéis. O amor de Cristo nos une pela justiça divina”, escreveu a jornalista em rede social.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Carlos Jordy respondeu à publicação de Barbara Gancia. “Você é demoníaca. Já vi muita gente rogar praga e esta voltar para si. Que Deus tenha piedade da sua alma doente e infeliz”, disse o parlamentar.

Gazeta Brasil

 

 

 

Opinião dos leitores

  1. Ontem perguntaram qual a herança maldita que os milicos de 64 tinham deixado…. A resposta foi outra: mais eu acho a herança maldita foi ter deixado está facção vermelha retornar ao pais, e hoje estão na direção dos poderes da nação.

  2. Já eu, tô torcendo pra ele escapar.
    Quero ve-lo passando a faixa presidencial pra Lula, em 01/2023.
    Isso não tem preço!

  3. Acho interessante a precisão da estatística dos ataques do Sr. presidente a imprensa. Gostaria de ver a estatística dos ataques da imprensa ao Sr. Presidente ( não me refiro ao governo e sim a pessoa física).
    Como sempre só se conta as balas que sai da arma da polícia.

  4. Não se esqueçam, acima de nós tem um Deus Maravilhoso. Ele vai julgar cada um de nós. Se desejamos o Mal, vamos receber o Mal. Se desejamos o Bem, Vamos receber o Bem.

  5. essa mulher aí fala como uma louca onde o senhor dos exercítos vai ouvir essa louca…. tá reeprendido toda oração contrária contra nosso presente….

  6. A pessoa HIPÓCRITA dizer que os que desejaram a morte do presidente morreram é doido/a e cega/o. O presidente desejou morte a petralhada, câncer e infarto a Dilma

  7. SEM HIPOCRISIA: com ela estamos milhões.

    Mas nem precisa rezar Bozonazi e Olavo Caralho qie desejaram a morte por ataque cardíaco, câncer e metralhagem do semelhante terão muito em breve APENAS a LEI DO RETORNO

  8. Cada dia que passa perco mais a fé na humanidade, alem do comentário dela, todos esses comentários aqui no blog provam a que ponto chegamos! Deus cubra o coração dessas pessoas com bondade, retire o sentimento de vingança e tenha piedade de nós!

  9. E daí? Não sou coveiro.
    Todo mundo morre um dia mesmo.
    O astrólogo Olavo veio dos EUA para usar o sus aqui, se fosse operado lá, ia gastar uma fortuna.

  10. BG, por que não publica meu comentário? E olhe que não falo palavrão nem agrido ninguém.

  11. O blog poderia escalar 2 comentarias (🐄🐄), pode ser o direita lesada e pedroca (que ninguém sabe o que é), para irem à SP, eles ficam enviando fotos e fazendo links ao vivo do hospital que o mito está internado (às nossas custas).
    O que acham boiada?

  12. Se Aras fecha, Lira não abre, ela apelou pra Deus ajudar os Brasileiros… resta saber se Deus é mesmo Brasileiro !

    1. Maior micróbios brasileiros são vocês e seu ladrão de estimação. Vocês não tem medo da lei do retorno, porque já são mortos por VIDA. Kkkkk

  13. Tá fraca…faltou ela simular falta de ar, debochando dos 530 mil que morreram com falta de ar…
    Fraquinha ela…sabe nem desejar mal…

  14. Até parece que esses dois sacos de fezes irão para o céu. Acho que até o diabo vai dispensar.

  15. Não esqueçam daquele ditado: a gente colhe o que planta. Todos que desejaram o mal ao Presidente Bolsonaro, morreram.

    1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
      kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
      Tem quase ninguém vivo, então…
      kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    2. Kkkkkkkkkkkkkk. Só pode ser piada! E além do mais, a essa altura, a maioria não quer q o presidente morra , a gente quer ele vivo pra pagar pelos crimes cometidos…

    3. Eu to vivinho ainda, que morra esse imundo, eu naoosou coveiro e todo mundo morre um dia.
      Ele disse numa desaas lives ridículas que tomava coca cola contra refluxo, além de genocida e ladrão, é burro.

