Política

Conheça a história do primeiro deputado cego do Congresso

No primeiro discurso, o deputado Felipe Rigoni foi ouvido e depois aplaudido pelos colegas. Foto: Alexsandro Loyola/Câmara dos Deputados

Felipe Rigoni ficou cego aos 15 anos de idade. Nos anos seguintes, reaprendeu a viver. Descobriu que para sobreviver, teria que enxergar com os olhos dos outros. Aprendeu braile, mas prefere áudio. Sabe andar de bengala, mas não gosta. Não conseguiu se adaptar a um cão-guia. Diz que é um “cego ruim”.

“E como eu fiz? Pedindo ajuda. Para as pessoas. Pra gente. Igual a papagaio. De ombro em ombro. Eu ia pedindo ajuda e elas iam me ajudando. E isso me permitiu me aproximar mais das pessoas. E aprender muito”.

De fato, no nosso encontro, o deputado federal Felipe Rigoni (PSB-ES), o primeiro cego a chegar ao parlamento brasileiro, mostrou desenvoltura ao circular pelos corredores da Câmara dos Deputados apoiado no ombro de sua chefe de gabinete Ingrid.

Bem articulado, Felipe anda rápido, e chega a ser difícil acompanhar o seu ritmo. Tem tanta facilidade de interagir, que olha nos olhos do interlocutor. Conversou com o R7 em movimento, do gabinete no anexo IV até o estacionamento, no carro indo para o Aeroporto e no saguão, do balcão da companhia aérea até o portão de embarque, onde embarcaria para Vitória (ES).

Na véspera da nossa conversa, na quarta-feira (20), o parlamentar de 27 anos fez o seu primeiro discurso na tribuna do plenário. Calou os presentes com a sua história e com o que pensa da política. Contou que o seu ponto de virada após ter ficado cego foi uma conversa com o pai, que disse que ele tinha uma escolha. “Eu não entendi inicialmente. Como eu tinha escolha, se eu estava ficando cego? Mas depois consegui perceber que eu tinha uma escolha, que era a escolha da atitude. E foi isso que norteou esse processo. Sempre quando tenho um dilema da vida para resolver me vem esse momento”.

O processo a que Felipe se refere foi o caminho que trilhou até a política. Antes de ser eleito deputado federal, ele se formou em Engenharia da Produção na Universidade Federal de Ouro Preto como um dos destaques da turma. Se tornou líder nacional do movimento Empresa Júnior, participou da fundação Acredito, movimento suprapartidário de renovação política, fez mestrado em políticas públicas em Oxford e foi bolsista do programa RenovaBR.

Todo o sucesso, segundo ele, só foi possível por ter aprendido a se cercar de pessoas: “Todos os objetivos que eu alcancei, apesar de estar sempre à frente, sempre tinha uma galera comigo. Inegável. Como na minha campanha. Além de equipe sensacional, eram 3.000 voluntários. Meu mestrado, se eu não tivesse gente me ajudando, não teria feito”.

O apoio começou em casa.

“Meus pais são os grandes responsáveis por esse tipo de atitude que eu tenho porque eles nunca me esconderam. Que é comum para pais de deficientes. Meus pais me mandavam com os meus amigos pra show, aos 16 anos de idade, logo depois de eu ter ficado cego. Me incentivaram a ir para Ouro Preto, mais longe deles. Isso foi fundamental”.

No Congresso Nacional, vinte dias depois do início do ano legislativo, o deputado, apesar de iniciante, apresentou quatro propostas legislativas, e irá integrar duas comissões: a de Finanças e Tributação e Educação e Ciência e Tecnologia. É vice-líder do seu partido.

“A minha expectativa era que eu estaria patinando mais do que estou. É lógico que é muito complexo. Me orgulho de que até agora eu sempre soube o que estava acontecendo, influenciando o voto de outros parlamentares, discutindo e sendo influenciado também. Mas é muito fácil se perder. Até com dois ou três assessores do seu lado, prestando mais atenção do que você, inclusive”.

Para conseguir dar conta do trabalho legislativo, Felipe estuda os assuntos e discute com assessores e consultores externos, especialistas, muitas vezes voluntários.

“Fiz algumas emendas à MP da criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Foi o Instituto de Tecnologia e Sociedade, capitaneado pelo Ronaldo Lemos, que dá aulas em Columbia, que me ajudou. Há muita gente disposta em ajudar”.

O deputado pretende conduzir o seu mandato mirando em três grandes objetivos: construir uma gestão pública eficiente e inovadora; promover a igualdade de oportunidades, especialmente através da educação básica; e com desenvolvimento socioeconômico (saúde financeira das pessoas, governo e empresas, infraestrutura e ciência e tecnologia).

No seu discurso da semana passada na tribuna, Felipe Rigoni defendeu alguma de suas ideias políticas, como a de não votar em projetos simplesmente para marcar posição política, ou com a base do “toma lá, dá cá”.

“O toma lá, dá cá não vai terminar agora porque o sistema é desenhado para estimular isso. Mas você tem uma série de parlamentares que não trabalharam nessa configuração, não usam o toma lá, dá cá, não se submetem a ele. Mas não é só o toma lá, dá cá que é o problema. Nesta manhã estavam sendo votados cinco acordos internacionais que o Brasil fez, e coisas consensuais. E o que estava acontecendo? PT e Psol estavam obstruindo só para mostrar que eles conseguem. Se fosse uma discordância com a matéria, ok. Quando você discorda e sabe que vai perder, obstrui, é uma estratégia. Mas fazer isso quando você concorda com a matéria? Isso eles fizeram nessa semana e na passada. E o PSL também tem feito isso. Sou contrário. Porque não estamos ali para marcar posição política. Estamos ali para votar. O que Congresso produz? Decisões. Se não produz decisões, produz confusões. Ou a gente começa a produzir decisões de fato, ou fica isso. Laranja para baixo e para cima”.

