Jornalismo

CPMI do Cachoeira ouve nesta semana nove pessoas ligadas a Perillo e Agnelo

Depois de uma semana sem trabalhos, devido à participação de parlamentares nas festas juninas do Nordeste e na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira ouvirá nesta semana o depoimento de nove convocados. Os depoentes são pessoas ligadas aos governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, e Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal.

Amanhã (26) está marcado o depoimento de Lúcio Fiúza Gouthier,  ex-assessor de Perillo. De acordo com informações prestadas anteriormente à CPMI, ele teria presenciado o pagamento referente à venda da casa do governador de Goiás.

O comprador, de acordo com investigações da Polícia Federal, seria o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro deste ano sob suspeita de comandar uma rede criminosa que inclui jogos ilegais e a participação de políticos e empresários. Para comprar a casa, Cachoeira e Perillo, de acordo com as investigações, utilizaram formas de encobrir o negócio.

Outro depoente da terça-feira é Écio Antônio Ribeiro, um dos sócios da empresa Mestra Administração e Participações. Localizada em um condomínio luxuoso de Goiânia, a casa foi registrada em um cartório em Trindade (GO) no nome dessa empresa.

Está marcado também para amanhã o depoimento de Alexandre Milhomen, arquiteto que trabalhou na reforma da casa e que teria recebido de Cachoeira e de sua mulher o pagamento de R$ 30 mil pelo serviço.

Na quarta-feira (27), estão marcados os depoimentos de Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha de Perillo, e de Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete do governador. Rincón é suspeito de ter recebido R$ 600 mil do grupo de Cachoeira. Eliane é suspeita de repassar informações sobre operações policiais aos investigados pelas operações Monte Carlo e Vegas. Ela foi flagrada em conversas interceptadas pela Polícia Federal e seria uma das integrantes do grupo que recebeu de Cachoeira telefones celulares por meio de rádio habilitados em Miami (EUA). Na primeira vez em que foi convocada, Eliane não compareceu alegando problemas de saúde.

Também na quarta está marcado o depoimento de Luiz Carlos Bordoni. Radialista, ele disse, em uma entrevista, que recebeu dinheiro da empresa Alberto & Pantoja Construções, investigada como parte do esquema de Cachoeira. O dinheiro, de acordo com o radialista, referia-se ao pagamento de serviços prestados durante a campanha de Marconi Perillo ao governo de Goiás em 2010.

Bordoni também detalhou que parte do pagamento – R$ 45 mil – foi depositada na na conta de sua filha, Bruna Bordoni, que já trabalhou no gabinete do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A outra parte, de acordo com o radialista, foi paga pelo próprio Perillo. O governador negou, no entanto, ter feito esse pagamento.

Na quinta-feira (28), estão marcados depoimentos de pessoas ligadas a Agnelo, entre elas Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal. A expectativa é que ele compareça mas que não fale, já que conseguiu no Supremo Tribunal Federal habeas corpus garantindo o direito de ficar em silêncio. Monteiro é citado nas gravações feitas pela PF e suspeito de ligação com o grupo de Cachoeira.

Além de Monteiro, devem falar à CPMI na próxima quinta-feira o ex-assessor da Casa Militar do DF Marcello de Oliveira Lopes, conhecido como Marcelão, e o ex-subsecretário de Esportes do Distrito Federal, João Carlos Feitoza, conhecido como Zunga, suspeito de receber dinheiro do grupo de Cachoeira.

Fonte: Agência Brasil

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Polícia

Cachoeira vai passar por avaliação psiquiátrica

Mais um capítulo na novela Cachoeira. A advogada Dora Cavalcanti, que defende o bicheiro Carlinhos Cachoeira, afirmou nesta sexta-feira (22) que seu cliente passará por avaliação psiquiátrica após abriga com um agente penitenciário da Penitenciária da Papuda, em Brasília, na quinta (21).

“Ele não passou bem. O psiquiatra vai avaliar o que aconteceu. A briga foi por conta de um canal de televisão, uma questão irrelevante. A questão é que ele não estaria bem do ponto de vista psicológico, como uma descompensação”, afirmou ao G1.

Perguntada se seu cliente estaria passando por um estresse, ela respondeu: “Ele não estava bem, foi mais do que um estresse.”

Na noite desta quinta (21), Cachoeira foi levado à Superintendência da Polícia Federal em Brasília para prestar esclarecimentos sobre suposto desacato a um servidor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) na Papuda, onde ele está preso desde 29 de fevereiro. Mais cedo, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) havia negado pedido de liberdade a Cachoeira. Estavam presentes à sessão a noiva de Cachoeira, Andressa Mendonça, e outros familiares, como o pai Sebastião Ramos, o Tião Cachoeira, e um dos irmãos.

Segundo a PF, o desentendimento com o servidor ocorreu por volta das 13h de quinta, logo após o almoço na penitenciária. A PF não informou como se deu o desacato nem as circunstâncias. De acordo com a Polícia Federal, Cachoeira foi levado para a superintendência do órgão por volta das 19h30 e prestado esclarecimentos por cerca de uma hora.

Cassação do Habeas Corpus

Na semana passada, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) revogou a prisão pela Monte Carlo, mas nesta quinta o TJ-DF manteve a prisão da Saint-Michel. O habeas corpus que beneficiaria o bicheiro também foi cassado.

O habeas corpus analisado nesta quinta foi o primeiro protocolado pela defesa do bicheiro, logo após a Saint-Michel. Há outros dois pedidos de liberdade em andamento da Justiça do DF também sobre a Saint-Michel, que já tiveram pedido de liminar negada, mas ainda precisam ser analisados no mérito.

Antes do início do julgamento, a Segunda Turma Criminal do TJ-DF decidiu retirar o segredo de justiça do habeas corpus. Assim, o público e jornalistas puderam acompanhar a sessão.

Dora Cavalcanti argumentou que a prisão da Operação Saint-Michel foi proposta apenas depois de oferecida a denúncia. Ela pediu a revogação do “constrangimento ilegal a que vem sendo submetido o paciente”.