  16. Não se falta vê mais nada nesse país , como pode uma alma sebosa dessa pedir e reza terço para desejar a morte de Alguém, essa imunda deve ter pacto com o diabo e certamente seu clamor não terá nenhuma importância para Deus , gente dessa laia catimbozeira deverá arder no folgo do inferno para que suas atrocidades sejam pagas. Esse lixo é parte de uma esquerda desesperada.

  17. Trabalho perdido. Imagine se Deus quer essas porcarias. Ela tem que pedir é para o satanás, aí sim pode dar certo.

  18. Pelo que eu saiba. o nome disso é fascismo. Violencia tem varios tipos… e propagar por meio de mídia o desejo ideologico politico atraves da violencia é uma pratica do fascismo, algo anti-democratico… Fascismo nao é um modelo economico, mas um modelo de comportamento politico imposto que nao é de direita e nem de esquerda. Esse blog chamado folha de sao paulo, ja nao pratica jornalismo ha tempos, e se camufla pra fazer nada mais que politica da violencia, e desejam o fim da democracia.. sao bem contraditorios.

    1. Severino.. nao sou economista… mas qual seria o modelo economico que representaria o fascismo se é um modelo de estado autoritario, onde nao se respeita nem propriedade, nao ha segurança juridica, nem direitos humanos, e nem liberdade economica?? Nao faz sentido.. pq o significado puro do fascismo transcende a questao do capital.. é apenas um modelo autoritario, onde o Estado é representado por um individuo, na base da força policial sobre o povo oprimido (lembra Cuba)… nao tem representacao politica nenhuma, porque o partido nao tem concorrencia devido ao medo.. nao ha sindicatos, pq os sindicatos sao controlados por pelegos subalternos e violentos (brasil); mas a violencia lembra qualquer regime comunista quando se trata de repressão policial ou controle sobre a vida das pessoas. Tb nao vejo diferença do modelo cubano e do fascismo quando se trata dos fatos.. sao so narrativas. Pq o capital é controlado no fascismo e no comunismo para favorecer as elites de cada modelo autoritario.

  19. Num disse!!!
    Tá orquestrado os ataques.
    Fôia, isto é, e agora essa bonitona aí.
    Kkkkkkkkkkkkkkkk
    O choro é livre!!
    Maju coutinho.
    Jaja o véi ta de volta pra teu desespero.
    Mito até 2026.
    Sem dúvidas.
    Não temos adversário.
    Esse tipo de gente aí, estão todos derrotados, quem manda somos nós, a maioria.
    Kkkkkkkk
    Fui!!!

    1. E daí? Não somos coveiros! Deixem de mimimi bando de maricas…

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Polícia

Representantes da Davati tentaram em março levar a Bolsonaro proposta de 400 milhões de vacinas, mas assunto não chegou ao presidente

Foto: Adriano Machado/Reuters 

Os representantes da empresa Davati no Brasil, Cristiano Carvalho e o cabo da PM Luiz Paulo Dominghetti Pereira, tentaram marcar uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro para levar a proposta de venda de 400 milhões de doses de vacina AstraZeneca. O intermediário do encontro era o reverendo Amilton Gomes de Paula, da entidade Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).

Áudios no celular de Dominguetti, apreendido pela CPI da Covid trazem uma conversa entre o empresário Cristiano e Dominghetti articulando uma conversa com Bolsonaro para levar a proposta que eles estavam negociando com o Ministério da Saúde.

O diálogo entre os dois ocorre no dia 13 de março deste ano, quando falam no nome do reverendo Amilton de Paula para acertar a conversa com Bolsonaro.

“Dominghetti, agora nós precisamos aí…O reverendo tá falando que tá marcando um café da manhã com o presidente amanhã às 10h, 9h, sei lá eu, que vai ter um café com os líderes religiosos. A gente vai entrar no vácuo, tá? Agora tem que fazer ele confirmar isso aí pra gente colocar uma pulguinha atrás da orelha do… Do presidente, tá?”

Em seguida, o cabo da PM envia um mensagem de voz para o empresário:

“Cristiano, o que eles me falaram, eu nem sabia que ia ter agenda com o Bolsonaro, você que me falou, o que eles me falaram é assim, que estão atuando fortemente lá, que agora depende do presidente, ele não marca agenda, ele fala assim vem aqui agora. Então, assim, de uma forma mais urgente. Agora, para falar com ele em agenda, eles conseguem marcar segunda, terça, quarta, porque aí entra na agenda oficial”, diz Dominghetti.