No dia da entrevista, o deputado já tinha participado de um encontro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para apresentar a frente parlamentar do fim do foro privilegiado e colocar o grupo à disposição na tramitação do projeto anticrime do ministro Sérgio Moro.

Ao chegarmos ao Aeroporto, encerramos a nossa conversa. Mas acompanhei o deputado e sua chefe de gabinete ao balcão de embarque da companhia. Pelo horário, a companhia não disponibilizou um acompanhante para Felipe ir até o portão de embarque. O jeito foi pedir ajuda. Na entrada do embarque, por acaso, estava um colega de parlamento. O deputado Felipe Rigoni colocou as mãos no ombro do senador Alessandro Vieira (PPS-SE) e embarcou rumo a Vitória.

Coluna do Fraga – R7

 

Opinião dos leitores

  1. "E o que estava acontecendo? PT e Psol estavam obstruindo só para mostrar que eles conseguem. Se fosse uma discordância com a matéria, ok. Quando você discorda e sabe que vai perder, obstrui, é uma estratégia. Mas fazer isso quando você concorda com a matéria? Isso eles fizeram nessa semana e na passada".
    Atenção eleitores do PT/PSOL…

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Política

Joice Hasselmann será líder do governo no Congresso

Foto: Pedro Ladeira/Folhapress – 16.10.2018

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) disse nesta terça-feira (26) que foi designada líder do governo no Congresso Nacional e passa a reforçar o time de articulação na Casa, em um momento de desorganização da base justamente quando começa a tramitar a polêmica e prioritária reforma da Previdência.

“Já estava pré-combinado que seria hoje”, disse Joice a jornalistas do lado de fora do Palácio da Alvorada, onde o presidente Jair Bolsonaro estava reunido com líderes partidários, explicando que o anúncio foi feito pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, aos presentes no encontro.

Deputada federal mais votada com mais e um milhão de votos, Joice cultiva trânsito com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que deram seu aval a Bolsonaro para que ela fosse escolhida para o cargo.

A nova líder também tem boa relação com o Onyx, com a equipe econômica e com o próprio presidente Jair Bolsonaro. Mesmo antes da indicação, a deputada já vinha participando ativamente das articulações do governo.

Por isso mesmo, seu nome surgiu, patrocinado por Alcolumbre e com a simpatia de Maia, como uma necessidade para ajudar na articulação do governo.

Apesar de cultivar boas relações no Executivo e no Planalto, a deputada já protagonizou discussões envolvendo os filhos do presidente, uma delas via grupo de WhatsApp com o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Garante, no entanto, que o assunto está se resolvendo.

Reuters

 

Opinião dos leitores

  1. Preperemo-nos para o baixo-calão entre as doidivanas do PSL e do PT. A linguagem enviesada das meninas vai terminar escorrendo nos anais da Câmara Baixa, podem apostar.

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Política

A mensagem de Bolsonaro ao Congresso: “Previdência mais humana, mais justa, que não retire direitos e restabeleça o equilíbrio fiscal”

Jair Bolsonaro enviará mensagem ao Congresso, a ser lida no dia 7, na qual defenderá uma Previdência “mais humana, mais justa, que não retire direitos e restabeleça o equilíbrio fiscal, que garanta que nossos filhos e netos tenham um futuro assegurado”.

Segundo o porta-voz do governo, Otávio do Rêgo Barros, no texto vai também propor projeto de combate ao crime organizado e corrupção “atacando o fim da impunidade”.

Na infraestrutura, informou que vai trabalhar para acabar com gargalos logísticos. Outra proposta “imediata” será a revisão da lei de segurança das barragens.

O Antagonista

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Diversos

Congresso começa a votar Previdência em 6 meses, diz Bolsonaro

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), durante entrevista nesta quarta-feira (5), em Brasília — Foto: José Cruz/Agência Brasil

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou nesta quarta-feira (5) que a reforma da Previdência começará a ser votada no Congresso o “mais rápido possível”, ainda nos seis primeiros meses do seu governo.

Bolsonaro conversou com jornalistas após encontro e solenidade no Exército onde recebeu uma medalha. O presidente foi condecorado pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, por ter salvo, em 1978, um soldado de um afogamento.

“O mais rápido possível, né? No primeiro mês é impossível. Nos primeiros seis meses com toda certeza o Congresso começará a votar estas propostas”, disse Bolsonaro sobre a votação da reforma da Previdência.

O presidente eleito voltou a falar que o ponto inicial da reforma será a idade mínima para aposentadoria. “O que mais interessa é idade mínima. Pode mudar ate lá. Não significa que houve recuo, mas sim negociação”, disse.

Ele reforçou a importância da reforma. “Se nós continuarmos sem fazer reforma, daqui a pouco estaremos como a Grécia”, afirmou.

Nesta terça-feira (4), Bolsonaro afirmou que pretende apresentar ao Congresso uma proposta fatiada de reforma da Previdência Social. Segundo ele, o primeiro tema que deve ser apresentado ao parlamento é a proposta de definição de uma idade mínima para aposentadoria.