Por causa da decisão do TJ-DF de manter a prisão da Operação Saint-Michel, Cachoeira foi transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) da Papuda nesta quinta logo após prestar esclarecimentos à PF. Antes, Cachoeira estava na ala de presos federais da Papuda. O CDP é o local onde ficam os presos comuns do DF ainda sem condenação.

Memória

Cachoeira está preso desde 29 de fevereiro deste ano, quando foi deflagrada a operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Ele foi acusado de comandar uma quadrilha que explorava o jogo ilegal com a ajuda de agentes públicos e privados, dentre eles, afirma a PF, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Em 1º de março, Carlinhos Cachoeira foi conduzido ao Presídio Federal de Mossoró.

Em abril, a Polícia Civil deflagrou a Operação Saint-Michel, que investigou a atuação do grupo no DF e na qual foi expedido um mandado de prisão contra Cachoeira, mesmo com ele já preso pela Monte Carlo.

 

Fonte: G1

 

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Jornalismo

Juiz confirma que recebeu ameaças e deixa o Caso Cachoeira

A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, disse nesta quarta-feira que o juiz Paulo Augusto Moreira Lima, que comandou as investigações sobre a atuação de Carlinhos Cachoeira em Goiás, deixou o posto a pedido alegando que estava “cansado” e temia pela sua família, que teria recebido inclusive uma ameaça velada.

“Ele não sai por medo”, disse Eliana após a reunião no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a ministra, o magistrado disse que recebeu todo o apoio que precisava para atuar no caso, mas argumentou que depois de 14 meses de investigação tinha preocupação com a saúde e com a família.

Lima deixou o comando das investigações da operação Monte Carlo, que apura o envolvimento de Carlinhos Cachoeira na exploração de jogos ilegais. No Congresso, uma CPI mista investiga a relação de Cachoeira com agentes públicos e privados.

O corregedor do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1), desembargador Carlos Olavo, também reafirmou que o juiz tinha o apoio de segurança solicitado e que até mesmo abriu mão da escolta ostensiva da Polícia Federal entre março e abril.

“Ele não está se sentindo desconfortável. Mas tem sentimento de ameaças veladas”, contou o desembargador.

Lima não falou com os jornalistas e será removido para a 12a vara de justiça de Goiás e não tratará de matérias criminais a seu pedido.

No ofício encaminhado ao TRF1, no dia 13 de junho, ele argumenta que a família foi procurada por policiais goianos “em nítida violência velada” e que havia informações de “crimes de homicídio provavelmente praticados a mando por réus do processo pertinente a operação Monte Carlo”, o que aumentava o risco para ele comandar as investigações.

Para o lugar de Lima, o TRF1 designou o juiz federal Alderico Rocha Santos para cuidar do processo que investiga Cachoeira.

Fonte: Estadão

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Jornalismo

Juíza revoga prisão preventiva de ex-diretor da Delta

A juíza Ana Cláudia Barreto, da 5ª Vara Criminal de Brasília, decidiu nesta sexta (8) revogar a prisão preventiva de Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Construções no Centro-Oeste. Suspeito de corrupção e formação de quadrilha, Abreu foi preso no último dia 25 de abril, durante a Operação Saint-Michel, e levado para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que a Subsecretaria do Sistema Prisional foi comunicada nesta sexta, por telefone, sobre a determinação da juíza. À noite, a libertação do ex-diretor da Delta dependia da chegada à Papuda de um oficial de Justiça com a ordem de soltura.

A operação Saint-Michel, realizada em parceria entre o Ministério Público e a Polícia Civil doDistrito Federal, foi um desdobramento da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que resultou na prisão, por exploração de jogo ilegal em Goiás, do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Cachoeira é alvo de uma CPI no Congresso Nacional que investiga as relações dele com políticos e empresários. A PF apontou conexões entre Abreu, a Delta e o grupo de Cachoeira. No último dia 30 de maio, convocado para prestar depoimento, Cláudio Abreu compareceu à CPI, mas usou do direito constitucional de ficar calado e não respondeu a perguntas dos parlamentares.

Na decisão desta sexta, a juíza revogou a prisão preventiva, mas determinou que Abreu entregue o passaporte, compareça perante o juízo todos os meses, entre os dias 10 e 15, e não mantenha qualquer tipo de contato com os demais réus ou outras pessoas mencionadas na denúncia da Operação Saint-Michel.

A defesa de Abreu pediu à Justiça a revogação da prisão sob o argumento de que “não se fazem presentes os pressupostos da prisão cautelar, sendo o requerente merecedor do benefício de responder ao processo em liberdade uma vez que é primário e possui endereço fixo”.

Segundo os advogados do ex-diretor da Delta, “não consta nas interceptações telefônicas qualquer gravação com sua voz, não havendo quaisquer indícios de sua participação nos crimes de tráfico de influência e formação de quadrilha”.

O Ministério Público havia se manifestado contrário ao pedido de liberdade feito pela defesa, mas, para a juíza, ele não representa risco à ordem pública “visto que não é mais diretor da empresa Delta e, ainda que fosse, os crimes que lhe foram imputados são de conhecimento nacional, de maneira que dificilmente conseguiria praticar novas condutas semelhantes”.

Fonte: G1

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Jornalismo

Carlinhos Cachoeira vai entrar com novo pedido de habeas corpus

O militar da reserva Idalberto Matias de Araújo, o “Dadá”, apontado como informante do contraventor Carlinhos Cachoeira, foi solto essa semana após o Tribunal Regional Eleitoral da 1ª Região (TRF-1) decidir pela sua liberdade ao analisar que não haveria razão para mantê-lo preso, uma vez que ele não teria mais como ter acesso aos dados passados por seu informante, o ex-chefe da Divisão de Serviços Gerais da Polícia Federal, Anderson Aguiar Drumond.