O policial militar continua:

“O que eles estão tentando é que o presidente te receba de forma extraoficial, entendeu, devido à urgência. É o que eles estão tentando. Agora agenda oficial eles conseguem marcar, o que estão tentando é uma agenda extraoficial”.

No dia 14 de março, não havia agenda oficial do presidente, era um domingo. No dia seguinte, porém, Bolsonaro se reuniu com líder religiosos. A agenda previa encontro com o pastor Silas Malafaia, presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil, e um grupo de religiosos.

No dia 16 de março, o empresário Cristiano Carvalho dá demonstrações de não acreditar mais no poder do reverendo para marcar a audiência com o presidente em novo diálogo encontrado no celular de Dominghetti:

“O reverendo tá me dizendo aqui que falou com o pastor Malafaia, que até 10h chega a resposta e tal, mas… (rindo) as coisas que o reverendo fala não dá pra acreditar em nada. Tá que nem o (?) da H1N1, car…[palavrão], que é segunda, é quarta, terça, segunda, sexta… ai meu Deus do céu, tá louco”.

O reverendo Amilton Gomes de Paula admite que conversou com Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominghetti sobre a venda de vacinas para o Ministério da Saúde e que eles queriam se encontrar com o presidente para levar a proposta.

O reverendo disse, porém, que não chegou a tratar do assunto com Bolsonaro e que acabou não comparecendo à reunião do presidente com religiosos no dia 15 de março.

Blog do Valdo Cruz – G1

Opinião dos leitores

  1. As narrativas mentirosos da oposição irresponsável, que sempre torce pelo pior, não se sustentam. Muitas não duram sequer 24 horas e, não fosse o interesse da grande mídia militante, não ocupariam tanto espaço nos meios de comunicação.

    1. Tudo que tem no país de mais relevância, foi os militares que fizeram analfabeto.
      Vá estudar.
      Pare de rinchar e adorar um ladrão.
      Respeite as nossas forças armadas jumento.

  2. Aos poucos vem aparecendo quem são os verdadeiros canalhas da nação querendo roubar o erário público. E com isso vai caindo por terra a intenção desses vagabundos comunistas.

  3. O gado vai acreditar que o MINTOmaníaco das rachadinhas não sabia? Pq Lulaladrao usou a mesma desculpa na época do mensalão e sabemos no que deu…

  4. BOLSONARO é incorruptível, imbrochavél e incomivél.
    Ponto final!!
    A esquerda tenta a todo custo culpa lo pela pandemia MUNDIAL. Tudo que acontece a culpa e do Bolsonaro.
    Tentam, temtam mas sem sucesso.
    Agora querem culpa lo por corrupção de vacinas que sequer foram compradas.
    Se ouve tentativa dentro do ministério, Bolsonaro não tem culpa.
    Agiram de má fé.
    Quebraram a cara.
    Possíveis culpados, já foram demitidos, diferentemente da quadrilha de ladrões do PT.

  5. Só idiotizados acreditam que alguém ia vender 400 MILHÕES de doses de vacina e não iria passar pelo Presidente…kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Ô gado véi pra passar vergonha….

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Diversos

VÍDEO: Estelionatário pode levar cidade em SP à falência após aplicar golpes milionários

Nascido numa família simples, no interior de Pernambuco, Samuel Fradique de Oliveira é acusado de um golpe que pode levar boa parte da cidade de Lorena (SP) à falência. Isso porque ele atraía pessoas comuns que tinham economias e prometia pagar juros altos para quem investisse no grupo de empresas dele. Para assistir ao Domingo Espetacular na íntegra, assista abaixo.

R7

https://recordtv.r7.com/domingo-espetacular/videos/estelionatario-pode-levar-cidade-a-falencia-apos-aplicar-golpes-milionarios-14062020

Opinião dos leitores

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Saúde

As ‘comorbidades silenciosas’ que podem levar pacientes com Covid-19 à morte

Foto: EPA/RAPHAEL ALVES

Em meio ao crescimento exponencial de infecções e mortes por Covid-19 no Brasil, uma característica presente em diversos casos mais graves preocupa os profissionais de saúde: as comorbidades desconhecidas pelos pacientes ou que não são tratadas adequadamente.