A reforma da Previdência é considerada fundamental para equilibrar as contas públicas do país. O governo do presidente Michel Temer chegou a enviar ao Legislativo uma proposta de alteração das regras previdenciárias, porém, desistiu da reforma em fevereiro após perder apoio no Congresso em razão de denúncias de corrupção.

Com informações do G1

 

Opinião dos leitores

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Jornalismo

Quando começa o caos? Atenção: já começou!

DF - CUNHA/JORNALISTAS - POLÍTICA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concede entrevista aos jornalistas setoristas da Câmara fazendo um balanço do primeiro semestre do ano, em uma café da manhã oferecido no anexo IV na Câmara dos Deputados, em Brasília. 16/07/2015 - Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO
Foto: André Dusek / Estadão Conteúdo

 

Do Josias de Souza: Abandonado pelo PT, Eduardo Cunha detonou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Fez isso num instante em que a Lava Jato exibe as entranhas da República, o PIB aponta para um derretimento de mais de 3% em 2015, a inflação roça os dois dígitos, o desemprego bate em 8% e o Planalto celebra como vitória a aprovação no Congresso de uma proposta que o autoriza a fechar as contas do ano com um rombo de R$ 119,9 bilhões no lugar do prometido superávit de R$ 55,3 bilhões. Muita gente se pergunta: quando começa o caos? A má notícia é que o caos já começou. A boa notícia é que, diante da tragédia a pino, o país tem a oportunidade de se reinventar. Caos não falta.

Dilma não precisou da oposição para chegar ao caos. Desfrutou do privilégio de escolher o seu próprio caminho para o inferno. A presidente costuma dizer: “Ninguém vai tirar a legitimidade que o voto me deu”. Engano. Há na praça uma pessoa que parece decidida a transformar em problema aquela que havia sido eleita como solução dos 54 milhões de brasileiros que lhe deram o voto em 2014. Chama-se Dilma Rousseff a responsável pelos atentados cometidos contra a legitimidade de Dilma Rousseff, hoje um outro nome para o erro.

Depois de liberar seus operadores políticos para providenciar os votos que salvariam o mandato de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara, Dilma foi desautorizada pelo seu próprio partido. O PT concluiu que o resgate cobrado por Cunha para engavetar o impeachment era caro demais até para um partido que se tornou amoral. Diante do fato consumado, Dilma faz pose de valente. Nas suas primeiras reações, ela disse que jamais cedeu a chantagens. Fez uma aparição em público enrolada na bandeira da legalidade. Sustenta que não há razões para o impeachment. Em privado, auxiliares da presidente ruminam o receio de que a deterioração da economia devolve os brasileiros às ruas. Reconhecem que o governo bateu nas fronteiras do imponderável.

Eduardo Cunha vinha dizendo aos aliados que não cairia sozinho. Ambicioso, ele quer levar junto ninguém menos que a presidente da República. E o petismo não pode nem reclamar. Foi sob Lula que Cunha plantou bananeira dentro dos cofres da Petrobras.

Opinião dos leitores

  1. A Presidente Dilma errou quando não buscou trabalhar em conjunto com o Povo e se sustentou em propostas que levaram ao arrocho econômico. Contudo, as causas desse pedido são golpistas e oportunistas. Tem implantar o imposto sobre grandes fortunas e não tirar direito do povo trabalhador.

  2. O pecado da Dilma Rousseff foi ela não ter sido ela mesmo a guerrilheira. Tornou se marionete nas mãos do Lula e do pt. Agora aguente. O povo brasileiro não cometeu nenhum crime e também não tem conta no exterior. Mas apanha todos os dias por ter acreditado nas mentiras da Dilma.

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Política

Cunha afirma não ter “guerra nem trégua” com governo e oposição

President of the Chamber of Deputies of Brazil Eduardo Cunha attends a meeting with businessmen in Sao Paulo in this July 27, 2015 file photo. Cunha, the speaker of Brazil's lower house of Congress was charged by prosecutors with corruption and money laundering on August 20, 2015, becoming the first sitting politician to be charged in a burgeoning kickback and bribery scandal. REUTERS/Nacho Doce/Files

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, reafirmou nesta quarta-feira estar aberto ao diálogo com qualquer agente político – do governo e da oposição – e que não há guerra ou trégua com qualquer um desses lados da disputa política. Cunha afirmou que não se sente pressionado no cargo e que tem se dedicado a preparar o recurso que apresentará ao STF, até sexta-feira, para buscar reverter decisões dos ministros Teori Zavascki e Rosa Weber contrários ao rito de impeachment que estabeleceu. O presidente afirmou não estar em guerra nem em trégua com ninguém.

– Não tem trégua, porque não tem guerra. Não precisa ter trégua nem guerra. Tenho que cumprir minha função que é dar curso (as votações), que é minha obrigação funcional do momento. Se tenho que tomar decisões, e isso pode significar guerra para um ou trégua para outro. É questão de interpretação. Não fiz nada diferente do que eu disse que iria fazer. Sempre disse que impeachment não é recurso eleitoral, que fato anterior não contamina mandato presente – disse Cunha nesta quarta-feira.

Cunha afirmou não ter sentimento de “contrariedade nem felicidade” com a nota divulgada pela oposição no último sábado, que pede seu afastamento.

– Não me sinto pressionado. A pressão faz parte do cargo. Já despachei quinze pedidos de impeachment. São coisas que sempre contrariam um ou outro. A pressão é toda hora.

Ontem, o presidente da Câmara recebeu líderes da oposição em sua residência oficial para negociar o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Roussef. Cunha tentou condicionar o encaminhamento do processo a um apoio posterior contra a cassação de seu mandato. Na conversa, ele reclamou da nota assinada por PSDB, DEM, SD, PSB e PPS defendendo seu afastamento da presidência da Câmara.

