Diversos

Com fome, observei o que os macacos comiam, diz piloto que passou 36 dias em selva perto da divisa do Pará com o Amapá

As equipes de resgate já tinham desistido de encontrar o piloto paraense Antônio Sena, 36, quando coletores de castanha se depararam com um jovem franzino e abatido na mata. Havia 36 dias que ele sobrevivera a um acidente de avião. Estava com 26 quilos a menos.

O piloto desapareceu em 28 de janeiro, quando o avião caiu em uma área de floresta de difícil acesso nas redondezas do rio Paru, perto da divisa do Pará com o Amapá.

Antônio foi resgatado no sábado (6), após caminhar por 32 dias, pondo fim a uma busca que envolveu Força Aérea Brasileira, Corpo de Bombeiros e voluntários de dois estados e dando início a uma nova vida, com novas prioridades.

​Eu sempre trabalhei com aviação comercial. Quando eu voltei do meu último trabalho, na África, estava decidido a ficar em Santarém, onde tenho um restaurante. Com a pandemia, o bar fechou e as contas seguiam chegando.

Sempre recebi convite para voar para o garimpo e, com o [preço do] ouro lá em cima e a gente precisando, aceitei. O salário de um comandante de uma companhia no Brasil chega a R$ 18 mil, o que dá uma diária de mais de R$ 810 para voar 22 dias, algo em torno de R$ 68 a hora. O voo de garimpo paga R$ 300 a hora.

Eram três dias de experiência e, no terceiro voo, aconteceu o acidente.

Entre a pane e o impacto foram dois minutos, uma eternidade na aviação. Meu conhecimento da região amazônica e treinamentos me trouxeram muita calma.

Consegui informar que eu estava caindo e, como estava voando baixo porque era um voo de garimpo [clandestino], eu precisava fazer um pouso forçado.

Quando caí com o avião num igarapé, ele ficou coberto de diesel. A primeira coisa que fiz foi pegar as três garrafas de água de 500 mL que estavam lá. Consegui pegar ainda quatro latas de refrigerante, um pacote de pão, sacos de sarrapilha [usados para ensacar o ouro no garimpo], uma corda e minha mochila, onde tinha canivete, faca de bolso, lanterna e isqueiro.

Peguei tudo e me afastei da aeronave. Aos poucos, ouvi ela queimando.

Sabia que teria uma semana de buscas, então, aguardei no local nos primeiros oito dias. Me concentrei em fazer fogueiras para que vissem a fumaça, e ficava perto da clareira aberta pelo acidente.

Fiquei preocupado em me manter ativo, achar água, comida e fazer abrigo. Fiz uma barraca com duas forquilhas de madeira, folhas de palmeira e usei sacos de sarrapilha para forrar, cobrir a barraca e aquecer meus pés à noite, quando a temperatura chegava a 16°C.

No curso de sobrevivência, aprendi que, se os recursos são escassos, a pessoa não pode beber água nas primeiras 24 horas nem comer nas primeiras 48. E que é preciso garantir as primeiras necessidades: água, abrigo e fogo.

Se eu tive medo? Várias vezes. À noite, mais, porque é um momento em que a floresta te envolve nos medos mais profundos.

Improvisei uma vara com uma faca amarrada e dormia com ela no peito, caso algum animal aparecesse. Sei que a água atrai bichos, então, evitava dormir perto de igarapés.

Pela manhã, ouvia as aeronaves de busca, mas elas passavam mais longe e com menos frequência a cada dia. No oitavo dia, decidi caminhar para buscar ajuda.

Como estava voando com aplicativo GPS no celular, que resistiu à queda, e tinha a carta aeronáutica, pensei em usar o aparelho como bússola. Mas, sem sinal, eu só tinha um ‘print screen’ do mapa.

Decidi caminhar para o leste, na direção de três pistas de pouso marcadas ou do rio Paru. Logo no primeiro dia de caminhada tive uma crise de hipoglicemia, desmaiei e acabei tendo que tomar a última lata de refrigerante.