O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, advogado de Carlos Augusto de Almeida Ramos, vulgo “Carlinhos Cachoeira”, tratou logo de se articular. A defesa vai ingressar nos próximos dias com um novo habeas corpus na Justiça Federal de Goiás argumentando que os fundamentos da prisão de ambos são os mesmos, e, caso Cachoeira não seja libertado, ficará flagrante a falta de isonomia.

Será que dessa vez Cachoeira consegue a liberdade? Por enquanto, Cachoeira aguarda a liminar do pedido na sua “casa”, a penitenciária da Papuda, em Brasília. Desde sua prisão Cachoeira mudou muito o semblante. Ele está com cabelos brancos, muitas rugas, abatido, mais magro, cara de cansaço e desgastado. Compare você mesmo…

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Política

PT perdeu o controle da CPI do Cachoeira

Antes de apoiar a instalação da CPI do Cachoeira, o PT ouviu Lula, mediu a pulsação de Dilma Rousseff, consultou os partidos amigos e, sem pensar duas vezes, foi em frente. Imaginou-se diante de uma empreitada sob seu controle.

Passados 36 dias da instalação da CPI, materializou-se na comissão um cenário bem diferente. A almejada hegemonia governista ficou no desejo. O PT desentende-se consigo mesmo e já não controla nem os aliados que supunha mais fiéis.

A legenda foi apresentada ao imprevisto na votação do pedido de convocação do governador petista do DF. Num colegiado em que o condomínio governista dispõe de 65% dos votos, Agnelo Queiroz foi arrastado para a CPI por 16 votos a 12.

Somaram-se à banda da oposição e ao naco independente da CPI seis traições insuspeitadas. Rebelaram-se contra o PT silvérios que representam na comissão o PP, o PR, o PSB, o PTB e o PSC.

Os votos que fizeram a diferença na construção do infortúnio de Agnelo foram proferidos pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e pelos deputados Gladson Cameli (PP-AC), Mauricio Quintela (PR-AL), Paulo Foletto (PSB-ES), Silvio Costa (PTB-PE) e Hugo Leal (PSC-RJ).

Em conversa com o blog, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do PMDB, analisou a cena: “Ficou evidente que a estratégia de formar blocos na CPI não prosperou. Vai ser cada partido por si, discutindo em cada caso o que considera justo e adequado. As maiorias serão eventuais.”

Maiorias eventuais, eis a novidade com a qual o PT não contava. A prevalecer o cenário esboçado nas duas últimas sessões da CPI, o alinhamento dos votos será definido pela soma de convicções e conveniências com o ocasional.

A equação petista começou a desandar na sessão de terça (29). Programara-se a quebra parcial dos sigilos das contas bancárias da Delta Construções. Coisa combinada na noite da véspera entre PT e PMDB. Esqueceram de combinar com os russos da infantaria.

Iniciada a sessão, os dois maiores partidos da coalizão trincaram. Pela trinca, passou um requerimento que abriu, sem restrições, as contas da matriz da Delta. Com isso, foram ao caldeirão da CPI as verbas do PAC e os negócios da empreiteira com os governos de 23 Estados.

Na sessão desta quarta (30), o PT organizara-se para extrair do plenário três objetivos: a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Marconi Perillo, a convocação do governador tucano de Goiás e a exclusão do companheiro Agnelo e do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), do rol de alvos da CPI.

Concluídos os trabalhos, o PT obteve apenas a convocação de Perillo, que já havia manifestado, por escrito, o desejo de falar. No mais, os sigilos de Perillo permaneceram intactos, Agnelo virou depoente e Cabral livrou-se da grelha graças a uma articulação do PMDB com o PSDB de Aécio Neves. Entre os tucanos, apenas o líder Alvaro Dias (PR) votou contra Cabral.

Um dos representantes do tucanato na CPI, o senador Cássio Cunha (PB) Lima faz a contabilidade do primeiro mês: “Por enquanto, o PT está no prejuízo. Queria convocar o procurador-geral Roberto Gurgel. Não conseguiu. Imaginou que implicaria a revista Veja. Nada.”

Cunha Lima prossegue: “O PT desejava limitar a investigação à Delta do Centro Oeste. Passou a Delta nacional. Tramou poupar o Agnelo. Ele vai depor. Conspirou contra o Perillo. O governador de Goiás antecipou-se e a alegada convocação passou com os nossos votos.”

Dois fatores ajudam a transformar a CPI do Cachoeira num empreendimento sujeito às maiorias ocasionais: a insatisfação de nacos do consórcio governista com os pendores governistas do PT e a irritação com as demandas desatendidas pelo Palácio do Planalto. Se continuar assim, fora do controle oficial, a investigação pode até produzir algum resultado.

Fonte: Josias de Souza

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Social

Contador de Cachoeira se diz inocente. Outros três investigados preferem o silêncio

Único dos quatro convocados a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira a falar nesta quarta-feira (30), Lenine Araújo de Souza negou que tenha trabalhado na contabilidade ou tivesse sido sócio de qualquer empresa daquele que é acusado de chefiar um esquema criminoso com ramificações nos setores público e privado. Ele prometeu colaborar com a comissão, mas somente depois de apresentar sua defesa no processo que responde no Judiciário.

Diante da aparente disposição de Lenine para ajudar, o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) remarcou outro interrogatório com o acusado para a semana que vem.

“Estou respondendo a um processo na Justiça Federal em Goiás; nesta quinta-feira [31], haverá audiência com as testemunhas de acusação e defesa; na sexta-feira [1º], prestarei depoimento. Estou aqui disposto a colaborar, mas não posso me manifestar sem ao menos saber o que as testemunhas vão falar. Proponho o adiamento de minha participação nesta CPI”, afirmou.

Aos parlamentares, Lenine disse que está sendo humilhado e injustiçado desde que foi preso no dia 29 de fevereiro na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

“Sou administrador formado e, ao longo de 45 anos, nunca havia sido preso, algemado, e nunca havia respondido a qualquer processo. Fui posto em isolamento numa penitenciária de segurança máxima, numa situação que causou graves problemas psicológicos a mim e a minha família”, lamentou.