— Estou sendo abandonado por vocês. Começo a ficar convencido de que se eu entregar a cabeça de Dilma, vocês entregam minha cabeça no dia seguinte — disse o peemedebista na reunião com os líderes da oposição.

Tanbém na terça-feira, o PSOL e a Rede Sustentabilidade representaram no Conselho de Ética pedido de abertura de processo contra Eduardo Cunha, que pode levar à cassação de seu mandato. Além dos partidos, foi juntada uma lista com o apoio de 45 deputados, sendo 32 do PT, ou seja, mais da metade da bancada de 62 parlamentares da legenda.

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Política

Congresso vota amanhã vetos a projetos que criam despesas de R$ 127 bilhões

Em sessão está marcada para as 19h desta terça-feira (22), o Congresso Nacional deverá decidir se mantém ou rejeita vetos totais ou parciais da presidenta Dilma Rousseff a projetos como o que reajusta os salários dos servidores do Judiciário em até 78,56% (PL 28/15), aprovado em junho e outros que, segundo o governo, causariam gastos de R$ 127,8 bilhões em quatro anos.

De 2015 a 2019, de acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o impacto da derrubada do veto ao aumento do Judiciário será de R$ 36,2 bilhões. Entre outros vetos que também poderão ser analisados pelo Congresso o que possui maior impacto financeiro é o que suspende a isenção do PIS/Cofins para o óleo diesel: R$ 64,6 bilhões em quatro anos, segundo a secretaria da Receita Federal, vinculada ao ministério da Fazenda.

Além dos quase R$ 128 bilhões estimados pelo governo, o Ministério da Previdência prevê que o custo da adesão da regra fixa como alternativa ao fator previdenciário ficará em mais de R$ 1,1 trilhão até 2050.

Conforme a estimativa, o valor será de R$ 135 bilhões até 2035, de R$ 300 bilhões até 2040 e de R$ 657 bilhões até 2045. Após vetar o texto, a presidenta enviou uma nova medida provisória criando a regra 85/95 móvel, com impacto de R$ 883 bilhões até 2050.

A base aliada também tentará segurar barreiras impostas pela equipe de Dilma a textos que vinculam os benefícios dos aposentados ao reajuste do salário mínimo, que de acordo com o ministério da Previdência Social vai custear as contas públicas em mais R$ 11 bilhões entre 2016 e 2019.

A tabela do impacto, divulgada pelo Palácio do Planalto, informa ainda que com a previsão de crescimento da economia brasileira nos anos seguintes aos analisados, a diferença tende a ser ainda maior.

Outra proposta vetada e que aumentará as despesas do Orçamento nos próximos anos é a que deduz do Imposto de Renda os gastos de professores com a aquisição de livros: R$ 16 bilhões entre o ano que vem e 2019.

Fonte: Agência Brasil

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Política

Agripino diz que Palácio do Planalto usou o Congresso para blindar presidente Dilma

O líder do Democratas no Senado, José Agripino (RN), disse, nesta quarta-feira (6), que o Palácio do Planalto usou o Congresso Nacional para blindar a presidente Dilma Rousseff  da responsabilidade no escândalo envolvendo a compra da refinaria de Pasadena (EUA). Em reunião em seu gabinete com os senadores tucanos Aécio Neves (MG), Aloysio Nunes (SP) e o deputado democrata Bruno Araújo (PE), Agripino afirmou que a oposição vai exigir saber quem foram os responsáveis e os demais envolvidos na gravação divulgada pela revista Veja.

 Segundo o exemplar deste final de semana, perguntas e respostas da presidente da Petrobras, Graça Foster; do ex-presidente da estatal, Sérgio Gabrielli;  e do ex-diretor Nestor Cerveró, na comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Petrobras, foram previamente combinadas. O objetivo era negar a participação de Dilma no episódio que causou um prejuízo bilionário ao país. “O escândalo foi provocado pela atuação de servidores da Presidência da República e de servidores de alto escalão da Petrobras. Tudo isso para limpar a barra da presidente da Republica e da Petrobras”, frisou Agripino.

 Em relação à representação no Conselho de Ética contra os senadores Delcídio Amaral e José Pimentel, citados pela revista, o senador disse que caberá os órgãos de fiscalização já acionados esclarecer os fatos. Nesta segunda-feira (4), a oposição pediu ao Ministério Público que investigue a denúncia da revista Veja. “A Polícia Federal e o Ministério Público já foram acionados. Neste momento, mais importante do que ir ao do Conselho de Ética é descobrir quem gravou, onde gravou e por que vazaram as imagens. É isso que o Brasil quer saber. Aí toda a trama vai ser esclarecida. O país quer saber quem foi usado para provocar essa farsa que está indignando o país”.

Sobre a instalação da CPMI do Metrô, Agripino afirmou não ter dúvidas de que essa é uma estratégia do governo para desviar o foco. A comissão foi instalada no Congresso Nacional nesta quarta-feira (6), mas não entrou em funcionamento porque não foram indicados relator e presidente. “Por que CPI do Metrô neste momento? Porque querem tirar o foco do escândalo que produziram, criando um factoide. As pessoas a quem eles acusam não têm o menor receio dessa CPI”.

agripino reuniaoFoto: Mariana Di Pietro

Opinião dos leitores

  1. PRONTO, ELE É JUSTO, É HONESTO E VAI FALAR DO MENSALÃO DO DEM RN. TÔ EXPLICANDO. TÁ ENTENDENDO?

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Política

Congresso apreciará vetos de Dilma em votação aberta pela primeira vez

O Congresso Nacional analisará na próxima terça-feira (10) vetos da presidenta Dilma Rousseff em votação aberta, a primeira após a promulgação da Emenda Constitucional que estabelece o fim do voto secreto nas votações de vetos presidenciais e em processos de cassação de parlamentares na semana passada, pelas Mesas do Senado e da Câmara.