Água eu tinha bastante; já a oferta de frutas era pouca.

Eu me alimentei muito de uma frutinha chamada breu, que conhecia só como fonte de fogo. Onde via, pegava e guardava, mas não sabia que era comestível até acabar o pão e, eu, com fome, comecei a observar os macacos. Tudo o que eles comiam eu comia também.

A base da minha alimentação foram as frutas. Mas também encontrei ovos de aves.

Nos 36 dias, encontrei ovo três vezes, taperebá [cajá] duas vezes e cacau três vezes, mas o que me alimentou mesmo foi o breu. Acontecia muito de eu passar três dias sem comer. Assim, eu perdi 26 quilos.

Com o celular já sem bateria, meu relógio me ajudava a condicionar a rotina. Caminhava até umas 14h e a partir dali, precisava providenciar abrigo e fogo.

Até que umas 16h de sexta (5), eu vi uma lona cheia de castanhas e pensei: “Essa é uma área de castanheiros”. Fui seguindo até encontrar um rapaz, me apresentei e contei o que aconteceu. Ele perguntou: “E o que a gente faz?”. Respondi: “Primeiro, me dá duas castanhas dessas”.

Eles me levaram para um barracão, onde conheci a dona Maria Jorge. Ela disse que ligaria para minha família com um rádio amador e me preparou leite quente com bolacha.

Eu já estava muito fraco, com perda de visão e desmaios há três dias. Os exames que fiz depois apontaram um nível de desgaste muscular como se eu tivesse corrido uma maratona a cada dois dias.

Eles entraram em contato com meu irmão, em Santarém, e minha mãe, em Brasília, e disseram para ela: “Seu filho mandou avisar que ele está vivo”. No dia seguinte, fui resgatado.

Muita gente falou que eu venci a floresta, mas eu só passei por ela. E ela me sustentou, me deu água, alimento.

A floresta não está lá para te matar. Ela é o sustento dos castanheiros que me salvaram. Tem algumas lições para tirar dessa história. Uma delas é a de que, para o garimpo clandestino, eu não volto.

Tenho muita vontade de voltar a voar. Mas isso tudo faz a gente repensar. Importante é ter família, teto e comida. Se você tem um teto, agradeça. Se tem família, cuide dela. Se pode ajudar alguém, ajude.

É clichê, mas não tem como fugir: nasci de novo.

Folha de São Paulo

 

Opinião dos leitores

  1. Que história de superação!
    Parabéns a ele por conseguir manter a cabeça no lugar, observar nossa floresta tão rica (se fosse numa de coníferas, tinha morrido de fome) e ter aprendido o que tem realmente valor na vida. No fim, somos só animais que se acham muito, e destroem demais o ambiente que precisam tanto.

  2. Bela história de superação. Mas para os Bolsonaro, o mais importante na vida é a reeleição, livrarem-se da justiça e viver numa mansão.

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Saúde

Macacos ficam imunes após se curarem de Covid-19, indica estudo

Foto: Inna Polekhina/Getty Images

Uma pesquisa publicada na revista Science mostrou que macacos-rhesus mantém anticorpos por pelo menos um mês após a primeira infecção de Covid-19 – o que pode ser um indicativo positivo para nós.

No estudo, cientistas chineses infectaram seis macacos da espécie com o novo coronavírus e avaliaram a progressão da doença. Os primatas foram usados porque são parentes próximos de nós, humanos, e portanto têm sistemas parecidos com os nossos. Todos eles desenvolveram quadros da doença, que variaram de leves a moderados, incluindo até pneumonia e alterações no sistema respiratório e gastrointestinal.

Após 28 dias, quando os macacos já estavam naturalmente curados, quatro deles receberam novamente o vírus (os outros dois serviram de grupo controle para os cientistas compararem os dados).

Logo após a reinfecção, os quatro macacos apresentaram uma curta febre, mas nenhum outro sintoma foi observado, e testes moleculares continuaram dando negativo por duas semanas após esse episódio. Isso sugeriu que os anticorpos nos primatas tinham sido formados – e eram bons o bastante para barrar uma segunda infecção.