Outros três convocados para depor nesta quarta-feira, usaram o direito de permanecerem calados. Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta Centro-Oeste;  Gleyb Ferreira da Cruz, apontado como laranja do grupo comandado por Cachoeira; e José Olímpio de Queiroga Neto, acusado de ser gerente da organização, permaneceram poucos minutos na sala da comissão e foram liberados pelo presidente Vital do Rêgo (PMDB-PB) depois que confirmaram a opção pelo silêncio.

Adiamento

A CPI aprovou o adiamento do depoimento do ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Eduardo Rincón, que seria ouvido como testemunha.  Jayme, citado nas investigações, enviou documento à CPI, alegando não poder comparecer por motivos de saúde.

Também foi adiado o depoimento de Rodrigo Moral Dall Agnol, contador da empresa Delta. Ele foi convocado na condição de testemunha, mas segundo Vital do Rêgo, houve uma confusão no pedido de habeas corpus impetrado por Agnol no (Supremo Tribunal Federal STF), que considerou a presença dele na CPI na condição de indiciado.

Fonte: Agência Senado

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Jornalismo

Demóstenes disse que não sabia que Cachoeira não mexia com jogo do bicho

Essa é a do dia. Durante os depoimentos prestados junto à Comissão de Ética do Senado Federal, o senador Demóstenes Torres (sem partido) disse ter acreditado em Carlinhos Cachoeira, quando ele disse que não mexia com o jogo do bicho.

O senador Humberto Costa foi o responsável por tirar as declarações de Demóstenes.

Veja o detalhe do depoimento

Humberto Costa: “O senhor sabia que Cachoeira era o corruptor que oferecia propina a Waldomiro Diniz?”
Demóstenes Torres: “Não”.

Costa chama a atenção que ele não se referiu a Cachoeira como corruptor. Demóstenes diz que não sabia.

Humberto Costa: “Você não sabia que ele era contraventor?”
Demóstenes Torres: “Não sabia. Ele me disse, em 2011, que não lidava com jogos clandestinos”

Humberto Costa: “O senhor não sabia que Cachoeira atuava no ramo de jogo do bicho?”
Demóstenes Torres: “Não sabia”.

Como diz a máxima: “Então tá bom!”.

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Jornalismo

Depoimento: Demóstenes nega lobby e favorecimento a negócios de Cachoeira

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) rebateu nesta terça-feira (29), em depoimento ao Conselho de Ética do Senado, todas as acusações de que teria atuado em favor do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ou que teria participação em negócios ilícitos conduzidos pelo empresário.

No depoimento, que começou por volta das 10h, o senador disse que não foi alvo das investigações da Polícia Federal e não teve qualquer envolvimento com os crimes cometidos pela organização criminosa que teria Cachoeira em seu comando. Com páginas do inquérito em mãos, disse que não tem qualquer participação no esquema de jogos ilegais.

Disposto a falar sobre todas as acusações da Polícia Federal, e não apenas sobre o processo que tramita no conselho, o senador negou ter recebido R$ 3 milhões de Cachoeira, como confirma um dos diálogos da operação.

“Estou entregando cópia de minha duas contas, provando que no período em nenhum momento foi depositado R$ 1 milhão em minha conta. Nem R$ 1 milhão, nem R$ 1 mil, nem R$ 3 milhões, em nenhum momento isso entrou na minha conta ou me foi dado de qualquer outra maneira.”

Sobre os R$ 20 mil que teriam sido entregues a ele pela organização de Cachoeira, Demóstenes disse que os áudios captaram um diálogo truncado –uma vez que nunca recebeu os recursos. O operador de Cachoeira, Gleyb Ferreira, teria ido à sua casa na véspera de seu segundo casamento para lhe entregar um presente, mas não o dinheiro, como o áudio dá a entender.

Demóstenes admitiu ter recebido um rádio Nextel de presente de Cachoeira, mas negou que falava exclusivamente com o empresário. Ele considerou um “erro” ter recebido o presente. “Hoje é fácil verificar que foi um erro. Eu não imaginava a dimensão que isso teria, mas não tinha a lanterna na popa e não tinha como adivinhar que isso seria utilizado com outras finalidades. Mas não é crime receber o rádio Nextel e eu não sabia que outras pessoas tinham recebido.”

O senador confirmou que recebeu inúmeros pedidos de Cachoeira, inclusive para fazer lobby em favor do empresário no Congresso e no governo. Demóstenes confirmou que foi à Anvisa pedir em favor da empresa farmacêutica do empresário, mas disse que repetia essa conduta para várias empresas do Estado de Goiás. “Nem tudo que se diz, se faz. Às vezes, para se livrar de um interlocutor, de uma conversa. Muita coisa não aconteceu porque eu não fui atrás. Eu fazia isso por gentileza, como fazia com muitos outros.”

Lobby

Sobre o grampo em que foi flagrado avisando Cachoeira de uma operação da Polícia Federal que seria realizada contra jogos de azar, Demóstenes disse que fazia “testes” com o empresário para confirmar se ele, como argumentava, havia deixado a ilegalidade.

“Num dos momentos, eu joguei verde em cima dele. Eu disse que tem operação conjunta da PF com o Ministério Público que nunca se realizou e nunca foi cogitada. Ainda assim eu fazia esses testes com ele. Eu pergunto: que lobista sou eu que nunca procurei nenhum colega senador para provar jogo, para discutir sobre legalização de jogos? Eu peço que eu seja julgado pelo que eu fiz, não pelo que eu falei que iria fazer.”

Fonte: Folha

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Política

Movido a soberba e ira, Lula perde o faro político e complica demais a situação da companheirada

Sete anos se passaram desde que o “mensalão” foi introduzido no léxico da política nacional. E Lula ainda não conseguiu digeri-lo. Com o vocábulo atravessado na traquéia, o ex-presidente enxergou no Cachoeiragate uma oportunidade para regurgitá-lo. Idealizou uma CPI e passou a transitar entre dois dos sete vícios capitais: a soberba e a ira.