Três itens estão na pauta da primeira sessão de votação aberta dos vetos presidenciais. A votação será feita diretamente no painel eletrônico do plenário da Câmara e o resultado será divulgado na hora.

A Medida Provisória do Programa Mais Médicos é um dos itens da pauta, com veto parcial em um dos dispositivos. A presidenta Dilma Rousseff vetou o parágrafo que proibia os médicos estrangeiros do programa de exercerem a profissão fora do projeto. Segundo o Executivo, a proibição é incompatível com a lógica da carreira pública na qual entram os profissionais intercambistas.

O projeto que permitiu à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) usar o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) para a construção de silos e armazéns públicos para a safra 2013/2014 também teve itens vetados. Entre eles, está o artigo que autorizava a Conab a contratar armazéns para guarda e conservação de estoques privados, o que foge às competências da companhia, segundo o Executivo.

O terceiro item da pauta recebeu veto total da presidenta Dilma Rousseff. Trata-se do projeto que inclui a eficiência e o consumo energéticos entre os dados que devem constar na oferta e na apresentação de produtos ou serviços. A proposta inclui a medida ao Código de Defesa do Consumidor. De acordo com a justificativa do veto, o projeto não detalha os produtos que serão atingidos pela obrigação. O Executivo também alegou que os objetivos do projeto já estão expressos em normas do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).

O veto presidencial só pode ser rejeitado pela maioria absoluta dos parlamentares de ambas as Casas, este é o único caso em que a Constituição exige quórum para rejeição de matéria.

Com a análise dos vetos, a pauta do Congresso Nacional será destrancada, o que libera os parlamentares para votar outros projetos. Desta forma, 16 projetos de lei que autorizam créditos suplementares no orçamento de ministérios, secretarias e estatais já poderão ser votados na terça-feira.

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Polícia

Susto: Congresso dos EUA é reaberto após tiroteio

US-POLITICS-SHOOTINGS-CAPITOLO Capitólio, sede do Legislativo americano, foi fechado por cerca de 40 minutos na tarde desta quinta-feira, depois que tiros foram disparados no entorno do prédio. O tiroteio começou após uma perseguição policial a um carro, que teria começado na Avenida Pensilvânia, perto da Rua 15, quando o veículo tentou furar uma barricada, muito próximo à Casa Branca. Um suspeito teria sido preso e um policial ficou ferido.

Dylan Price, de 30 anos, contou ao jornal “Washington Post” que estava em seu horário de almoço quando ouviu três estalos que pareciam tiros. Ele disse que viu um Lexus preto em alta velocidade virando à direita em direção ao Capitólio, seguido por três ou quatro carros de polícia. Segundo Price, dois homens estariam no carro. Outras fontes disseram à CNN que uma das pessoas no veículo seria uma criança.

De acordo com um câmera da rede CNN, que estava do lado de fora do Capitólio, teriam sido “dezenas de tiros”, disparados perto do prédio Hart, um anexo do Senado que fica atrás da Suprema Corte dos EUA. A região da Casa Branca chegou a ser fechada por precaução e o presidente americano, Barack Obama, foi informado sobre o incidente. Turistas que estavam no Capitólio para visitas guiadas foram rapidamente direcionados ao subsolo do edifício. Funcionários contaram que foram surpreendidos por colegas entrando nos escritórios aos gritos para que os companheiros se abrigassem, antes de fechar portas e janelas.

O Congresso americano marca o Centro de Washington. Todo o quadrilátero formado por Capitólio, Biblioteca do Congresso, Suprema Corte, até o início da área de monumentos, no chamado Mall, chegou a ser isolado pela polícia. Mais de 20 viaturas e dezenas de oficiais, fardados e à paisana, ainda estão no local.

O Globo

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Polícia

URGENTE: Congresso dos EUA é fechado após relatos de tiros

O Capitólio, sede do Legislativo americano, foi fechado na tarde desta quinta-feira depois que tiros foram disparados no entorno do prédio, segundo funcionários e legisladores. Integrantes do serviço secreto americano já isolaram a área.

Não há confirmação, no momento, sobre possíveis mortos ou feridos, mas a agência AP noticiou que um policial teria sido baleado. Já a CNN confirmou apenas que há um ferido, sem especificar quem. Um parlamentar disse à Reuters ter ouvido entre seis e sete tiros.

Há dezenas de carros de polícia e helicópteros circundando o prédio. Segundo relatos de testemunhas, os tiros foram disparados no lado do Capitólio onde funciona o Senado.

O Globo

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Diversos

Congresso mantém vetos de Dilma, inclusive o que impediu o fim de multa de 10% do FGTS

O Congresso manteve, em sessão na noite desta terça-feira (17), os vetos presidenciais em sete matérias, incluindo o projeto que pretendia acabar com a cobrança de multa adicional do FGTS em casos de demissão sem justa causa, informou a Coordenação-Geral da Casa nesta quarta-feira (18).

Seriam necessários os votos de 257 deputados e 41 senadores para reverter os vetos presidenciais, o que não aconteceu em nenhum dos casos. O Congresso não informou o placar das votações.