Uma análise laboratorial confirmou: o sangue dos animais tinha anticorpos com formatos específicos para se ligar a proteína spike do vírus – estruturas com formato de espinho usadas pelo invasor para infectar nossas células.

A equipe notou, inclusive, que o nível de anticorpos era maior duas semanas após a segunda introdução do vírus do que duas semanas após a primeira infecção. Mesmo assim, a proteção da primeira infecção parece ter sido suficiente.

Proteção garantida?

Os resultados da pesquisa são pertinentes, sobretudo após alguns relatos de pessoas que voltaram a ter sintomas ou testar positivo para o vírus dias (ou até semanas) depois de, supostamente, terem se curado.

Episódios como esse foram observados pontualmente em diversos países, embora não se saiba se, de fato, estamos falando de pessoas que ficaram doentes duas vezes. Uma hipótese é que esses indivíduos nunca tenham se curado. Nesse caso, eles apenas deixaram de apresentar sintomas porque a carga viral diminuiu em seus corpos – mas o vírus continuou se espalhando e voltou a causar danos algum tempo depois.

Outra possibilidade é que falsos negativos em resultados de testes tenham levado pessoas a acharem que estavam curadas erroneamente. Afinal, sabe-se que alguns testes, especialmente os rápidos, não são precisos.

Como funciona a nossa resposta imune?

Quando somos infectados por um vírus (ou outro micróbio), começa uma resposta de defesa bastante complexa. Nos primeiros dias da batalha, usamos algo chamado resposta imune inata ou natural – assim chamada porque já nascemos com ela.

Essa linha de defesa consiste em células como os glóbulos brancos e trata, basicamente, todo invasor da mesma forma. É uma reação imediata para uma infecção, mas não é tão eficiente porque aposta em estratégias gerais contra os antígenos.

Já o sistema imunológico adaptativo entra em cena, em geral, dias após a detecção do invasor. Ele recebe esse nome pois se adapta de acordo com o inimigo, criando estratégias personalizadas para cada um.

É nessa hora que entram os anticorpos: substâncias feitas sob medida para se ligar a um tipo específico de vírus ou bactéria e, assim, neutralizá-lo. Uma vez que o corpo desenvolve os anticorpos para aquele invasor, a luta contra ele fica muito mais fácil: o indivíduo pode até ficar imune para aquela doença, já que os anticorpos são defesas duradouras.

Mas esse processo varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de micróbio para micróbio. Algumas respostas imunológicas são, de fato, duradouras e eficientes: é o caso do sarampo e da catapora. Nessas doenças, geralmente basta uma infecção vencida para que a pessoa fique imune para o resto da vida. Em outros, porém, o corpo até aprende a lutar contra o invasor, mas os anticorpos somem depois de um tempo e a pessoa fica novamente vulnerável (é o caso de alguns vírus da gripe e do resfriado comum).

Além disso, possuir anticorpos não significa, necessariamente, estar imune. Às vezes, os anticorpos produzidos pelo corpo não são tão bons assim em neutralizar o invasor, ou não existem em quantidade suficiente para vencer a batalha. Nesse caso, a pessoa pode ficar doente mesmo com a presença deles no sangue.

Isso acontece, por exemplo, no caso do vírus sincicial respiratório, um causador de resfriado bastante comum em bebês (quase todas crianças pegam o vírus em algum momento dos primeiros três anos de vida). Nosso corpo até cria anticorpos contra ele, mas, por algum motivo, eles não são muito eficientes em frear o vírus, e podemos ser reinfectados por ele durante a vida. Vale dizer, no entanto, que é muito difícil que alguém desenvolva sintomas graves nesses quadros de reinfecção – a doença se comporta mais como um resfriado.

Como o SARS-CoV-2 é um vírus novo, ainda não sabemos em qual dos cenários ele se encaixa. Pesquisas mostram que outros vírus do grupo dos coronavírus que causam resfriados geram uma resposta imune que dura poucos meses, enquanto os vírus da SARS e da MERS (doenças mais graves, parecidas com a Covid-19) resultam em uma resposta imune mais eficiente e duradoura.