Com a alma em desalinho e o organismo sob efeitos de medicamentos, Lula perdeu momentaneamente sua principal habilidade: o faro político. Às vésperas do julgamento do escândalo, passou a atirar a esmo. No encontro com o ministro Gilmar Mendes, um de seus alvos, cometeu o erro supremo. Deu um tiro no pé.

Por formalidade regimental, o requerimento de convocação da CPI elegeu como objeto investigação a ação da quadrilha de Carlinhos Cachoeira junto a agentes públicos e privados. Para Lula, o bicheiro é mera escada. Escalando-o, pretende chegar à jugular dos que, segundo crê, conspiraram contra sua presidência.

No papel, a CPI é do Cachoeira. Na cabeça de Lula, o nome da comissão é outro: CPI da Vingança. Numa fase em que o raciocínio brota-lhe do fígado, Lula enxergou na iniciativa um palco multiuso. Num mesmo patíbulo, faria sangrar o ex-algoz Demóstenes Torres, a revista Veja e o governador tucano Marconi Perillo.

Do sangue dos antagonistas, Lula pretendeu extrair o sumo que engrossaria seu objetivo primordial: a desmontagem do que chama de “farsa do mensalão.” Nesse contexto, dois personagens foram à alça de mira como alvos convenientes: o procurador-geral da República Roberto Gurgel e o ministro Gilmar Mendes. Um prepara-se para exercer o papel de acusador dos mensaleiros. Outro, de julgador.

Lula encontrou-se com Gilmar em 26 de abril. Dias antes, em conversas com amigos petistas, destilava os rancores que nutre pelo personagem. Em notícia veiculada aqui, em 27 de abril, informou-se sobre os pensamentos que embalavam a mente de Lula nos dias que antecederam a conversa no escritório do ex-ministro Nelson Jobim.

Nesse período, Lula cobrava do petismo que avançasse sobre a Veja. Dizia estar convencido de que a revista associara-se ao aparato de espionagem de Carlinhos Cachoeira para produzir reportagens contra o governo dele. E recordava uma passagem protagonizada por Gilmar Mendes.

Citava o célebre grampo que captara conversa de Gilmar com o senador Demóstenes Torres. Atribuída à Abin, a escuta clandestina levara Lula a afastar da direção da agência de inteligência o delegado federal Paulo Lacerda. Ironicamente, a cabeça de Lacerda descera à bandeja após reunião intermediada por Nelson Jobim.

Então ministro da Defesa, Jobim, amigo de Gilmar desde os tempos do governo FHC, levara-o ao Planalto. Recebido no gabinete presidencial, Gilmar referira-se à bisbilhotagem de seu telefonema com Demóstenes como evidência de que o aparato de segurança do governo fugira ao controle. Caminhava-se, segundo ele, para “um Estado policial”.

Pois bem. O Lula dos dias que antecederam a nova reunião intermediada por Jobim recordava: embora Demóstenes e Gilmar tivessem confirmado o conteúdo do diálogo, o áudio o grampo jamais apareceu. Algo que levou Lula a difundir a suspeita de que a escuta fora parte de uma trama da “turma do Cachoeira”. Inconformava-se com o fato de ter sacrificado Lacerda.

Foi contra esse pano de fundo envenenado que Lula pediu a Jobim que agendasse o novo encontro com Gilmar. Revelado o teor da conversa, Jobim tentou vender a reunião como coisa fortuita. Nessa versão, Lula fora ao escritório para matar as saudades do seu ex-ministro e, por uma dessas coincidências da vida, Gilmar encontrava-se no recinto. Uma lorota que, por falta de nexo, Jobim absteve-se de reiterar.

Em privado, Gilmar revela que manifestou o desejo de avistar-se com Lula. Para quê? Não deixa claro. Informado, Lula pediu que o encontro fosse marcado. Na noite passada, em conversa com o blog, um amigo petista do ex-presidente classificou a iniciativa como “um erro grosseiro.” Por quê?

“O Lula estava armado contra o Gilmar. A chance de uma conversa como essa acabar bem era zero. Deu no que deu: uma guerra de versões. Gilmar diz que Lula quis adiar o julgamento do mensalão em troca de proteção na CPI. Jobim desmente, mas não é categórico. O Lula também desmente, mas ninguém acredita.”

De fato, o desmentido de Lula foi recebido como algo incompatível com o tamanho da encrenca. Demorou 48 horas. Veio por meio de nota, não de viva voz. Confirmou o encontro. Chamou de “inverídica” a versão de Veja. Mas não trouxe à luz uma versão substituta capaz de traduzir o alegado “sentimento de indignação.”

Em público, Gilmar deu entrevistas reafirmando, em essência, o que dissera à revista. Longe dos refletores, adicionou detalhes que levam os interlocutores a dar-lhe crédito. Contou, por exemplo, que Lula parecia sob o efeito de remédios. Fraco, tropeçou na saída.

O ministro alega que só veiculou o que se passou entre quatro paredes porque chegou-lhe aos ouvidos a informação de que Lula continuou a tratá-lo como matéria prima de CPI. Quer dizer: deu de ombros para o pedaço do diálogo em que Gilmar lhe disse que suas relações com Demóstenes não ultrapassaram o rubicão da ética. Abespinhado, o ministro levou os lábios ao trombone.

Gilmar não ficou bem posto no enredo. Às portas do julgamento do mensalão, a reunião com um personagem que chama o escândalo de “farsa” pareceu, no mínimo, inadequada. No máximo, um despautério. Porém, Lula saiu do episódio em posição ainda mais constrangedora. Ficou entendido que, para embaralhar o julgamento do Supremo, está disposto até a deslustrar sua biografia.

Nesta segunda (28), o advogado de um dos réus da ação penal que Lula gostaria de postergar disse que o ex-soberano obteve o oposto do pretendido. Acha que o STF ganhou razões adicionais para pisar no acelerador. Pior: a hipótese de condenação foi potencializada.