Os parlamentares decidiram pela continuidade da multa de 10 por cento do saldo do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) do trabalhador paga por empregadores ao governo, em caso de demissão sem justa causa. A cobrança havia sido instituída em caráter provisório para compensar perdas do fundo com os Planos Verão, em 1989, e Collor 1, em 1990.

O governo apresentou de última hora, na manhã da terça-feira, uma proposta que autoriza o trabalhador a sacar o valor quando se aposentar, na tentativa de atender a demandas dos parlamentares e conseguir manter o veto.

O Planalto já vinha realizando uma série de reuniões com parlamentares para evitar uma derrota no Congresso, que o forçaria a se deparar com perdas no Orçamento.

O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI), disse durante a votação que “a proposta alternativa conseguiu convencer a parte que faltava”.

Segundo o governo, a derrubada do veto resultaria num impacto de mais de 3 bilhões de reais e prejudicaria o programa habitacional Minha Casa Minha Vida, que é subsidiado em parte por esses recursos.

A proposta alternativa enviada pelo governo, que já tramita em regime de urgência, além de permitir que o trabalhador retire o valor referente à multa no momento da aposentadoria, ainda deixa explícito que os recursos serão destinados ao programa habitacional, enquanto não forem sacados pelo empregado.

Os críticos à manutenção da multa afirmavam que o montante recolhido não era aplicado inteiramente no programa, e o setor empresarial argumenta que os recursos têm sido usados para compor receitas do Tesouro Nacional.

Deputados e senadores também mantiveram, na votação de terça-feira, os vetos, parciais ou integrais, às seguintes matérias: que reconhece os papiloscopistas como peritos oficiais; medida provisória que trata de renegociação de dívidas agrícolas; proposta que anistia empregados grevistas dos Correios; projeto que incluía os servidores do IBGE entre os que exercem atividade exclusiva de Estado; projeto que cria o Estatuto da Juventude; e matéria que trata de penalidades a empresas que cometerem crimes contra a administração pública.

Reuters

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Diversos

Ministros e autoridades do esporte participam de congresso em Natal

Untitled-2O secretário de Turismo de Natal, Fernando Bezerril se reuniu na manhã de hoje no gabinete da secretaria de Turismo com o secretário estadual de Esporte e Lazer, Joacir Bastos para adotarem as medidas que serão implantadas durante o Congresso dos Jogos Escolares da Juventude Brasileira em Natal. O evento é uma promoção do Comitê Olímpico Brasileiro, Ministérios do Turismo e da Educação, com apoio do governo do Rio Grande do Norte e da Prefeitura de Natal. O congresso será realizado no período de 5 a 9 de setembro no ginásio de esportes, Nélio Dias (Zona de Norte)  com abertura prevista para 18h.

Com o tema ‘Nova Visão do Esporte Educacional no Brasil’ o evento reunirá em Natal mais de cinco mil participantes. “São 27 Estados neste megaevento que vai colocar Natal e o Rio Grande do Norte na mídia nacional e além fronteiras brasileiras”, destacou Joacir Bastos adicionando que “É um encontro singular com recorde de presenças de participantes e de milhares de turistas que prestigiará os jogos escolares”.

O secretario de Turismo de Natal Fernando Bezerril que está compartilhando o apoio da Prefeitura do Natal por meio da SETURDE ao Congresso dos Jogos Escolares da Juventude Brasileira fala sobre a importância do evento para Natal. “Este evento trará para Natal mais de cinco mil turistas proporcionando ocupação da rede hoteleira natalense, além da geração de empregos diretos indiretos”, disse Bezerril. E acrescentou que a Secretaria de Turismo de Natal através da Prefeitura de Natal dará total apoio ao congresso colocando a cidade na imprensa nacional, mostrando o melhor do potencial turístico tendo como atrativos as belezas das praias, o turismo histórico, religioso e cultural, além da pureza do ar, que segundo a NASA, tem o ar mais puro das Américas.

O Congresso dos Jogos Escolares da Juventude Brasileira contará com as presenças dos ministros Aldo Rabelo (Ministério dos Esportes) e Aluízio Mercadante (Educação), além de Carlos Artur (presidente do COB – Comitê Olímpico Brasileiro), Luciano Cabral (presidente da CBDU – Confederação Brasileira de Desportivos Universitários), Antonio Hora (presidente do CBDE – Confederação Brasileiro do Desporto Escolar), Antonio Nascimento (Secretário Nacional ode Futebol do Ministério do Esporte), Ricardo Copelle (Secretário Nacional do Esporte Educacional do Ministério da Educação).

Segundo Joaci Bastos, aproveitando o evento, com a presença do ministro Aldo Rabelo, da governadora Rosalba Ciarlini, do prefeito Carlos Eduardo além das demais autoridades já citadas será finalmente inaugurada a pista de atletismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “Com a nova pista de atletismo, o Rio Grande do Norte fica habilitado para sediar quaisquer eventos nacionais e internacionais, pois a nossa grande dificuldade de trazer para Natal um congresso desse porte era justamente por falta de uma pista padrão internacional e devidamente aprovada pelo Comitê Olímpico Brasileiro e Internacional”, disse Joacir. Acrescentando que mais de 14 modalidades esportivas serão realizadas durante o evento, e que cada comitiva está composta por 123 integrantes, e que em Natal será realizada a 2ª Reunião Ordinária dos Fóruns das Secretarias Estaduais de Esportes.