Diversos estudos preliminares já foram feitos, mas ainda não é possível para bater o martelo. O que sabemos até agora é que o corpo humano produz anticorpos contra a Covid-19 – mas o quão eficiente eles são, e por quanto tempo duram, ainda são dúvidas que precisam de mais evidências para serem respondidas.

O estudo chinês oferece um indicativo de como o processo funciona, mas vale ressaltar que ele ainda está longe de fornecer tal resposta. Afinal, macacos não são humanos, e o período analisado foi de pouco mais de um mês, insuficiente para entender por quanto tempo a memória imunológica dura. Além disso, os animais só desenvolveram quadros moderados e leves de Covid-19. Outras pesquisas são necessárias para revelar mais detalhes sobre casos graves.

Todas essas dúvidas estão sendo investigadas em ensaios clínicos com humanos, mas ainda levará algum tempo até que tenhamos uma série satisfatória de evidências.

Super Interessante

 

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Saúde

Medicamento antiviral remdesivir desacelera avanço da Covid-19 em macacos

Foto: Gilead Sciences via AP

O remédio antiviral da Gilead Sciences remdesivir preveniu doenças pulmonares em macacos infectados com o novo coronavírus, segundo um estudo publicado na revista médica Nature nesta terça-feira (9).

O remdesivir, que não é vendido comercialmente, foi liberado para uso emergencial em pacientes graves nos Estados Unidos, na Índia e na Coreia do Sul. Algumas nações europeias também estão utilizando o remédio em programas compassivos.

Os testes do medicamento em humanos estão em andamento, e dados iniciais mostraram que o remédio ajudou os pacientes a se recuperarem mais rapidamente da Covid-19, infecção respiratória causada pelo novo coronavírus.

No estudo, 12 macacos foram deliberadamente infectados com o vírus e metade deles recebeu tratamento precoce com remdesivir.

Os macacos que receberam remdesivir não mostraram sinais de doença respiratória e apresentaram reduzidos danos aos pulmões, de acordo com os autores do estudo.

G1

Opinião dos leitores

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Diversos

Macacos atacam laboratório, roubam sangue infectado com Covid-19 na Índia e criam temor de maior disseminação do vírus em áreas residenciais

Foto: PvanDijk/ Pixabay

Um grupo de macacos atacou um laboratório médico na Índia e levou amostras de sangue de pacientes que foram diagnosticados com novo coronavírus, disseram autoridades nesta sexta-feira (29).

O ataque ocorreu nesta semana, quando um técnico de laboratório andava no campus de uma faculdade de medicina estatal em Meerut, 460 quilômetros ao norte de Lucknow, capital do estado de Uttar Pradesh.

“Os macacos pegaram e fugiram com as amostras de sangue de quatro pacientes com Covid-19, que estão em tratamento… tivemos que colher as amostras de sangue novamente”, disse o médico S. K. Garg, um dos responsáveis pela faculdade.

As autoridades locais afirmaram não saber se os macacos haviam derramado as amostras, mas as pessoas que moram perto do campus disseram temer uma maior disseminação do vírus caso os macacos tenham levado o material orgânico para áreas residenciais.

Garg disse que não está claro se os macacos podem contrair o novo coronavírus caso entrem em contato com o sangue infectado. “Não foram encontradas evidências de que os macacos possam contrair a infecção”, disse o médico à agência Reuters.

Acredita-se que o novo coronavírus tenha passado para humanos a partir de animais infectados em um mercado de animais silvestres na cidade chinesa de Wuhan no final do ano passado.

Nos últimos tempos, cada vez mais os macacos estão se deslocando para ambientes humanos na Índia, causando distúrbios e até mesmo atacando pessoas. Ambientalistas dizem que a destruição do habitat natural é a principal razão pela qual os animais se mudam para as áreas urbanas em busca de comida.

De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, a Índia tem mais de 167 mil casos de Covid-19 e, ao menos, 4.797 mortes causadas pela doença.