Nesta terça (29), a CPI do Cachoeira –ou comissão da Vingança— realiza mais uma de suas sessões administrativas. Vão a voto, entre outros requerimentos, os que pedem a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); do DF, Agnelo Queiroz (PT); e do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

Em reuniões que entraram pela madrugada, o PT articulava com as infantarias aliadas a aprovação do requerimento de Perillo e a rejeição dos de Agnelo e Cabral. São grandes as chances de Lula degustar o infortúnio do governador tucano. Um personagem que, em 2005, ecoou Roberto Jefferson. Numa fase em que Lula dizia ‘eu não sabia’, Perillo foi ao noticiário para informar que sabia, sim. Ele mesmo cuidara de avisar.

Ainda que PT e Cia. arrastem Perillo para o banco da CPI, como parece provável, a felicidade de Lula será fugaz. O depoimento constrangerá o governador e o PSDB, mas não terá o condão de influenciar os julgadores do STF. Ali, tende a prevalecer a verdade dos autos.

O Evangelho de São João ajuda a entender o que se passa com Lula. Diante de Jesus, Pôncio Pilatos indaga: “Tu és o reu dos judeus?” Jesus responde: “Meu reino não é desse mundo…” Pilatos insiste: “Então, tu és rei?” E Jesus: “Tu o dizes: eu sou rei. Por isso nasci e para isso vim ao mundo: para dar testemunho da verdade. Quem é da verdade escuta a minha voz.” Pilatos replica: “Que é a verdade?” (João, 18, 33-38).

Movido a soberba e tratado pela maioria do PT como um cristo da política, Lula esforça-se para reescrever a história do mensalão. Trombeteia que foi obra da quadrilha de Cachoeira o vídeo que expôs o pagamento de propina a um diretor dos Correios, levando Roberto Jefferson a dar com a língua nos dentes.

Com a visão obscurecida pela ira, Lula esquece de considerar que a propina dos correios existiu, assim como as revelações que se sucederam a ela: a parceria Delúbio Soares-Marcos Valério, as arcas “não contabilizadas”, os empréstimos de fancaria, os saques na boca do caixa e um infindável etcétera.

No instante em que tiverem de responder à pergunta de Pilatos –“Que é a verdade”— os ministros do Supremo olharão não para a CPI, mas para os dados recolhidos pela Polícia Federal do ex-Lula e reunidos pela Procurador-Geral Antonio Fernando de Souza, nomeado e renomeado pelo mesmo ex-presidente. Ali está a verdade redentora, não nos evangelhos de Lula.

Fonte: Josias de Souza

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Judiciário

Um ex-ministro da Justiça especializado em impedir que se faça Justiça

Vários integrantes da CPI do Cachoeira pareceram à beira de um ataque de nervos com a estratégia do silêncio adotada pelo pivô do escândalo da vez. Por ter recorrido ao direito constitucional de permanecer calado para não produzir provas que possam incriminá-lo, o delinquente Carlos Augusto Ramos foi acusado de insultar o Congresso e debochar dos representantes do povo. Como pode um chefe de quadrilha tratar parlamentares com tamanho atrevimento?, ergueram a voz inquisidores coléricos.

Todos os parlamentares sabem que o cliente de Márcio Thomaz Bastos emudeceu por ordem do advogado a seu lado. Carlinhos Cachoeira fez exatamente o que fizeram na CPI dos Correios, também por determinação do ministro da Justiça reduzido a chefe do serviço de socorro jurídico aos  mensaleiros, os depoentes Delúbio Soares, Marcos Valério, Sílvio Pereira e outros protagonistas do escândalo descoberto em 2005. Mas ninguém ousou perguntar ao doutor, na sessão desta tarde, até quando pretende afrontar os brasileiros honestos com reedições do espetáculo da mudez malandra.

Como registrou o post agora republicado na seção Vale Reprise, o anjo-da-guarda da bandidagem federal mostra a falta que faz um Sobral Pinto. Em vez de ouvir cobranças, Márcio Thomaz Bastos foi homenageado por deputados e senadores com um buquê de cumprimentos reverentes, elogios derramados e cenas de servilismo explícito. Enquanto se cria uma comissão da verdade para esclarecer o passado, o presente é torturado por mentiras e trapaças patrocinadas pelo ex-ministro da Justiça que se especializou em impedir que se faça justiça.

Fonte: Augusto Nunes

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Jornalismo

No melhor estilo entra mudo e sai calado, Carlinhos Cachoeira sai vencedor na CPI

Como já era previsto, o contraventor Carlos Augusto Ramos, internacionalmente conhecido como “Carlinhos Cachoeira”, ficou calado durante todo o depoimento prestado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). O depoimento terminou agora há pouco sem nada, absolutamente nada de relevante a ser acrescido aos trabalhos da comissão.

Mas, o mais interessante mesmo foi o tom de deboche e cinismo que ele olhava para todos os parlamentares presentes ao responder que iria permanecer em calado. As respostas eram sempre as mesmas. “Eu me reservo ao direito constitucional de ficar calado”, “Ficarei calado”, “Invoco o direito de ficar calado” e suas variantes.

Impressionante foi a forma como o silêncio dele irritou os parlamentares presentes que variaram suas perguntas de rebuscadas a diretas, com apelo a defesa e sem apelo. As formas foram as mais variadas, mas apenas imperou todo o silêncio, que já havia sido prometido por ele mesmo até a audiência na Justiça.

Esse silêncio foi uma vitória do bicheiro, já que a defesa tentava remarcar seu depoimento na CPMI para após a instrução junto ao Judiciário, como os integrantes da Comissão aprovaram a vinda antes escutaram apenas as suas próprias perguntas.

O blog acompanhou todo o depoimento com o contraventor e pode somente se espantar com a forma com que ele respondia e a sua fisionomia. Cachoeira se encontra velho, com aspecto de cansado e abatido.