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Política

Língua afiada: Joaquim Barbosa critica Congresso e ataca partidos políticos brasileiros

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, criticou duramente a atuação do Congresso Nacional nesta segunda-feira, em palestra dada a estudantes de Direito de uma faculdade privada em Brasília. Segundo o ministro, o Congresso é dominado pelo Executivo e se notabiliza por sua ineficiência e incapacidade de deliberar. Afirmou ainda que os partidos no Brasil são de mentirinha, sem preocupação programática, e que seus líderes querem apenas o poder pelo poder. Disse também que a Câmara é composta em grande parte por parlamentares que não representam a população.

— O problema crucial brasileiro, a debilidade mais grave do Congresso brasileiro é que ele é inteiramente dominado pelo Poder Executivo. O Congresso não foi criado para única e exclusivamente deliberar sobre o poder executivo. Cabe a ele a iniciativa da lei. Temos um órgão de representação que não exerce em sua plenitude o poder que a Constituição lhe atribui, que é o poder de legislar — disse ele, lembrando que a maioria das leis aprovadas são de autoria do Executivo.

O ministro também foi duro com os partidos:

— Outro problema é a questão partidária. Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e programática em nenhum dos partidos. E nem pouco seus partidos e os seus líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou ideológica. Querem o poder pelo poder. Esta é uma das grandes deficiências, a razão pela qual o Congresso brasileiro se notabiliza pela sua ineficiência, pela sua incapacidade de deliberar. Ora, poder que não é exercido é poder que é tomado, exercido por outrem, e em grande parte no Brasil esse poder é exercido pelo Executivo — disse Barbosa.

Para o ministro, um dos problemas da representação política brasileira é o sistema proporcional usado para eleger os deputados. Por esse sistema, os votos de todos os candidatos de um partido ou coligação são somados. A partir daí, calcula-se a quantidade de vagas que esse partido ou coligação tem direito. Assim, um candidato bem votado ajuda a eleger outros. E mesmo os votos dos que não são eleitos entram nessa conta e também ajudam o partido a conquistar mais cadeiras na Câmara. Para o ministro, esse sistema — em que o eleitor escolhe um candidato, mas contribui para a eleição de outro — faz com que a população não se sinta representada. A solução seria a adoção do sistema distrital, dividindo o país em vários distritos. Cada distrito elegeria apenas o candidato mais votado.

— O poder legislativo, especialmente a Câmara dos Deputados, é composto em grande parte por representantes pelos quais não nos sentimos representados, por causa do sistema eleitoral que não contribui para que tenhamos uma representação clara, legítima. Passados dois anos da eleição ninguém sabe mais em quem votou. Isso vem do sistema proporcional. A solução seria a adoção do voto distrital para a Câmara dos Deputados.

Para o ministro, o sistema distrital traria mais qualidade ao Parlamento.

— O sistema distrital permitiria uma qualificação do Congresso Nacional. Hoje temos um Congresso dividido em interesses setorizados Há uma bancada evangélica, uma do setor agrário, outra dos bancos. Mas as pessoas não sabem isso, porque essa representatividade não é clara — criticou o presidente do STF.

Segundo o ministro, o Congresso não cumpre o papel de fazer a reforma do sistema político.

— Não cabe ao STF por decisões judiciais individuais reformar o sistema político. Esta é uma atribuição magna do Congresso Nacional, que infelizmente vem sendo postergada —disse o ministro.

Não foi apenas a Câmara que mereceu críticas do ministro. Ele também foi duro com o Senado Federal, dando como exemplo a votação da medida provisória (MP) dos portos. Na semana passada, após longos debates na Câmara, o Senado levou poucas horas para apreciar a matéria.

— Os excessos da Câmara dos Deputados podem ser controlados pelo Senado Federal. Ou seja, o Senado Federal, como é um órgão composto por pessoas mais idosas, experientes, em geral ex-governadores, poderia controlar, conter os excessos e saliências da Câmara dos Deputados. Mas olha, nós tivemos na semana passada um contraexemplo disso. Uma medida provisória de extrema urgência. Teve seu tempo de exame de deliberação esgotado na Câmara até o último dia. E o Senado só teve algumas horas para se debruçar sobre aquele o texto. Daí se vê a dificuldade de configuração desse controle do Senado sobre a Câmara dos Deputados na nossa experiência — afirmou Barbosa.

O ministro também voltou a criticar a proposta de emenda constitucional (PEC) 33, que tramita no Congresso. A proposta dá ao Parlamento a palavra final sobre algumas decisões do STF, como a de declarar a inconstitucionalidade de emendas à Carta Magna. Para o ministro, a PEC não é um meio legítimo de exercer o sistema de pesos e contrapesos, em que um poder controla os excessos do outro.

— Evidentemente que não são meios de consolidar o sistema de freios e contrapesos. São sim reações á decisões do STF. Se levadas adiante essas tentativas, nós teríamos destruído a Constituição brasileira, todo mecanismo de controle de constitucional que o Supremo exerce sobre as leis. Significaria o fim da Constituição de 88. Eliminaria o controle judicial — disse o ministro.

De O Globo

Opinião dos leitores

  1. Podem até dizer que Joaquim Barbosa é bruto e grosso, mas uma coisa é fato: nunca vi ele dizendo uma mentira.

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Política

Quanto custa e o que ganha um deputado federal

Congresso em Foco

Salário de quase R$ 30 mil por mês. Ajuda de custo para mudar para Brasília. Verba de aproximadamente R$ 30 mil mensais para pagar alimentação, pesquisas, aluguéis, combustível, consultoria. Até 25 funcionários, um gabinete, apartamento funcional com telefone liberado. Tudo isso e muito mais são os direitos e benefícios que cada um dos 513 deputados federais no Brasil tem à sua disposição para desempenhar suas atividades, como apresentar projetos, relatar outras propostas, votar, aprovar, rejeitar, fiscalizar o governo, apoiar o governo, representar a sociedade, ou a parte dela que o elegeu.