Segundo médicos ouvidos pela BBC News Brasil, são comuns casos de pacientes com doenças pré-existentes como diabetes, hipertensão e tuberculose que desconhecem tais comorbidades até serem internados com Covid-19. Outra preocupação também é com aqueles que sabem da enfermidade, mas não fazem o tratamento adequado.

Para os profissionais da área, a situação representa um retrato da saúde dos brasileiros e traz à tona questões culturais nas quais a atenção primária não recebe o devido cuidado. Para muitos pacientes, médicos e unidades de saúde devem ser procurados apenas em casos de doença.

No contexto da Covid-19, comorbidades como diabetes, obesidade, hipertensão, tuberculose, entre outros, aumentam o risco de agravamento do quadro do paciente. Para aqueles que não tratavam as enfermidades previamente, a evolução da doença causada pelo novo coronavírus pode ser ainda pior. Segundo especialistas, muitos desses casos poderiam não ter uma evolução tão grave se a pessoa fizesse o tratamento adequado da doença pré-existente.

“A Covid-19 se tornou um novo momento para muitos pacientes descobrirem questões ocultas sobre a própria saúde, principalmente aqueles que não se cuidavam ou não tinham acesso ao serviço de saúde”, declara a médica Denize Ornelas, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

Ornelas frisa que um paciente com uma doença pré-existente que está controlada, por meio de tratamento, pode apresentar uma resposta melhor à Covid-19. Ela pontua que, em casos de pessoas que não têm a comorbidade controlada, muitas vezes o médico precisa aliar o tratamento contra a Covid-19 com medicamentos para a doença pré-existente. “Nesse caso, a atenção precisa ser ainda maior”, ressalta.

Uma das principais formas de atenção primária no Brasil é o programa Saúde da Família, criado nos anos 90 por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa atinge cerca de 65% da população. O projeto, porém, enfrenta dificuldades como a sobrecarga de equipes em algumas regiões e a falta de hábito entre os brasileiros, que nem sempre compreendem a importância das medidas preventivas relacionadas à saúde.

Doenças pré-existentes

O infectologista Alexandre Naime, chefe de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), tem presenciado casos de pacientes com a Covid-19 que desconheciam as próprias comorbidades. Ele revela que é comum acompanhar pessoas com sobrepeso, mas que não acreditavam que façam parte do grupo de risco.

“Infelizmente, temos notado muitos pacientes com a Covid-19 que têm um IMC (Índice de Massa Corporal) que se enquadra na obesidade, mas não percebiam. Isso é preocupante. Estamos identificando muitas doenças, até então desconhecidas pelos pacientes, nas internações, como hipertensão e diabetes. São mazelas motivadas por hábitos ruins ou questões genéticas. Elas fazem com o que o paciente esteja no grupo de riscos da Covid-19”, diz Naime.

“Muitos não costumam buscar ou não conseguem acompanhamento médico antes da doença. Essas pessoas, normalmente, têm baixa percepção dos riscos de suas doenças, que incidem na população em geral. Nunca fizeram avaliação preventiva, nunca se preocuparam com o peso”, acrescenta o infectologista.

Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que obesidade, hipertensão e diabetes são as comorbidades desconhecidas, ou sem tratamento adequado, mais comuns entre pacientes com quadro grave de Covid-19 — elas também são as doenças crônicas mais comuns entre os brasileiros em geral, conforme o Ministério da Saúde.

Ainda segundo os especialistas, outras enfermidades como tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica e problemas cardíacos também podem estar entre as mazelas desconhecidas por pacientes infectados pelo Sars-Cov-2, nome oficial do novo coronavírus, que são internados em estado grave.

As doenças pré-existentes costumam ser descobertas em meio aos diversos exames feitos em pacientes internados com a Covid-19.

Para os médicos ouvidos pela BBC News Brasil, um dos principais motivos para que essas comorbidades não tenham sido descobertas previamente em diversos casos é porque são silenciosas. Desta forma, como muitos deixam de fazer exames preventivos, acabam descobrindo a mazela apenas quando sente alguma dificuldade.