Perguntas a Cachoeira

Os parlamentares questionaram qual era a relação de Cachoeira com políticos de Goiás, do Distrito Federal e de outros Estados. Perguntaram sobre as relações do bicheiro com os governadores Marconi Perillo (PSDB) e Agnelo Queiroz (PT), especificamente.

Queriam saber também sobre as relações dele com a empresa Delta, sobre os imóveis e as principais personagens do grupo do contraventor.

Perguntaram se ele aceitaria uma delação premiada, sobre as empresas de fachada do grupo criminoso e de contas hospedadas no exterior. Os deputados e senadores buscavam apurar sobre os imóveis de posse do bicheiro fora do Brasil.

As relações com os políticos apontados nas operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal, como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), também integraram a lista de perguntas.

Alguns parlamentares questionaram ainda sobre o tratamento que o bicheiro está tendo na prisão e de onde ele tirou dinheiro para pagar o advogado, o ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos, que receberá R$ 15 milhões para defender o bicheiro.

Opinião dos leitores

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Jornalismo

Carlinhos Cachoeira tira onda e fica calado em depoimento à CPI

O contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, anunciou há pouco que não irá responder às perguntas dos parlamentares que participam da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga suas relações com agentes públicos e privados.

Ele declarou que, por orientação dos advogados, só irá dar sua versão das acusações levantadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, depois de sua audiência na Justiça. “Depois, podem me chamar que eu irei falar”, disse.

Neste momento, o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), faz uma série de perguntas, não respondidas por Cachoeira.

Até agora as respostas foram um belo e sonoro: “Eu me reservo ao direito constitucional de ficar calado”. Com o detalhe do tom bastante irônico. Mas tenham calma, que as vezes ele muda a resposta para “Permanecerei calado” ou “Ficarei calado” . Deboche total!

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Política

Suplente de Demóstenes Torres assume que levou "chifre" de Carlinhos Cachoeira

Filho de peão e criado na roça na pequena Anicuns, no interior de Goiás, o hoje megaempresário do setor de construção civil e secretário de Infraestrutura de Marconi Perillo, Wilder Pedro de Morais — provável futuro senador na vaga de Demóstenes Torres (sem partido-GO) — tem surpreendido os amigos e assessores pelo bom humor como tem tratado a fama que já ganhou antes mesmo de aparecer em Brasília: a de “marido traído do escândalo Cachoeira”. Ex-marido e pai dos dois filhos da bonitona Andressa Mendonça — atual mulher do bicheiro e que ganhou título de “musa da CPI” — ele já se acostumou com sua nova denominação na mídia.

Ao invés de ser citado pelos negócios milionários na iniciativa privada no Brasil e exterior, agora qualquer notícia sobre ele começa com “Empresário Wilder Morais, cuja ex-mulher o trocou por Carlos Cachoeira”. O que não parece lhe incomodar.

Wilder é um típico goiano, daqueles que brincam com a própria desgraça. A sina de marido traído, que para muitos seria um tragédia, para ele é motivo de piadas. Caiu na política de paraquedas, indicado suplente de Demóstenes por ser um dos homens mais ricos de Goiás. Sócio majoritário de dezenas de empresas que giram em torno da Orca Construtora, tem patrimônio declarado no Tribunal Superior Eleitoral de R$ 14,4 milhões, sendo R$ 2,2 milhões em espécie.

— O pai do Wilder era um roceiro muito simples, mas ele se formou em engenharia civil e virou um executivo da iniciativa privada, sem contratos públicos. Virou o solteiro mais cobiçado de Goiás. Tinha helicóptero, Mercedes top de linha. Mas um dia ele sumiu e eu fui visitá-lo em sua casa. Quando cheguei lá a ariranha da Andressa estava na escada e me fulminou com os olhos. Nunca mais voltei — conta um empresário amigo de adolescência de Wilder, que prefere, claro, o anonimato.

Mas, mesmo brincalhão em relação à “sociedade” com Cachoeira, Wilder se preocupa com a imagem e já contratou uma experiente empresa de comunicação em Brasília. Esses assessores o orientam a não dar declarações, muito menos como futuro senador, para não parecer que está torcendo pela cassação de Demóstenes. Como suplente de Demóstenes, foi um bondoso doador da campanha de 2010. Ele teria arcado com R$ 700 mil dos gastos.

— Se Demóstenes for cassado, o DEM recupera sua vaga no Senado. Mas o partido acompanha com muita parcimônia (o processo contra Demóstenes) para deixar o processo transcorrer normalmente, sem interferências — diz o líder e presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).

Há algumas semanas, temendo uma reação ruim, os assessores se armaram de coragem para comunicar a Wilder Moraes que o jornalista Jorge Bastos Moreno, na coluna ‘Nhem Nhem Nhem’, do Jornal O GLOBO, havia publicado uma nota falando sobre sua situação de marido abandonado: “Wilder nunca poderá alegar que não recebeu nada do bicheiro. Está na testa”, dizia a nota. Depois que o assessor leu a nota, o secretário reagiu com gargalhadas.

Depois desse episódio, o próprio Wilder começou a fazer piada com a situação. Quando perguntado por um assessor se tinha ou não algum negócio em sociedade com Cachoeira, porque isso apareceria na CPI, ele respondeu:

— Como assim? É lógico que somos sócios. Sou sócio involuntário do Cachoeira na mulher!

Em uma das gravações da Operação Monte Carlo o deputado Carlos Leréia (PSDB-GO) também faz chacota e diz para Cachoeira que estava em reunião com “seu novo sócio”.

— Tô aqui falando com aquele sócio novo que você arrumou. Foi ali no banheiro. Tô aqui na sala dele, dr. Wilder.