CNN Brasil

Opinião dos leitores

  1. Nossa, o mesmo problema que nós temos com animais! A diferença é que o nosso problema é com bovinos…

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Saúde

Estudos de Harvard informam que 6 novas vacinas demonstram eficácia contra Sars-CoV-2 em macacos

Foto: Wikimedia commons

Na luta para combater a Covid-19, duas perguntas não querem calar: existe uma vacina capaz de evitar a infecção pelo novo coronavírus? E pessoas que já tiveram a doença desenvolvem imunidade contra ela? Em dois novos estudos publicados nesta quarta-feira (20) na revista Science, cientistas do Centro Médico Beth Israel Deaconess, da Escola de Medicina da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, investigam possíveis respostas.

No primeiro estudo, a equipe demonstrou que seis diferentes candidatas a vacinas podem induzir respostas imunológicas, criando anticorpos neutralizantes e protegendo contra o Sars-CoV-2. Os pesquisadores testaram os medicamentos em 25 macacos rhesus e aplicaram um placebo em dez outros animais para que servissem como grupo controle.

Segundo os cientistas, três semanas após a vacinação de reforço, as 35 cobaias foram expostas ao novo coronavírus. Os exames de acompanhamento revelaram que os macacos vacinados tinham cargas virais drasticamente mais baixas do que os que receberam o placebo: oito dos 25 animais vacinados sequer apresentaram indícios da presença do Sars-CoV-2 em seus corpos.

Além disso, os animais que apresentaram taxas mais altas de anticorpos tiveram níveis mais baixos do vírus. De acordo com os autores, isso sugere que os anticorpos neutralizantes podem ser um marcador confiável de proteção, o que será útil nos testes clínicos de vacinas contra a Covid-19.

Anticorpos = imunidade?

No segundo estudo, nove macacos foram expostos ao Sars-CoV-2 e tiveram suas cargas virais monitoradas. De acordo com os cientistas, todos os animais se recuperaram e desenvolveram anticorpos contra o novo coronavírus.

Os especialistas também avaliaram se as cobaias poderiam contrair a Covid-19 novamente — e o resultado foi animador. Após a segunda exposição ao Sars-CoV-2, os animais demonstraram proteção quase completa, sugerindo que os primatas desenvolvem uma imunidade protetora natural contra o microrganismo.

Outra candidata

Esta não é a primeira vez que cientistas testam, com sucesso, vacina contra a Covid-19 em macacos rhesus, primatas da espécie Macaca mulatta, que vive em florestas temperadas da Índia, da China e do Afeganistão. No fim de abril, estudo realizado com outro grupo de primatas dessa espécie por pesquisadores chineses também se mostrou bem-sucedido.

“Mais pesquisas serão necessárias para abordar questões importantes sobre a duração da proteção, bem como as plataformas de vacinas ideais para proteger os humanos contra o Sars-CoV-2 para humanos”, afirma Dan H. Barouch, autor sênior dos estudos publicados na Science nesta quarta-feira, em comunicado. “Nossas descobertas aumentam o otimismo de que o desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19 será possível.”

Galileu

Opinião dos leitores

  1. Todo dia descobrem uma solução p o coronavírus…
    As ações da empresa na bolsa explodem…
    E o povo continua morrendo…

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Saúde

Vacina contra coronavírus é testada com sucesso em macacos, diz laboratório

Material usado na pesquisa de uma vacina para o Covid-19, em imagem de 26 de março de 2020 — Foto: Douglas Magno/AFP

Uma vacina experimental contra o novo coronavírus apresentou pela primeira vez resultados promissores quando aplicada em um grupo de macacos, segundo o laboratório chinês Sinovac Biotech, que fez o experimento nesta sexta-feira (24). A informação é da agência de notícias France Presse.

Os resultados ainda precisam ser validados pela comunidade científica.

Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas, passando por testes pré-clínicos, que podem ser in vitro ou em animais; e depois para os ensaios clínicos. Estima-se que uma vacina eficaz levará entre 12 e 18 meses para ser produzida.