“Nem todos têm acesso à atenção primária com facilidade no Brasil ou se preocupam em se prevenir. Por isso, é comum que descubram a doença apenas quando já está em estágio avançado, quando a saúde está descompensada. Isso tudo traz uma série de consequências, porque a pessoa não se cuida desde o princípio e isso pode aumentar riscos de infartos, derrames ou insuficiência cardíaca”, aponta o médico intensivista José Albani de Carvalho.

Albani, que também está na linha de frente dos casos do novo coronavírus, trabalha em diferentes unidades de terapia intensiva (UTI) de São Paulo. Ele acompanhou casos de pacientes graves com o novo coronavírus que descobriram que possuíam comorbidades durante a internação.

“Na realidade, a Covid-19 só torna essa situação (da falta de diagnósticos para doenças pré-existentes) mais evidente. Isso é uma situação crônica, principalmente nas classes de menor poder econômico. Países pobres ou em desenvolvimento costumam sofrer com essa baixa prevenção”, afirma Albani.

Saúde da família

O principal projeto no Brasil para a atenção primária é o programa Saúde da Família. O pesquisador Eduardo Melo, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, aponta que a iniciativa é um meio fundamental de acesso da população da periferia ao SUS.

“Essas unidades básicas de saúde (ligadas ao Saúde da Família) têm três grandes funções: acolher a demanda espontânea, como criança com febre ou uma pessoa gripada; fazer um cuidado continuado, no qual cria vínculos com os pacientes, porque acompanha as pessoas; e lidar com riscos e vulnerabilidades no plano coletivo, como captar e ajudar pessoas com maiores vulnerabilidades”, explica Melo.

“As equipes de saúde básica buscam descobrir precocemente pessoas com condições ou doenças crônicas, para prevenir essas doenças ou impedir o agravamento delas, por meio de acompanhamento. São unidades preparadas para tratar pessoas com tuberculose, por exemplo, e iniciar tratamento”, acrescenta.

As equipes das unidades básicas também costumam identificar grupos de riscos, pessoas que não costumam fazer exames e aquelas que possuem histórico familiar para possíveis doenças pré-existentes. “Com base nesse parâmetro, as equipes vão rastrear as pessoas. Mas claro, nem sempre consegue atender a todos”, diz Melo.

Em todo o país, há 43 mil equipes do Saúde da Família, formadas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde.

O programa costuma ter mais resultados em pequenos municípios. Em cidades maiores, por diversas vezes a iniciativa não tem equipe para cobrir toda a população. “A melhor alternativa é contratar mais equipes e expandir o funcionamento desses locais, pois muitos estão abertos de segunda a sexta-feira, em horário comercial. Nem todos os pacientes podem procurar ajuda nesse período”, pontua o pesquisador.

Outro problema enfrentado no projeto, aponta Melo, é a questão cultural que aponta que médicos devem ser procurados somente em caso de doença.

“Um paciente internado tem pouca possibilidade de escolher o que os profissionais de saúde farão para ajudá-lo. Mas não é assim quando é um atendimento preventivo, pois o paciente está andando ao ar livre. Às vezes, existem questões culturais (sobre a busca por atendimento médico). A simples presença do Saúde da Família no lugar não vai mudar tudo. Isso impacta a vida das pessoas, mas não quer dizer que não haverá desafios e dificuldades”, declara.

Os homens costumam ser os que mais ignoram os cuidados com os problemas de saúde. “Há muitos que não se cuidam. É uma questão cultural”, afirma.

Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, atendimentos considerados não essenciais estão sendo desmarcados nas unidades básicas de saúde. A atenção primária tem feito poucos procedimentos preventivos, pois o principal foco é o enfrentamento à Covid-19.

Em nota à BBC News Brasil, o Ministério da Saúde afirma que tem orientado os gestores locais de saúde que os atendimentos essenciais sejam mantidos e que os procedimentos eletivos, que não precisam de urgência, sejam adiados. A pasta pontua que uma das opções para continuidade dos atendimentos nas unidades básicas é a telemedicina, visitas domiciliares ou outras formas, desde que sejam adotadas as medidas de precaução adequadas.