Antes da separação, os dois casais — ele e Andressa, e Cachoeira e a ex, Andréia — saíam juntos para jantares e baladas. Aos amigos Wilder conta que seu casamento começou a ficar ruim em 2010, e que em fevereiro ele saiu de casa. Em seguida, Andressa foi morar com o bicheiro. Pouco depois, em abril, Cachoeira, como quem não quer nada, foi na casa de Wilder para sondar se o casamento estava mesmo no fim e travaram um diálogo áspero.

— Eu quero saber se essa separação é para valer mesmo, sou amigo do casal e estou preocupado — sondou o contraventor.

A resposta veio de pronto:

— Ô Cachoeira, você larga de ser cínico que eu sei que a Andressa já está morando em sua casa!.

— Mas ela está lá só como amiga — ainda tentou convencer Cachoeira.

— Olha aqui, casamento tem dois momentos: o ruim e o bom. O ruim é quando a mulher dá problema. E o bom é quando a gente passa o problema e a mulher para frente — encerrou Wilder, dando o caso como encerrado.

Depois da divulgação das operações da Polícia Federal e dos detalhes da vida pessoal dos personagens do escâdalo, o senador Demóstenes Torres também se viu obrigado a se justificar como suplente. Foi lhe pedir desculpas e admitir que, pego de surpresa com a operação da PF, teve de mentir lá no início quando disse que as suas conversas gravadas com Cachoeira — que agora se sabe, foram mais de 400 — teriam sido para tentar resolver o problema conjugal do amigo.

Fonte: O Globo

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Política

CPI do Cachoeira é a mais lenta em 20 anos

Com potencial para envolver parlamentares e três governadores, a CPI do Cachoeira chega a quase um mês de existência com a marca de comissão mais lenta dos últimos 20 anos entre as destinadas a investigar corrupção.

Folha analisou outras dez grandes comissões de inquérito criadas desde a CPI do Collor (1992). Nunca antes, em seus primeiros 15 dias de trabalho (descontados fins de semana, feriados e recessos), uma comissão ouviu tão poucos envolvidos e demorou tanto para tomar seu primeiro depoimento público.

Durante a semana a CPI foi alvo de acordo entre governo e oposição para restringir o alcance das investigações.

A primeira tomada de depoimento público, do empresário Carlinhos Cachoeira, está marcada para terça-feira. A previsão inicial era que ocorresse na semana passada, mas os advogados de Cachoeira conseguiram no Supremo suspender a sessão alegando que não haviam tido acesso ao processo. Mesmo que o empresário tivesse dado o depoimento, o cenário da CPI em relação a comissões anteriores não mudaria.

Ainda que sejam contabilizados os depoimentos secretos dos delegados responsáveis pelas operações Vegas e Monte Carlo, a produtividade do caso Cachoeira é muito menor que outras. Em média, no mesmo período, as outras CPIs já tinham realizado oito depoimentos.

A CPI dos Bancos, criada em 1999 para investigar o auxílio oficial dado ao banqueiro Salvatore Cacciola, já tinha ouvido 17 pessoas. A do Banestado, que apurou um esquema ilegal de envio de dinheiro ao exterior, tinha feito 12 oitivas em duas semanas.

Mesmo as CPIs que contaram com blindagem mais explícita para conter maiores estragos ao Palácio do Planalto, como a dos Cartões Corporativos (2008) e a da Petrobras (2009), foram mais céleres em suas primeiras semanas de atividade, com seis e sete depoimentos, respectivamente.

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), diz que a comissão é atípica porque o “trem já estava andando” –a CPI nasceu de uma operação da Polícia Federal. “A comissão está num ritmo adequado”, disse. “O governo está usando um rolo compressor”, diz o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), eximindo de responsabilidade a oposição, que atua para impedir a convocação do governador tucano Marconi Perillo (GO).

Até quarta, a CPI do Cachoeira também se notabilizava por ser a que menos havia aprovado requerimentos. Na quinta, uma série de pedidos de convocação e quebras de sigilo foi aprovada. Ainda assim, o número de requerimentos derrubados não tem precedentes: 64 só na quinta.

FOnte: Folha

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Política

Deputado do PT é pego em flagrante protegendo Governador do PMDB na CPI do Cachoeira

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=ldlruWnMJyI

Opinião dos leitores

  1. Tropeçando na própria incompetência, Sérgio Cabral vem, ao longo de sua carreira política, acumulando derrotas que muitas vezes passam despercebidas. No quesito malandragem não resta dúvida de que Cabral é um dos mais espertos. Porém, em se tratando de estratégias que não sejam imediatistas, o sujeito comete erros políticos primários, principalmente por conta de sua prepotência. Nos faz lembrar o caso do ‘insuperável’ transatlântico inglês, com a qual ‘nem Deus podia’ segundo seus próprios construtores navais. E que se transformou no maior naufrágio da história. No Rio de Janeiro está acontecendo algo parecido com o caso do luxuoso transatlântico. Navegando com a soberba de construtor naval inglês, o Titanic do governador já tem dia e hora marcados para afundar.

  2. Péssima reportagem do SBT. Primeiramente, edição MUITO mal feita. O Senenador Humberto Costa quando se refere aos "intocáveis" não está dizendo dos governadores citados, mas sim do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel. Humberto Costa não tem interesse político na convocação do Sérgio Cabral, nem na de Agnelo Queiroz. O embate dos governistas nessa CPI foi contra o PGR.

    E coisa ainda mais errada e aqui, inclusive, ilegal: é um ABSURDO devassarem a privacidade de qualquer cidadão, seja ele parlamentar ou não, a ponto de filmarem sua conversa de celular. O próprio Estado só está autorizado a fazer isso judicialmente. A preservação da intimidade é direito absolutamente inalienável e intimamente atrelada à dignidade da pessoa humana, ao Estado de Direito e à democracia. Não estou a defender a postura governistas ou da oposição na CPI (até porque ela atinge a membros de todos os lados PSDB/DEM/PT/PMDB, e espero que todos sejam devidamente punidos de acordo com sua responsabilidade), mas isso que esse cinegrafista fez é imoral, ilegal e perfeitamente punível judicialmente!!
    Raoni Bielschowsky

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