Um balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), com dados até 20 de abril, aponta que até agora ao menos 76 pesquisas de vacinas estão em andamento em todo o mundo – 71 em fase pré-clínica e 5 em fase clínica.

Nesta sexta, a OMS anunciou o lançamento de uma iniciativa colaborativa para medicamentos, testes e vacinas contra a Covid-19. Segundo a OMS, a iniciativa – chamada de Access to Covid-19 Tools Accelerator, ou o ACT Accelerator –, irá tornar as tecnologias contra a doença “acessíveis a todos que precisam delas, no mundo inteiro”.

Os testes da vacina contra Covid-19 em macacos

Usando patógenos inertes do vírus que causa a Covid-19, a vacina foi ministrada em oito macacos Rhesus, que depois foram contaminados artificialmente, de acordo com os resultados do estudo, publicado pelo gigante farmacêutico Sinovac Biotech.

“Os quatro macacos que receberam a vacina em alta dose não tinham vestígios do vírus nos pulmões sete dias após a contaminação”, afirmou o laboratório.

Outros quatro macacos, que receberam a mesma vacina, porém em doses mais baixas, apresentaram maior carga viral no corpo. Este grupo também conseguiu resistir à doença.

“Estes são os primeiros dados sérios que eu vejo sobre uma vacina experimental”, disse Florian Krammer, virologista da Escola de Medicina Icahn em Nova York, no Twitter.

“A questão é se essa proteção dura muito tempo”, questionou a imunologista Lucy Walker, da University College London.

Além do experimento do Sinovac, Pequim aprovou outros dois testes de vacina: um, em Hong Kong; e outro, em Wuhan, onde o patógeno emergiu no final do ano passado.

Testes de vacinas contra Covid-19 em humanos

Grupos farmacêuticos e laboratórios ao redor do mundo estão disputando uma corrida contra o tempo para desenvolver tratamento eficaz e uma vacina contra o Covid-19, que matou mais de 190 mil pessoas em todo mundo.

A Sinovac iniciou testes clínicos desta mesma vacina em seres humanos em 16 de abril. Consultada pela AFP, o laboratório não quis fazer comentários.

O laboratório americano Moderna também anunciou que está fazendo testes.

Nesta semana, o governo da Alemanha aprovou os primeiros testes clínicos de uma vacina contra o novo coronavírus. Duzentas pessoas saudáveis vão participar na primeira fase.

No Reino Unido, pesquisadores já testam outra vacina. Um dos cientistas da Universidade de Oxford disse que, se tudo der certo, as doses estariam disponíveis para o público no outono europeu, primavera no Hemisfério Sul. O laboratório já está produzindo a vacina em larga escala durante os testes, e assumiu o risco de jogar tudo fora se o produto for reprovado.

Etapas da vacina

Para chegar a uma vacina efetiva, os pesquisadores precisam percorrer diversas etapas. Entre elas está a pesquisa básica – que é o levantamento do tipo de vacina que pode ser feita. Depois, passam para os testes pré-clínicos, que podem ser in vitro ou em animais, para demonstrar a segurança do produto; e depois para os ensaios clínicos, que podem se desdobrar em outras quatro fases:

Fase 1: feita em seres humanos, para verificar a segurança da vacina nestes organismos
Fase 2: onde se estabelece qual a resposta imunológica do organismo (imunogenicidade)
Fase 3: última fase de estudo, para obter o registro sanitário
Fase 4: distribuição para a população

G1

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Saúde

Vacina brasileira contra o HIV começa a ser testada em macacos

 08_21_19_398_fileComeçaram nesta semana os testes em macacos da vacina contra o HIV, que está sendo desenvolvida pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em parceria com o Instituto Butantan. Os quatro animais começaram a ser imunizados com a vacina que contém partes do vírus. Depois, os macacos receberão um vírus modificado que causa o resfriado como parte dos estudos para desenvolver o imunizante.

Segundo Edecio Cunha Neto, um dos pesquisadores responsáveis por conduzir o projeto, o diferencial da vacina é usar partes do vírus que não se alteram.