O ministério diz que, para reforçar o atendimento médico da atenção primária, facilitou emergencialmente a adesão dos municípios ao programa Saúde na Hora, “possibilitando o aumento de repasses federais para 28 mil unidades de saúde menores reforçarem o atendimento durante a pandemia”. Assim, segundo a pasta, muitas unidades passaram a flexibilizar o atendimento para o público acessar os serviços ofertados nos postos de saúde.

“Vale reforçar que o Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite e funciona com a articulação das ações entre Governo Federal, Estados e Municípios. Sendo assim, cada esfera tem autonomia para tomar decisões que estão sob a sua gestão”, diz nota do Ministério da Saúde.

BBC

 

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Polícia

Novo chefe da PF no Rio prendeu Temer e ajudou a levar Cabral para a cadeia

Foto: Reprodução

Em 17 anos de Polícia Federal (PF), o delegado Tácio Muzzi já atuou em investigações contra os chefões do jogo do bicho, a banda podre da polícia, políticos e empresários corruptos, mas um dos momentos mais difíceis da carreira aconteceu em 21 de março do ano passado, quando o ex-presidente Michel Temer (MDB) desembarcou na sede da corporação no Rio para cumprir a prisão ordenada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Sem disfarçar o constrangimento, Muzzi, que estava na chefia interina da unidade, procurou dar uma acolhida digna a um ex-chefe da nação sem abrir mão do dever de encarcerar um preso.

Mineiro, de gestos contidos e fala tranquila, ele acolheu Temer na sala do corregedor local. O ex-presidente ficou isolado em um espaço de 20 metros quadrados, com banheiro privativo e ar-condicionado. Cada providência naquele dia foi bem pensada, bem ao estilo do delegado, para não parecer regalia ou abuso de autoridade contra um preso VIP. Por gestos assim, Muzzi é visto com respeito na área de segurança pública fluminense, onde passou a maior parte da carreira.

Um dos procuradores da República da força-tarefa da Operação Lava-Jato no Rio garante que o delegado escolhido para assumir a superintendência da PF no Estado é um “excelente policial, muito técnico”. Doutor e mestre em Direito Empresarial pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Muzzi foi procurador do Banco Central do Brasil antes de iniciar a carreira na PF, em 2003. Entre as funções mais destacadas, chefiou a Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros da superintendência fluminense e coordenou o Grupo de Trabalho da Lava-Jato no Rio. Também comandou operações especiais de repressão a corrupção, crimes financeiros, lavagem de dinheiro e criminalidade organizada.

Uma das operações mais importantes da carreira de Muzzi foi a Gladiador, desencadeada em dezembro de 2006 para desarticular uma quadrilha formada por policiais civis e militares que garantia proteção a contraventores. As investigações envolveram o ex-governador Anthony Garotinho e o ex-chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, que acabaram condenados pela Justiça Federal por formação de quadrilha armada, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O delegado também encabeçou a Operação Saqueador, precursora da Lava-Jato na investigação de ações da Delta Construções, e liderou a parceria da PF com o MPF que, em 2016, resultou na prisão do ex-governador Sérgio Cabral.

Atualmente delegado regional executivo da PF no Rio, segundo posto na hierarquia da unidade, Muzzi já foi diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) (de 2018 a 2019) e diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (de 2017 a 2018). O novo superintendente da PF no Rio ainda é professor da Escola de Magistratura do Estado do Rio e da Academia Nacional de Polícia.

Muzzi vai substituir Carlos Henrique de Oliveira, que irá para Brasília ocupar a diretoria-executiva da PF. Um dos pivôs da crise que culminou com a saída do ex-ministro da Justiça Sergio Moro do governo, a superintendência da PF fluminense é um interesse declarado do presidente Jair Bolsonaro ao menos desde agosto do ano passado.

A escolha por Muzzi, no entanto, acalmou os ânimos dentro do órgão diante da perspectiva de que fosse nomeado um delegado com ligações com o presidente. Seu nome não era uma escolha do Planalto e ele foi o braço-direito do delegado Ricardo Saadi, o primeiro superintendente do Rio que Bolsonaro manifestou a intenção de trocar, ainda em 2019.

Extra – O Globo

 

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