Um deputado e seu gabinete custavam R$ 122 mil por mês até o início de 2011, quando o salário tinha acabado de subir para R$ 26.723,13. Mas, agora, com medidas tomadas no final da gestão de Marco Maia (PT-RS) e outras em curso na administração de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), um gabinete deve custar R$ 142 mil por mês.

O salário dos deputados deve subir para R$ 28 mil por mês, graças à PEC da Bondade, negociada pelos parlamentares com o aval de Henrique Eduardo Alves. O “cotão”, a verba multiuso que paga da refeição à passagem de avião, vai passar de R$ 29 mil por mês em média, para R$ 33 mil.

E o auxílio-moradia vai de R$ 3 mil para R$ 3,8 mil por mês. Quem não recebe o benefício geralmente mora em um dos 432 apartamentos funcionais que ficam na Asa Sul e na Asa Norte, áreas nobres de Brasília. O presidente da Câmara tem direito a residência oficial no Lago Sul. Com os aumentos em curso, a conta final para o contribuinte será de quase R$ 1 bilhão por ano. (mais…)

Opinião dos leitores

  1. É um absurdo essa situação. A maioria da população vivendo a míngua e esses senhores e senhoras vivendo como verdadeiros nobres com assessores, combustível, vestimentas, habitação luxuosas, motoristas, celular tudo bancado pelo trabalhador que ganha salário mínimo. Esse custo não vale a pena.

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Política

Congresso em Foco: Suspeitas contra Henrique Alves e Renan Calheiros constrangem o Congresso

renan_henrique_jose-cruz_abrAs recentes denúncias contra os candidatos favoritos às presidências da Câmara e do Senado têm gerado dois fatos entre uma parcela minoritária dos parlamentares. Experimentando um sentimento de constrangimento pelas suspeitas em torno dos nomes do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), parlamentares começam a buscar alternativas viáveis para derrotá-los na disputa pela principal cadeira das duas Casas.

Até o momento, a expectativa é que Henrique Alves seja eleito presidente da Câmara e Renan retorne à principal posição do Senado, de onde saiu em 2007 após renunciar em meio a uma série de denúncias. Mesmo assim, parlamentares tentam articular uma reação para ao menos marcar uma posição contrária às candidaturas dos dois. O receio é uma piora na imagem do Congresso, já abalada pela reincidência nas denúncias de irregularidades nas duas Casas.

“Ter dois presidentes com muitas denúncias piora ainda mais a imagem do Congresso. Imagem que já não é muito boa”, avaliou o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer. É dessa forma que uma parcela de deputados e senadores pensa. Apesar de concordarem que a tarefa de derrotar Henrique Alves e, especialmente, Renan é complicada, não deixam de mostrar insatisfação com a situação.

Na Câmara, a situação para o atual líder do PMDB é um pouco mais complicada. Por enquanto, ele enfrenta três candidatos. Júlio Delgado (PSB-MG), Rose de Freitas (PMDB-ES) e Ronaldo Fonseca (PR-DF) anunciaram suas candidaturas. Mesmo não contando com apoio formal de seus partidos, eles têm influências expressivas dentro da Casa, como entre as bancadas feminina e evangélica e o chamado “baixo-clero”, grupo de deputados que não integram a cúpula da Casa.

Para Fleischer, ainda é uma incógnita se as denúncias recentes contra Henrique Alves vão afetar sua eleição. Porém, ele acredita que o peemedebista tem um caminho mais tortuoso pela frente. Por dois motivos. Primeiro, pela possibilidade de novas denúncias aparecerem. Depois, pelo fato de o líder da bancada do PMDB na Câmara já ter tido problema com deputados do baixo clero. “Não sei se Henrique está cuidando do baixo clero”, afirmou o cientista político.

“A gente tem de criar uma alternativa, não dá pra aceitar como natural essas candidaturas pelo fato de o partido ser majoritário e ter acordo com o PT, o outro principal partido”, disse o líder do Psol na Câmara, Chico Alencar (RJ). Para o deputado, que já conversou com Rose e Delgado, uma nova candidatura avulsa não está descartada. “A gente não discutiu nomes. Não estamos satisfeitos com as candidaturas favoritas postas.”

Chico Alencar quer que o novo presidente da Câmara tenha compromisso com a transparência, a austeridade e o protagonismo do Parlamento. Ressalta que, em tese, ninguém é contra esses temas, mas, na prática, a situação se modifica. Por isso, ele entende que é preciso reunir um grupo de deputados para apoiar a candidatura que “melhor expresse isso”. “O ideal é que tenha um candidato de um partido com mais densidade que assuma essas bandeiras”, comentou. Uma das alternativas é o deputado Reguffe (PDT-DF), que não respondeu ainda sobre o convite e sinaliza simpatia à candidatura de Júlio Delgado.

Mesmo com as denúncias, Chico entende que a candidatura de Henrique Eduardo Alves ainda é a favorita. Adianta, porém, que os deputados descontentes com a candidatura do peemedebista vão fechar uma plataforma comum em torno dos princípios e analisar os nomes na disputa. “Uma candidatura alternativa, mesmo que não venha a vencer, é um norte para uma postura vigilante para a presidência de cada Casa”, disse.

Congresso em Foco

Foto: José Cruz

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