— Um dos grandes problemas de se fazer uma vacina contra o HIV é que ele é hipervariável. Nos componentes que nós escolhemos para colocar na vacina estão somente as regiões mais conservadas do vírus, ou seja, aquelas que não variavam de um HIV para o outro.

Além de ter pouca variação, as partes do vírus foram selecionadas por provocarem forte reação no organismo da maioria das pessoas.

— Nós fizemos o que chamamos de desenho racional, para embutir dentro da nossa vacina mecanismos para que ela fosse capaz de dar uma resposta que funcionasse para os HIVs mais variados possíveis e que funcionasse em um número grande de pessoas.

Após os testes com os quatro animais, serão feitos experimentos com um grupo de 28 macacos e três tipos de vírus diferentes, todos modificados com partes do HIV.

— As combinações desses três vírus são, até hoje, as melhores combinações para gerar respostas imunes potentes em primatas. Então, o que a gente vai fazer é escolher, de quatro combinações diferentes, aquela que deu resposta mais forte. E usar essa combinação para teste em humanos.

Caso seja bem sucedida, a vacina vai aumentar a reação dos imunizados ao vírus, diminuindo a capacidade de transmissão e melhorando a qualidade de vida do paciente.

— O que ela vai fazer é reduzir muito a quantidade de vírus, matar as células que estão infectadas. Mas ela dificilmente vai erradicar a infecção. Vai bloquear a transmissão para outra pessoa, porque a quantidade de vírus vai ser muito baixa.

Atento aos recentes protestos contra o uso de animais em pesquisas, que levaram inclusive ao fechamento de um instituto no interior paulista, Cunha fez questão de dizer que os animais são bem tratados.

— Os animais neste estudo não sofrem de maneira nenhuma. Até mesmo para o procedimento de colher sangue ou vacinar, eles estão anestesiados.

O pesquisador defendeu ainda o uso de animais em experimentos.

— Não é possível substituir um teste com animais por um teste de cultura ou teste de laboratório mais simples. O teste em animais vai observar a repercussão de uma nova vacina, uma nova droga, no organismo inteiro.argumentou.

R7

Opinião dos leitores

  1. Acho que essas vacinas deveriam ser testadas naqueles atividas que quebraram o laboratório e soltaram os cachorros beagles.
    Alias, todos os testes de medicamentos feitos em macacos, ratos e cachorros deveriam ser testados nesses ativitas.

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Saúde

Avanço: Vacina contra Aids funciona em macacos

2013-597275913-2013-593730887-VIRUS_20130304.jpg_20130316Uma vacina contra o HIV desenvolvida pela Universidade de Ciência e Saúde de Oregon, nos Estados Unidos, tem tido bons resultados e foram publicados na revista “Nature”. Ela está sendo testada numa forma do vírus que ocorre em primatas, o vírus da imunodeficiência símia (SIV, na sigla em inglês).

– Até agora, apenas casos clínicos raros foram curados da Aids – afirmou o diretor da Universidade de Oregon, Louis Picker. – Esta pesquisa sugere que certas respostas do sistema imune provocadas pela vacina podem remover completamente o HIV do corpo.

Os pesquisadores modificaram geneticamente o citomegalovírus, o CMV, um vírus que está presente em grande parte da população, e o tornaram capaz de buscar e destruir as células infectadas pelo HIV. No estudo, cerca de 50% dos macacos infectados que receberam o patógeno acabaram eliminando todos os traços do vírus, ou seja, foram curados “funcionalmente”.

– Através deste método, ensinamos o corpo do macaco a preparar suas defesas para combater a doença – explicou Picker. – Nossa vacina mobilizou a resposta das células T que foram capazes de suprimir os invasores de HIV em 50% dos casos tratados. Além disso, nestes casos com resposta positiva, nossos testes sugerem que o vírus foi banido. Estamos esperançosos de que parear o CMV modificado com o HIV poderá nos levar a resultados similares em humanos.

O Globo

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